Segundo a Lei n.º 99/2003, artigo 79.º, de 27 de Agosto, do código de trabalho “considera-se trabalhador-estudante aquele que presta uma actividade sob autoridade e direcção de outrem e que frequenta qualquer nível de educação escolar, incluindo cursos de pós-graduação, em instituição de ensino.”

Se uns trabalham e estudam por opção, independência ou outro motivo, outros vêm as suas vidas condicionadas monetariamente e como tal, têm de trabalhar para poderem financiar os estudos. As famílias nem sempre dispõem de meios financeiros para darem aos seus filhos a melhor educação, surgindo assim o mercado de trabalho mais cedo do que o previsto na vida destes jovens.
Cada vez mais são as pessoas que se candidatam a instituições de ensino no intuito de investirem na sua formação e assim aumentarem as suas probabilidades no mercado laboral, ou então de subirem no seu próprio trabalho. Como tal vêm-se obrigadas a trabalhar e a estudar, mesmo quando já estão no mercado de trabalho à muitos anos. A vida certamente não é fácil para essas pessoas, muitas delas já com família formada e sem métodos de estudo. É toda uma nova vida que precisa de ser reestruturada e adequada às novas necessidades.
Débora Carneiro, de 23 anos, estuda Línguas e Relações Empresariais e trabalha, em part-time, no Centro Comercial. Durante os primeiros três anos no ensino superior dedicou-se arduamente aos estudos, mas devido a problemas monetários viu-se obrigada a conciliar as duas actividades. A trabalhar há pouco mais de seis meses sente a dificuldade de conciliar esta nova vida. Refere ainda que a pessoa responsável no local onde trabalha, mostrou-se desde cedo receptivo ao facto de ela estudar e há uma preocupação por parte da entidade laboral para não a sobrecarregar na carga horária. Débora, tal como muitos outros trabalhadores estudantes, confessa-nos ainda que o facto de trabalhar proporciona-lhe maior independência.
Ana Pires, 31 anos, natural de Viseu, já trabalha há 11 anos nesta cidade. Voltou a estudar em 2006 como forma de aprofundar conhecimentos e confessa-nos que o facto de trabalhar e estudar é uma oportunidade de melhorar o desempenho profissional. No entanto, por estudar em uma cidade diferente da qual trabalha condiciona-lhe o tempo e não se pode dedicar aos trabalhos, às pesquisas e aos exames como desejaria. Refere, ainda, que nas turmas que frequentou era grande a percentagem de trabalhadores-estudantes.
O ensino tem vindo a receber, cada vez mais, alunos que estão no mercado de trabalho e como tal não lhes são exigidos tantos trabalhos, nem presenças nas aulas, de forma a facilitar a vida a estes cidadãos, em determinadas instituições. Mesmo assim, é preciso gerir muito bem o tempo que se tem para conciliar os estudos e o próprio trabalho que paga as contas.

Trabalhar e estudar por opção

            Começar a trabalhar permite-nos ganhar responsabilidades, crescer e ser independentes o mais cedo possível. Começamos a perceber o que a vista custa, como a sabedoria popular tão bem refere. Melanie Sá Pereira, tem apenas 20 anos, frequenta o 12.º ano de Humanidades e trabalha como empregada de balcão num café em Tarouca. Fá-lo por opção, quer ser independente sem ter de sair do país, não seguindo o exemplo dos pais. Está sozinha há dois anos em Portugal e, mesmo tendo o apoio dos pais, salienta que o trabalho permite-lhe adquirir as suas coisas, poupar, ter alguma liberdade e mais importante crescer enquanto pessoa. A vida nem sempre é fácil e Melanie vê-se por vezes prejudicada, em relação aos colegas, quando tem frequências e não tem tanto tempo para estudar, prejudicando uma das actividades algumas vezes.
Se umas instituições facilitam a vida aos trabalhadores estudantes, outras nem por isso, não fazem distinção entre estes alunos e os ditos “normais”. Já no que respeita às entidades laborais até ao momento os depoimentos não apontam qualquer entrave. Mas é deveras complicado conciliar uma actividade laboral com as aulas e os trabalhos. Quando a força de vontade ou a necessidade a tal obrigam consegue-se aos poucos terminar um curso e pagar as despesas.
Voltar a estudar nem sempre é por obrigação, muitos fazem-no por opção, como é o caso de Vera Almeida de 30 anos que voltou ao ensino por um objectivo pessoal que sempre ansiou. Mesmo não sendo fácil conciliar o estudo com a carreira de GNR que exerce, a verdade é que possui uma grande força de vontade para obter o objectivo traçado. Não encontrou facilitismos no que respeita ás aulas e muito menos no local de trabalho, mesmo assim Vera espera conseguir terminar o curso e quiçá vir a exercer na área que está a estudar.
Ana Mendes, trabalhadora estudante, de 25 anos de idade, confessa que os motivos que a levaram a começar a trabalhar numa loja de roupa, “foi o facto de ter poucas cadeiras”, o que lhe conferiu “muito tempo livre”, e “precisava de dinheiro para as despesas e a renda de casa”, pois não vive actualmente com os pais. Relativamente às dificuldades em conjugar o trabalho com a execução da sua tese de mestrado em Engenharia florestal, admite que tem de “organizar muito bem todas as tarefas para conseguir fazer tudo. Uma pessoa tem de pensar em mais de uma coisa, ao mesmo tempo que realiza outra, como por exemplo, as tarefas domésticas, os trabalhos do mestrado, namorado, família, etc. Ana Mendes, já trabalha acerca de 6 meses em regime Full-time e afirma que “é muito difícil conciliar tudo isto”, no entanto, “no geral os professores facilitam um pouco mais a vida aos trabalhadores/ estudantes, o que é muito bom, pois existem épocas especiais e não há faltas”.
Razões não faltam a quem começa a trabalhar muito cedo, ou a quem recomeça os estudos muito tarde. É cada vez mais o número de pessoas que o fazem e cada vez mais difícil a vida destes. No entanto, como diz o ditado “quem corre por gosto não cansa” ou então quando a necessidade aperta há que desapertar. 
Por: Cláudia Teixeira
        Rafaela Sarmento
        Rita Martins
        Andreia Mota


3 comentários:

YURI MACHADO RODRIGUES disse...

Muito bom gostei e vai mim ajudar muito estudo engenharia elétrica e vou começar a trabalhar por causa de vocês.

Isis disse...

Para estudantes que não tem tempo para fazer os seus trabalhos, entre em contato comigo. Digito, elaboro, normatizo trabalhos acadêmicos para todo o Brasil! Papers, relatórios, trabalhos científicos diversos....Meu site pessoal: www.masterfree.webnode.com.br

Anónimo disse...

Boa tarde, sou jornalista da SIC do programa Boa tarde, da Conceição Lino e estou à procura de pessoas que estudam e trabalham para ajudar os pais. Conhecem alguém que gostasse de vir dar o testemunho ao programa? Aguardo resposta da vossa parte.

Obrigada,
Ana Rita Guerreiro
92 548 52 37
boatarde2@sic.pt

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