Pelé socava o ar com raiva. Zico corria de modo alucinado em direção as arquibancadas do Maracanã. O centroavante Reinaldo erguia o punho ao alto em sinal de protesto e irreverência. Ronaldo corria com os dedos apontados para cima. Neto corria e posteriormente se jogava ajoelhado e dava um murro com a mão no ar. Pois, o talento do futebol brasileiro nos presenteou por anos e anos com diversas maneiras de comemorar o momento sublime do futebol. A comemoração de um gol era o registro, identidade e DNA do boleiro. Era um instante tanto pelos torcedores nas arquibancadas como por aqueles que estão na poltrona da sala.

Mas o Brasil vive a época da pasteurização, comandados pelo departamento de esportes da Rede Globo. A história é simples: a cada rodada do Brasileirão, estará em disputa um boneco de plástico, inflável para o jogador que comemorar da melhor maneira semelhante ao boneco chamado de João Sorrisão.

A partir da instituição do sorteio, os jogadores entraram em uma onda insana de ficar o boneco. Nos 10 jogos do Campeonato Brasileiro parece que troca-se apenas a camisa. A comemoração é a mesma. Não existe diversidade e personalidade. Transportando ao gramado, seria o mesmo que só fossem convertidos gols por pênalti. Você suportaria tamanho monopólio? Certamente não.

Concordo que o futebol é entretenimento e precisa ser tratado de maneira correta pelas televisões, clubes e federações. Mas é difícil aceitar que consigam interferir em instante tão intimo e individual, como a comemoração de um gol. Rede Globo, ligue para os índices de audiência dos jogos e por transmitir a informação correta. O resto os jogadores executam.