Meia Noite em Paris: o figurino (SPOILER!)

Senhoras e senhores, eu amo este homem:

Ele fez Annie Hall. Ele entenderia minhas neuroses, pessimismo e hipocondria. Nós dois temos a mesma tendência à auto-ironia e auto-depreciação através do humor. Gostamos da Billie Holiday. Seus personagens moram nos apartamentos mais lindos e deliciosos do mundo. Eu já vi todos os seus filmes (to checando aqui se foram todos mesmo, mas se não vi 100%, vi 99,9%). E agora ele me vem com MAIS essa, para aumentar meu amor: Meia Noite em Paris.

Quem não vive na nostalgia? Quem não sonhou em ter nascido em outra época, pelo menos alguma vez na vida? Eu sofro de nostalgia crônica – afinal, quase tudo que eu gosto é velho. Sou viciada em velhice.

Quando fiz uma eletiva na faculdade, de História da Arte Contemporânea (uma das melhores aulas que já tive na vida, professor Alfredo Grieco!), fiquei perdidamente apaixonada pelo Man Ray e pelo Marcel Duchamp. Me imaginava em Paris na década de 20, amiga deles e de Kiki de Montparnasse. Além disso, a estética da época me deixa louca, sou absolutamente ensandecida por Art Déco. Também ia amar ter vivido na Belle Époque, no fim do século XIX e respirar Art Nouveau, assistir a uma apresentação no Moulin Rouge cujo folder foi feito pelo Toulouse-Lautrec. Ficar muito louca de Absinto, a fada verde, trocando as pernas pelas ladeiras de Montmartre. Morrer tísica (hahahahaha tuberculose era tão glamurosa e dramática, né?).

Por isso, tive uma síncope cardíaca quando li a sinopse do novo filme do meu amado. Não era possível que até isso eu e o diretor novaiorquino temos em comum.

 O filme é uma delícia e eu não vou ficar me alongando na história aqui para não falar nenhum spoiler, mas recomendo muito! Divertido, leve, inteligente. Como às vezes eu me lembro que este é um blog de moda, vamos falar do figurino.

A figurinista Sonia Grande (que também trabalhou com Allen em Vicky Cristina Barcelona, que eu também falei aqui) teve trabalho duplo: selecionou peças de grifes francesas famosas para personagens contemporâneas; e fez reconstituição da indumentária das épocas retratadas no filme.

Imagino que Woody (vou chamá-lo assim, já que, pra mim, somos íntimos) deva ter instruções muito claras sobre os figurinos de seus personagens. É engraçado como o seu auter-ego, interpretado muito bem por Owen Wilson, se veste como o próprio cineasta – mesmo estando de férias em Paris. Um guarda-roupa informal e meio senhoril, meio desajeitado, não muito elegante.

Sua noiva, patricinha e cínica, Inez, tem um visual “férias de bem nascida”: roupas descontraídas e claras, bem verão, mas cheias de assinaturas (como o casaqueto de tweed que provavelmente é Chanel, foto acima).

Já para as personagens do passado, a figurinista disse em entrevistas que encontrou roupas da época em brechós de Londres, Paris, Madri e Buenos Aires. PELO AMOR DE DEUS, ONDE SÃO ESSES BRECHÓS??!!! Destaco dois vestidos de Marion Cotillard: o branco em estilo marinheiro, bem romântico; e um amarelo de canutilhos – autêntico representante do estilo art déco na moda, geométrico, glamuroso. Sua personagem é uma romântica amante de grandes pintores, mas que se veste na moda, já que ela se mudou para Paris para estudar com Coco Chanel.

Também gostei do figurino de Zelda Fitzgerald, a mulher louca do escritor americano Scott Fitzgerald (quem aí tinha a comunidade “Zelda tinha razão: era mais fácil enlouquecer na era do jazz” no Orkut? Hahahaha).

Ah, tudo lindo! [suspiros saudosos]

Mas, como Woody nos aconselha, não é legal olhar só pro passado. Vamos viver bem o nosso tempo, né? O bom (e a boa moda nos mostra isso) é usar o que já passou para inventar um “novo-novo”, não é mesmo?

13 comentários em “Meia Noite em Paris: o figurino (SPOILER!)”

  1. Também amei o filme, muito charmoso e envolvente. Mas te sugiro colocar no título um aviso de meio spoiler, pois a maior graça pra mim foi assistir ao filme somente sabendo que o elenco estaria em Paris a meia-noite. Sugestão apenas…..

    1. sério? eu li em todos os lugares que ele encontrava pessoas do passado, fotos e divulgação e etc.

      mas enfim, vou colocar

      1. é que eu faço um super exercício de controle de curiosidade, porque pra mim é muito bom me surpreender inclusive com a história… não leio nenhuma crítica, tapo os ouvidos e corro para o cinema!! (quando dá , né?)

  2. Oi Márcia,
    Acho incrivel; gosto do que escreve, do jeito como escreve, do seu bom humor, das fotos e sou o oposto de você. Passado pra mim não existe! quase não existe!
    Legal essas diferenças.

  3. Concordo com a Renata. Eu tb super filtro as críticas pra não estragar a surpresa, e tudo o que fiquei sabendo foi: woody allen+ atores incríveis + meia noite + Paris.

    1. heheehhe em geral eu tb não leio nada, mas os do Woody Allen eu não aguento! Mas enfim, eu acho que, no caso, não perde saber que é assim o filme hehe

  4. Ai, eu vi esse filme no final de semana e tb morri com os figurinos, afinal, os anos 20 é minha década favorita. Mas imagina achar esses vestidinhos anos 20 em brechós por ai? Eu ia morrer de amores!

    Bjossss

  5. eu ameeei tuuudo, tuuudo desse filme, é literalmente um sonho… do figurino, pra mim o campeão é o amarelo de canutilhos, bem anos 20 da Marion Cotilliard… suspirei e faleci!

  6. Parece que foi feito pra mim. Vivo com um pé no passado…é tão mais divertido enlouquecer na era do Jazz…(hahaha, eu tinha essa comunidade no Orkut!)

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