Eu quero ter um milhão de amigos

by

“Eu quero ter um milhão de amigos”, cantaram Roberto e Erasmo Carlos nos anos 70. Estavam eles prevendo o futuro, a internet e mais precisamente as redes sociais?

Que grande avanço! Ter vários amigos e contatos disponíveis a um clique de distância… É o fim das barreiras, o encurtamento das distâncias. Estamos todos muito mais próximos então, certo? Nem tanto.

Este que vos escreve não é de forma nenhuma contra as redes sociais. Longe disso. Lê diariamente as atualizações, posta com boa frequência no Facebook e está com o MSN conectado praticamente o dia inteiro.

O que há de errado então? Eu explico. É normal possuir algumas centenas de amigos no Facebook. Ao longo dos anos, naturalmente conhecemos pessoas. Até então, a própria vida se encarregava de “gerenciar” nossa lista de contatos ativos. Quando nos mudamos de cidade, endereço, escola ou trabalho, naturalmente nos afastamos de algumas pessoas. Perdíamos contato. Quando o Orkut apareceu nas nossas vidas, estes “contatos deletados” voltaram à ativa. E como continuamos a conhecer pessoas, nossa lista de amigos aumentou e aumentou… Mas os dias continuaram a ter somente 24 horas.

Oras, a matemática aqui é óbvia. Se temos mais amigos e o mesmo número de horas por dia, como fazer então? Simples, dedicar menos tempo a cada um.

Um ótimo indicador deste fenômeno é comparar o número de pessoas que te ligaram no seu último aniversário. Sei que em contrapartida, você recebeu postagens no seu mural, ou os tradicionais scraps. Claro, não poderia esquecer dos inúmeros e calorosos SMS’s.

De qualquer forma, toda essa tecnologia nunca nos obrigou a nada. Podemos escolher quem entrará ou não na nossa lista. Mas a cilada é justamente esta. Por que não adicionar algumas pessoas conhecidas, mas pouco íntimas, à nossa plantação de contatos? Isso pode talvez trazer alguma vantagem no futuro. Vantagem? Que vergonha.

O fato gerador deste post ocorreu há algumas semanas. Entrei em um restaurante e cruzei com um casal conhecido. Um casal que está na minha lista. Não sei explicar o porquê, mas fingimos mutuamente que não nos conhecíamos. Não sei se por falta de jeito, ou por não querer incomodar. Mas com certeza por falta de intimidade. Exceção à regra? De forma nenhuma. A mesma situação poderia te acontecido com outras dezenas de rostos conhecidos.

Há dois anos  a agência Crispin Porter Bogusky criou uma campanha chamada “Sacrifício pelo Whopper”, na qual um sanduíche de mesmo nome (Whopper) era dado gratuitamente, a cada 10 contatos sacrificados no Facebook. Genial não? Não possuo as estatísticas, mas me arrisco a dizer que os chamados “conhecidos” foram os primeiros a passar por este cruel filtro.

O que estou propondo então? O fim das redes sociais? Não, pelo contrário. Proponho que todos usemos cada vez mais estas redes, mas como complemento das nossas relações pessoais. Como complemento, não como substituto.

Por que não começar agora esta pequena revolução, apenas ligando para um amigo, para saber se ele está bem? Não vale mandar mensagem. Até porque aposto que todas as suas boas lembranças desta pessoa foram de viagens, saídas, passeios e outros contatos orgânicos, que não intermediados pelo seu computador. Depois comente aqui no blog como foi a experiência. Também me ligue para contar e marcamos um happy hour!

Tags: , , , , ,

4 Respostas to “Eu quero ter um milhão de amigos”

  1. evelyn de castro heeren Says:

    que texto bonito!!! gostei!!! abs. Evelyn

  2. Nancy Says:

    Oi, ‘Foca’! Gostei da tua escrita, mas me considero exceção…eu ligo pras pessoas, pergunte pra sua mãe, que insistentemente me dá o cano…ahahah…

  3. Diogo Moraes Says:

    Outra ruim consequência é que no meio da “multidão”, atualizações de fotos, tweetes, convites de pessoas que realmente interessantes se perdem no meio de tantos desconhecidos.
    No mais, belo texto.

    😀

  4. Gostaria de encontra amigos Says:

    Show!!!

Deixe um comentário