30/09/2008

Tratamento de Choque

Meu chihuahua é um chato. Aliás, muito chato. Ele late demais, pra tudo e pra todos. Parece que tudo no mundo é ameaçador e merece uma latida, ao melhor estilo funk "late que eu to passando".

Com essa característica irritante, já tive até vontade de mandar operar as amídalas dele (aqui no Japão é comum fazer isso em cachorros de apartamento) mas apesar da tremenda irritação que ele me causa, não consigo ser tão cruel, por que daí nem os grunhidos pedindo carinho que eu adoro ele poderá fazer.

Mas ontem achei a solução. Vi ontem na tia Anamariabraga (ué, eu assisto sim, enquanto eu trabalho, vejo globo Internacional pelo computador pq é de grátis e me distrai) um adestrador "domando" as manias de um bulldog adulto e fazendo com que um caminho colorido com flores azuis e borboletas voando se abrisse diante de meus olhos.

E não é que em uma semana ele conseguiu fazer com que o bicho ficasse beeeem melhor!? Usando um borrifador de água na hora do erro e biscoitos para as horas de acerto o bicho ficou sociável. Simples assim.

Como eles ficam no deck da frente deitados, o inferno começa cedo, por que qualquer coisa que se mova já é motivo de latidos intensos e estridentes (aliás, inversamente proporcional ao tamanho daquela coisa ínfima que eu tenho como cão). E hoje comecei com o borrifador. Três latidas para três pobres transeuntes e três borrifadas já surtiram efeito e o moço que passou depois de bicicleta foi poupado (pela primeira vez na vida do Yuki ele não latiu para um estranho!)

Acredito que o efeito foi imediato pq tá frio, e apesar da roupinha de nylon camuflada que ela tá vestindo, água gelada é covardia né... Mas não to com pena não, foi só na cara e ajudou como efeito moral pra Jolie também, que saiu de fininho de perto dele (embora ela seja uma lady e nunca lata, ficou o aviso).

Agora sim, meus nervos agradecem, os vizinhos e pedestres também.E viva o adestrador da tia Anamaria :)

Upgrade: Agora eles ficam no quintal de trás, e o Yuki agora late pros insetos.

24/09/2008

Da Série Inutilidades Pertinentes VII

Uma pesquisa revelou que o stress, doença da era moderna, traz o Japão no topo da lista e o Brasil em 2º lugar no ranking.
Dentre esse caos sou uma felizarda, por que além de brasileira moro no Japão...As mulheres encabeçam a lista disparado (não precisa nem dizer que é pela palhaçada de termos que ser polimultimacetadaplus e acumular múltiplas e concomitantes tarefas).
A bom, isso me conforta muito. Quer dizer que minha loucura agora é registrada e faz parte de estatísticas oficiais. Bom saber, só que o que realmente quero saber é se esse estudo vai me servir de alguma coisa. Que? AH!! Não vai??? Então enfia essa pesquisa no #%* e me deixa em paz.

23/09/2008

Equinócio de Outono

Viva a estação mais linda do ano! Me sinto privilegiada por morar num lugar onde as estações do ano além de bem definidas, possuem belezas tão singulares com características inexistentes em outro lugar do planeta.


Estação da renovação, onde as folhas amarelam ou avermelham e depois caem para dar lugar a novos brotos no futuro. Época do kooyoo-gari, a apreciação das árvores vermelhas, que nos presenteiam com todo seu esplendor dispensando qualquer forma de verbalização. Apenas o olhar se torna essencial.


Hoje chegou a estação vermelha. Nessa época me sinto em êxtase, por morar próximo as montanhas, tenho emoldurado pela janela um horizonte de nuances amarelo-avermelhadas que dispensam qualquer classificação.

Serão poucos meses para curtir ao máximo tudo isso, na melhor estação do ano. Mas como tudo que é bom dura pouco, logo logo a paisagem muda para se preparar ao rigoroso inverno.
Até lá, vou andando por caminhos de folhas coloridas no país vermelho, renovando minha alma e enchendo minha vida de amarelo.


22/09/2008

Mercado de Pulgas

Apesar ter ido dormir às 5 da manhã no sábado (desda vez não foi insônia, tivemos visitas e ficamos de papo até 4:30), algo me tirou da cama 9:10 com muita disposição - era dia do flea market da escola (uebaaaaa!!). Me vesti rapidinho e fui ansiosa pelas possíveis comprinhas interessantes que eu poderia fazer (sim!! Adorooo bazares, briques e afins!)

Quem mora no exterior tem o privilégio de se despir de algumas hipocrisias humanas muito fortes nos países pobres e se jogar sem medo de ser tachado ironicamente de pobre, brega, muquirana e outros adjetivos nos famosos flea markets (mercado de pulgas) existentes em todos os países de 1º mundo.

Talvez por seus séculos à frente e pelas inúmeras guerras e crises vividas, qualquer país desenvolvido tem inserido de forma natural no seu cotidiano essas feirinhas, que podem ser tanto ao ar livre quanto em ginásios, onde toda a sorte de objetos são vendidos por seus donos por preços simbólicos e tudo muito bem organizado. É a reciclagem daquilo que não nos serve mais e ocupa espaço para alguém que procura exatamente o que dispensamos por um precinho camarada.

Como nasci em Porto Alegre (cidade com forte influência européia), já estava habituada de certa forma com essa cultura, pois lá existe o brique da Redenção, um mercado de pulgas tradicional realizado todo o domingo no Parque Farroupilha (ou Redenção, como preferir). Apesar da referência, nada se pode comparar e são parecidos apenas na essência.

Aqui no Japão, essas "feiras de reciclagem" e bazares escolares são ultra populares, e muita gente (inclusive eu) aguarda com ansiedade os mais famosos da cidade para se jogar com tudo nas "oportunidades imperdíveis". Como os garage sale dos EUA, nossas feirinhas vendem de tudo; dos botões de roupa aos eletrodomésticos, de brinquedos a óculos de sol, de bijouterias a coleções de qualquer coisa, uma verdadeira miscelânea colorida que enche os olhos e deixa o povo louquinho.


Como disse no início desse post, domingo fui no waku waku bazar, da escola do Lo. Cheguei depois de 40 minutos do início, e apesar da maoria das coisas boas já terem sido vendidas, (foram feitos sacolinhas com vários ítens dentro e o valor era estipulado entre 100, 200, 300, 500 ou 800 ienes, que eram os mais caros... uma verdadeira pechincha!!) consegui algumas pérolas, como uma bota de couro legítimo liiiiinda usada 2 vezes, tinha até o adesivo embaixo do solado por 300 ienes (menos de 6 reais) e um anél banhado a ouro da Minie, novinho, comprado na Disneyland que caiu perfeitamente no dedo da Yuyu por 100 (1,80 reais) mais algumas coisinhas (todas novas) compradas mais barato que nas lojas.

