sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Pesquisa comprova: ATG de cavalo é mais eficiente que o de coelho...


Pesquisa americana publicada no New England Journal of Medicine de 04.08.11 e noticiada no site Aplastic Anemia e MDS International Foundation (o link da instituição está na relação ao lado) mostra que a Globulina Antitimócito - ATG de cavalo (nome fantasia ATGAM®) tem 68% de chance de melhorar os índices sanguíneos de portadores de aplasia de medula grave, enquanto a enzima retirada do coelho (nome fantasia Timoglobulina®) tem apenas 37% de chance de sucesso.

A pesquisa foi realizada com 120 pacientes portadores de AA grave pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA e traz como principal desafio a necessidade de disponibilização do ATG aos países/regiões que não têm licença para sua comercialização ou aos quais o laboratório produtor parece ter deixado de fornecer o medicamento (conforme se infere do texto do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para AA do Ministério da Saúde, link também ao lado). Atualmente, nem mesmo para a Europa e Ásia o ATG de cavalo está disponível, levando os profissionais médicos a realizarem o tratamento com a única opção do mercado, o ATG de coelho.

Este foi o caso do primeiro tratamento a que me submeti e que não funcionou. Nem pude escolher o ATG de cavalo, pois me parece que, assim como o Eculizumabe (Soliris®), ele sequer foi licenciado pela ANVISA (lembro que meu médico já havia comentado sobre uma suposta superioridade em relação ao de coelho).


Se o Eculizumabe não der certo (se Deus quiser vai dar!), poderei tentar um segundo tratamento com o ATG de cavalo, e aí terei que entrar na Justiça novamente!

"Tudo pelo social"!


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Corticóide e Eculizumab

Como disse antes, os posts aqui no blog seriam raros, um pouco pela falta de novidades, mas muito devido à preguiça de escrever... hehehe

Os exames de sangue feitos para detectar a Doença de Chron (P-ANCA e C-ANCA e ASCA IgA e IgG), graças ao bom Deus, deram negativo (o ASCA IgG ainda deu indeterminado), mostrando que não desenvolvi mais essa doença.

A enterotomografia solicitada pelo gastroenterologista, que na verdade foi só mais uma tomografia computadorizada (ainda orientei a atendente de que o gastro disse que não era uma tomografia comum de abdome, mas sim uma “entero”, e ela confirmou com o médico da clínica que faziam sim um exame diferente...), acusou a existência de “mesenterite esclerosante”, um outro nome para a paniculite mesentérica.

Dessa vez, como a tomografia foi feita em outra clínica, e não na emergência do hospital como nas vezes anteriores, houve mais um indício de que minhas dores abdominais se devem à paniculite, e não à HPN.

Outro fato que demonstra isso é que desde o aumento da dose do corticóide há três meses (voltei dos 20mg/dia para 40mg/dia desde 15/07), passei longo período sem dores abdominais e sem ser internado por causa delas (lembro que também fiquei bem durante os meses de fevereiro e março deste ano, quando tomava os mesmos 40mg/dia).

Somente na última semana de setembro, depois de comer um hambúrguer do Burguer King na segunda-feira à noite, passei a semana com dores abdominais (com uma tarde de febre), mas ia tomando Paracetamol, Buscopan e Dipirona em casa, até que consegui controlar a dor no domingo seguinte, e sem a necessidade de antibióticos.

Como tudo na vida, apesar do lado bom de ter tudo “desinflamado” e indolor pela ação do corticóide, há o lado preocupante: os temidos efeitos colaterais.

No meu caso, estão sendo todos bem tolerados, o custo/benefício até agora tem valido a pena. Só de não ter dores seguidas, não ser “cliente assíduo” das emergências hospitalares ou ser internado seguidamente, e não passar dias com mal-estar tem sido uma benção!

