Programa 12

 
Dia: Quarta-feira, 26 de Setembro de 2007
Locutores: Pedro Nobre
Convidado: "Um momento NA ESCURIDÃO DA NOITE" com Manuel Saiote
Músicas Passadas: T3 e Ortigões – "Serpente de Fogo", Amigos do Nico, Essa Entente – "Dança Nua", Sétima Legião – "Cantigas de Maio".


Maria Sousa



Olá Évora, olá Mundo, hoje dia 26 de Setembro de 2007, estamos mais uma vez aqui NA ESCURIDÃO DA NOITE – “Onde as palavras despertam para a lua”… e por falar em lua, hoje dá inicio à lua cheia… essa lua que tanto inspira os poetas, ou as pessoas que escrevem poesia, neste momento são 23 horas e 12 minutos e está a ouvir a Rádio Telefonia do Alentejo sintonizada na frequência 103.2 FM ou via Internet em www.rta.com.pt.

Benvindo, mais uma vez, ao nosso programa, eu sou o Pedro Nobre e estaremos juntos até a meia-noite, até lá pode ligar e participar via telefone 266 730 415 ou se é amante da Internet pode comunicar connosco via MSN adicionando o nosso contacto de e-mail: radiotelefoniadoalentejo@hotmail.com.

Iniciamos o nosso programa com um tema musical diferente do habitual neste caso, T3 e Ortigões com o tema “Serpente de Fogo”. Hoje é a última quarta-feira do mês e é dia de mais uma rubrica “Um momento NA ESCURIDÃO DA NOITE” com Manuel Saiote e quando assim é altura de falar desse grande site, o nosso parceira de poesia, que tem como nome Luso Poemas… e por falar nele o primeiro poema lido por mim tem como título “Fazer da vida um poema” e foi escrito por uma colaboradora deste site... mais à frente irá estar presente via telefone para nos falar sobre o seu percurso poético e o seu inicio no site. Neste momento via internet, os Luso Poetas estão a ouvir-nos e aproveito para enviar aquele abraço para os meninos e um grande beijinho para as meninas, sim hoje, o programa é especialmente para vocês…

De seguida ouvi-se o segundo momento musical, desta vez, Amigos do Mico, não sei se conhecem mas certamente alguns eborenses já ouviram falar… este música é dedicada ao nosso colega de RTA e amigo João Cinza que conhece bem esta banda…

Após a este momento, fiz referência aos convidados que estiveram em estúdio no programa REGRESSO ÁS RAÍZES das nossas madrinhas, onde esteve presente o Grupo Coral e Instrumental Sol Ardente da Igrejinha… aconselho a todos a ouvirem música tradicional que também é muito importante e faz-nos regressar ás nossas raízes…

Li o segundo poema da convidada desta noite, que é poetisa Maria Sousa, o poema “Trigo”…

Hoje é noite de estreias no nosso programa, ficamos com Essa Entente – “Dança Nua”, com ela lua lá no alto até apetece ouvir esta música…

Iniciamos a nossa segunda parte com o telefonema da nossa ouvinte habitual, a Luísa Zacarias e que nos leu o poema “Juntando Palavras”.

Após contribuição da Luísa, abrimos as portas à rubrica n.º 2 com Manuel Saiote… e como frisou nesta noite não falamos tanto do site em si, mas sim, na colaboradora do mês que se chama Maria Sousa. A nossa convidada fez a sua primeira estreia em rádio, e daí estar um pouco reticente…

Na Escuridão Da Noite & Manuel Saiote: Maria Sousa escreve poesia muito ligada ao amor, este tema é-lhe muito querido, muito importante na sua escrita?

Maria Sousa: Sim. Não só importante na minha escrita, mas também importante na minha vida toda como já tinha indicado na outra entrevista para o Luso. A Maria Sousa como poetisa é uma mulher extremamente apaixonada pela vida…

NEDN & Manuel Saiote: E com fortes ligações ao Alentejo…

Maria Sousa: Sim também apaixonada pelo Alentejo…

NEDN & Manuel Saiote: A Maria Sousa tem uma escrita que é muito apelativa à leitura, o Pedro à bocado leio um pequeno poema que se chama “Trigo”, que faz parte do seu livro que tem editado que se chama “Alma Nua”, este livro do quê? Como é que nasceu?

Maria Sousa: Bem esse livro nasceu de um acumular de poemas que escrevo desde que me lembro de escrever. Tomei mesmo a decisão de editar um livro e com a ajuda de uma amiga minha que é editora também ajudou-me a escolher, digamos, dos meus não sei quantos poemas (centenas que tenho escritos) e fazer um pequeno resumo do que seria interessante por num livro e foi assim que nasceu a ideia de criar um livro, principalmente para oferecer a familiares e amigos, antes do Natal do ano passado, portanto 2006… Nasceu o meu livro “Alma Nua”…

NEDN & Manuel Saiote: Nasceu, digamos, para consumo privado?

Maria Sousa: sim, foi uma ideia que partiu de mim, por iniciativa minha, privada, as editoras têm uma receptividade muito fechada aos novos poetas e eu não quis passar por isso eu pensei que não precisava de enviar os meus “poemitas”, como eu lhes costumo chamar, para não sei quantas editoras e perder um montão de tempo. Então decide ser eu a escolher a editora, ser eu a escolher os meus poemas, ser eu praticamente a fazer toda a capa do livro e dizer que é isto que eu quero…

NEDN & Manuel Saiote: Ou seja, foi uma edição de autor?

Maria Sousa: Sim, foi uma edição de autor.

NEDN & Manuel Saiote: Você disse que sensivelmente a um ano atrás tinha editado o seu primeiro livro, em Dezembro por altura do Natal, e o 2.º vai sair neste Natal?

