Meu Caro Presidente Frias
Estou muito sensibilizado ao tomar conhecimento, por seu intermédio, de que ilustres conselheiros e figuras altamente representativas da tradicional família tricolor manifestaram o propósito de indicar meu nome para o honroso Cargo de Presidente do Conselho Diretor do Fluminense Futebol Clube.
Tenho uma dívida de gratidão com o Clube das Laranjeiras, que tanto influenciou minha formação, jogador profissional que fui no período de minha vida universitária, e não poderia, também por essa razão, negar agora a contribuição do meu trabalho, para procurar ajudá-lo a cumprir o seu glorioso destino.
Há, entretanto, certas convicções, parte do meu princípio e da minha maneira de ser e de agir, que me fazem acreditar que a indicação só teria sentido, caso pudesse o meu nome contar com o apoio de todos; entendo que a sucessão presidencial do Fluminense, pode e deve ser marcada, no momento presente, com uma grande oportunidade para assegurar a harmonia de nossa agremiação: é ocasião de somar, não de dividir.
Assim, se o meu nome puder constituir-se no elemento catalizador dessa harmonia, por todos nós tão almejada, integrando correntes partidárias e eliminando disputas, estaria, desse modo, em condições de aceitar a honrosa missão que me cumpriria realizar.
Partiríamos, então, para um plano de ação visando a dar seqüência à expansão do nosso clube, em todos os seus setores, inclusive promovendo o aproveitamento da magnífica área da Barra da Tijuca, hoje já perfeitamente legalizada perante o Estado por meio do recente PAL 31 418, de 7 de dezembro de 1973, da Secretaria de Obras Públicas.
Caso a minha indicação não possa ser concretizada dentro desta ordem de idéias restar-me-á agradecer tão generoso convite; estaria, assim, guardando fidelidade às minhas convicções de jamais postular cargos ou posições políticas.
Desejo deixar aqui a expressão de minha profunda admiração pela lisura e correção com que o prezado amigo vem se desincumbindo da alta missão à frente do nosso querido Fluminense.
Com o sentimento de amizade pessoal, o abraço do
Emílio Ibrahim
Carta de 8 de fevereiro de 1974.