Vila Verde

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Orago – Santo Aleixo Área – 28,8 Km2

3 193 habitantes (2001). Densidade: 111,0 hab/km².

Ordenação heráldica do brasão e bandeira
Publicada no Diário da República, III Série de 04/02/1997

Armas Escudo de verde, canto de prata movente de uma campanha de cinco burelas ondeadas de azul e prata; em chefe, um ferro de enxada de prata entre uma mó de moinho do mesmo e uma bilheta de ouro; nos flancos, à dextra, uma bilheta de ouro e, à sinistra, uma mó de moinho de prata. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas: “ VILA VERDE “.

Vila verde

Vila Verde, mais conhecida como terra ribeirinha, debruçada sobre o Rio Mondego.

Dista da sede do concelho 5 km. Ora subindo, ora descendo as suas colinas, pode apreciar-se a magnífica paisagem envolvente, o rio Mondego, as salinas, e a ilha da Morraceira.

Os povoados mais representativos desta freguesia são: Salmanha, Casal dos Foros, Casal dos Grilos, Fontela, Vale das Rosas, Alqueves, Vila Verde, Casal do Luís, Centieira, Casal da Marinha, Ervedinho, Casal do Andrade, Feteira de Baixo, Feteira de Cima, Quinta das Mesquitas, Gândara, Mato do Pina, Vale de Avito, Lares e Seixal.

Antigamente Vila Verde era conhecida como S.Veríssimo e Fontela como Fontanela.

Regresso ao passado

Pode-se constatar que toda esta região da Foz do Mondego foi habitada, em tempos remotos, mais precisamente desde o período paleolítico, através dos achados arqueológicos, encontrados pelo arqueólogo Dr. Santos Rocha.

Vagueando pela história, chegamos à época em que se fez pela primeira vez referência ao território de Vila Verde, a 16 de Fevereiro de 1096, quando D. Abade Pedro elaborou um documento no qual doava à Sé Episcopal de Coimbra os terrenos da Fontanela e S.Veríssimo (actualmente Vila Verde), pertencentes à igreja de S.Julião.

O couto de Vila Verde passou, ao longo do tempo, por várias entidades, mas entretanto em 1412, recebeu foral do cabido Coimbrense.

A partir de 1782 Vila Verde ficou sujeita à jurisdição da Figueira da Foz, pois anteriormente fazia parte do limite de Montemor-o-Velho.

Em 1790, depois de Vila Verde se separar das freguesias de S. Julião e Alhadas, D. Francisco de Lemos Pereira Coutinho, bispo de Coimbra, eleva-a a Junta da Paróquia sobre a protecção de Santo Aleixo, santo padroeiro desta mesma freguesia.

Passou a fazer parte do Município da Figueira da Foz administrativamente a partir de 1821, por requerimento dos Vilaverdenses, os quais tiveram o apoio de um ilustre senhor, Manuel Fernandes Tomás.

A junta da paróquia foi extinta no ano de 1913. A partir daí até 1919, Vila Verde ficou a ser dirigida por comissões administrativas, mas em 1919 originou-se a primeira junta de freguesia, nesta localidade.

Heranças legadas

Nesta freguesia encontram-se alguns monumentos.

A Igreja Paroquial, embora tenha um aspecto exterior semelhante a muitas outras Igrejas, constata-se que no seu interior os antigos altares colaterais foram demolidos, dando origem a pequenos nichos onde se pode ver, á direita a imagem de Nª Sra da Graça e à esquerda Stº Aleixo.

Ainda no interior podem admirar-se três imagens: Nossa Senhora da Graça, Jesus Cristo e Santo Aleixo, sendo este último o orago desta mesma Igreja.

Regista-se ainda o facto de o sino datar de 1783.

Destaca-se a capela do Senhor da Coluna, obra de pequeno mérito, edificada no extremo norte da povoação, em 1851, por Joaquim Pereira Pestana, para o jazigo de sua mãe, como nos informa um letreiro na fachada.

Já em 1975, Fernanda Costa a doou á Junta da Freguesia, com o propósito desta a preservar e eternizar.

Desde 1995 que os vilaverdenses podem apreciar quatro belas figuras humanas, incorporadas num só pilar representando as actividades tradicionais de Vila Verde. Assim observa-se o moleiro, o agricultor, o vidreiro e o salineiro. Este monumento encontra-se na Urbanização Quinta das Recolhidas.