Minhas comprinhas

Enfim, não levei nem 1 hora e já estava em casa com meus tesouros em mãos e toda feliz. É uma pena que no Brasil esse hábito não seja difundido, é tão bom comprar coisas novas ou semi novas com preços simbólicos, fora que é ótimo se desfazer de toda a tralha que ocupa espaço e junta poeira nos armários. Pensem nisso, quem sabe daqui nasce uma idéia né? Quem sabe...

19/09/2008

A Difícil Arte do Convívio

Por que será que justo no dia em que se tem uma pá de coisas pra fazer na rua o clima é sempre de extremos? Ou é um sol que racha o coquinho ou uma chuva torrencial como a de hoje (e, claro, BEM na hora que eu saí de casa).

Como saímos da escola com fome, fui com a Yuyu afogar as lombrigas num restaurante popular italiano bem perto de casa, aonde a gente se jogou sem culpa numa carbonara.
Tudo muito bom, tudo muito bem, até perceber que na mesa atrás de mim haviam dois homens brasileiros conversando. Pelo estilo, de cara identifiquei que um deles era pastor (isso mesmo, as igrejas de Edir Macedo e similares pipocam aqui num crescimento apavorante) o que confirmei no estacionamento pelo adesivo "Missão Assembléia de Deus no Japão" colocado no carro.

Como o sofá é daqueles em que o encosto é grudado no encosto do sofá da outra mesa, minhas costas ficaram a menos de meio metro das costas do pastor, e pude ouvir toda a conversa (não que eu quizesse realmente) dos dois.

Primeiro o pastor falou, falou, falou, que eu já tava com vontade de ir embora, imagina a criatura na frente dele. Depois o outro cara, que aparentava uns 25 anos, argumentou.
Pude perceber que o motivo do aconselhamento era conjugal, e dentre tantas coisas ditas, ficou muito claro que o casamento do moço estava a banca rota pela seguinte frase dele:

- Eu to fazendo hora extra ela pensa que to na gandaia, eu to em casa e a gente não troca nem um oi, quem dirá carinho....

É incrível o número absurdo de pessoas que se separam no Japão. Quando eu cheguei aqui, no primeiro dia conhecemos uma família que nos mostrou tudo que precisávamos saber para não nos perdermos ou termos uma crise (histérica) de identidade. Dentre essas coisas, duas chamaram a atenção: Uma, era sobre os terremotos e a outra era sobre manter o casamento.
E isso faz 6 anos. E os mesmos conselhos são repassados até hoje.

A vida aqui é massante e os raros momentos de lazer, tirando parques públicos, custam caro. Fora isso, muitos se deslumbram com o dinheiro fácil e com facilidades como poder comprar um carro usado com apenas um mês de salário. Alguns sofrem com a alternância dos turnos de trabalho do tipo, enquanto o marido tá dormindo a mulher tá trabalhando e vice versa.
Outros se perdem no vício das famijeradas caça níqueis, amplamente difundidas aqui e chamadas de pachinko, e nessa acabam perdendo a família, o emprego e a dignidade. Outra coisa também que chama muito a atenção por aqui é o aumento do individualismo, que na maioria das vezes é o criador do abismo conjugal.

Juntando tudo isso e mais um monte de outras coisas, os casamentos aqui se fragilizam, e muitos, não agüentam a esse turbilhão e se destroem sem direito a recompor os cacos.
É triste, mas é real. Dificilmente se encontra um casal que nunca tenha tido uma crise braba em terras nipônicas.

A maneira com que o casal tratará essa crise é que definirá se o casamento moribundo tem salvação ou se vai a sete palmos nos próximos capítulos. Sabemos que é chover no molhado dizer que diálogo é fundamental para o bom entrosamento do casal, que só o amor contrói e que há de se ceder igualmente para que o convívio seje harmonioso e tralálá com bolinhas.
Mesmo assim, na hora da crise, ninguém lembra nada disso, e muitas vezes as mágoas acumuladas são tantas, que o orgulho impede qualquer possibilidade de acordo ou de trégua.

Conheço muitos que se perderam na estrada e resolveram seguir o rumo sozinhos ou com outro parceiro. Alguns vão embora pro Brasil, outros arranjam companhia e constituem novas famílias, torcendo para que essa dê certo e não bailem na curva novamente.

Admiro os que tentam. De novo, de novo e de novo. Lutam pelas mais diversas causas: ou por que acreditam no amor, ou por que não admitem o fracasso, ou pelos filhos pequenos...
Mas há os que insistem só por comodismo ou pelo eterno medo de ficar sozinho.

Cada um sabe o seu tempo, o seu sentimento e a sua urgência. Mas de vez em quando é bom olhar dentro de si para ver se o amor ainda vale a pena ou se tá na hora de ver outras paisagens, por que só o amor constrói, mas o Japão destrói; e nesse entrevero, dê-lhe trabalho para os pastores espalhados pelo arquipélago afora.

18/09/2008

Chocolate Cor de Rosa

Essa semana fiquei comovida com o lado zen. Na verdade mais passada do que comovida.
Estávamos conversando sobre transgressões de adolescência, e eu lembrava com orgulho da minha fase dark-punk-roupa-preta-cabelo-azul-roxo-e-cor-de-rosa (verdade, tive cabelo de todas essas cores) até que resolvi perguntar ao lado zen qual a maior transgressão que ele tinha feito na juventude.
Ele pensou, pensou... titubeou (talvez por vergonha, talvez por receio da minha arriação) mas resolveu me contar como foi a sua fase "rebelde sem causa".
Eu (cheia de orgulho depois de relembrar meu currículo rebelde):
- E tu, qual foi a cousa mais rebelde que tu fez pra provocar tua mãe?

Ele (cheio de pontos de reticências na expressão):
- Ham... Que eu lembre... a coisa que mais deixou minha mãe enlouquecida foi quando... cof cof... comprei uma camiseta...rosa choque...

Eu (não acreditando e horrorizada com o que acabava de ouvir):
- o que???????? como assim uma camiseta rosa???? tem certeza????? só 'isso'??? quaquaquaquaquaquaquaqua!

Ele (com cara de pastel e já arrependido da confissão feita e do mico pago):
- Ué, tu esqueceu que minha mãe é japa?
...

