“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

domingo, 13 de maio de 2012

Outros Maios

9 de maio de 1624. Holandeses atacam Salvador
     A frota holandesa comandada por Jacob Willekens não teve muita dificuldade para tomar a mais importante cidade portuguesa no Atlântico. O governador-geral do Brasil, Diogo de Mendonça Furtado, havia ordenado à população de Salvador que se preparasse para a invasão, mas seus comandados não lhe deram muito ouvido e logo grande parte dos habitantes da cidade se pôs em fuga. Os que lá ficaram não opuseram resistência aos invasores, que chegaram a se surpreender com tamanha facilidade. Mendonça Furtado foi preso sem dificuldades em seu palácio, e o comando da cidade foi assumido pelo holandês Hans van Dorth, que tratou logo de uma medida que julgava urgentíssima: mandou fortificar Salvador. Os invasores ficaram na cidade até o ano seguinte, quando a Espanha (que, na época, também regia Portugal) organizou uma expedição para retomar a mais rentável possessão portuguesa na América.

13 de maio de 1888. Sancionada a Lei Áurea
     Pode-se notar um movimento político favorável à Abolição no Brasil pelo menos a partir de meados do século XIX, quando se fez cumprir - mesmo que sob pressão estrangeira - uma lei que restringia o comércio de africanos (1850). Ao longo das décadas seguintes, novas leis foram aprovadas com o objetivo de dar fim gradual à escravidão, com destaque para a Lei do Ventre Livre(1871). Enquanto parte da elite política e intelectual clamava pelo fim daquele estatuto, a elite econômica exigia a sua manutenção, situação que se encaminhou para um impasse no final do século. Com a fundação dos clubes abolicionistas, o posicionamento da monarquia favorável à libertação e as fugas maciças de escravos na década de 1880, a elite política foi convencida da necessidade de pôr fim à escravidão, aprovando a lei de número 3.353, sancionada por d. Isabel (princesa imperial regente ativista da Abolição) no dia 13 de maio de 1888.

13 de maio de 1817. Casamento de ouro
     O Nordeste ainda pegava fogo alguns meses depois da eclosão da Revolução Pernambucana de 1817. Várias províncias do Norte davam sinais de simpatia à rebelião que pretendia a independência de parte do país. Foi nesse momento turbulento que D. João VI decidiu casar seu filho Pedro com uma prendada princesa austríaca, D. Maria Leopoldina, da casa de Habsburgo, em matrimônio firmado por contrato no dia 13 de maio de 1817.
     O dote pago pelo imperador Francisco I da Áustria ao rei português foi de 200.000 florins. Em contrapartida, D. João dava como garantia de pagamento todas as rendas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e da Casa Real de Bragança para a proteção financeira de D. Maria Leopoldina. O valor estava à altura da princesa, que, além de exímia pianista, era fluente em alemão, francês, inglês e italiano, tendo aprendido português por causa do matrimônio com D. Pedro.
Em meio a intensas revoltas no Brasil, interessava a um Portugal enfraquecido na Europa estabelecer relações com casas dinásticas poderosas. A casa de Habsburgo acabou sendo lembrada anos depois na bandeira do Império do Brasil: sua cor, o amarelo-ouro, apareceria no losango central da bandeira brasileira.

17 de maio de 1842. A revolta dos perdedores
     Pouco depois de D. Pedro II subir ao trono, em 1840, os liberais já não estavam nada satisfeitos. Afinal, eles se sentiram excluídos do poder: em pouco tempo viram os conservadores formarem um Gabinete Ministerial, além de reformarem o Código de Processo Criminal e derrubarem a Câmara controlada pelos liberais na chamada “eleições do cacete” – assim batizada pelo povo por causa do excesso de violência.
A tensão política só aumentou, a ponto de, no dia 17 de maio de 1842, os liberais paulistas proclamarem uma revolta na cidade de Sorocaba, em São Paulo. Seu objetivo não era derrubar o jovem imperador D. Pedro II, mas tirar o poder dos conservadores.
     Sem muito apoio, os revoltosos ficaram na defensiva por alguns meses, ocupando cidades do interior paulista, mineiro e fluminense, até sofrerem a derrota final na cidade de Santa Luzia, em Minas Gerais, pelas mãos do futuro duque de Caxias. Após a fracassada rebelião, o trono passaria a fazer um revezamento de poder na Assembleia Geral do Império, obtendo a estabilidade política do Segundo Reinado. Mas, pelo resto do período da monarquia, os conservadores chamariam os azarados liberais de “luzias”, que se tornou uma gíria para perdedores. 

26 de maio de 1834. D. Pedro recupera o trono português para sua filha.
     Após a morte do rei português d. João VI, em 1826, seu filho, d. Pedro I, abdicou o direito à coroa de Portugal em favor de sua filha, d. Maria. A pequena rainha, com apenas sete anos de idade, seria a responsável por guardar a Constituição do reino, no que seria auxiliada pelo regente, d. Miguel seu tio e noivo. Em 1828, ou seja, dois anos após assumir esta posição, d. Miguel de forte tendência absolutista (já havia se metido, com sua mãe, Carlota Joaquina, em conspirações anticonstitucionalistas), proclamou-se rei de Portugal e anulou a Constituição, desencadeando verdadeira guerra civil (as chamadas Guerras Liberais). D. Pedro I, que abdicou o trono brasileiro em 1831 em favor do seu filho, o futuro d. Pedro II, organizou uma força militar nos Açores e invadiu Portugal, conseguindo a vitória final sobre o usurpador três anos depois, o que lhe renderia o título de "O Libertador".

FONTE:
Revista Nossa História Ano 03 nº 31
http://www.revistadehistoria.com.br/

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