quarta-feira, 26 de agosto de 2009

DANÇA ORIENTAL EGÍPCIA



A Dança Oriental Egípcia teve sua origem no Egito Antigo há mais de 5000 a.C, fixados nas margens do vale do Nilo,para este povo, tradicionalmente, a dança era passada em família. Segunda as imagens que temos dos papiros encontrados nas Tumbas Faraônicas, os egípcios já dançavam nas pontas dos pés, e seus braços e movimentos possuíam significados específicos. Dizem que, através das modificações eles procuravam entender a natureza, principalmente ao que se referia às enchentes do Nilo.Suas danças passaram por três divisões: Sagrada: Dança Ritual aos Deuses praticada por sacerdotisas em cerimônias fechadas em um culto à Deusa Mãe e outros Deuses, período em que a maioria das civilizações participava de uma religiosidade politeísta e algumas vezes até matriarcal.Litúrgicas: Cortejos, chegada da primavera. Entretenimento: dança acrobática das Gawazys (ciganos), à dança de cabaré, atual dança que podemos presenciar nas apresentações de “Dança do Ventre".Uma das teorias para o surgimento desta dança defende que foram os ciganos viajantes destes locais que trouxeram esta forma de expressão.A Dança Egípcia é mais antiga que o advento do Islamismo.Com as invasões e meio às dominações, o povo Egípcio oprimido,busca manter suas tradições, mas é inevitável fazê-lo sem que haja uma mescla das culturas e povos. O termo "Dança do Ventre" já é uma modificação feita no nome verdadeiro, Racks el Sharqi que designa Dança do Leste (portanto Oriental). Em 1893 com uma apresentação em Chicago (pela bailarina Little Egypt) perceberam a prevalência da utilização da parte dos quadris femininos,denominando-a assim de Belly Dance que significa Dança da Barriga ou ventre.O estilo de cabaré teve início em 1920, nas noites do Líbano e Egito. Aos poucos, as boates foram alastrando-se pra atender a procura do povo colonial. O Cassino Opera, foi a primeira casa noturna Egípcia, construída no Cairo em 1926 pela dançarina e atriz Libanesa Badia Massabni. O espetáculo passou a ser uma necessidade urbana, por ter atravessado o limite do tradicional para o consumo. O espetáculo virou produto. Neste âmbito do entretenimento, a dança passou a corresponder à todas as demandas econômicas, até tornar-se algo mais estético acompanhando igualmente as modificações sofridas na música.O artista começa a ganhar espaço na sociedade, passa ter uma função de gerar empregos.No Egito há uma grande diferenciação, entre dança popular, denominada Baladii e a dança profissional conhecida como Racks el Sharqi. Baladii significa "minha terra", "meu país".A expressão Baladii é muito mais do que um ritmo, uma dança, ou um estilo, é uma filosofia, uma cultura, é o que se refere à música e a dança de um povo das redondezas do Cairo. São pessoas vindas de outras cidades do Egito, para tentar uma vida melhor, mas que vão sempre manter o seu jeito Baladii de ser. Suas danças são sempre improvisadas e muito gesticuladas, representando as palavras das músicas, gestos muitas vezes usados no seu jeito de falar usando o corpo e principalmente as mãos, típico desse povo. Através do Baladii, foi desenvolvido o Racks el Shaqi, um estilo formal, sofisticado, mais adequado ao palco, muitas vezes coreografado, onde a bailarina pode apresentar no seu show uma dança Baladii vestindo uma Galabia (típico vestido do povo Baladii), dançando de um jeito menos formal e prestando uma homenagem no meio do seu show.Os Árabes utilizam em sua música letras que tem por características o seu caráter religioso (Alah), romântico (amor idealizado), patriota (sua terra é o melhor lugar do mundo), e algumas vezes falam de animais, como por exemplo, o camelo. Os ritmos árabes são muitos, e eles podem assumir diferentes nomes, dependendo da região que são buscados. Assumem diferentes funções, alguns usados para casamentos como Zaff, outros religiosos como o Zaar, alguns em danças folclóricas como o Saiid para a dança Tahtib dos beduínos do Sul do Egito (Dança com Bastão) e para o Dábck, o Fallahi (Fallahi além de significar um ritmo, significa camponeses Egípcios, trabalhadores do campo que costumam dançar e cantar durante a preparação do solo para nova semeadura e nas colheitas), para a dança dos camponeses, o Soud da Arábia Saudita e Golfo Pérsico, para a dança