Relaciono agora alguns dos efeitos colaterais da Prednisona (corticóide) que se apresentaram:

 
- engordei 10 quilos (aumento de gordura na região abdominal – por ser antiinflamatório potente, a gente perde até a noção de saciedade... come-se mais nas refeições...);
- fiquei com a cara inchada (efeito conhecido do remédio, “face de lua-cheia”);
- muitas espinhas/acnes nas costas e peito, algumas na testa e pescoço;
- retenção de líquidos: pernas e pés inchados (para minimizar isso, venho tomando muita água...);
- câimbras nas pernas e mãos (provavelmente devido à perda de magnésio e potássio causada pelo medicamento; passei a tomar Caltrate M, composto de cálcio, vitamina D, magnésio e zinco... notei alguma melhora... minha preocupação é que a própria bula do corticóide diz que o remédio pode facilitar fraturas no ombro e fêmur devido à perda óssea);
- dificuldade de cicatrização: os hematomas decorrentes das agulhadas de exames, transfusões e medicação, bem como das pancadas que distribuo sem querer em portas, móveis e demais objetos inanimados (!), perduram por boas semanas, também devido ao baixo número de plaquetas;
- sensibilidade dos dentes até para beber água fria (gelada não consigoi mais!)
- queda de cabelo (ainda bem que não tenho tendência a ficar careca...apesar de que parece ser a evolução da espécie humana... se vc for ver os ETs já são pelados);
- fome de leão: comer e comer, é o melhor para poder crescer - para os lados.

Agora passo a relatar a novidade (esperança de melhoras!) com o novo tratamento a que estou me submetendo: o medicamento de alto custo Eculizumab, nome fantasia Soliris, do laboratório Alexion.

Mais de dois meses após ter ganho a liminar na Justiça Federal para receber o medicamento, o Ministério da Saúde finalizou a importação de uma quantidade suficiente para seis meses. Geralmente o MS comprava para outros pacientes para 1 ano: é o caso dos dois outros únicos portadores de HPN identificados aqui no DF – somos apenas três premiados dentre os 2.600.000 habitantes!!!

No Brasil, segundo fontes não oficiais que “levantei”, temos cerca de 250 portadores de HPN diagnosticados – por ser doença rara e desconhecida, muitos médicos, mesmo hematologistas, a desconhecem – o diagnóstico demanda um exame de sangue específico para medir a perda dos antígenos CD55 e CD59 nas hemácias, leucócitos e plaquetas. Enquanto não são corretamente diagnosticados, os pacientes sofrem (e morrem) de anemia, hemorragias, infecções e trombose sem saber que possuem Hemoglobinúria Paroxística Noturna – HPN.

Aliás, depois de muito tempo sem acessar “redes sociais”, descobri que no Orkut existem comunidades sobre Aplasia de Medula e HPN, e, infelizmente, muitas pessoas diagnosticadas com estas doenças, a maioria jovens. Fiquei feliz pelos casos bem-sucedidos de transplante de medula óssea (quase 100% de doadores aparentados – irmãos). Pena que as mensagens e discussões são antigas, o Orkut anda meio desprestigiado depois de Facebook e Twitter...

Voltando ao Eculizumab: na semana em que tive as dores abdominais agora em setembro, fiz a primeira aplicação do medicamento, dia 29/09/11, na clínica de meu médico assistente (demora uns 45 minutos, endovenoso). No primeiro mês as doses são semanais, e depois passa a ser quinzenal, até o resto da vida!

Talvez por estar em crise, minha Desidrogenase Lática (DHL), indicador que, entre outras coisas, serve para medir o grau de hemólise no sangue, estava exageradamente em 1.654 ui/L (o normal é até 200 ui/L, meu máximo nas emergências da vida chegou a 650 ui/L).

Fiz novo exame de sangue uma semana depois, dia 06/10, minutos antes da segunda aplicação (recorde, já que o intervalo de meus hemogramas não passava de seis dias!) e, surpresa: as plaquetas dobraram de 11.000 para 20.000, os neutrófilos triplicaram de 725/mm3 para 2.210/mm3 e as hemácias/hemoglobina/hematócrito baixaram pouco (2,70, 9,1 e 28,5%). O DHL baixou para 501 ui/L.

Ontem, dia 20/10, na quarta aplicação, as plaquetas se mantiveram estáveis em 20.000, os neutrófilos baixaram pouco (1.856/mm3) e as hemácias/hemoglobina/hematócrito aumentaram um pouco em relação ao último exame, de uma semana atrás (2,53, 8,5 e 28,3%, respectivamente).

Agora, decidimos novamente baixar a dose do corticóide pela metade (voltar para 20mg/dia, mas vou fazer aos poucos) para ver se o Eculizumab funcionará para afastar as dores.

Aguardemos melhoras daqui para frente, quero pelo menos voltar a trabalhar!