É mesmo... só quem vive dentro do mundo japa sabe o quão nonsense eles são para algumas (a maioria) das coisas. Quem tá de fora não imagina como é a relação familiar entre mãe-filho japonês da gema.
Eles cultuam e não deixam morrer sua cultura em qualquer lugar do mundo, mas também têm arraigado alguns costumes herdados dos pais ou lembrados de suas infâncias no Japão (na década de 50 e pontinhos).

Até hoje aqui no Japão, a relação entre pais e filhos é um ponto delicado. Quase não se conversa, as crianças aprendem a se virar e ser independentes muito cedo e na adolescência, é raro ver pais e filhos passearem juntos.

Tá certo que hoje em dia, um homem usando camiseta rosa choque no Nihon é mais que natural (perto das bizarrices que se vê na rua é até básico). Mas na década de 80, no Brasil, com uma mãe japa legítima criada no Japão até os 15 anos, e que na cabeça dela, tatuagem ainda é coisa de yakuza e camisa rosa coisa de mulherzinha, realmente foi uma baita transgressão. Será que é por isso que ele abomina camisetas cor de rosa?

O fato é que fiquei compadecida e de certa forma, até emocionada, pelo conceito lírico e simplista de transgressão para o lado zen.

Sério mesmo. Não tô fazendo piada (...)

E pra provar isso, esse mês vou deixar ele de boa na minha fase TPMonstrícia. Não aproveitarei meu lado Dr Jackyll para me vingar sem remorsos das irritações que ele me faz passar ao longo do mês. (Pelo menos nesse mês...he he he)

Me contentarei com kilos de barras de chocolate. Que é gostoso, alimenta e dá espinhas.

ps: Casualmente hoje, ele trouxe 2 barras grandes pra mim... será uma premunição?

17/09/2008

O Pequeno Príncipe de Cada Um

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

Essa famosa frase é de Antoine Saint Exupery, citada no maravilhoso livro O Pequeno Príncipe (que todo pai tem obrigação de oferecer para que seu filho leia desde a infância.)
Para quem não sabe, esse livro é o 2º mais traduzido no mundo, perdendo apenas para a Bíblia. E as histórias desse loirinho sonhador de cachecol vermelho encantam crianças e marmanjos desde 1943.
Prova disso sou eu, que ganhei o meu com 9 anos e quando fui ao Brasil não resisti e o trouxe comigo para o Japão

Voltando ao assunto, a citação acima deve fazer o pobre se revirar no caixão de desespero cada vez que uma moçoila com aparência de Barbie dos anos 90 a cita como o lema da sua vida em concursos non senses de beleza.

Eu no lugar dele, acrescentaria mais um desgosto à lista; o fato desta constatação ser tão óbvia que a faz passar despercebida em corações e mentes endurecidos do mundo moderno.

Se sabemos (e de um jeito ou de outro, todos sabemos) que temos uma responsabilidade em preservar e conservar sentimentos despertados em outrém, por que isso é tão difícil de ser posto em prática?
Algo que deveria ser inerente ao ser; como estimular a inteligência e cuidar do que é seu muitas vezes é suplantado pela praticidade do cotidiano, pela conveniência social ou por um dois outros motivos de menor relevância e maior conivência.

De uma certa forma, alguns se sentem aliviados ao colocar seus sentimentos em standby e deixá-los ali, num cantinho empoeirado qualquer do coração, ocupando o menor espaço possível para não atrapalhar o andamento de suas vidas ou para não causar trabalho e/ou desabores.

Não dedicar a menor atenção e zelo àquilo que cativamos pode causar a sensação de abandono, magoa e desesperança ao cativado e acredito que muitas vezes nem o próprio cativante tenha consciência do mal que proporciona.

Mas pensem bem, não é o máximo saber que alguém nos considera o máximo? Não é vital saber que alguém em algum lugar faria tudo para suprir o nosso nada?
E não é reconfortante saber que muitas vezes, mesmo não contribuindo em nada para isso, aquele sentimento bom ainda está ali, intocável, em inércia, esperando apenas um sinal para poder se manifestar?

Não importa nessas relações o papel desempenhado; se é de amizade, amor ou fraternidade. O que importa é sabermos lidar com a devoção saudável que outra pessoa nos nutre.

É saber retribuir com pelo menos um pouco o que nos é oferecido de maneira expontânea.

É saber que mesmo que esse asteróide exploda, somo especiais na vida de alguém e que em algum momento fizemos a diferença na vida dessa pessoa.

Por isso concordo com o Antoine e convoco a todos para se juntarem ao Vianna, quando diz:
"Cuide bem do seu amor, seja quem for."

Pode até parecer uma letra de música, mas é poesia pura e um chamado contemporâneo para a reflexão e entendimento do pensamento de Exupery. Por que, como ele mesmo diria...

"O essencial é invisível para os olhos"
...

16/09/2008

O Bolo de 'Choco'late

O dia hoje está calmo e por uma graça divina me puxei e terminei meu trabalho (aquele que rende algo, monetariamente falando) antes das 16:30.
Para tal façanha, precisei acordar com as galinhas e adiantar algumas coisas, mesmo com uma chuvinha convidativa e hipnotizante me chamando para o ninho durante a manhã inteira.
Por um lado é bom acordar cedo. O dia rende horrores e teoricamente se consegue fazer tudo o que se precisa. Ou pelo menos deveria ser assim.
Se tratando dessa que vos fala, o dia até pode render, mas aliado à ele vem junto o sono descomunal, a lerdeza e a falta de raciocínio prático.
Tenho que admitir, sou um ser notívago. As manhãs deveriam ser abolidas da minha agenda e meu dia deveria começar a partir do meio-dia...Mas como sou mãe, dona de casa e o escambal, tenho que exteriorizar toda minha nobreza interior e fazer as tarefas que me competem com um belo sorriso no rosto cantando “Amélia” .
Fazer o que...
Então, como o dia começou cedo, meu cérebro foi passear numa ilha deserta das Filipinas, meu corpo tá pedindo clemência, uma pilha de roupas me espera na lavanderia, uma filha me exige um bolo de chocolate, dois cachorros me olham com cara de pedinte pra passear num dia chuvoso e minha vizinha me liga para eu ensinar como se faz um email, me despeço desse post e vou de encontro a minha vida urgente.
Até amanhã

ps: Como cozinheira sou excelente artista plástica... O bolo, que tinha TUDO pra dar certo (e aparentemente deu) foi um verdadeiro kinder ovo.
Lindo, cheiroso, aerado... mas ao cortá-lo... nossa, que decepção, ficou mais parecido com um pudim socado e grudento do que com um bolo!
Resultado: Deu pra aproveitar só a parte de cima, o resto foi pro lixo. Se alguém souber como fazer um bolo decente usando forno japonês, por favor, me ajudem.
Keka!!! Socorro!!!!