Khalije e muitos outros ritmos.O trajeto de um show Oriental Egípcio inicia-se no mais sofisticado, em termos musicais, até chegar ao mais simples, isto é, do orquestrado ao tacksins( solos de instrumentos) para então retornar ao primor do começo.Uma apresentação de Racks el Shark segui uma seqüência tradicional:1. Entrada da bailarina com uma música instrumental grandiosa (Normalmente denominamos de música Clássica por ter uma estrutura específica para entrada de show), a bailarina realiza grandes deslocamentos, com ou sem véu.Essa música orquestrada sofre constantes variações rítmicas, sendo enxertada de solos melódicos.2. Música cantada, sem grandes variações, tem um sentido de graciosidade para com a platéia.3. Folclore, resgate da expressão de um povo, como uma homenagem.4. Tacksim melódico e Tacksim darbuka, solo de percussão, passagem de maior força do show. A dançarina necessita conhecer os ritmos árabes referentes a diferentes danças típicas, que poderão estar sendo utilizadas pelo tablista dentro do solo. Jamais se deve dançar percussão com véu, ou como primeira performance.5.Saída, na música árabe a bailarina nunca sai em silêncio.Em um show completo sempre há as trocas de roupas durante a apresentação, principalmente para as danças folclóricas.As danças folclóricas são caracterizadas por instrumentos melódicos, ritmos, trajes e movimentos específicos. Elas são denominadas de teatrais, pois os dançarinos profissionais somente representam o papel dos povos onde essas danças foram criadas. Existem inúmeras danças folclóricas no Egito e no Oriente Médio.Veremos apenas algumas:-Racks al Assaya: Dança realizada pelas mulheres para imitar a arte marcial do sul do Egito( região Saiid ). A performance masculina é chamada de Tahtib, para demonstração de força, onde são utilizados longos bastões, que denotam virilidade. O Saiid, originário do Alto Egito, é uma música forte, mais caracterizada por aspectos rítmicos. Inicialmente praticada por homens, mais tarde adaptada à dança feminina. O traje feminino desta dança é o vestido (traje Baladii) e um xale na cintura. A dança é composta de movimentos fortes, precisos e muitos pulos.-Racks al Saif: Dança da espada. Realizada pelas dançarinas Gawazys(ciganas). Em praticamente todo Oriente Médio, a dança da espada é feita apenas por homens, basicamente com uma conotação de luta, estando um pouco esquecida e passando por um processo de resgate principalmente pelas bailarinas estrangeiras. No Líbano era realizada por um homem mais velho, a música era lenta, e o homem normalmente era um ancião, pós- guerra.Hoje muito aperfeiçoada e estilizada por dançarinas americanas. Há ainda quem diga que esta dança tem sua origem na Turquia e provavelmente iniciou-se quando dançarinas entretiam soldados, e acabavam por usar suas armas.-Racks al Brik: Dança do Jarro. Realizada apenas por mulheres, ligada à importância da água para estes povos, à mulher que regressa equilibrando os jarros pesados de água para suas aldeias. Ritmo para essa dança é o Fallahi ou Macksoun.-Khalije: Dançado na Arábia Saudita e Golfo Pérsico. As mulheres realizam muitos movimentos de ombros,quadril, agitos com os cabelos e antigamente dançavam portando vestidos de corte reto, repleto de bordados, ultimamente é difícil ver uma bailarina dançando com esta vestimenta. A Dança do Ventre é uma atividade que trabalha muitos grupos musculares, além de auxiliar no sistema circulatório, na coordenação motora, memória, criatividade, consciência corporal, equilíbrio e auto estima.Muitos leigos acreditam que a dança origina flacidez e aumento do abdome, mas isso só acontece com dançarinas com má formação corporal e postura incorreta. Toda mulher, quando se veste com as roupas da dança, permite-se entrar em contato com o que há de mais feminino. O caminho natural da arte inicia-se em um aprendizado em uma disciplina constante, e segue-se em um trilhar de elementos da sensibilidade. Os nomes dados aos passos não são oficializados são criados por bailarinas, para facilitar o ensino da dança e a comunicação. Podem variar de uma profissional para outra.
(Este texto foi-me disponibilizado pela professora Danny Negri, de Santo André, bailarina da Casa de Chá Egípcia Khan el Khalili)

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