A QUESTÃO URBANA NO BRASIL

quinta-feira, 15 de maio de 2008

É comum ver-mos em alguns livros e revistas o equívoco de se confundir urbanização com crescimento urbano, quando na verdade são processos totalmente distintos. O crescimento urbano ou das cidades, pode ocorrer sem que necessariamente haja uma urbanização, esta só acontece, quando o crescimento urbano é superior ao rural, ou seja, quando há migração rural-urbana e a população das cidades aumenta proporcionalmente em relação à população do campo.
Em alguns países desenvolvidos, como a Inglaterra, por exemplo, a urbanização já cessou, passando a ocorrer apenas o crescimento urbano, lá, a população urbana, atingiu o patamar de 85% do total e prevalece um equilíbrio, com uma visível diminuição da migração rural-urbana, que por vezes, chega ser inferior a migração urbano-rural. A urbanização, portanto, tem um limite, um ponto final, enquanto que o crescimento das cidades pode continuar ocorrendo indefinidamente.
Dessa forma, é errado se falar em urbanização no Brasil durante a época colonial, quando existia de fato um crescimento de cidades, mas não uma urbanização, na medida em que a população rural crescia tanto quanto a urbana e às vezes, até mais que a população das cidades. A urbanização só começa de fato a existir, quando a indústria se torna o setor mais dinâmico da economia, fato que veio realmente acontecer em sua plenitude, apenas no século XX.
Quando a economia brasileira era dominada pelas atividades primárias de exportação, seja o açúcar (século XVI e XVII), a mineração (século XVIII) e o café (de meados do século XIX até o início do século XX), a população urbana era estável na proporção de 6% a 8% do total, isso é facilmente explicada pela predominância da força de trabalho no setor primário, a inexistência do setor secundário e as pequenas necessidades de mão-de-obra no setor terciário (principalmente no comércio e administração).
Com a industrialização, há uma urbanização intensa, ocorrendo um aumento proporcional dos empregos no setor secundário (indústrias) e no terciário (Bancos, comércios, escolas, etc.). A porcentagem da população urbana sobre o total da população brasileira, passou de 16% em 1920 para 31% em 1940, 45% em 1960 e 74% em 1990. Dessa forma, a urbanização no Brasil, decorre do tipo de industrialização aqui existente, típica do capitalismo dependente, ou “selvagem” como queiram, com um setor terciário hipertrofiado, com taxas elevadas de desemprego e subemprego.
A urbanização brasileira é na realidade, fruto da industrialização, mas que não é semelhante à Revolução Industrial dos países desenvolvidos, pois no Brasil aconteceu uma industrialização tardia e num capitalismo totalmente dependente.

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