sexta-feira, 5 de abril de 2013

Pablo Picasso - Guernica

Talvez o maior mérito de Pablo Picasso (1881 - 1973) tenha sido explorar o feio, apresentando-o, quem sabe, como belo. Salvador Dalí, em seu Libelo Contra a Arte Moderna destaca essa característica sem se referir a Picasso, mas ao Modernismo de forma geral. E, sem dúvida, Picasso é o maior esteta do feio. Sua obra é niilista. Desconstrói , destrói, abrindo espaço para novos caminhos na arte. É um projeto artístico arriscado, o qual Picasso abraçou com o ardor do gênio que era. Com efeito, ele por vezes consegue transformar o feio em belo ou, quando não, ao menos acomoda a estética do feio ao imaginário do observador. Dessa forma, expandiu as fronteiras da arte como poucos antes dele o fizeram. Machista, ególatra, um tanto selvagem, Picasso foi um explorador que se recriou na medida em que evoluiu. Das primeiras pinturas calcadas no Realismo da década de 1890 à co-invenção do Cubismo nos anos 1920, das colagens às pinturas de cunho político do pós-guerra, das gravuras e cerâmicas às esculturas, Picasso deu vasão à sua elétrica inquietação, à qual a arte tanto deve.
Durante a ocupação nazista de Paris, na Segunda Guerra, oficiais alemães iam com frequência ao seu estúdio para confiscar algumas das suas obras. Numa dessa ocasiões, o oficial que avaliava os diversos quadros e esculturas deparou-se com Guernica, obra pintada em 1937 que representa o bombardeio alemão da cidade do mesmo nome, durante a Guerra Civil Espanhola. O oficial perguntou a Picasso, num tom jocoso que denunciava sua desaprovação àquele quadro feio, se tinha sido ele que fez aquilo. “Não”, respondeu Picasso. “Foram vocês”. De fato, a intenção de Picasso nesse quadro é retratar o drama e a carnificina perpetrada pelos nazistas em Guernica - um prelúdio à Segunda Guerra. É um quadro cheio de som e de fúria. Retrata de forma pungente e emocionante a crueldade, a dor, a angústia, a covardia e a insensatez que é a guerra . É grotesco. Grotescamente belo.





Nenhum comentário:

Postar um comentário