Maldição do Petróleo

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Com o barril do petróleo a mais de 100 dólares, e caminhando para os 150 dólares, qual país não gostaria de ser rico em petróleo. Mas será que uma boa mesmo? Isso é importante para nós, brasileiros, depois da descoberta dos megacampos de petróleo na camada pré-sal, que podem tornar o Brasil num país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Os países ricos em petróleo costumam ser mais corruptos, mais desiguais, instáveis politica e economicamente e mais autoritários. É a maldição do petróleo.

Vocês querem exemplos disso? Onde foram parar os mais de 400 bilhões de dólares que entraram para os cofres do governo nigeriano desde 1960? Como explicar que milhares de nigerianos morreram no conflito de Biafra no fim dos anos sessenta com a tentativa da tribo Ibgo, que habita o Leste da Nigéria, de tentar controlar as reservas petrolíferas. A nossa vizinha Venezuela que enfrenta uma ditadura disfarçada comandada por Hugo Chavez, que usa o dinheiro do petróleo para, entre outras sandices, apoiar o grupo terrorista da FARC colombiana. Por que países ricos em petróleo crescem menos que outros países que não têm petroléo? É a maldição do petróleo.

Por que existe essa maldição com recurso natural tão desejado por todo mundo? Há algumas explicações econômicas. Em primeiro lugar, governos de países com petróleo veem sua arrecadação fiscal crescer tremendamente, fazendo com que deixe de ser interessante desenvolver outros setores econômicos. E dinheiro que vem fácil, vai fácil. Os governantes procuram se perpetuar no poder para conseguir continuar desfrutando do desvio desse dinheiro por meio da corrupção. Com a corrupção, destrói-se as instituições de um país e lá vai o capital social, um fator de produção importante para explicar ganhos de produtividade.

Em segundo lugar, a dependência de um produto só. Como o petróleo representa a maior parte da economia de certos países, sobretudo os pequenos e os pobres. Mas aí se o preço do barril sobe, é o paraíso; se o preço cai, é o apocalipse econômico para esses países.

Em terceiro lugar, com a exploração do petróleo, um repentino fluxo de divisas fortes (dólares, euros etc) entram no país, levando a uma forte valorização da moeda local. Isso retira competitividade de suas exportações agrícolas e industriais, prejudicando também a diversificação da estrutura produtiva, uma vez que os setores não ligados ao petróleo são prejudicados. Apesar dessa maldição se manifestar com os produtores de petróleo, pode se manifestar com países dependentes da exploração de outro recurso mineral (ouro, diamantes, cobre etc) pelos mesmos motivos.

Existe jeito de escapar da maldição? Alguns países até que tentam. Uma das idéias é formar um fundo de petróleo: quando o preço do barril sobe acima de um patamar estipulado pelo país, o governo constitui um fundo de reservas; quando o preço cai no mercado, o governo usa esse dinheiro para compensar as conseqüências.

Uma outra ideia é formar “fundos para o futuro”, ou seja, não gastar todo o dinheiro que chega do petróleo na geração atual, mas reservar recursos financeiros para as futuras gerações. Bem, os países que adotam essas ideias são Canadá e Noruega, por exemplo… Ou seja, países ricos que são ricos porque, além de petróleo, tem capital humano, capacidade tecnológica, capital social etc, suficientes para terem essas boas ideias. A principal fonte da pobreza é a mentalidade pobre…pobre de ideias. Nem pensar um país africano adotar essas ideias. O ditador de plantão não deixa.

Trilha Sonora do Post

“Under Pressure” do Queen com David Bowie:

Uma resposta to “Maldição do Petróleo”

  1. Vivendo no Pré-Sal | Blogonomia Says:

    […] Mas será que é para se ter tanto otimismo assim? Quem deveria estar soltando rojão (e estão) seriam a Arábia Saudita e a Venezuela. Em primeiro lugar, é preciso evitar a maldição do petróleo, como já conversada em outro post do Blogonomia aqui. […]

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