Maria Sousa: Não, penso que não, penso que o segundo e o terceiro só irão sair no decorrer do próximo ano. Digamos que este Natal tenho uma ideia mais interessante de grupo que vai sair uma colectânea de 105 poetas do Luso Poemas. Onde estamos a fazer um projecto para um livro em que cada um dos poetas do Luso põe um poema são cerca de 105 poetas. Da Maria Sousa há vários livros planeados, mas penso que não sairão este ano.

NEDN & Manuel Saiote: A Maria tem uma forte ligação com o Alentejo?

Maria Sousa: Tenho, a minha família paterna é alentejana, não de Évora, mais propriamente de Monforte. Mas Évora, para mim é uma cidade muito especial porque nos meus tempos de estudante o meu irmão estudou em Évora, portanto, eu muitas vezes a Évora e é uma cidade muito especial para mim…

NEDN & Manuel Saiote: Tem algum poema que esteja relacionado com Alentejo que nos queira indica?

Maria Sousa: Eu tenho montes poemas relacionados com o Alentejo, se reparar bem, o próprio “Trigo” que o Pedro leu se reparar falo logo nas planícies, no trigo… logo aí tem uma referência ao Alentejo. Um dos poemas que fala sobre Évora chama-se “Não era o belo Templo de Diana” que está publicado no Luso Poemas…

Maria Sousa, leu um poema em directo, via telefone, apesar de dizer que não sabe declamar poemas… e ele tem como título “Galopa Paixão”…

NEDN & Manuel Saiote: Segundo o que sei o poema “Galope Paixão” tem muito a ver com a Maria?

Maria Sousa: Exactamente, tem muito a ver comigo, não é um poema recente é um poema que já tem uns anos… tem a ver comigo, tem a ver com a minha paixão pela vida, penso eu também… e como sempre fui buscar a imagem do nosso Alentejo dos cavalos, da terra, do campo…

NEDN & Manuel Saiote: E os cavalos que propriamente estão ligados com a sua zona, Monforte?

Maria Sousa: Sim é verdade… risos

Manuel Saiote, leu um poema também da nossa convidada, que ele gosta particularmente que se chama “Teu”…

NEDN & Manuel Saiote: É muito singelo, mas diz muito da poesia da Maria Sousa, acho que este podia ser uma fotografia que é do seu globo da escrita?

Maria Sousa: Penso que o Manuel, já me conhece a escrever a algum tempo, tem lido bastantes poemas meus dos quais agradeço (risos), e já não se engana nas minhas fotografias na verdade…

NEDN & Manuel Saiote: Não sei se tem alguma mensagem que queira deixar em especial, ou em termo de Luso Poemas ou para os nossos ouvintes?

Maria Sousa: Tenho, a minha mensagem de modo geral vai dedicada para todas as pessoas que me estão a ouvir neste momento e principalmente para os meus colegas do Luso Poemas, que também escrevem como eu. Eu noto neles, que a nossa partilha de poesia, os nossos comentários de uns aos outros, a amizade e estimo que damos uns aos outros é extremamente importante para o crescimento de cada um como poeta e como pessoa. Continuo a “apelar” para que essa partilha seja uma das coisas mais importantes que exista no Luso e entre as pessoas que escrevem para o Luso, porque todos ganhamos com isso e que as pessoas não tenham medo de editar os seus poemas, de ler e de fazer comentários porque a partilha é extremamente importante para o nosso crescimento…

NEDN & Manuel Saiote: Neste caso, os comentários são uma parte muito importante no que diz respeito ao universo Luso?

Maria Sousa: Sim, é verdade. É um grande estímulo, por vezes poderá haver uma criticazinha que penso que será sempre pela positiva, para chamar a atenção para um pequenina coisa, isto ou aquilo. Por vezes fazem comentário, outras vezes poema, tudo é feito numa perspectiva positiva, é muito bom haver este ambiente, este clima no Luso…

Já íamos para além da meia-noite, quando o Pedro leu o último poema da noite da nossa convidada Maria Sousa e o poema “Eu senti as palavras…”

NEDN & Manuel Saiote: Estamos no início do fim deste programa, podia indicar-nos como podemos adquirir o seu livro “Alma Nua”?

Maria Sousa: Podem adquiri-lo directamente no site do Luso Poemas, na secção que diz “Livraria”… e também estará noutras livrarias, mas este é o modo mais fácil de o adquirem, porque chegar-lhe-á a casa, via correio…

Neste preciso momento são meia-noite e vinte minutos, vamos dar por encerrado o nosso programa ao som dos Sétima Legião – “Cantigas de Maio”…

Até para a semana…



Um bem-haja a todos sem excepção,
Pedro Nobre & Rute Antunes


 

Programa 11

 
Dia: Quarta-feira, 19 de Setembro de 2007
Locutores: Pedro Nobre
Convidado: João Machado
Músicas Passadas: Expensive Soul – "Eu Não Sei", Bob Marley – "No Woman no Cry", Sara Tavares – "Eu sei...", Enya – "May It Be", Vanessa Williams – "Saved The Best For Last.


João Machado



Boa noite caro ouvinte, hoje é dia 19 de Setembro de 2007 (a 103 dias do final do ano), neste momento são 23h15m e está a ouvir a Rádio Telefonia do Alentejo, sintonizado na frequência 103.2 FM ou via Internet em www.rta.com.pt.

Benvindo, mais uma vez, ao nosso programa NA ESCURIDÃO DA NOITE – Onde as palavras despertam para a lua… Eu sou o Pedro Nobre e estaremos juntos até a meia-noite, até lá pode ligar e participar via telefone 266 730 415 ou se é amante da Internet pode comunicar connosco via MSN adicionando o nosso contacto de e-mail: radiotelefoniadoalentejo@hotmail.com.

