Cada vez mais frequente entre jovens adultos, mas ainda não
explicada pela medicina como ela é desenvolvida , a doença de Crohn é mais uma
patologia que tem a intolerância à lactose como consequência. Saiba mais sobre
essa doença inflamatória, seus sintomas e como conviver com ela.
A doença de Crohn é uma Doença Inflamatória Intestinal (DII)
crônica. A inflamação ocorre com maior frequência na região do íleo (último
segmento do intestino delgado), podendo afetar qualquer parte do trato
gastrointestinal. A origem desta doença pode ser consequência de diversos
fatores, envolvendo agentes genéticos, imunes, ambientais, alimentares e
alterações na permeabilidade da barreira do epitélio intestinal. Estes fatores
ativam a cascata imunoinflamatória, resultando em lesão continuada da mucosa do
intestino.
Esta doença ocorre principalmente em adultos jovens, com idades entre 15 e 25
anos, e tem uma prevalência estimada de 1 em cada 1.000 indivíduos nos países
ocidentais, sendo ambos os sexos igualmente afetados. Existe uma tendência
mundial para o aumento da sua incidência, não ligado apenas à maior
identificação de casos, mas sim a um efetivo aumento de sua frequência. Nos
Estados Unidos, cerca de 1,4 milhões de pessoas são afetadas por doenças
intestinais inflamatórias (DII) e na Europa há pelo menos 2,2 milhões de
indivíduos que sofrem deste tipo de patologia.
Sintomas e
Diagnóstico
As principais manifestações são diarreia, dores abdominais sem
causas aparentes, sangramento retal, com períodos assintomáticos que podem
durar meses ou anos e com perda de peso. São comuns também as dores articulares
e a falta de apetite.Em função dos seus sintomas poderem ser facilmente
confundidos com outras patologias, não é raro pacientes passarem anos até o
diagnóstico correto ser realizado. Mas com uma criteriosa análise dos
sintomas e exames como ultrassom, tomografia, ressonância, colonoscopia,
endoscopia e outros, é possível chegar ao diagnóstico correto.
Doença de Crohn pode
ser confundida com intolerância à lactose?
A Doença de Crohn provoca uma
alteração no epitélio intestinal e, como consequência, a deficiência na enzima
lactase. Por isso, os pacientes com esta doença necessitam de uma dieta de
restrição ao leite e derivados. Além da intolerância à lactose, as proteínas do
leite também podem ser prejudiciais, já que a alteração na permeabilidade
intestinal irá permitir a passagem dessas proteínas intactas, que poderão ser
reconhecidas pelo sistema imune como um antígeno, desencadeando um processo
alérgico, uma vez que este sistema já esteja alterado.Como a intolerância à
lactose ocorre, neste caso, como uma consequência desta patologia, o paciente,
quando não diagnosticado corretamente, pode entender que seu problema é apenas
relacionado à IL . Por isso uma investigação médica cuidadosa é tão importante
para realizar um diagnóstico correto e orientar o paciente no tratamento mais
adequado.
Papel da dieta no
tratamento da doença de Crohn
Por sua subjetividade e diferentes sintomas, o ideal é um tratamento
individualizado, que varia de acordo com as manifestações específicas. Embora
não exista cura, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de
vida do paciente. Além da adequação na dieta, medicamentos específicos podem
ser utilizados de acordo com os sintomas, os quais devem ser sempre orientados
por um médico.Existem nutrientes que auxiliam na manutenção da integridade da
mucosa intestinal e melhoram o estado nutricional e clínico do paciente.Os
ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) são produzidos pelas bactérias anaeróbicas
por meio da fermentação de carboidratos (particularmente os amidos
resistentes), proteínas, fibras, prebióticos e probióticos ingeridos pela
dieta. Eles têm um papel importante na fisiologia do cólon, pois são a
principal fonte de energia e saúde para as suas células. Os AGCC Também
estimulam a proliferação celular, aumentam o fluxo sanguíneo e a absorção de
sódio e água para o lúmen intestinal.Os ácidos graxos poli-insaturados ômega-3
auxiliam na redução dos sintomas, pois exercem atividade anti-inflamatória. Os
probióticos beneficiam a imunidade intestinal, produzem AGCC, amenizam a
intolerância à lactose e controlam a diarreia aguda. A utilização de
probióticos resulta no prolongamento do tempo de remissão em pacientes com a
doença de Chron.Os compostos bioativos presentes nos alimentos interferem na
resposta inflamatória e modulam este processo. A glutamina, um nutriente
imunomodulador, parece ser indispensável na manutenção da integridade
intestinal. A suplementação de glutamina proporciona menos lesão intestinal
grave, menor perda de peso, melhora do balanço nutricional e menor atividade da
doença. A arginina também é um nutriente imunomodulador, atuando na ativação de
potentes células polimorfonucleares e células T, resultando em uma melhora na resposta
imunológica.Por tanto, a terapia nutricional é fundamental para uma melhora
significativa dos sintomas, além de proporcionar um aumento na qualidade
de vida destes pacientes. É importante destacar a necessidade do acompanhamento
nutricional individualizado, para que o nutricionista estabeleça as condutas
alimentares, identificando quais os alimentos que podem contribuir para a
integridade intestinal.
Fonte: Post Dra. Camila Mercali - Blog sem lactose
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