Ainda relacionado com estas actividades há a destacar o único moinho de vento dos 34 existentes em épocas passadas.

Estes encontram-se em vias de extinção  devido à falta de apoio de entidades concelhias aos respectivos proprietários. No entanto o moinho de vento de Vila Verde está muito bem cuidado tendo sido todo remodelado e neste momento está integrado num bonito parque de merendas com vista para o Mondego que faz as delícias daqueles que por lá passam.

Havia também uma casa – Casa Antiga – digna de registo. Foi fundada por D. João de Melo, Bispo de Coimbra (século XVII), com a contribuição voluntária do povo. Este edifício o século XVIII, foi pertença da casa do recolhimento do Paço do Conde de Coimbra. Sendo outrora uma instituição de beneficência, o edifício foi demolido.

Por último salienta-se a Fonte da Senhora da Graça, situada no Largo com mesmo nome.

Chegando à localidade de Lares observa-se a Capela de Nossa Senhora da Conceição, edifício modernizado, mas pobre em mobiliário. Nesta capela existem as seguintes imagens: Nossa Senhora da Conceição; São João Baptista; a Virgem Maria com Jesus, todas elas do século XVI e Santa Eulália, do século XVIII.

Na parte central da capela, existe o túmulo de Tomé de Freitas, que pereceu a 3 de Novembro de 1699, e dos seus descendentes.

Actividades

O sector tradicional, que sempre ocupou maior quantidade de trabalhadores nesta freguesia, foi o da produção hortícola, orizícola, e a salicultura.

Actualmente, a horticultura é essencialmente de subsistência e a produção de sal encontra-se quase desactivada, mantendo alguma relevância a produção de arroz.

Nos nossos dias o sector económico mais importante é o secundário, com destaque para a indústria vidreira, a cerâmica e a têxtil.

Festas populares

No que diz respeito a festas, existem pelo menos três comemorações anuais, onde as pessoas se podem divertir e descontrair.

Uma delas é o 1º de Maio – Dia do Trabalhador. A população, neste dia, dirigia-se para o “Monte”, quer em Lares quer em Vila Verde logo pela manhã, onde se realizava um arraial. No fim da tarde exibiam-se os ranchos folclóricos, “Brisas do Mondego, Flores do Mondego e Papoilas de Lares”. Actualmente estes ranchos estão desactivados.

A segunda, Festa da Senhora da Graça, realiza-se quarenta dias após a Páscoa, ou seja, no dia da Ascensão, que é sempre a uma quinta-feira. Desde há uns anos, porém, a população tomou a iniciativa de realizar esta comemoração no domingo imediato, uma vez que este dia deixou de ser um feriado oficial.

Durante os festejos, saem à rua duas procissões: a das Velas, realizada na véspera, e a do dia seguinte, após a comunhão das crianças, sendo esta acompanhada muitas vezes pela filarmónica de Lares.

Finalmente, a terceira comemoração anual, a festa da Senhora da Conceição, em Lares, que tem lugar a 8 de Dezembro, dia feriado nacional. O ritual assemelha-se ao das festividades da Senhora da Graça, pois também é acompanhada por uma procissão de velas e o dia.

Regista-se ainda a festa de Santo Amaro, no dia 15 de Janeiro, na povoação de Lares e a festa do Sagrado Coração de Jesus em Vila Verde.

Gastronomia

Relativamente à gastronomia desta freguesia, as pessoas podem saciar-se com o “Ensopado de Enguia” (este peixe, cada vez mais raro no rio Mondego e seus afluentes, vende-se actualmente a peso, mas antigamente era vendido por uma medida designada “cofe”).

As enguias à moda de Vila Verde preparam-se da seguinte maneira: esfregam-se bem as enguias com areia, serradura ou farinha, depois amanham-se e lavam-se em várias águas. Numa frigideira de bordos elevados, deita-se vinho branco até meia altura; junta-se toucinho, louro e cobre-se com uma tampa; leva-se ao lume e deixa-se cozer a lume brando. Quando as enguias estiverem bem cozidas retiram-se do lume e servem-se com fatias de broa.

Papas de Moado: doce confeccionado com sangue de porco, farinha e açúcar.

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