sábado, 16 de junho de 2012

Resenha: A Ilha do Dia Anterior


Eco, Umberto, 1932 -
E22i
A ilha do dia anterior / Umberto Eco ; Tradução
Marco Lucchesi. - Rio de Janeiro : Record, 1995
ISBN 85-01-04231-5
Título Original: L'ISOLA DEL GIORNO PRIMA
492 páginas.

   
     Eu começo a ler pelo começo do livro e isto inclui as Notas do Autor e do Tradutor (quando é o caso). E neste edição de A Ilha do Dia Anterior, da Editora Record, é fundamental para o entendimento da obra, a captura das percepção de Marco Lucchesi a respeito do processo de tradução e adaptação do texto.  
     Umberto Eco é sempre um desafio. O próprio tradutor admite isto quando cita o intenso trabalho de pesquisa em obras que serviram de fontes para o autor. Era a pesquisa para identificar quais delas tinham versões em português dos séculos XVII e XVIII. Era um "reexame das soluções encontradas".
     Desta forma, temos que buscar uma preparação psicológica para sermos conduzidos por uma narrativa histórica construída com regionalismos e neologismos pessoais ou históricos. Detalhes ortográficos, concatenação de termos, acentuação e pontuações também oferecem um "charme" próprio. 
     O livro não oferece uma "nova" gramática portuguesa mas, se nos referenciarmos por Camões, por exemplo, teremos uma amostra de termos e regências em desuso e que geram alguma estranheza ao leitor menos acostumado aos clássicos portugueses.
      A história se passa pelo século XVII. Aqui, temos que levar em consideração todo o peso do confronto Ciência x Religião que crescia na Europa. A península Ibérica aderiu muito fortemente aos ditames da Inquisição, em contrapartida, França e Inglaterra corriam por fora, em busca da supremacia tecnológica.
      Assim, em plena expansão colonial, quem detivesse as melhores ferramentas de navegação, suplantaria as nações inimigas. E o pano de fundo da história de Roberto de la Grive é justamente esta corrida expansionista.
   Roberto é o protagonista e narrador de acontecimentos sabidamente históricos e de eventos fantasiosamente suspeitos. Ele vive a paranóia de ser perseguido por um irmão gêmeo do qual somente ele tem conhecimento da existência.
    O sentimento da presença deste  irmão gêmeo "bastardo", chamado Ferrante é sentida em quase qualquer lugar onde Roberto esteja. Desde a guerra em Casale, até os corredores do cardeal Richelieu, este seu gêmeo "maligno" atua para tentar tomar o seu lugar na sociedade.
      Quando se vê náufrago, Roberto passa a ter tempo para pensar sobre suas percepções sobre si mesmo. Durante algum tempo, ele pôde pensar nos amores e temores de sua vida. Aos poucos ele passa a reconhecer o perseguidor Ferrante como sendo parte importante dele mesmo. Mas isso será uma redenção ou maldição?
     A ilha do dia anterior, nos mostra poderosos paradigmas religiosos e científicos da Era da Expansão Mercantilista e nos prova que para vencer uma guerra, seja ela uma disputa pessoal ou contra Impérios  devemos conhecer muito mais do que as fraquezas dos inimigos, temos que reconhecer as nossas limitações.
 
   
O Bardo cantará cinco canções sobre este livro.

2 comentários:

Katrine Bernardo disse...

Nossa, esse livro aparenta ser muito bom. Estou aqui retribuindo a visita, e dizendo que adorei seu blog,vou olhar outros posts do blog ><
Volte sempre ao meu blog e estou seguindo seu blog.
http://livrodagarota.blogspot.com.br/

Samantha M. disse...

Olá!!

Umberto Eco para o frenesi dos leitores! Haha.

Nunca li nenhum livro do autor, confesso, mas pelos comentários que vejo, ele sempre consegue trabalhar com maestria elementos a serem correlacionados com o conhecimento e visão do leitor, dádiva de grandes escritores.

Beijos,

Samantha Monteiro
Word In My Bag