sexta-feira, 15 de outubro de 2010

As Ecoarenas e a Copa 2014


Conforme anunciou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em julho deste ano, no lançamento do emblema oficial da Copa do Mundo 2014, o Brasil pretende fazer uma Copa Verde. Para isso, no entanto, o Brasil precisa vencer vários entraves que podem atrapalhar o bom resultado do projeto. Um deles diz respeito aos estádios. Para você, o que seria um estádio ambientalmente correto? Esses estádios seriam viáveis economicamente? O que o governo tem feito para garantir que a “Copa Verde” realmente aconteça? São esses os mistérios que tentaremos desvendar no decorrer deste post.
Comecemos, então, pela primeira questão: o que seria um estádio “verde”?
Segundo o arquiteto Vicente de Castro Mello*, estádios verdes, ou Ecoarenas, seriam construídos de forma a causar o menor impacto ambiental possível, sem desperdício de materiais e com maior eficiência energética. Parte de sua demanda interna de água e energia seria suprida por painéis fotovoltaicos para captura de energia solar e por sistemas de coleta de água da chuva, que seria tratada e reaproveitada na irrigação do campo e em instalações sanitárias.
Um projeto como esse, evidentemente, aumenta significativamente o custo final da obra, o que nos leva a segunda questão: esses projetos seriam viáveis economicamente?
Segundo especialistas, uma arena, como as que sediarão a Copa 2014 no Brasil, duram cerca de 50 a 70 anos. O tempo de retorno sobre o investimento em uma Ecoarena gira em torno de 7 a 10 anos, logo, apesar de caro, um projeto como esse, no longo prazo, tende a ser economicamente viável, pois a redução no gasto com água e luz, por exemplo, podem chegar a 70%.
E a terceira questão? O que o governo tem feito para que o projeto da Copa Verde saia do discurso?
Segundo informações oficiais, todos os estádios que usarão recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terão que ter um certificado com selos reconhecidos internacionalmente, que garantam o “lado verde” da obra. No entanto, os estádios que utilizarão dinheiro privado não são obrigados a ter esse certificado, há apenas uma diretriz para que eles também o façam. Fica a pergunta: somente essas diretrizes são suficientes para incentivar construções verdes? Eu, particularmente, acredito que não. Elas poderiam ser parte de um projeto nacional mais abrangente, que lançasse não somente diretrizes, mas “pré-requisitos sustentáveis” para qualquer construtora ou empresa que quisesse investir em estádios no Brasil. Aliás, que empresa não gostaria de ter sua marca atrelada a um projeto inovador e sustentável, de alcance mundial, para um mega evento como esse? A resposta intuitiva para essa pergunta mostra que o que falta para passar do discurso a prática, infelizmente, é um planejamento estratégico, voltado para a sustentabilidade, que possa trazer a realidade o sonho da Copa Verde.

Escrito por: Erivelto de Almeida

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