16.10.10

Ginástica Acrobática - Objectivos


Os Desportos Acrobáticos tiveram origem em actividades lúdicas, de lazer e circenses, de animação, como forma de desafiar a gravidade. Em qualquer uma das actividades o dinamismo, a força, a coordenação motora, a flexibilidade, as habilidades de salto e equilíbrio estavam presentes. Segundo Carvalho (2009) a palavra "akrobats", de origem grega, deriva de "akros" e traduz um sujeito que dança e faz jogos de equilíbrio.
Segundo Carbinatto et al (s/d) a Ginástica Acrobática é conhecida desde 2300 a. C. no Egipto, através de formas percursoras, onde se registaram algumas pinturas ilustrativas. Também desde as épocas remotas, na Grécia e na China, muitos povos dedicavam-se a práticas idênticas, entre as quais construções de pirâmides humanas (França). Os gregos usavam-nas nos antigos Jogos Olímpicos; os Romanos, por razões militares, treinando os seus soldados para escalarem as paredes das cidades que atacavam (Fodero et al, 1989). Segundo Carvalho (2009) e França foi através do alargamento do Império Romano que a ginástica, enquanto forma acrobática, se expandiu.
Após a leitura de diversos documentos, percebe-se que ao longo da Idade Média as actividades circenses, as festas populares, entre outros eventos, tornavam-se cada vez mais profissionais. Mas foi apenas no séc XX que esta actividade se tornou num desporto, desenvolvendo-se imenso, sobretudo nos países de leste, realizando-se a primeira competição na URSS, em 1934 (Carvalho, J.; França, L.).
Após estes improtantes passos, em 1973, surgiu a Federação Internacional de Desportos Acrobáticos. Desde a criação desta primeira organização oficial, vários grupos e associações se filiaram à Federação. Segundo Carvalho (2009), em 1934 foi criada a Federação Europeia de Desportos Acrobáticos, devido à imensa actividade que se exercia na Europa.
Em Portugal a Ginástica Acrobática tem origem recente e em actividades masculinas designadas pela expressão "Forças Combinadas" (Carvalho, J. e França L.). O "pai" da Ginástica Acrobática em Portugal, o Professor Robalo Gouveia, teve uma enorme influência devido aos bons resultados que os seus pupilos do Exército obtinham nas provas estrangeiras. Foi através das suas excelentes capacidades que Portugal pertenceu desde cedo à Federação Internacional de Desportos Acrobáticos.

Os exercícios de Ginástica Acrobática classificam-se da seguinte forma:
Classificação dos exercícios

Existem três níveis de dificuldade, que variam de competição para competição. São descritos conforme o nível e objectivos da competição em causa:
- Nível 3 (estreante): consiste na realização de um exercício composto por elementos facultativos (acrobáticos e individuais) ordenados livremente e de acordo com o acompanhamento musical;
- Nível 2 (intermediário): consiste na realização de um exercício composto por elementos obrigatórios e facultativos (acrobáticos e individuais) ordenados livremente e de acordo com o acompanhamento musical;
- Nível 1 (elite): consiste na realização de um exercício composto por elementos obrigatórios (acrobáticos e individuais) ordenados livremente.

Nos Desportos Acrobáticos de competição podemos definir 3 tipos de exercícios distintos, que têm um tempo limite de realização de 2'30'', sendo todos acompanhados de instrumento musical. São eles:
- Exercício de equilíbrio: exercício executado com elementos de equilíbrio, onde não é contabilizada a fase de voo. São considerados exercícios "dinâmicos de equilíbrio" devido ao facto de serem realizados em movimento;
- Exercício dinâmico: os exercícios que compõem têm uma fase de voo visível;
- Exercício combinado: como o próprio nome diz, combinam elementos dinâmicos e de equilíbrio.

Em competição os trios são obrigatoriamente compostos por elementos do sexo feminino e as quadras por elementos do sexo masculino. Cada elemento do grupo tem por definição um nome técnico, mediante a sua função. Assim sendo temos:
- O Base: encontra-se na base da estrutura gímnica e suporta o peso dos colegas, pelo que deve ser o mais forte e pesado;
- O Intermédio: é o elemento que fica no meio, suportando e executando posições intermédias. Deve ser mais leve e de menor dimensões que o base;
- O Volante: é o elemento que fica no topo do conjunto. Deverá ter um grande domínio corporal, ser muito agil e versátil. Fisicamente deve ser leve e baixo.

Na Ginástica Acrobática o base pode adoptar uma das seguintes posturas:

Posição sentado: o base, para suportar correctamente o volante, deve manter um ângulo recto (90º) entre o tornco-coxa e a coxa-perna.


Posição de pé: o base deve ter as pernas afastadas, contraindo os músculos nadegueiros, para eviatr oscilações da bacia. Deve manter a coluna sempre alinhada.


Posição deitado: entre o tronco e os membros inferiores, o base deve manter um ângulo recto (90º).


No que concerne à estrutura dos elementos da Ginástica Acrobática, podemos referir 5 grupos:
- Os montes: elemento técnico em que o volante sobre para o base, aproveitando os membros do companheiro como apoio, sem nunca perder contacto;
- Os desmontes: caracteriza-se pela perda de contacto do volante com a base, havendo uma fase de voo, antes da recepção ao solo;
- Os apanhados em fase de voo: inclui todos os elementos que terminam no momnto em que o(s) base(s) apanha(m) o volante, após uma fase ou período de voo;
- Os elementos com fase de voo: engloba elementos dinâmicos que têm início no solo. De seguida o volante sofre uma projecção que o fará descrever uma trajectória aérea;
- Os elementos inidividuais: necessário para a realização de um exercício completo, isto é, não apenas a realização de figuras. Existem 4 elementos individuais: de equilíbrio, de flexibilidade, acrobáticos e coreográficos.