12/09/2008

Meu Questionário

Como na vida nada se inventa, tudo se transforma; recebi por email da minha amiga Jaque esse questionário virtual (o pessoal da minha época (!!!!) vai lembrar na hora dos caderninhos com perguntas disputadíssimos para saber o que "aquele(a)" guri(a) escreveu).

Seguindo a linha de que amanhã é o armagedon na minha região, vou respondê-lo para dar fundamento e documentação às inúmeras matérias e homenagens póstumas que ganharei. Então, deixo com vocês meu ensaio para a posteridade... hohoho

- Eu tenho: uma familia divertida, cães maravilhosos e algumas manias.
- Eu desejo: por uma mochila nas costas, uma calça jeans, um tênis All Star ou Adidas e rodar o mundo sem rumo.
- Eu odeio: crueldade com animais, acordar cedo numa noite mal dormida , cebola, gente pentelha, drama, falta de respeito e gente mimada.
- Eu escuto: muito bem ... hehehe, sou bem eclética (mas não me peça pra ouvir sertanejo ou enka)
- Eu tenho medo de: perder as pessoas que amo e de ficar uma velha caquética.
- Eu não estou: preocupada com o que os outros pensam a meu respeito.
- Eu estou: há dois passoooos do paraíso...
- Eu perco: o amigo mas não perco a arriada (desculpem, mas está além das minhas forças).
- Eu preciso: ficar rica, emagrecer, alisar meu cabelão e de umas férias num lugar paradisíaco.
- Me dói: no momento nada não...

SIM OU NÃO?

- Tem um diário? blog conta?
- Gosta de cozinhar? pula essa...
- Gosta de tempestades? pra dormir é bom
- Há algum segredo que vc não tenha contado à ninguém? se eu contar aqui não será mais segredo né cara pálida...
- Acredita no amor? Até acredito, por que? Ele tá mentindo?
- Toma banho todos os dias? Por que? Tá dando pra sentir o cheiro???? aijesuis!!!!
- Quer casar? Já casei
- Quer ter filhos? Já contribui 2 vezes com o futuro da nação.
(Realmente não consigo ficar apenas no sim ou não...)

QUEM É?

- Amigo estranho: a lista é grande...só atraio louco kkk
- Amigo mais chato: se for mais chato que eu não vira amigo ¬¬
- Amigo que te conhece melhor: Rita, Andréa, Piero
- Amigo escroto: prefiro não comentar... ( um tédio essa parte né...)
- Amigo Galinha: M* (senão ele magoa)
- Amiga irmã: Rita, Andrea
- Amigo irmão: Piero
- Amigo Pentelho: largo de mão
- Amigo pra todas horas: Além dos citados, Valéria, Érika, Ana (acabou? ainda bem...)

QUAL É?

- A frase que mais usa no msn: não tenho entrado muito, mas a frase mudava sempre
- Sua banda favorita: São várias favoritas... hum... U2 e Cure e Kobukuro não podem faltar
- Seu maior desejo: viajar sem rumo
- 3 Lugares estranhos que vc transaria: isso é para poucos

OUTRAS PERGUNTAS

- Signo: Áries
- Cor dos olhos: castanho escuro
- Numero favorito: não tenho
- Dia favorito: idem
- Mês favorito: março, meu aniversário!
- Estação do ano favorita: Outono, depois Primavera.
- Café ou chá? Chá

VOCÊ
- Tem problemas de auto estima: nenhum, eu sou o máximo!
- Abriria mão de ficar com alguém muito gata por respeito ao próximo: já fiz isso uma vez e me lasquei, se voltasse no tempo o próximo que eu respeitaria seria eu.
- Iria a uma micareta: nem atada em poste
- Cuidaria de amigos bêbados: meus amigos bebem em festas particulares e com moderação hohoho
- Dá toko sem problema nenhum: o que é "dar toko"? * A Erika me explicou o que ser isso, e pra ser honesta, ficava (sim pq agora sou casada) muito mal em dispensar alguém.

NAS ULTIMAS 24HS VC:

- Chorou? sim, de rir.
- Ajudou alguem? sim
- Ficou doente? não..graças!
- Foi ao cinema? humm, serve cinema em casa?
- Disse "te amo"? não
- Escreveu uma carta? serve email?
- Falou com alguem? sim
- Teve uma conversa séria? não
- Perdeu alguem? não
- Abraçou alguem? sim
- Brigou com algum parente? no no no
- Brigou com algum amigo? não

ALGUMA VEZ VC PODERIA:

- Beijar alguem do mesmo sexo? beijo sempre, minha filha e minha afilhadinha...
- Fazer sexo com alguem do mesmo sexo? ué, nunca se sabe... na falta de todos os homens interessantes do planeta, pode ser.
- Saltar de paraquedas? se o medoooo horrendo passasse...
- Cantar em um karaoke? opaaaa, quando, hoje? dancing queen e i will survive são meus hinos, musicas japas também tão na lista!
- Ser vegetariano? verde pra mim, só nas embalagens dos produtos
- Se embebedar? claro!!! chama a galera aí...
- Roubar uma loja? it's impossible, a lobotomia na infância foi forte.
- Se maquiar em publico? lógico. Isso é baba, não esqueça que sou uma lady.

Comidinha Básica para Kit Terremoto

Queridolhes amigolhes... Hoje é sexta-feira e hipotéticamente falando, é o último dia do resto de nossas vidas nesses arquipélogo , formado por contrastes tão antagônicos que mais parece um mosaico do que outra coisa.
E da mesma forma sugestiva e cheia de antagonismo que resolvi extravazar todo o meu lado Dostoiévski de ser para deixar nessas sarcásticas linhas um pouco mais de alguma coisa confusa.

Se tudo acabar hoje de madrugada, ou manhã depois do café, confesso que será uma decepção em múltiplos sentidos para mim. Digo isso por que falharei como mãe Diná e me darei muito mal (pra não dizer que me f*&$#* do primeiro ao quinto) achando que esse bagaça não iria acontecer. Sem contar que isso será muito ruim para meu currículo e início de carreira na arte adivinhativa-premunitória. (mais uma carreira de sucesso que acaba antes mesmo de começar...)

Pensando no lado prático da coisa, também estarei ferrada, por que nessa de descrença, não estoquei nada do que deveria (diga-se comida) e isso realmente é péssimo. Na prática, se eu não morrer no terremoto, morro de fome; por que eu moro no Japão mas DETESTO comida japonesa (béérgh). Por que o espanto? Tem muita coisa que eles comem aqui que dá um medo danado só de olhar, imagina botar na boca! Cruzis...

