couve-flor tronco e membros


Sobre o projeto

O projeto Couve-flor, tronco e membros é idealizado e desenvolvido pelo Couve-flor – minicomunidade artística mundial com subsídio do prêmio Klauss Vianna de fomento à Dança. O projeto prevê uma pesquisa-criação coletiva, multi-abrangente, sobre o tema da territorialidade na arte.

Objetivos

Realização de pesquisa sobre o tema da territorialidade, por meio de criação colaborativa, resultando em quatro diferentes produtos culturais, a saber:

1. Apresentação de trabalho de natureza coreográfica/performática.

2. Um vídeo-dança, que poderá ter um histórico independente, e ser veiculado em festivais e eventos do gênero.

3. Veiculação de website, contendo

3.1. base de dados sobre o tema da territorialidade;

3.2. lista de discussão, visando problematizar não apenas a questão da territorialidade, como a produção artística resultante da pesquisa;

3.3. registros dos processos de pesquisa (textos, diários, fotos, vídeos);

3.4. uma versão da obra coreográfica/performática adaptada exclusivamente para esse meio;

3.5. uma versão integral ou reduzida do vídeo-dança.

4. Um workshop sobre criação colaborativa.

Justificativa

Diferentemente de projetos convencionais de espetáculo, o projeto Couve-flor, tronco e membros busca, em sua origem, ampliar o diálogo e o intercâmbio de idéias entre artistas que compartilham de determinados princípios ideológicos, filosóficos e estéticos, a fim de difundir uma percepção mais ampla das implicações e resultados da produção artística na cidade de Curitiba. Este projeto visa experimentar diferentes possibilidades de colaboração criativa, partindo da diversidade de interesses e metodologias de trabalho dos artistas envolvidos.

Além disso, a distância material também afeta o processo de criação. Isso por acreditarmos que da diferença surgem possibilidades de intensificar a complexidade, despertando questões e, conseqüentemente, proporcionando rumos inesperados para o processo criativo. Como diferentes espaços e tempos turbinam a criação artística? Como diferentes espaços e tempos fomentam outras configurações para algo pré-organizado? O cruzamento de espaços-tempos pode desestabilizar comportamentos-padrões?

Entendemos que a multiplicidade não é mais uma conseqüência do dual e sim a natureza das coisas; que pessoas constroem e são constantemente construídas e destruídas pelo espaço, pelo tempo e por outras pessoas; e que essas confluências afetam a cada um, de forma particular, e que cada pessoa modifica o todo, também de forma particular. Entretanto, vivemos num tempo em que já não parece verossímil que um indivíduo (modificador ou modificado) seja independente do meio, que a unidade não seja também o todo. Isso nos motiva a investigar esses limites, pelos meios e métodos que nos dedicamos a conhecer: os da criação artística. A discussão da territorialidade surge não apenas das diferenças geográficas, mas também como um meio de entender melhor o que nos afasta ou aproxima. Desse modo, essas questões ganham materialidade e se expandem para o pensamento cotidiano, tornam-se intrínsecas a cada pequena opção diária.

A arte, assim, não propaga apenas fictícias unidades de informação, mas se torna um meio propício ao movimento – do pensamento, dos corpos, afectos e coisas – não apenas interferindo no mundo, mas se permitindo ser causa e conseqüência de contínuas e mútuas interferências. O formato espetáculo aparece aqui como elemento catalisador das idéias, a fim de que essa previsão do meio final possa estabelecer diretrizes fundamentais sobre as quais se estabelecem os procedimentos e práticas adotados.

Metodologia

A questão da territorialidade foi dividida em quatro planos afluentes, de acordo com os interesses dos artistas envolvidos: as relações interpessoais, a geografia, as relações entre artista e público e as fronteiras entre linguagens artísticas.

A partir da observação de suas ações e práticas diárias em relação às outras pessoas e ao espaço-tempo, os artistas definirão experimentos a serem testados. Com essa coleta de informações e impressões, esses experimentos começam a ser efetuados, e a partir deles também as formas de comunicar esses “resultados”. Constantemente os artistas trocam suas experiências e registros entre si, bem como com os participantes da lista de discussões. A lista contará com a participação de convidados, entre artistas, pesquisadores, e interessados.

Nesse ponto, os meios de divulgação se tornam uma questão fundamental, considerando que cada informação que se relaciona ao produto-obra (espetáculo e vídeo) interfere nas possíveis leituras. Depois da primeira apresentação, o espetáculo poderá ser divulgado integral ou parcialmente pela internet, por meio de fotos, vídeos integrais ou parciais, a fim de que os colaboradores que se integraram ao processo desde sua primeira etapa, possam acompanhar e modificar sua continuidade.