Iniciamos o nosso programa ao ritmo dos Expensive Soul, com o tema “Eu não Sei” e seguiu-se o primeiro poema da noite, escrito pela poetisa Irene Lisboa e que se intitula “Jeito de escrever”… vou passar ler uma pequena biografia da poetisa:

“Irene do Céu Vieira Lisboa nasceu no Casal da Murzinheira, Arruda dos Vinhos, em 1892. Formou-se pela Escola Normal Primária de Lisboa e fez estudos de especialização pedagógica na Suíça, França e Bélgica. Foi um dos nomes mais importantes da "escrita feminina" portuguesa do século XX. O seu primeiro livro foi 13 Contarelos, ao qual se seguiram dois livros de poesia. A sua obra reparte-se entre a ficção intimista e autobiográfica, a crónica, o conto, a poesia, a pedagogia e a crítica literária. Faleceu em 1958…”

Hoje não temos a companhia da Rute Antunes, por motivos pessoais... mas manda-vos um grande beijinho e que continuem com muitas inspirações poéticas…

Como tem vindo a ocorrer semanalmente temos trazido um convidado a estúdio para nos falar de poesia… e hoje vamos ter um mais um eborense… não percam mais à frente…

Seguidamente vamos a mais um momento musical, desta vez vamos para os lados da Jamaica, com a voz de Bob Marley – “No Woman no Cry”, traduzindo o título para português “Não chores, mulher”…

Depois de ouvirmos esta grande voz que nos transportou para o mundo espiritual… telefonou-nos a ouvinte habitual, a Luísa Zacarias e nos leu o poema “Uma luz que brilha” e “Vamos dar as mão”.

Iniciamos a nossa segunda parte com Sara Tavares com o tema “Eu sei…”

Seguiu-se as nossas sugestões com a Agenda Cultura de Évora, que vai de 20 de Setembro a 26 de Setembro…

Nós, aqui, na RTA, damos sempre grandes sugestões e o que está à espera de iniciar o Outono com grande energia e cultura…Saia de casa e leve toda a família… e se for preciso até o periquito…

Vamos a mais um momento musical, de que o nosso convidado é particularmente fã, ainda não revelei o nome dele, ele é João Machado… e o tema que vamos escutar é Enya – “May It Be” um dos temas da Banda Sonora dos Senhor do anéis…

Antes da irmos até à grande entrevista com João Machado, nós, NA ESCURIDÃO DA NOITE, fomos fazer uma pesquisa ao site Wikipédia e fomos saber qual a definição de poesia, que é a seguinte:

“A poesia, ou género lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, através da qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos. O sentido da mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for em louvor de algo ou alguém, ou o contrário: também existe poesia satírica), ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético.

Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, não verbal).

A poesia, no seu sentido mais restrito, parte da linguagem verbal e, através de uma atitude criativa, transfigura-a da sua forma mais corrente e usual (a prosa), ao usar determinados recursos formais. Em termos gerais, a poesia é predominantemente oral – mesmo quando aparece escrita, a oralidade aparece sempre como referência quase obrigatória, aproximando muitas vezes esta arte da música.”

Como já anunciei, hoje temos mais um convidado em estúdio o nosso amigo João Machado que se disponibilizou estar aqui presente esta noite. Em primeiro lugar vou fazer uma breve introdução ao nosso convidado: João Machado nascido em Évora a 14 de Janeiro de 1978, cresceu e formou-se na licenciatura de Gestão, na grande Universidade de Évora…

Na Escuridão Da Noite: Como começaste, onde, porquê e quando é escreves se é durante o dia ou noite?

João Machado: Iniciei em 2005 por volta de Março ou Abril a escrever mais ou menos a sério, antes já escrevia mas não era nada de relevante e agora também não o é… Escrevo porque gosto de escrever não tenho nenhum grande motivo. Faz bem escrever, faz bem à alma, costumo escrever mais de dia, do que noite.

NEDN: Pelo que dizes, é um pouco contraditório à maioria dos convidados que nós temos trazido a estúdio…

João Machado: Grande percentagem de que escrevo, cerca 70 a 80%, deve ser de dia…

NEDN: E achas-te um poeta?

João Machado: Eu não creio que seja, geralmente um poeta escreve para um público vasto, não escreve para alguém… escreve para toda a gente e não escreve para ninguém… não me considero exactamente um poeta, mas…

NEDN: Qual é a tua definição de poeta?

João Machado: Não é fácil definir um poeta, como não é fácil definir a poesia… um poeta é uma pessoa que escreve, lá largar aos seus sentimentos, escreve ao que sente, ao que vê, ao que ouve, escreve sobre qualquer coisa, ou ás vezes até pode fingir sobre aquilo que sente como dizia o nosso Fernando Pessoa...

NEDN: Dizes que não te consideras como poeta, e deste-me uma definição de poeta. Não te enquadras em parte ao que acabaste de me dizer?

João Machado: Talvez uma pequena parte, mas não creio ainda ser aquilo que se chama mesmo um poeta.

NEDN: Quando falas de poetas falas daqueles ditos “monstros” da poesia?

João Machado: Refiro-me pelo menos a pessoas que mais ou menos tenham certo cuidado a construção da escrita, de que os poemas sigam certas figuras de estilo, sigam aquelas normas que estão estabelecidas, não me preocupo muito essas normas, normalmente escrevo coisas desordenadas…

NEDN: Como referenciei anteriormente, tiras-te a licenciatura em Gestão, tudo à base de matemáticas, contabilidade… como consegues viver em mundos totalmente disparos, letras, números…?

João Machado: Eu segui a área de Gestão mais pelo motivo de ter futuro profissional, no fundo até preferia a área das humanidades…

NEDN: E porque não foste para essa área?

João Machado: Porque achei que não tinha futuro quando terminasse o curso e escolhi a área que eu também gosto de Gestão, mas se escolhesse História seria mais ao mesmo gosto.

NEDN: Ou seja, pensaste mais na perspectiva de emprego?