É verdade, sou MUUUUUIITO CHATA com comida e não como verdura e legume nem sob tortura, quem dirá coisinhas vivas, podres (o natô nada mais é do que soja fermentada - podre mesmo) e ovas de outros seres (não comeria nem as minhas pra ser sincera. Ops! Eu tenho ovas?)

Enfim, esse é um grande problema a ser enfrentado. Outro grande problema será salvar meus cães. Nossa, só de pensar neles aqui sozinhos sem poder ir para a área de refúgio fico em pânico! Nunca li nada a respeito sobre o procedimento com animais domésticos. Só sei que nos abrigos ficam as pessoas e seus objetos pessoais indispensáveis, mas seus bichinhos, que também são da família e obviamente indispensáveis, ninguém diz nada.

Já decidi, os meus vão comigo aonde quer que eu vá. Mesmo que para isso minha área de refúgio pessoal seja dentro do carro. Minha fidelidade à eles é maior que a que tenho por algumas pessoas (pessoas vacilam, cães não). Tenho certeza que se fosse o contrário eles não me abandonariam, já demonstram isso diariamente, que dirá numa situação calamitosa.

Dizem, não sei se é verdade, que o governo brasileiro manda aviões da força aérea resgatar brasileiros residentes em áreas de desastre natural mundo afora (se alguém puder me confirmar essa informação). Se for verdade, pelo menos saberemos que com passagens não precisaremos nos preocupar, até por que, não terá necas de bancos abertos e se tivesse também, não iria fazer a menor diferença, por que meu saldo bancário tá mais vazio do que cabeça de porongo.

Ok, decidido já o local de refúgio alternativo (o oficial é na escola do bairro, onde ficará o resto da minha família), a maneira de voltar pro Brasil (ou não, pelo menos de início... de repente o estrago não é tão grande e não posso esquecer que tenho uma casa aqui. Já pensou se alguém invade meu latifúndio?) Ainda resta a questão alimentícia da pessoa aqui (por sorte a família não é tão chata pra comer como eu), acho que ficarei só no arroz, no leite e nas frutas oferecidas pela ajuda (em todas as cidades existem lugares onde são guardados comida, chá, água, colchonetes e cobertores para as vítimas de catástrofes), o que será ótimo pra enxugar o corpitcho e finalmente voltar a ser magra.

Antigamente minha preocupação era também com meus cigarros... Como ficar sem eles? Só esse ítem na época renderia um post individual . Mas, não sei como consegui, isso faz parte do meu pretérito imperfeito e agora posso neurotizar com outros detalhes (ir)relevantes de total importância para meu ser. Abaixo, coloco a foto de algumas coisinhas alimentícias (ou não) que fazem parte desse meu universo particular e que não consigo imaginar a vida sem eles. Bem queria que fizessem parte do kit primeiros socorros, não iria ser tuuudo????

11/09/2008

Terremoto Forte Hoje!!

Hoje,dia 11, um forte terremoto sacudiu a ilha de Hokkaido, no norte do Japão. O tremor tem magnitude 7,2.O tremor durou cerca de 30 segundos,às 9h20 da manhã(21h20 de Brasília)
Para situar, Hokaido fica ao norte,cerca de 700 km de Tóquio. Bem longe daqui também.

Não há notícia imediata de feridos ou danos, mas um alerta de tsunami "leve" foi dado para a área. As autoridades pediram para que os moradores da costa na área afetada evacuassem o local e agissem com "cautela"

Será?
Será meeeesmo que isso foi um sinal??

M-E-D-O...

Imagina se der um efeito borboleta e as placas que sacudiram lá em cima comecem a deslocar as outras e desencadeie o terremoto aqui em baixo!!!!

Vou calar minha boca antes que vire profecia...

Zoidinha é Fashion

Ela nasceu no mesmo ano que eu, 1972. Mas por seu design avançado demais (leia-se feia) para a época, a pobre não durou nem um ano nas prateleiras porque simplesmente assustava as criancinhas por seus olhos tão grandes (praticamente um lobo mau), cabelão (liiiiiiindo!!) e pernas de saracura do banhado.

Allison Kat, a designer-criadora da Blythe, enfiou a viola no saco junto com as bonecas cabeçudas e foi morar no alto das montanhas do Himalaia, para fugir da vergonha, fracasso e decepção de vendas (tá bom, não foi bem assim...)

Masssss, como todo o chinelinho véio no mundo tem um pé cansado, eis que um amigo maldoso, na intenção de sacanear, deu de presente uma dessas bonecas para a produtora de vídeo Gina Garan. Mal sabia ele que ela era outra louca de pedra, que além de amar o presente, saiu mundo a fora fotografando a zoiudinha.

Pronto. Em tempos de caiu na net é do povo, as fotos foram encontradas pelo povo mais sem noção do mundo: os japas, que amaram a kidult e a transformaram em obsessão e objeto de consumo. (isso por aqui É a terra dos kidult*)

Em 2002, Garan que não é boba e viu o nicho nipônico em expansão, lançou o livro This is Blythe, que virou o site oficial da boneca. Foi um sucesso e a marca de brinquedos japonesa Takara (menos boba ainda) resolveu relançar a Twiggy de plástico.

O lançamento foi um sucesso, principalmente por sua interatividade e maleabilidade de costumização de tudo ( cabelo, cor dos ohos, pele...) e o resultado disso foi uma legião de fãs da bonecuda mundo a fora que trocam imagens, fazem roupas, criam desfiles, concursos, costumizam as bonecas e tiram muitas, centenas de fotos em diversas situações da bonequinha mais hype e fotogênica do mercado. Por aqui, há vários livros ensinando a fazer roupas, penteados e tudo mais do mundo "Buraizu", como ela é chamada.

Eu já me peguei várias vezes namorando essas dolls nas lojas de brinquedos, pensando se compro ou não compro. Um dia me jogo e trago a sardenta pra casa. (Ai Jesuis! Acho que to sendo contaminada pelos kidults... help me!! Quem poderá me salvar? Não vale o Chapolin Colorado....)


* kidult é um termo onde as palvras kids+adult se fundem para designar pessoas adultas com gostos por objetos e brinquedos infantis. O Japão é campeão disparado nessa área, mas isso é outro post.

