Conquista de Monte Castelo: participação brasileira foi fundamental

24 02 2010

O dia 21 de fevereiro é marcado como o fim da batalha de Monte Castelo, travada no final da Segunda Guerra Mundial, no Norte da Itália, entre as tropas aliadas e o exército alemão. Para nós, brasileiros, essa batalha tem relevância histórica, pois marca a participação do Brasil no conflito com a presença da Força Expedicionária Brasileira, a FEB, cujos soldados também eram conhecidos como Pracinhas.

Durante três meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945, a batalha somou seis ataques, com grande número de baixas devido a vários fatores, entre os quais as temperaturas extremamente baixas. Quatro dos ataques não tiveram êxito, por falhas de estratégia. Em novembro de 1944, a 1ª Divisão Expedicionária do Exército Brasileiro (DIE) desviou-se da frente de batalha do Rio Serchio, onde vinha combatendo há pelo menos dois meses, para a frente do Rio Reno. As posições alemãs eram consideradas privilegiadas e submetiam os brasileiros a uma vigilância constante.

O inverno foi ser rigoroso, além do frio intenso, as chuvas transformaram as estradas, já esburacas pelos bombardeiros aliados, em verdadeiros mares de lama. O General Mark Clark, comandante das Forças Aliadas na Itália, pretendia direcionar sua marcha com o 4º Corpo de Exército rumo a Bolonha, antes que as primeiras nevascas começassem a cair. Entretanto, a posição de Monte Castelo se mostrava extremamente importante do ponto de vista estratégico, além de dominado pelo alemães dava pleno controle sobre a região. Era preciso dominar a área então.

Em 24 de novembro, o Esquadrão de Reconhecimento e o Batalhão de Infantaria da 1ª DIE juntaram-se à Força-Tarefa dos Estados Unidos para a primeira investida ao Monte Castelo. No segundo dia de ataques, porém, soldados americanos alcançaram o cume de Monte Castelo, depois de conquistarem o vizinho Monte Belvedere. Entretanto, em uma contra-ofensiva poderosa, os homens da infantaria germânica, responsável pela defesa de Castelo e do Monte Della Torracia, recuperaram as posições perdidas, obrigando os soldados brasileiros e americanos a abandonar as posições já conquistadas – com exceção do Monte Belvedere.

Em 29 de novembro, planejou-se o 2º ataque ao monte. Nesta contra-ofensiva a formação de ataque seria quase em sua totalidade obra da 1ª DIE – com três batalhões – contando apenas com o suporte de três pelotões de tanques americanos. Todavia, um fato imprevisto ocorrido na véspera da investida comprometeria os planos: na noite do dia 28, os alemães haviam efetuado em contra-ataque contra o Monte Belvedere, tomando a posição dos americanos e deixando descoberto o flanco esquerdo do aliados.

Chuvas e céu encoberto impediam o apoio da força aérea e a lama praticamente inviabilizava a participação de tanques. O grupamento do General Zenóbio da Costa no início conseguiu um bom avanço, mas o contra-ataque alemão foi violento. Os soldados alemães de Infantaria barraram os avanços dos soldados. No fim da tarde, os dois batalhões brasileiros voltaram à estaca zero.

Em 5 de dezembro, o general Mascarenhas recebe uma ordem do 4º Corpo: “Caberia à DIE capturar e manter o cume do Monte Della Torracia – Monte Belvedere”. Depois de duas tentativas frustradas, Monte Castelo ainda era o objetivo principal da próxima ofensiva brasileira. Assim, em 12 de dezembro de 1944, a operação foi efetivada, data que seria lembrada pela FEB como uma das mais violentas enfrentadas pela tropas brasileiras na batalha de Monte Castelo, causando 150 baixas, sendo 20 soldados brasileiros. A lição serviu para reforçar a convicção de Mascarenhas de que Monte Castelo só seria tomada dos alemães se toda a divisão fosse empregada no ataque – e não apenas alguns batalhões, como vinha ordenando o 5º Exército.

Somente em 19 de fevereiro de 1945, cerca de dois meses depois, após o clima do inverno ter se amenizado, foi determinado o início de uma nova afensiva para a conquista do monte. Tal ofensiva contou com as tropas aliadas, incluindo a 1ª DIE. Novamente a ofensiva, batizada de Encore, ou Bis, utilizou a formação brasileira para a conquista do Monte e a consequente expulsão dos alemães. Desta vez a tática utilizada foi a mesma idealizada por Mascarenha de Moraes, em 19 de novembro. Assim, em 20 de fevereiro as tropas da Força Expedicionária Brasileira apresentaram-se em posição de combate, com seus três regimentos prontos para partir rumo a Castelo.

O ataque começou às 6 horas da manhã, conforme descrito no plano Encore. Os brasileiros deveriam chegar ao topo do Monte Castelo às 18h, no máximo – uma hora depois do Monte della Torracia ser conquistado pela 10ª Divisão de Montanha, evento programado para as 17h. Grande parte do sucesso da ofensiva foi creditada à Artilharia Divisionária, comandada pelo General Cordeiro de Farias, que entre 16h e 17h do dia 22, efetuou um fogo de barragem perfeito contra o cume do Monte Castelo, permitindo a movimentação das tropas brasileira.


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