João Machado: Sim pensei mais no futuro…

NEDN: Assim aproveitas com a escrita… e vais mantendo ligado à área das letras…

João Machado: Por acaso várias pessoas falam comigo e ficam admirados quando sabem qual é a minha área… alguns nem acreditam. Falo com pessoas no Messenger, por exemplo quando digo que sou de Gestão, as pessoas respondem eu pensava que eras de Filosofia ou línguas ou assim do género e eu acho graça as pessoas… por vezes penso que as pessoas acham que estou a mentir. O nosso curso é muito quantitativo, é números, é contas…

NEDN: Em parte até pode ser um escape?

João Machado: Exacto, também é um escape… a área da Gestão também um bocadinho pesada…

NEDN: Já estamos a falar em Gestão, nas aulas, nos corredores, ou na biblioteca costumavas escrever poemas ou é mais em casa?

João Machado: Geralmente à uma sala na Universidade que nós chamamos o comboio… e chamam este nome por ser uma sala comprida com várias estantes onde estão os livros de História e dessas áreas e essa sala dá-me muita tranquilidade e já escrevi aí muitos poemas nesse local. Nas aulas, lembro-me de dois ou três, mas geralmente nas aulas não tinha inspiração para escrever…

NEDN: Pelo que me acabaste de me dizer esse “comboio” foi inspirador de muitos poemas?

João Machado: Alguns dos primeiros foram escritos aí nesse local…

NEDN: Disseste que iniciaste a escrever em 2005, mas foi por algum motivo, começaste a escrever poesia por questões amorosas, por questões da vida, do teu dia-a-dia?

João Machado: Por questões da vida, sentimentos que surgiram e que alteraram a minha vida, basicamente foi o que me levou a escrever, mas eu já escrevia antes… mas não divulgava, não publicava na internet, não tinha blogs, aliás eu até não gostava dessa ideia de divulgar as minhas coisas… geralmente sou uma pessoa bastante privada.

NEDN: Pelo que estou a ver estão ir no mesmo sentido dos outros convidados, no inicio tem-se sempre o medo, o receio de divulgar o que se escreve…

João Machado: Porque geralmente, são coisas pessoais e por vezes é preciso coragem para as mostrar. Eu ao início tinha bastante dificuldade em colocar certas coisas que escrevia. Preferia guardar tudo e ainda hoje não publico tudo na internet…

NEDN: Já que falas em publicar, na tua opinião, em Évora há muitos apoios para quem escreve poesia? Por exemplo, quando falo em apoios refiro-me a divulgações de poetas ou então edições de livros de poesia…

João Machado: Na minha parca experiência nesses assuntos não me parece que haja assim grandes apoios… mas não creio que seja só um problema de Évora, penso que seja generalizada ao país…

NEDN: Certamente só os grandes centros, Lisboa e Porto têm mais oportunidades …

João Machado: Lisboa e Porto têm essas editoras que se dedicam ao poeta anónimo, quase desconhecido, creio que em Évora não existe nada disso.

NEDN: E já que falamos de livros, quando é que vais editar o teu livro?

João Machado: Estou a escrever um livro sobre as viagens que já fiz, ou seja, ainda está na primeira fase e ainda penso fazer umas revisões e acabar o texto não levará menos de um ano é que também estou a trabalhar na minha tese de Mestrado e isso vai ocupar-me muito tempo e é um trabalho que tem ser levado bastante a sério. A escrita tem que ficar um pouco para segundo plano…


Entretanto lemos mais uma biografia de um poeta conhecido:

"Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) é considerado um dos principais poetas da literatura brasileira devido à repercussão e alcance de sua obra. Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra. Formado em farmácia, durante a maior parte da vida foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguido até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crónicas."

Lemos um poeta deste poeta que se intitula de “Amar”…


NEDN: João Machado, os nossos ouvintes não conhecem o que escreves, queres dizer-lhes onde podem ler alguns dos teus poemas?

João Machado: Tenho três blogs na internet mas o principal é o meu “Meu Querido Diário” que tem como endereço http://mybelovediary2.blogspot.com. Onde têm muito arquivo para lerem…

NEDN: Já sabemos que não tens nenhum livro editado, mas gostas muito de ler livros, podes deixar-nos umas dicas de leitura para os nossos ouvintes?

João Machado: Como costumo dizer só leio autores já mortos à mais de 100 anos, tirando Agatha Christie, que é uma escritora que aprecio imenso do estilo literário dela. Eu recomendaria aos ouvintes que lessem a colecção toda do “Senhor dos Anéis”, escrito por J.R.R. Tolkien que consegue ser melhor que os filmes… têm aí material para alguns meses. Também podem ler as outras histórias o “Hobbit” é um género de prólogo da história principal, poderão ir até à “Terra média antiga”, à primeira parte da terra média ir buscas aquelas histórias antigas do inicio dos “Elfos” e daquela história toda. Estas são as minhas recomendações principais…

NEDN: E poesia não lês nada?

João Machado: Muito pouco e até para não me influenciar à minha própria escrita e até faço questão não ler muita poesia. Parece irónico, eu que escrevo poesia, não leio poesia… tirando aquela poesia que toda a gente conhece do Fernando Pessoa, do Camões… não estou em contacto, não leio muitos livros em poesia…

NEDN: Para finalizar, queres deixar uma mensagem aos ouvintes, ás pessoas que escrevem poesia?

João Machado: As pessoas que escrevem devem continuar a fazê-lo no seu estilo e não devem deixar influenciar ou copiar ou de certa forma para agradarem outrem… continuarem a escrever o que sentem e o que pensam, desde que se satisfaçam a si mesmas, desde que gostem de ler o que escrevem, mais ninguém precisa de gostar.

Já era meia-noite e dezoito minutos quando finalizamos o nosso programa ao som da música de uma música suave, doce, as músicas calmas são NA ESCURIDÃO DA NOITE com Vanessa Williams – “Saved The Best For Last”...