10/09/2008

Bossa (velha) Nova l

Alguns com certeza me crucificarão sem direito a salvo conduto por dizer que a bossa nova, ritmo símbolo da elitizada geração dos exilados políticos nos anos 50, inventada por João (mala) Gilberto e Tom (tdb) Jobim é um ritmo cult para ouvidos treinados com boa música e boa educação (de preferência no estrangeiro).
Pois sinto muitíssimo em informar-lhes que a bossa nova perdeu seu glamour. Pelo menos aqui no Japão (e em outras terras de gringo também).
Fui acostumada com o ritmo e o ouvia com uma certa freqüência por influência de meu pai na infância. O que me fez conhecer razoavelmente músicas, letras e intérpretes. Na minha fase teen, como toda a aborrescente que se preze, queria ser diferente, o que significava ser igual aos amigos e por isso não divulgava esse meu gosto "um cantinho um violão" para quase ninguém.
A vida segue o barco e na descoberta de novos ritmos, a bossa (velha) nova foi esquecida numa dessas gavetas da alma. Até que passados 15 anos, vim parar no Japão e para minha total surpresa, a mesma já morava aqui fazia tempo e veio me dar as boas vindas, ou pelo menos era isso que eu imaginava .
Mas não foi na casa de um conterrâneo, ao qual eu tenha ido visitar pra contar as últimas da terrinha e presenteá-lo com alguma iguaria brazuka, mas quem diria, numa loja de departamentos nipônica.
Me lembro ainda da felicidade ao ouvir aquele barulhinho bom tão familiar aos meus ouvidos, tanto que o sorriso só se defez pra dar lugar ao canto rasgado em plena seção de panelas e utensílios domésticos.
Enquanto me enchia de orgulho e me sentia familiarizada com tudo ao cantar uma música em português na terra das palavras indecifráveis (pelo menos pra mim, na época com apenas 1 mês por aqui), percebia também alguns olhares e um funcionário da loja sempre perto de mim.
Fiquei me sissi com o momento e pensando: "esse cara quer ouvir eu cantar"... E ali fiquei, ensebando, cantanto e me achando a última bolachinha recheada do pacote por aquele "fã" improvisado. Até que o lado zen chegou todo zen e me fez despencar sem pit stop do palco.

lado zen - Sabe esse funcionário ai?

a besta aqui- Hum hum! Ele é meu fã e tá aqui pra me ouvir cantar bossa nova, depois ele virá e me pedirá um autógrafo na camisa, a qual nunca mais será lavada.

lado zen - (risos) Mas tu viaja na maionese né! Ele tá aqui por que viu que tu é brasileira e tá cuidando pra ver se tu não vai roubar nada!

a besta, agora bege com a revelação - Como ASSIM?????

lado zen, tentando não rir da minha tragédia (por que o humor negro dele é mais dark que o meu) - Aqui no Japão, algumas lojas colocam bossa nova como uma espécie de "sinal" de que brasileiros entraram, com isso os funcionários ficam espertos para evitar roubos.

eu, além de anta, agora arrasada pela minha carreira brilhante que acabou antes de começar , olhei bem pro funcionário e disse: Watashi wa dorobo jyanaiô!!!!!!!*

o vendedor com cara de pastel: sumimassen, sumimassen**...

E assim ficou registrada na minha memória o dia em que minha carreira de famosidade encerrou antes do primeiro bis. Daí que há 6 anos atrás, era essa a finalidade da bossa nova como música ambiente. Todavia, hoje isso mudou bastante, pelo menos nas grandes cidades, mas isso fica pro segundo post sobre o assunto.

tradução livre e simultânea:
* Eu não sou ladra!!! Seu babaca, sem coração e preconceituoso!! Frustou meus sentimentos e sonhos de fama e glamour no mundo do show bizz nipônico!!! Nunca mais olho pra tua cara, nunca mais saio na rua e não entrarei mais em loja alguma!!!

** Desculpa, lamento!!!! Eu juro que não queria te magoar, não foi minha intenção, mas sabe como é, minha gerente é uma bruxa recalcada, me obrigou sob a ameaça de chibatadas a ficar no teu encalce, mas pra ser honesto, amei sua voz... Me dá um autógrafo? Pode ser na minha camisa, prometo guardá-la eternamente...

09/09/2008

Sobre os Responsáveis disso Tudo

Já que o dia do terremoto que vai levar tudinho tá chegando (kkkkk) não poderia deixar meu bloguito para a posteridade sem falar dos culpados por tanta originalidade (bobagem) reunida em um único ser; meus pais.
Já falei aqui da minha mana linda e tão pirada, digo autêntica como eu. Agora chegou a vez dos véio.
Minha mãe é uma lady com todas as letras maiúsculas. Mulher de aparência frágil mas com alma de leoa. Decidida e extremamente educada, nunca perde a classe e tentou até não poder mais passar isso para suas filhas. Conseguiu, pois somos educadas e nunca perdemos a classe como ela, mas somos ladys lado B, com todo nosso orgulho e um certo desapontamento dela.
Nunca vi minha mãe bater boca, reclamar de alguma coisa errada (o que eu odiava com toda a intensidade do meu ser) ou fazer valer seus direitos. Até hoje segue sua filosofia "pagar pra não me encomodar" e "comigo só erra ou engana uma vez"; tudo isso na maior classe e sem borrar a maquiagem.
Talvez meu lado explosivo ( que tem a ver com meu pai também) e o lado mais extrovertido tenham se desenvolvido desde a infância por presenciar alguns espertos passarem a perna nela e a mesma agüentar e reclamar só em off.
Com ela aprendi a amar ao próximo indiscriminadamente, herdei a generosidade, o amor pelos animais, a sede de justiça, a ser cautelosa e boa dona de casa (quem diria!, segundo ela).
Ela diz que sou igual a meu pai no gênio. Ele diz que sou igual a minha mãe na teimosia. As pessoas dizem que sou uma mistura exata dos dois. E eu achava até os 10 anos que tinha sido trocada na maternidade.
Família. Cada um com a sua.
Já meu pai, eu realmente me acho mais parecida com ele em personalidade (por que como mãe sou a minha, talvez um pouco melhorada). Talvez por que eu e ele adoramos falar e isso sempre rendeu muitas e boas conversas. Temos uma maneira parecida de lidar com as situações.
Dele herdei a coragem para encarar a vida e as pessoas, o amor pelas viagens, pelos livros e pelos estudos, o espírito de aventura e a humildade sem submissão. No passado tivemos uma fase amor e ódio que o tempo tratou de corrigir, por que é impossível que duas pessoas tão parecidas vivam em paz ininterruptamente.
O que eu sei é que a medida que envelhecemos nos tornamos mais parecidos com nossos pais. Tudo aquilo que eu não gostava e meus pais me obrigavam a fazer, comer, vestir ou agir e que me fazia levantar a bandeira da independência infantojuvenil e proferir o discurso de que jamais faria igual quando tivesse filhos e tralálá que todo rebelde sem causa fala, me vejo hoje repetindo e aplicando em meus filhos.
Quando disse isso à minha mãe por telefone, ela deu uma risada (daquelas de reconhecimento que toda a mãe espera dar um dia) e me disse apenas: - Viu?
Sim, por que minha mãe não é uma mulher de muitas palavras. Apenas as necessárias e na hora certa. E de certa forma também sou assim. Embora também tenha o lado matraca herdado do meu pai.
É realmente uma delícia voltar meu filme mental e constatar que me transformei em quase tudo que meus pais desejavam e almejavam pra mim.
Herdei valores, fui a luta, me formei, não disvirtuei muito do caminho(também tive minha fase Rê Bordosa, mas abafa o caso), consegui quase tudo que desejei e ainda por cima, casei e tive filhos! (e isso eles já davam como caso perdido, era pedir demais).
Eu sei que eles nunca se conformaram por eu ter interrompido minha carreira e futuro brilhante no Brasil para me mandar pra terra dos olhinhos puxados, mas isso serve para que eu os admire ainda mais por suas melhores qualidades: minha mãe por respeitar minhas decisões e meu pai, por sempre incentivar meus sonhos.
Assim como também sei o tamanho do orgulho que eles têm por mim justamente por ter me transformado no que sou, corajosa e determinada sem esquecer da doçura e dos valores que aprendi com eles. Acho que fiquei a mescla exata deles, e agradeço muito por isso.
Essa é minha família. É por eles que meu coração chora, sente saudades, grita, pede colo e me faz ser sentimental. Nada como a distância pra constatar diariamente a falta que eles me fazem.