As técnicas de subida na Ginástica Acrobática são as seguintes:

Simples lateral: o volante sobre, apoiando-se na coxa e nos ombros do base, utilizando a pega simples. Ambos devem ter as costas alinhadas.
Simples de frente: semelhante à subida lateral, com a diferença de o volante se apoiar na coxa do base e fazer 1/4 de volta, antes de novo apoio.



As pegas são a essência básica da Ginástica Acrobática. Devem ser as primeiras acções de aprendizagem, poiss são utilizadas em todos os exercícios de grupo. Existem muitos tipos de pegas que podemos considerar:
- Pega simples: usada para puxar o companheiro na formação de pirâmide (equilíbrio sobre um ou vários companheiros), ou para o segurar no seu devido lugar, uma vez construída a pirâmide;- Pega de punhos: usada para manter ou para puxar o colega, principalmente quando os ginastas se agarram com uma só mão;


- Pega frontal: usada quando o base e o volante se encontram de frente um para o outro;


- Pega de braços: usada para suportar um apoio invertido. Os ginastas agarram-se mutuamente pelos braços, sendo o agarre do base feito na parte de dentro do braço do volante e o volante agarra o braço do base pelo lado de fora;


- Pega entrelaçada ou "cadeirinha": usada para trepar, suportar na formação e para lançar o colega;
- Pega de pé/mão: usada para suportar o volante pelo pé. Serve para suportar e para dar impulsão ao volante. O agarre é feito pelo base entre o calcanhar e a face plantar do pé do volante;
- Suporte na posição de pé sobre os ombros: o base segura o volante abaixo dos joelhos, sendo que o volante mantém os calcanhares unidos atrás da cabeçado base;


- Pega de cotovelos: como o próprio nome indica, o agarre é realizado nos cotovelos. Normalmente é utilizada quando os ginastas estão de frente um para o outro;
- Pega de dedos: pega pouco utilizada devido à pouc eficácia e força que temos nos dedos. Usada apenas para situações estáticas;
- Pega facial-transversa: não há um agarre mútuo e utiliza-se quando o base está de frente para o volante;
- Suporte para estafa: realizada pelo base para impulsionar o volante. Este suporte consiste em colocar as mãos sobrepostas uma sobre a outra.
Este ítem refere-se unicamente a figuras básicas, geralmente aprendidas nas escolas, mas que são o ponto de partida para qualquer ginasta.
Assim temos:

1 - Exercícios de pares

2 - Exercícios de grupo

Trios




Quadras




Pirâmides (5 ou 6 elementos)


3 - Coreografia
Após o conhecimento de todos os fundamentos básicos é necessário procurar executar uma combinação de exercícios, a pares ou trios, com fundo musical e um tempo máximo de 2min. a seguir são demonstradas algumas sessões coreográficas.

O Código de Pontuação (CP) é uma forma de avaliar os requisitos técnicos e artísticos dos Desportos Acrobáticos. Para uma melhor compreensão das suas funções e finalidade aconselhamos a leitura do ítem "Código de Pontuação de Ginástica Artística", que se encontra no índice deste blog. O seu obejctivo é semelhante ao da Ginástica Artística mas, como é óbvio, a Composição dos Juízes, os critérios de avaliação dos exercícios, os tipos de faltas de execução e a pontuação estão formuladas de acordo com as características da Ginástica Acrobática.

Os Juízes são os seguintes:
- 1 chefe de mesa dos Juízes;
- 2 Juízes de dificuldade;
- 4 Juízes de execução;
- 4 Juízes de Artística.

Os critérios de avaliação dos exercícios são so seguintes:
- Tempo de duração do exercício (são descontados 0,1 pontos por cada segundo a mais);
- Falta de tempo na manutenção das figuras (são descontados 0,3 pontos por cada segundo a menos);
- Apresentação dos ginastas (a simbiose da roupa com o tipo de exercício e música, bem como o carisma);
- A diferença de altura entre o base e o volante (0,4 nos pares/grupos séniores e 0,2 no pares/grupos júniores);
- A originalidade da sequência e do exercício;
- A dificuldade de cada exercício;
- A execução das figuras.

Faltas de execução e artísticas: as faltas de execução e artísticas descontam-se conforme o critério de considerações de faltas mínimas, médias, significativas e maiores. Essa consideração varia conforme o nível competitivo.


No que respeita à pontuação:
- Nota de dificuldade: a tabela que determina o nível de dificuldade dos exercícios é determinada pela tabela da FIG, que é idêntica à que se encontra neste blog, no ítem "Código de Pontuação da Ginástica Artística". A nota de dificuldade é limitada mas regida por um mínimo de 20 valores, sendo que a dificuldade menor que 20 valores num exercício é pontuada com 0,00 pontos.
- Nota de execução: os exercícios são avaliados de 0,00 a 10,00 pelo seu nível técnico e desempenho (nota de execução);
- Nota artística: a componente artística, sincronismo, música e apresentação são cotados de 0,00 até 5,00 (nota artística);
- Nota final: obtêm-se através da soma das três notas anteriormente descritas (execução, artística e dificuldade).