Até para a semana…





Um bem-haja a todos sem excepção,
Pedro Nobre & Rute Antunes


 

Programa 10

 
Dia: Quarta-feira, 12 de Setembro de 2007
Locutores: Pedro Nobre & Rute Antunes
Convidada: Luísa Zacarias
Músicas Passadas: Nelly Furtado – "Say Right", Luis Represas – "Mar I Ana", Mika – "Grace Kelly", João Pedro Pais – "Mentira", Lenny Kravitz – "American Woman", Ez Special – "Sei Que Sabes Que Sim", Paulo Gonzo – "Faz-me Bem".



Luíza Zacarias


Boa Noite, a todos os ouvintes da Rádio Telefonia do Alentejo, sejam sintonizados na frequência 103.2 FM ou via Internet em www.rta.com.pt.

Hoje, quarta-feira, estamos novamente NA ESCURIDÃO DA NOITE – Onde as palavras despertam para a lua. Espero que tenham passado uma óptima semana na companhia desta grande família que tem como nome Rádio Telefonia do Alentejo.

Todos os ouvintes que pretenderem interagir para connosco poderão fazê-lo através do nosso n.º de telefone 266 730 415 ou então para os amantes da Internet podem comunicar connosco via MSN adicionando o nosso contacto de e-mail: radiotelefoniadoalentejo@hotmail.com.

Iniciamos a nossa emissão com uma música da Luso Canadiana Nelly Furtado, “Say Right”. O primeiro poema da noite tem como nome “Nocturno” do poeta Antero de Quental.

Seguiu-me mais uma música desta vez em português e com Luís Represas e “Mar I Ana”…

Hoje temos mais uma convidada em estúdio que nos irá falar de poesia, alguns ouvintes já a conhecem, mais à frente irão ficar a saber quem é… mas se forem ao nosso blog irão ficar a sabê-lo.

Mais um sucesso musical, desta vez Mika com o tema “Grace Kelly”…

Para quem não conhece Mika, começou a fazer música para anúncios/spot’s televisivos, inclusivamente li uma curiosidade esta semana que deu o seu primeiro concerto com onze anos. Seguiu-se mais poema, de poeta desconhecido para a zona de Évora e Alentejo, mas conhecido na zona poética do Porto. Ele é Antero Monteiro e lemos o poema “Braços inúteis”…

Após o poema colocamos João Pedro Pais a cantar com a música “Mentira”…

Mais um poeta conhecido de todos, neste caso Fernando Pessoa, com o poema “Não sei quantas almas tenho”. Como os ouvintes sabem, é um dos grandes poetas de Portugal e muito conhecido pelos seus heterónimos e neste momento vem isso expresso, que por vezes não sabem é…. Neste momento, 23h24m, revelamos o nome da nossa convidada Luísa Zacarias, a ouvinte assídua que neste dia de hoje é nossa convidada e que nos irá dizer tudo sobre a sua poesia e caminho percorrido. Lemos aos nossos ouvintes a agenda Cultural como tem sido habito para os ouvintes da Rádio Telefonia do Alentejo.

Iniciamos com Lenny Kravitz – American Woman e seguiu-se o nosso jingle www.escuridaonoite-rta.blogspot.com e sugerimos a vossa visita no nosso blog e lá irá encontrar semanalmente o resumo de cada emissão, tal como, os poemas que foram lidos em directo… e como sabem a Rádio Telefonia do Alentejo tem um grupo no Hi5 e o ouvinte número 100 a se adicional a ele irá estar presente no estúdio e ler um poema escrito por si…

Antes da grande entrevista com a nossa convidada, ouvimos mais um tema em português, Ez Special, “Sei Que Sabes Que Sim”:


Na Escuridão Da Noite: Nasceu em Évora?

Luísa Zacarias: Nascida, criada, baptizada e casada e caminhando por cá…

NEDN: Luísa, como é que começou a escrever poesia e porquê?

Luísa Zacarias: Eu em criança já o fazia, mas não era com tanta intensidade e ela começou mais fortemente por uma dor… mas é com amor que a consigo partilhar e foi a esse amor que agarrei ás palavras, ás letras, que muitas delas lhe ficaram por dizer e desta forma as transcrevo para o papel muitas vezes com esse gostinho da poesia. Eu quando comecei não foi por poesia, comecei por prosa e quando a terminava a ler foi quando eu vi que rimava e não foi só pela rima, foi também porque me interessei pela poesia e porque me fascina. Este gostinho se calhar deve-se ao meu pai que já cantava, fazia coisas que nos ensinou bastante… e tremendas ficou com um carinho muito grande e gosto em nós e por aí comei a escrever… que gratificou muito pela vida e hoje eu estou grata pela própria vida vivida…

NEDN: Os pais, por vezes influencia-nos muito na nossa vida, os seus pais também escreviam ou só cantavam?

Luísa Zacarias: Não, os meus pais não sabiam ler, nem escrever, a minha mãe cantarolava e o meu pai também, ensinou-nos muitos trechos e nós fazíamos contra-deixas com ele. Eu aprendi muitas coisas com eles, ainda hoje aprendo com a minha mãe, que ainda é viva o meu pai é já não, mas foi esse gostinho que me fascinou e ficou cá o bichinho. Como a alguns anos atrás me diziam és uma grande poetisa e eu não me acho assim. Escrevo para o papel as palavras que eu sinto, a ternura, o carinho, o amor e pelo Alentejo que vou percorrendo e a paisagem…

NEDN: Pode ler-nos mais um dos seus poemas?

Luísa Zacarias: Sim, e vou ler o poema “Faz da vida uma festa”…

NEDN: Luísa, intitulas-te à vida como sendo uma mulher?

Luísa Zacarias: É um sentimento, com muito amor e com muito carinho que transcrevo par ao papel.

NEDN: Mas intitulaste à vida, por tu seres mulher?