08/09/2008

Desgraça Pouca é Bobagem

Não gosto de falar de desgraças catastróficas aqui, mas como é o assunto do momento, tenho que escrever sobre isso.
O Japão é o país que concentra a feliz marca de 20% de todos os terremotos do globo terrestre, por isso, setembro é o mês de prevenção e treinamento contra terremotos em território nacional. Também é o mês da boataria de que o Grande Terremoto de Tokai vai acontecer. É o assunto da vez, parece que não se tem outra coisa pra comentar, tudo por conta de uns 2 ou 3 videntes que foram dizer na tv que dia 13 de setembro está previsto como o dia D para o temível Tokai Dishin.

( Moro na parte rosa do mapa, na ponta direita que está pontilhada. Ou seja, no meio do caos. )

Algumas escolas já mandaram comunicados pra casa dos alunos para ficarem atentos no período de 13 a 16 de setembro, semana que vem.
Como sou uma pessoa de sorte, moro na região de Tokai. Dizem também que se tudo der errado, poderá acontecer paralelo a ele o terremoto de Tonankai, e eu, como sou um ser de muita sorte meeesmo e quero tudo pra mim senão fico de mal, moro na região que fica no meio do Tokai e do Tonankai.
Uma pesquisa feita há alguns anos pela prefeitura da minha cidade, prognosticou que se o terremoto acontecer no horario das 5 hs da manhã do inverno, a previsão de mortes chegará a 400 pessoas e mais de 7.500 ficarão feridas. Se por ventura os dois terremotos forem interligados, a previsão é de que mais de 12.000 construções da cidade sejam completamente destruídas e mais de 40.000 construções ficarão danificadas.
Levará cerca de 1 mês para normalizar o abastecimento de água e gás e 1 semana para voltar a luz. Se o terremoto acontecer às 6hs da tarde no inverno, incêndios queimariam cerca de 12.000 construções.
Como o caos estará estabelecido, a ameaça de tsunami polpará nossa cidade, dando a chance para os desmoronamentos de terras fazerem o estrago, principalmente na região do Tame cho (e eu brinquei de forca e Stop na tábua dos 10 mandamentos por que ESSE é o meu bairro e Moisés irá se vingar de mim), ao redor das montanhas Yumiharisan e nas regiões costeiras da praia de Omotehama.
Bueno, como não estamos no inverno e sim caminhando para o outono, os números devem ser menores do que esses. Então tomarei as seguintes medidas a partir de hoje:

- Vou pedir uma indenização (e com o dinheiro vou comprar as passagens e zarpar daqui ) pra intérprete da construtora que me garantiu que se alguma casa caísse no Tame, era por que Toyohashi estaria toda "na chon", o que me fez deduzir que meu bairro arborizado e lindo fosse altamente seguro (só confiei por que ela era funcionária da prefeitura.) Pensando bem, não vai adiantar, ela foi embora pro Brasil, me lasquei. Será que a contrutora me paga?

- Vou arrumar meu kit anti terremoto, que tá capenga há anos luz. Embora ontem eu até que tentei comprar coisinhas comestíveis pro kit, mas meu instinto de descrença aliado ao meu paladar exigente não me permitiu comprar aquelas coisas estranhas desidratadas e que dão medo, então fiquei só com os produtos de primeiros socorros mesmo.

- Dividirei meus objetos pessoais para amigos e familiares, mas tem uma condição: tem que vir buscar aqui e levar my body junto pro Brasil, por que euzinha não quero virar pózinho em terras nipônicas. (nossa,isso ficou mórbido hahahahaha...)

- E a mais importante de todas: Não vou esquentar minha linda cachola com isso e muito menos aumentar minhas rugas (digo, marcas de expressão) com esse assunto. Por que quem mora aqui sabe que ele pode chegar a qualquer momento sim, mas se nem os japas esquentam tanto a cabeça, por que a gente vai pirar na batatinha?
Gente! Tem famílias mudando de província e largando tudo pra trás!! Em plena época de recessão e desemprego por causa desses boatos. Quem tem ainda grana guardada, tá indo embora de vez, todo ano é isso nessa época.
Eu já tive meu ano de paranóia, foi quando estava grávida da Ayumi. Quase abortei de tanto nervoso por causa desse boato descabido e sem freio. Agora sou mais relax, até faço piada, como muita gente, por que rir ainda é a melhor maneira de não enlouquecer com o assunto, que é grave, a gente sabe. Mas cada um morre na hora que tem que morrer né!
E se isso realmente acontecer no próximo findi, saibam que amo vocês, amo minha família e queria ter tido a chance de expressar meu amor mais vezes, ou pelo menos, mais uma vez. Então já sabem, se eu não aparecer a partir do dia 13 por três dias consecutivos, podem começar as homenagens. Hohohohohohoho

05/09/2008

Hoje estou em processo criativo. Portanto me abstenho de tecer qualquer comentário para não atrapalhar o momento. Mas eu vorto galera...

