sexta-feira, 26 de março de 2010

Quer um conselho?

Oráculo de Delfos na Grécia

Tem um ditado popular que diz “se conselho fosse bom, ninguém dava de graça”. Mas será verdade? Quem de nós não costuma recorrer aos amigos, à família pedindo um bom conselho na hora em que a coisa aperta? Na maioria das vezes sabemos qual direção seguir, mas pedimos o conselho só para ter aquele empurrãozinho, uma espécie de afirmação na nossa opinião, um apoio para as nossas idéias.


O problema é quando uma pessoa muito próxima e na qual confiamos nos aconselha a seguir uma direção diferente. E ai? Como proceder? O melhor conselho é: siga a própria intuição. Mas é preciso autoconhecimento para conseguir escutar aquela “voz” interior chamada consciência.


O hábito de pedir conselho é mais antigo do que imaginamos. Uma das primeiras fontes de conselho de que há registro foram os oráculos da antiguidade clássica. Contam os livros de história que reis e generais gregos costumavam recorrer aos oráculos antes tomar decisões importantes que envolviam questões de vida ou de morte.


Na semana passada, a revista Época trouxe uma matéria destacando exemplos de conselhos seguidos por várias personalidades. O A idéia é selecionou alguns destes conselhos e conversou com outras pessoas a respeito do assunto. Esta seleção pode ser conferida a seguir:


Nunca se explique: "Era 1964. Eu tinha 30 anos e estava fazendo pós-graduação nos Estados Unidos. No Brasil, o golpe militar trouxe um clima em que qualquer coisa era subversão. Não era preciso fazer nada para ir preso. Muitos amigos meus foram assassinados. Eu escrevia artigos falando de liberdade, nada explícito contra o regime, mas é claro que eu era contra ele. E assim ganhei inimigos. Eu tinha sido pastor. Pessoas que não gostavam de mim dentro da igreja começaram a me fazer acusações. Nada era claro. Nunca sabemos direito como são as coisas. Chegavam mensagens do tipo ‘consta que existe um documento contra você’ e tal. Eram ameaças. E, naquela época, até provar que focinho de porco não era tomada elétrica... Eu quis me defender. Publiquei artigos em revistas americanas para me explicar. Não houve repercussão. Foi então que meu professor de filosofia na universidade, muito sábio, me deu o melhor conselho que já me deram na vida. Ele me disse: ‘Rubem, nunca se explique. Para seus amigos, não é preciso se explicar. Para seus inimigos, é inútil se explicar’. Eu tentei seguir o conselho. Sempre tento, mas muitas vezes eu desobedeço. Ninguém segue conselho, né?" (Rubem Alves, escritor)


Somos todos seres iguais: "Certa vez, eu estava melindrada por ter de conversar com o reitor da universidade onde estudava. Eu tinha 19 anos, e meu pai me disse: ‘Nunca tenha medo ou timidez ao falar com quem quer que seja. Lembre-se sempre de que somos todos homens mortais, iguais, acima de qualquer cargo, profissão e status. Mesmo se estiver diante da maior autoridade que você reconheça, encare-a de igual para igual. Nem de cabeça baixa, pois não deve ter vergonha, nem de nariz em pé, pois tem de manter a humildade. Encare-a de frente, como iguais que são’. Essas palavras me acompanham sempre, são como um eco do meu pai em mim. Sempre fui muito respeitosa, quase tímida quando mais menina, e sempre tive medo de dizer não, de desagradar. Uma terapeuta me disse uma vez que eu sou uma pessoa que gosta de agradar. É verdade. Mas o conselho do meu pai me ajuda até hoje a não ter medo de me colocar, de questionar. Ele me fez ser mais forte e confiante." (Juliana Paes, atriz)


Antes de adiar algo importante, pense ‘por que tem medo de executar essa tarefa?’:

“A conclusão que podemos tirar, observando as pessoas (e, principalmente, a nós mesmos) é que esse conselho se aplica a várias coisas na vida. Quando você desconta um sentimento em alguém; evita uma pessoa ou assunto; desiste de um compromisso ou até mesmo quando deixa "as coisas" para a última hora, tudo isso são maneiras diferentes de adiar resoluções importantes. É comum condenarmos a mentira. Mas a omissão, muitas vezes, pode causar tantos prejuízos quanto um falso testemunho. Se olharmos com atenção, adiar atividades é o mesmo que omitir para si mesmo aquilo que incomoda. Escondemos de nós mesmos o que nos dá medo. E como pra tudo há uma justificativa, fica aqui mais um conselho: toda vez que estiver inquieto(a), seja honesto consigo mesmo e pergunte-se: o que realmente me incomoda?” (Monica Pinheiro, jornalista)



2 comentários:

  1. Fazendo uma leitura dinâmica do seu blog, Flor...,posso dizer que, adoro as associações de suas ideias!
    Conselho é bom pra complementar o que pensamos ou deixamos de pensar sobre o assunto... sei lá!
    Depende do que se faz com o conselho... né?

    :)

    PHeuliz

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  2. Obrigada pela visita flor. É isso mesmo, o conselho se torna um problema quando ele vai na direção oposta a da nossa vontade.

    Um beeijo...volte sempre!

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