Luísa Zacarias: Talvez sim…

NEDN: Tens algum poeta que gostes particularmente, algum livro que ainda te tenha “puxado” mais ainda para a poesia do que a tua infância te fez?

Luísa Zacarias: Eu identifico-me um pouquinho com Florbela Espanca depois de ler a sua biografia. Identifico-me muito com ela por uns poemas, por umas quadras soltas que li sobre a vida dela e aí um poema que eu fiz com o titulo “Para ti” ou “A ti” já não me recordo. Foi um dos primeiros que eu fiz com uma fotografia que por acaso vem na net e tiraram de net na altura que fiz esse poema. Disseram-me logo, porque é que tu não mandaste para Vila Viçosa para esse poema ser lá publicado, ou para estar em exposição… Não o fiz porque não o fiz com essa intenção, fi-lo espontaneamente e de livre vontade minha… mas deu-me um prazer, um gostinho a escrevê-lo…

NEDN: Florbela Espanca uma poetisa Alentejana com versos lindíssimos, temos lido alguns aqui, inclusive um que gosto particularmente “Os versos lindos que te fiz”…

Luísa Zacarias: Eu também gosto muito… e foi por esse poema que eu também fiz “A ti”. Esses versos foram feitos a uma rubrica que eu li antes da biografia dela e depois quando a li, digo assim, identifico-me muito com Florbela Espanca e quando comecei a publicar os meus poemas na net, no “Luso Poemas”, e num dos poemas que lá publiquei, fiquei com uma lágrima no olho, é que num dos comentários dizia que se identificava muito poeta ou escritor que agora não me recordo do nome…

NEDN: Florbela Espanca uma poetisa Alentejana com versos lindíssimos, temos lido alguns aqui, inclusive um que gosto particularmente “Os versos lindos que te fiz”…

Luísa Zacarias: Eu também gosto muito… e foi por esse poema que eu também fiz “A ti”. Esses versos foram feitos a uma rubrica que eu li antes da biografia dela e depois quando a li, digo assim, identifico-me muito com Florbela Espanca e quando comecei a publicar os meus poemas na net, no “Luso Poemas”, e num dos poemas que lá publiquei, fiquei com uma lágrima no olho, é que num dos comentários dizia que se identificava muito poeta ou escritor que agora não me recordo do nome…

NEDN: Já que alguém disse que a equiparava a um poeta, a um escritor, e já tinha lido alguma obra, um livro desse escritor?

Luísa Zacarias: Desse escritor não, não li nada desse escritor e por isso fiquei assim… a resposta desse poema veio de muito longe, veio do Brasil e ela acha que a minha poesia é muito… claro que é… tal e qual como um poema eu tenho sobre as minhas veias que realçam sobre o mar e acho que sou o mar não tão visível, não tão transparente quanto passo para o papel ou quero transmitir para o papel…

NEDN: Tem uma mensagem que gostaria deixar aos nossos ouvintes e aos poetas ou então um poema improvisado em forma de mensagem?

Luísa Zacarias: A mensagem que quero deixar aos poetas ou ás pessoas que escrevem, que o façam, que não se envergonham, e passem para o papel aquilo que sentem. Muitas das vezes é assim que nós fazemos poesia e a outra do improviso…:


Fui com muito gosto estar aqui presente
A ouvir as vossas vozes
Entes nós
Estão um gosto
O gostinho da poesia
Entre os amigos
Neste dia


Seguiu-me mais um poema lido com a voz de Luísa Zacarias que se chama de “Comadres”…

Até para a semana…






Um bem-haja a todos sem excepção,
Pedro Nobre & Rute Antunes


 

Programa 9

 
Dia: Quarta-feira, 5 de Setembro de 2007
Locutores: Pedro Nobre & Rute Antunes
Convidado: João Ferreira
Músicas Passadas: Pedro Abrunhosa – Será; James – Tomorrow; Marta Dias – Gritar; All Saints – Pures Shores; André Sardet – Perto mais perto; Texas – Say what you want.


João Ferreira



Boa Noite, a todo o auditório da Rádio Telefonia do Alentejo, mais uma semana que passou cheia de trabalho para muitos ouvintes e um beijo especial para todos vós que nos estão a ouvir através da internet em www.rta.com.pt. Esta noite começamos com Pedro Abrunhosa com a música “Será” e seguiu-se o primeiro poema da noite que nos chegou através do nosso e-mail pelo Rui Borges e foi enviado da França, um beijo muito especial para os emigrantes que lá estão.

Hoje a noite é especial, as manhãs vieram até à noite… não percam mais adiante… certamente já sabem quem é… um convidado muito especial, mas quem for ao nosso blog irá descobrir quem é o nosso convidado www.escuridaonoite-rta.blogspot.com.

A música que se seguiu foi um recordar dos nossos tempos de juventude (os que são da nossa geração), inclusive do convidado, ficamos com James e “Tomorrow”…

Após este momento seguiu-se mais o poema “Elogio ao amor” escrito por Miguel Esteves Cardoso. Na nossa opinião foi um dos melhores poemas escritos sobre o amor…

Hoje a noite é de recordações, Marta Dias com a música “Gritar”…

Retomamos com mais um poema, este vindo do oriente directamente para o nosso e-mail, enviado pelo amigo António Cambeta que com o título “Recordando”. António Cambeta um eborense que aos 19 anos de idade saiu de Évora à busca de uma vida melhor, neste momento vive em Macau (são mais 7 horas que aqui) e é lá que nos está a ouvir neste momento. Quando fala do sr. Cambeta associa-se logo ao programa da manhã e aproveitamos para revelar quem é o nosso convidado desta noite ele é João Ferreira… sim ele está aqui para nos falar de poesia, não é só locutor, também é poeta e escreve poesia, mais à frente iremos saber tudo… e aproveitamos para enviar um abraço e muitos beijinhos para a família Multiskill… eles sabem quem são.