04/09/2008

E como eu previa, o dia foi fodástico no pior sentido da palavra.
Mas como mau humor é uma palavra composta, seus efeitos seguem pelo mesmo rumo, com muita chatice no recheio e muito tra lá lá com bolinhas murchas.
Além de vendedores chatos batendo na porta vendendo toda a sorte de produtos e enchendo a minha paciência em japonês, teve também um monte de telefonemas, já que o marido deixou o celular em casa; e é óbvio que a maioria não foi atendida por que hoje não to afim e meu ouvido não é latrina.
O lado bom é que as crianças resolveram cooperar com a minha sanidade não torrando os poucos neurônios saudáveis que ainda me restam.
O que eu mais quero hoje é tomar um bom banho, esquecer os agregados e me atirar no ninho pra dar aquela morridinha básica até amanhã.
Mas...........
Desgraça pouca é bobagem e o lado zen me liga agora pouco dizendo que tá indo fazer inspeção de umas peças que sairam erradas lá em Toyota, mais de uma hora só pra ir, quem dirá a hora da volta.
Palhaçada né? Fala sério! Tinha que ser logo hoje?
Pra completar a pluralidade negativa desse dia, me amarrei pra começar a trabalhar e hoje vou até as 23 horas me f#$%¨&o, ops! trabalhando...
É muita desgraça para um único ser. Amanhã espero que o dia COMECE BEM e que Nossa Senhora da Paciência e Compreensão me acompanhe, caso contrário; nem levanto da cama.

Dia de Dragão

Esse linda imagem representa meu id,ego e superego hoje. Sim queris de my life, hoje eu estou me sentindo um dragão verde (muito mais horroroso do que esse com cara de boiola, mas foi o único que encontrei).
Meu humor está abaixo da linha da dignidade, com uma acidez gástrica que nem remédio resolve. To de mal com tudo e comigo. A única coisa que eu queria era ficar quieta e sozinha. Duas coisas impossíveis.
Um mal dia, daqueles que abominei o despertador, levantei por pura obrigação de mãe que tem que preparar o café pro futuro da nação e que depois disso, num ato sábio voltou pro aconchego do ninho até que...
... a outra parte da prole acorda (torrandoosacojávazio) e insiste para essa pobre mãe que só quer morrer um pouquinho e voltar mais tarde pegar sua roupa por que JÁ esta na hora de levantar.
Vai pra p**a qpariu !!!!
Até meus cachorros já aprenderam que o horário deles comer e sair da casinha é o horário que EU levanto, por que minha linda fofa e amada filha não pode aprender também?
Por que essa necessidade umbilical de querer que eu esteja sempre ali? Nesse ponto admiro meu guri. Fim de semana ele acorda, come alguma coisa e vai ver tv ou ler ou fazer qualquer coisa sem acordar ninguém.
Já ela, nãooooooo... precisa acordar a familia toda e ter platéia... desde bebezinha era assim, só que antes o nervoso era maior, por que ela fazia isso e meia hora depois que a casa toda tava de pé ela voltava a dormir UUURRRGHHHHH que raiva!!!!!!
Agora to eu aqui, arrastando bolas de ferro nos pés, com olheiras que beiram o pescoço, com um humor agradabilíssimo e procurando articular apenas uma ou no máximo duas palavras, que saem com aroma de limão concentrado, laranja azeda e abacaxi verde, tamanha a acidez da pessoa.
Que foi? Tá achando ela coitadinha? Então vem aqui ficar com ela matraquiando no teu ouvido D-I-R-E-T-O pra ver se tu não vai embora rapidim...

Filha, perdoa a mãe; mas hoje tá f**a

02/09/2008

E...

...Falando no Joe, leiam essa crônica que me fará perder uma semana inteira de sono pensando por que não fui eu que a escrevi. Simplesmente tudo o que eu queria ter dito e não disse.

ConFuso é Hype*

Não sabia que existia o “Blog Day”. Muito menos que sua data (31/08) é um trocadilho com a palavra blog. Esse dia é o dia da democracia no mundo blogueiro, é o dia pra divulgar outros blogs recomendando cinco deles aos seus leitores.
E meu lado mais ConFuso foi indicado na lista do Joel Teixeira .

( !!!! aqui está o meu caminho florido tão sonhado com o arco-íris formado enquanto passo e com pessoas desconhecidas sorrindo para mim e me desejando congratulations...)

Esta é a descrição que ele fez desse modesto canto:

" ConFuso: Blog da Miss Yang; Conheci seu blog através de um trackback e foi amor a primeira lida, ela tem um estilo único de escrever e a geladeira mais multifacetada já conhecida. "

Joel, só posso te dizer que ao mesmo tempo em que me surpreendo por tua indicação, fico feliz! Nunca imaginei que um cantinho criado a tão pouco tempo pudesse agradar pessoas tão antenadas e exigentes de boa leitura. Honto Arigato :)

* e por que ninguém precisa saber o significado de tudo.... Hype significa "o assunto da moda no momento"; "promoção de uma pessoa, idéia ou produto" e na gíria " algo que está dando o que falar".

[ ] ' s
ou seja,
Abraços

01/09/2008

Momento Álbum de Fotografia

Por que a vida é feita de momentos. E me deu vontade de compartilhar alguns deles aqui.

Ela voltou pro Brasil 24 de agosto. Essa foto é de duas semanas antes. Vou sentir muita falta dessa japa completamente louca. Costumávamos dizer que ela era eu amanhã, tamanha semelhança de pensamento e atitudes. Já tenho saudades das risadas, das besteiras ditas, das birus tomadas e principalmente da presença dela.


Sushizinho comendo sushi. É praticamente um canibalismo na cadeia alimentar.

Sashimi e Sushizinho com o pai, o famoso lado zen.


Almoço no último dia de agosto, casualmente domingo. Para comemorar o fim desse mês infernal. Na foto eu (mamãe linda, como diria a yuyu) e as duas melhores coisas que já fiz na minha vida.

Essa é a parte inusitada do albinho... encontramos essa raridade um dia desses e fui obrigada a registrar, embora minha vontade era comer todinhas (mas aqui é crime arrancar frutas alheias). Isso é prova que aqui qualquer lugar é lugar pra cultivar qualquer coisa. To quase plantando umas pra mim.

E pra terminar, uma fotinho de quando a Yuyu estava no hospital, pra dar uma idéia de como são os leitos aqui. Ao fundo, a direita tem um balcão multi uso com cofre, armário, frigobar e tv de plasma (ambos funcionam quando se coloca um cartão pago parecido com um cartão telefônico do Brasil. O cartão pode ser programado para 48 ou 72 horas. O que comprei acabou 2 horas antes da alta,ficamos lá 3 dias). E dê-lhe banana! Por que engorda e faz crescer (no meu caso, pros lados).