Mecanismo de Ação da Criocirurgia
Efeitos diretos
A ação do gelo nos tecidos está relacionada aos
efeitos diretos nas células e na estase vascular que se
desenvolve após o descongelamento. Durante o processo
de congelamento ocorre a formação de cristais
de gelo intracelular e extracelular. A formação do gelo
extracelular altera o gradiente osmótico entre o meio
intracelular e o extracelular produzindo um efeito
hiperosmolar que extrai água do meio intracelular e induz
uma concentração tóxica de eletrólitos, a qual provoca
um dano irreversível à célula. O aumento da concentração
intracelular de eletrólitos resulta em alterações
do pH nas macromoléculas e na membrana da
célula.
A formação do gelo intracelular é dependente do
tempo de congelamento e de uma temperatura mínima
atingida. Um congelamento rápido à temperatura baixa
resulta numa maior quantidade de gelo
intracelular. Desse modo, não ocorre perda de água
para o meio extracelular e, na tentativa de manter o
equilíbrio, formam-se pequenos cristais
intracelulares, os quais provocam danos nas
organelas como as mitocôndrias e retículo
endoplasmático induzindo a uma destruição celular
irreversível.
Efeitos indiretos sobre a circulação
A injúria criogênica provoca estase vascular e
anóxia tecidual resultando em necrose isquêmica. A
estase vascular está restrita ao local de exposição do
criógeno e ocorre devido ao aumento da permeabilidade
dos vasos resultando em hemoconcentração. A formação
de trombos ocorre em 65% dos capilares e 35
a 40% das arteríolas e vênulas a uma temperatura que
varia de 3 a 11°C, no entanto, a trombose completa
dos vasos é detectável à temperatura de -15 a -20°C
após 30 minutos de congelamento.
Por meio de exame microscópico constatou-se
que aproximadamente duas horas após o congelamento
já se observa edema, danos focais aos capilares, hemorragia
e formação de microtrombos. Por volta de 5
a 8 horas observa-se necrose focal ou segmentar dos
vasos sangüíneos. Clinicamente a gangrena aparece
entre o 1º e 7º dia, mas somente quando a injúria é
severa.
Efeitos imunológicos
Acredita-se que as substâncias antigênicas normalmente
encontradas nas células e liberadas quando
ocorre destruição celular pelo congelamento estejam
envolvidas na resposta antigênica.
Uma resposta imunológica após tratamento com
criocirurgia foi primeiro sugerida por volta dos anos 60
e 70, quando se observou a presença de anticorpos
circulantes contra tecido prostático e adrenal de humanos
e coelhos após congelamento.
Em estudos experimentais demonstrou-se que
linfócitos de animais com neoplasias tratadas com a
crioterapia, quando transfundidos em animais com
neoplasias semelhantes apresentaram um efeito
citotóxico maior do que aqueles transfundidos a partir
de animais não tratados. Esta resposta parece ser específica
para cada tipo de tecido, sendo estimulada pela
liberação de antígenos específicos do tumor durante ou
após o congelamento.
Indicações da Criocirurgia
A utilização da criocirurgia na medicina teve aplicação
clínica substancial por volta da década de 90, no
tratamento de tumores cutâneos. O surgimento de aparelhos
de ultra-som intra-operatório possibilitou a sua
utilização em tumores de próstata, fígado e rins, permitindo
a visualização do processo de congelamento.
Diversos tipos de tumores em diversas áreas do
corpo como pele, osso, ânus, reto, útero e cavidades
têm sido tratados com criocirurgia podendo ser utilizada
no tratamento de lesões benignas, tumores malignos
e pré-malignos. É o método considerado como tratamento
de escolha ou tratamento alternativo em diversas
doenças de pele. Qualquer área do corpo pode ser
tratada, não existe limite de idade. Possibilita o tratamento
de tumores recidivantes, lesões próximas ou fixadas
a ossos e cartilagens, tumores grandes ou pequenos.
É indicada para pacientes cirúrgicos de alto risco,
portadores de marca-passo, de coagulopatia e idosos.
É um método alternativo para pacientes nos quais outros
métodos de tratamento são impraticáveis.
Na medicina veterinária é mencionada para o tratamento
de tumores da cavidade oral e nasal, cutâneos e/ou de tecidos moles, tumores e fístulas perianais e mamárias.
Fonte: Rev. Educ. Contin. CRMV·SP, São Paulo. v. 6, n. 113, p. 53-62, 2003
http://www.cryac.com.br/ Esse é o site do único representante de aparelhos de criocirurgia no Brasil.
Alguns vídeos:
http://www.cryac.com.br/videos_vet.html
Artigos:
Crio
39. CRIOCIRURGIA EM FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS VERDES
Tratamento criocirúrgico de tumores e de fístulas, em cães