Passamos mais uma música, desta vez em inglês All Saints – “Pures Shores” …

Iniciamos a 2.ª parte com André Sardet e com o tema “Perto mais perto” e começamos por falar do nosso blog que semanalmente poderão ler o resumo da emissão tal como os poemas que foram lidos em directo… e que a Rádio Telefonia do Alentejo tem um grupo no Hi5 e que o ouvinte número 100 irá estar presente no estúdio e ler um poema por essa pessoa…

Seguiu-se a esperada entrevista com o nosso convidado, João Ferreira, que nos veio falar de poesia escrita pela sua caneta, pelo punho, não sabemos se é à noite ou de dia mas iremos sabê-lo certamente:

Na Escuridão Da Noite: Como começou, ou o que levou a iniciar-se neste mundo da poesia?

João Ferreira: Bem, antes de mais, há pouco disseram que iriam ter em estúdio o poeta João Ferreira e eu aproveito para corrigir não sou poeta (risos), eu até tenho um poema que fala precisamente nisso. Eu costumo dizer que sou mais um pensador… e os meus pensamentos transcrevo-os para o papel…

NEDN: Nós em parte não gostamos colocar o “rótulo” do poeta, mais no sentido de pensadores, momentos que saem do nosso interior e que transcrevemos para o papel...

João Ferreira: Os grandes poetas foram aqueles que nos deixaram grandes obras nomeadamente Luís de Camões, Fernando Pessoa, Miguel Torga, tantos outros que poderíamos falar, mas esses sim são os grandes poetas. Eu falo por mim, eu escrevo aquilo que me vai passando pela alma…
Bem dizia, como é que iniciei, começou por brincadeira lembro-me perfeitamente no 6.º ano de escolaridade, nas aulas os professores pedia-nos que escrevêssemos textos e eu escolhia sempre poesia para escrever, ou seja, comecei por escrever quadras por brincadeira.

NEDN: Não me digas que foi no dia das comadres e dos compadres?

João Ferreira: Por acaso já não sei, já não me lembro… (risos)

NEDN: Se calhar foi para alguma namorada, por norma é assim?

João Ferreira: (risos) Lembro-me perfeitamente que houve uma vez, umas quadras que escrevi e que o professor me tinha pedido para escrever, aliás eles davam textos à nossa escolha, eu fiz um texto que tinha a ver com férias não peçam para ler o texto não me lembro, sei que o texto dizia mais ou menos do género é pena não darem mais dias de férias… (risos) era deste género. As coisas começaram por brincadeira e fui aprofundando e tentando escrever mais e mais. Para ser sincero, não gosto muito escrever em quadra, melhor eu já não escrevo em quadra, geralmente as minhas estrofes são cinco a seis versos ou mais, alguns até chegam a ter dez versos, acho que fica mais elaborado e tento puxar mais por mim para que o texto fique melhor. Para quem lê sinta que o escreve tenta ser perfeito na forma como o faz. Acho a quadra muito simples, qualquer pessoa pode escrever uma quadra daí eu escrever com cinco a seis e até há um poema meu que 10 versos… e foi assim que comecei e vou mantendo a escrita mais ou menos em dia. Por acaso estive quatro meses sem escrever… mas acontece… (risos).

NEDN: Rádio, poesia, nós juntamos os dois, tu de certeza nesta mesa aqui por debaixo, acho que se voltarmos ao contrário deves ter alguns escritos secretos…?

João Ferreira: (risos) Não, não tenho porque este não é o meu local de escrita. Normalmente quando escrevo, e desde que me lembro todos os textos que escrevo ou escrevi foram em casa, quase todos escritos à noite, sozinho obviamente…

NEDN: Tendo a lua como companheira todas as noites de certeza?

João Ferreira: sim, eu costumo dizer que a noite e a lua é muito inspiradora… não sei o porque. Tenho um ou dois poemas que falam da lua.


NEDN: Aos ouvintes, o João esta noite estava cheio de medo das nossas perguntas, e trouxe companhia (mãe e namorada). Certamente que são inspiradoras de muitos poemas?

João Ferreira: (risos) Sim são, não só elas mas também os meus ouvintes, os meus amigos, as pessoas de quem gosto, a própria vida em si, aquilo que vejo habitualmente (na rua). Aliás tenho um poema que poderão visitar no meu site que é “Uma velhinha perdida”, um dia ia na rua ali perto do hospital passei de carro e vi uma idosa meio perdida e aquilo foi algo inspirador para eu escrever algumas seis ou sete estrofes como poderão ler…

NEDN: Isso faz lembras-nos uma história que o escritor José Luís Peixoto contou na última vez que esteve em Évora que era: Olhar para casa e estava uma porta entreaberta e em cima de uma mesa estava um jarro de água e depois um napron por cima, aqueles jarros à antiga…

João Ferreira: Aqueles que as nossas avós utilizavam para não estragar a água…


Entretanto a nossa ouvinte assídua, entrou em contacto connosco, Luísa Zacarias, e como tem sido hábito leu-nos mais um poema “Vestido de azul”. Divulgamos que a Luísa Zacarias, registou-se no site Luso Poemas e todos os ouvintes que pretenderem podem ler os seus poemas através deste grande site e claro também no nosso blog (os lidos em directo) …


NEDN: João tortura parte II… Hoje deves teres achado um pouco estranho teres chegado aqui e sentares-te no lado de lá?

João Ferreira: Pois normalmente não costumo estar neste lado da mesa, só quando venho ter com um colega… mas para ser entrevistado não é hábito …

NEDN: Tu escreves poesia, e como a Luísa disse tu também cantas, e alguns dos teus poemas não estão a ser cantadas por ti… e cantar, não nos queres elucidar uma?

