sexta-feira, 2 de maio de 2008

A importância do conhecimento



A arrogância é um perigo, pois corremos o risco de liquidar o mais poderoso
estoque que temos, que é o estoque de conhecimento. Este, segundo Mario
Cortella, está não apenas nos livros, mas em todas as pessoas; cada uma tem
um tipo de conhecimento. Ele contou duas histórias para exemplificar a
importância do estoque de conhecimento.

Em 1994, quando chegou para uma palestra numa fábrica em São José dos
Campos (SP), havia um palco fixo e vinte fileiras de vinte cadeiras. Para
aproximar as cadeiras do palco, ele desceu e começou a puxar as cadeiras,
uma por uma. Quando estava na quinta cadeira da primeira das vinte filas,
alguns operários lá no fundo ofereceram ajuda. Perguntaram se podiam fazer
do jeito deles. Pegaram a última fileira e a puseram na frente.

"Fui vítima da arrogância, achei que eu já sabia, que eu me bastava",
reconheceu Cortella. Disse que o que ele estava fazendo era uma solução,
mas não era a melhor, pois ia consumir mais trabalho e mais tempo. A melhor
solução estava no estoque de conhecimento.

A outra história aconteceu no final dos anos 80, na fábrica paulista de uma
das maiores multinacionais do planeta. Ela enfrentava um problema sério. Na
esteira de aço, no final do processo, vez ou outra, embalava-se uma caixa
vazia. Para resolver o problema, dois engenheiros com pós-doutorado,
durante três meses gastaram oito milhões e chegaram a uma solução genial:
um programa de computador acoplado a uma balança ultra-sensível, acusava
diferença de peso toda vez que passava uma caixinha vazia; o sistema
travava, e um braço hidráulico rejeitava a embalagem.

Depois de cinco meses de funcionamento com sucesso, a empresa descobriu que
o sistema estava desligado há três meses. Os operários contaram que tinham
desligado o sistema porque aquele braço parando a esteira a todo momento
atrapalhava o trabalho deles e que tinham resolvido o problema do jeito
deles. Fizeram uma vaquinha, compraram um ventilador e o colocaram na
frente da esteira - quando passava uma caixinha vazia, o vento a empurrava
para fora da esteira.

Mais uma vez, a melhor solução estava no estoque de conhecimento. "Seres
humanos são anjos de uma asa só, para voar têm que grudar no outro", disse
Cortella, citando o escritor italiano Luciano di Crescenzo.

Mudar exige correr o risco do desequilíbrio momentâneo.