Jornal de Estudo

Friday, January 12, 2007

Lição 71 e 72

Diversidade de estratégias na reprodução sexuada

A reprodução sexuada apresenta uma multiplicidade de estratégias de reprodução, tal como na reprodução assexuada.
Os gâmetas são produzidos em estruturas especializadas. Nos animais essas estruturas denominam-se de gónadas: os testículos onde são produzidos os espermatozóides (gâmetas masculinos) ou os ovários onde são produzidos os óvulos (gâmetas femininos). Nas plantas a produção de gâmetas masculinos, os anterozóides, e de gâmetas femininos, as oosferas, ocorre nos gametângios, sendo que os gametângios masculinos se designam por anterídios e os gametângios femininos denominam-se de arquegónios.
Os animais podem ser hermafroditas ou unissexuais. Chama-se hermafrodita (do nome do deus grego Hermafrodito, filho de Hermes e de Afrodite – respectivamente representantes dos géneros masculino e feminino) a um indivíduo que possui gónadas masculinas e gónadas femininas. A minhoca é um hermafrodita, possuindo testículos e ovários. Há no entanto uma fecundação cruzada, porque os gâmetas não atingem a maturidade ao mesmo tempo. Unidos os dois animais trocam gâmetas, ou seja, os espermatozóides de um fertilizam os óvulos do outro e vice-versa. Este é um caso de hermafroditismo insuficiente. Pelo contrário, pode-se verificar hermafroditismo suficiente, isto é, a fecundação entre gâmetas provenientes do mesmo indivíduo, no caso da ténia, que é um parasita intestinal do Homem. Uma vez que uma ténia adulta vive isoladamente necessita de recorrer a este tipo de estratégia para deixar descendentes.
No unissexualismo, situação em que o indivíduo apenas produz um tipo de gâmetas, a união do espermatozóide com o óvulo pode ocorrer por fecundação externa ou por fecundação interna.
A fecundação externa ocorre em meio líquido e por isso verifica-se na maioria das espécies aquáticas, como peixes e animais que procuram ambientes aquáticos para a reprodução, como a rã. Os gâmetas são lançados para o meio aquático ocorrendo assim a fecundação em elevada quantidade e com sincronismo, dentro da mesma espécie.. A fecundação em meio líquido entre indivíduos da mesma espécie só é possível graças à existência de moléculas específicas na membrana dos óvulos que apenas permite a fecundação com espermatozóides portadores de moléculas complementares das dos óvulos. Na fecundação interna o macho deposita os espermatozóides no interior do sistema reprodutor da fêmea. Uma vez que os gâmetas não suportam a dessecação que se verifica em meio terrestre a fecundação interna é fundamental como estratégia para estes seres.
A reprodução sexuada também implica a procura de parceiro, pois o que se verifica é que organismos mais complexos têm comportamentos cada vez mais estruturados para conseguirem encontrar no meio um parceiro. Como em geral as fêmeas investem mais recursos na prole que os machos e dedicam mais tempo ao cuidado das crias, espera-se que sejam extremamente cuidadosas na escolha dos parceiros reprodutivos, pois uma má escolha pode comprometer de maneira vital a sobrevivência dos seus filhos. Então, as fêmeas, ao decidir com quem acasalar procuram indícios que evidenciem a presença de “bons genes”. Portanto, os machos que possuem “bons genes” fazem a sua propaganda apresentando cores vistosas, cantos elaborados e exibições atléticas. O comportamento exibido pelos indivíduos antes e durante o acasalamento designa-se por parada nupcial.
Nas plantas com flor, este órgão assume a função reprodutora. A flor possui órgãos de suporte, o pedúnculo e o receptáculo, órgãos de protecção, as sépalas cujo conjunto é o cálice e as pétalas, cujo conjunto é a corola, órgãos de reprodução, os estames, cujo conjunto é o androceu e os carpelos cujo conjunto é o gineceu. O carpelo é constituído por estigma, estilete e ovário. É no ovário que estão os óvulos onde se vai formar o gâmeta feminino. O estame é constituído por filete e antera. É na antera que se formam os grãos de pólen que após polinização pelo vento ou pelos animais são levados até ao estigma. Ao cair sobre esta estrutura cada grão de pólen produz um prolongamento citoplasmático que irá transportar os gâmetas masculinos até aos gâmetas femininos.


Vantagens e desvantagens da reprodução assexuada e sexuada

Existem espécies (sobretudo vertebrados superiores) onde o único modo de reprodução existente é a reprodução sexuada. Noutras, o modo de reprodução verificado é comprovadamente assexuado. No entanto, existem espécies que conseguem combinar estes dois modos de reprodução, pois durante a sua vida, têm fases onde se reproduzem sexuadamente e outras fases em que se reproduzem assexuadamente (temos como exemplo os afídios). Estas espécies são talvez as mais informativas para se entender quais as vantagens de um ou outro modo de reprodução, e porque é que estes dois modos de reprodução coexistem, ainda hoje, em tantas espécies diferentes.
Ambos os modos de reprodução têm vantagens e desvantagens, gerando diferentes consequências genéticas. Na reprodução assexuada todos os indivíduos podem originar descendentes com uma constituição genética igual à sua (todos os genes são passados aos descendentes), assegurando a formação de clones. Pelo contrário, na reprodução sexuada há em cada geração um mecanismo fundamental de miscigenação de características parentais que ocorre no processo meiótico – recombinação genética – proporcionando uma grande variabilidade de características na descendência. Esta diversidade permite às espécies não só uma maior capacidade de sobrevivência, caso surjam mudanças ambientais, mas também proporciona a evolução para novas formas.
Na reprodução assexuada a variabilidade de indivíduos produzidos é praticamente nula, o que significa que um só indivíduo pode colonizar habitats de condições semelhantes, embora apresentem uma difícil adaptação dos novos indivíduos a mudanças de ambiente, não favorecendo a evolução das espécies. Contudo, este modo de reprodução tem a vantagem de ser um processo rápido e com um pequeno dispêndio de energia, o que não acontece na reprodução sexuada. Esta requer um enorme dispêndio de energia, quer na formação dos gâmetas, quer nos processos que desencadeiam a reprodução.
Embora a recombinação seja um dos processos fundamentais mais vantajosos da reprodução sexuada, também pode trazer desvantagens. Através da recombinação pode-se destruir combinações de genes vantajosas para a adaptação a um dado ambiente, num dado momento, criando combinações não vantajosas em termos selectivos. A reprodução sexuada também implica a procura de parceiro, pois o que se verifica é que organismos mais complexos têm comportamentos cada vez mais complexos para conseguirem encontrar no meio um parceiro, levando também isso a um elevado dispêndio de energia.As consequências genéticas nos dois modos de reprodução são muitíssimo diferentes.

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