João Ferreira: Não vou cantar. Talvez um dia vos possa de alguma forma surpreender, mas não quero falar em mais nada. Mas já que falam nisso aproveito para vos dizer, caso não saibam, que há pelo menos quatro ou cinco poemas meus que foram gravados por artistas daqui de Évora, nomeadamente João Machorrinho, que agora lançou um cd, e duo musical Susy e Sérgio já têm uma gravada e estão a preparar-se para gravar mais …

NEDN: Mas tens aí um poema que nos vais ler, certo?

João Ferreira: É-me difícil escolher um poema, por todos eles têm algo de especial como devem compreender. Significam uma parte da vida, apesar de alguns deles não têm nada a ver comigo, posso dizer que a maioria tem, mas um especial que poderei aqui trazer foi dos primeiros que eu escrevi e esse é em quadra, que é um tema que passa muito na rádio “Com amor no coração” que toda a gente conhece, achei que não valeria trazê-lo mas é um tema muito especial derivado ao sucesso que também tem feito. Mas queria presentear-vos com um poema que escrevi a dois dias, fala em pensamentos das pessoas que elas no dia-a-dia têm, nos medos, nas incertezas… o poema chama-se “Pensamentos desertos”.


NEDN: Um poema fantástico e o que interessa é que venham do fundo do coração e do lado mais intimista da mente de uma pessoa…

João Ferreira: E por vezes não é fácil trazer deitar cá para fora, mas há muita gente que guarda tudo só para si. Eu acho que aqueles que são denominados poetas não o fazem, pelo menos há sempre qualquer coisa que deitam cá para fora deles próprios, pelo menos é a minha opinião.

NEDN: João, há bocado falávamos que começaste a escrever mais no ciclo, normalmente é mais na fase da juventude, quinze, dezasseis anos …

João Ferreira: Sim é verdade. Eu tenho por hábito comparar a poesia com a rádio, se nós não nascermos com o tal “bichinho”, um pouco mais tarde é mais difícil, não é que é não nasça mais tarde o “bichinho” da rádio pode nascer com quarenta ou cinquenta anos. Mas se iniciar de muito novo iniciar, tudo é mais fácil e vai desenvolvendo aquilo que faz.

NEDN: Qual foi o último livro que leste?

João Ferreira: Eu não tenho hábito de ler. Eu escrevo mais que leio, essa é a grande verdade. Eu prefiro escrever que ler e confesso que há muito tempo que não leio um livro…

NEDN: Nem o Diário do Sul?

João Ferreira: O Diário do Sul leio, esse sou mesmo obrigado a ler porque senão sou despedido… (risos) … estou a brincar.


Entrou em contacto a ouvinte Graça que nos leu um poema “O que o Homem quer e que Deus determina” dedicado ao João Ferreira… Em conversa com João Ferreira confessou-nos que já se registou no site Luso Poemas mas ainda não tem nada publicado.


NEDN: Nesta mesa existem n botões achas que eles podem regular interiormente a tua vontade escrever, não na rádio como frisaste, mas achas que é um botão ou botões que precisas para te ajustar o “volume” para que te saia para o papel?

João Ferreira: Sim, sim, aliás eu quando falo com os ouvintes, oiço o que eles nos têm para nos dizer e posso confessar-vos que há muitas coisas que quando saiu daqui da estação que me vou lembrando ao longo do dia, principalmente pessoas que me ouvem e que não estão tão bem quanto eu desejava porque a rádio sempre foi uma companhia para as pessoas, a rádio por vezes é a única companheira no dia-a-dia e há muita gente que me telefona que está só e que faz questão que eu seja o seu companheiro no dia-a-dia.


NEDN: Então és tu também a regular os “botões” dos teus ouvintes?

João Ferreira: Sim, sim. Eu tenho um poema que diz «que penso por mim e por vós» é um poema que se chama “Sou um pensador”, ou seja, estamos a voltar ao mesmo assunto que não sou poeta… (risos) … e por vezes também penso nos problemas das outras pessoas, preocupo-me com quem não está a 100% e é isso que tento fazer nas minhas emissões diariamente é de dar um pouquinho de alegria para quem está um pouquinho mais em baixo, quem está doente… Se calhar de manhã é quando solto aquelas gargalhadas que os ouvintes por vezes falam é um pouco de mim que dou aos ouvintes e é pena não poder dar mais, é aquilo que eu digo e do pouco tempo que estou no ar com eles tento fazer o meu melhor e que possa alegrar o dia. Nem sempre os dias nos sorriam, mas eu aqui na rádio, falo por mim, tento alegrar o dia-a-dia de cada um dos ouvintes que nos escuta. Eu costumo dizer que tento dar um pouco mais ao ouvinte, estando através do microfone, como também através do meu site que já agora aproveito para divulgar www.joaoferreira.info é um site que poderão visitar e lá poderão, exclusivamente, ler os meus poemas.


Seguiu-me mais chamada telefónica, desta vez, vinda do outro lado do mundo, Macau, do nosso amigo António Cambeta. Que felicitou o nosso programa e claro o seu grande amigo de longa data João Ferreira. Este amigo é um ouvinte assíduo via internet.

Depois lançamos um desafio ao João Ferreira, lemos um poema e pedimos que adivinhasse quem o tinha escrito, ele foi lido de baixo para cima e mesmo assim acertou logo à primeira foi o poema “Com amor no coração”.

Para finalizar o nosso programa entrou mais uma ouvinte em contacto a Ludovina Gonçalves, uma das ouvintes de João Ferreira e que bastante elogios deu ao nosso convidado. Tal como ele, em parte, já o tinha afirmado a ouvinte disse que se não fosse ele já não estaria presente entre nós e que a ajudou bastante em momentos menos bons.

Finalizamos o nosso programa já perto da 01h00 e com mais uma música a recordar a nossa juventude, a nosso adolescência Texas com o tema “Say what you want”.

Até para a semana…




Um bem-haja a todos sem excepção,
Pedro Nobre & Rute Antunes


 

 

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