segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Um craque Família

Lucas ainda pede bênção para a mãe ,
ganha mesada do pai e não desgruda do irmão mais velho .

Ele ignora as intimidações dos zagueiros adversários , não se intimida diante do talento de astros como Rogério Ceni , Ricardo Oliveira e Fernandão , e já virou ídolo da torcida são-paulina . Apesar da fama de craque e da condição de grande revelação do Tricolor no ano de 2010 , o meia-atacante Lucas ainda mantém os mesmo hábitos de seus 18 anos de vida . Não há estrelato que o afaste da família .

"Não fosse por eles e eu com certeza não estaria aqui " , reconhece o menino , sem desgrudar dos pais Jorge e Fátima , e do irmão mais velho Thiago . "Ele pede bênção toda vez que fala comigo" , diz a mãe , extremamente orgulhosa . Já o pai é quem decide quase todos os passos do craque fora dos campos . Até o salário de Lucas fica sob a responsabilidade do metalúrgico da Ford ."Eu dou uma mesada para o Lucas e o restante vai para o banco , fica guardado " diz o pai. Já o irmão Thiago é o fiel amigo, parceiro para todas as horas . "A gente vive junto, fazendo bagunça , jogando videogame , falando sobre futebol ..." , explica o primogênito , que é dois anos mais velho que o são-paulino . 

Quando Lucas afirma que sempre dependeu dos parentes , ele está sendo absolutamente sincero . Até chegar ao time profissional , no início deste ano , o garoto contou com a persistência do pai , os conselhos da mãe , o apoio do irmão , as caronas da tia ... "A grande verdade é que meu pai sempre sonhou em ser jogador de futebol.Ele até tinha qualidade , mas precisava trabalhar , para ajudar em casa , e não pôde se dedicar à carreira " , explica Lucas . Então Jorge decidiu concentrar todos os esforços para fazer pelo menos um dos filhos se transformar em profissional . Não demorou muito e Thiago abriu mão da bola . "Eu sempre gostei mais de pipa do que de futebol "  justifica . Já Lucas levava a bola para todo lugar que fosse . "O maior castigo que a mãe poderia dar era tirar a bola dele . Aí , o Lucas chorava , chorava , chorava " acrescenta Thiago . O Pai não precisou de muito tempo para perceber que seu caçula gostava tanto de futebol quanto ele . Restava saber se tinha talento para se tornar um ídolo . "  Mas isso eu descobri rapidinho . Me lembro que voltava do trabalho e os vizinhos vinham dizer que eu tinha que colocá-lo numa escolinha , porque o menino arrebentava nas peladas de rua " diz , se referindo à época em que o são paulino tinha apenas 4 anos de idade .
 Lucas e Thiago tinham outra companhia inseparável para jogar na porta de casa : o primo Henrique , quatro anos mais velho . Logo , todos no bairro de Jardim Miriam , na zona sul de São Paulo , passaram a se encantar com a velocidade e a habilidade do baixinho . "Eu fazia gol de tudo quanto era jeito . Pegava a bola na defesa , ia driblando um por um e punha a bola pra dentro " conta Lucas .


Primeiros passos 

A insistência dos vizinhos em alertá-lo sobre Lucas fez com que Jorge matriculasse o menino numa escolinha de futebol de Diadema . Começava ali a longa maratona da família Moura para permitir que Lucas alcançasse o Tricolor . " Eu tinha 5 anos e jogava com meu irmão e meu primo "  relembra . Meses depois , amigos de trabalho de Jorge sugeriram o Santa Maria , clube de futebol em São Caetano do Sul . em que os atletas que mais se destacavam eram federados .
A mãe , cabeleireira , aproveitava as suas folgas às segundas-feiras no salão para levá-lo aos treinos . Já as quartas e sextas , era a vez de Jorge sair mais cedo do trabalho , no ABC paulista , para voltar para casa , pegar o garoto e levá-lo até o Santa Maria . Anos mais tarde , Lucas foi convidado para defender o Juventus , da Mooca .
Uma porção de gols e dribles depois , ele despertou o interesse do Corinthians . " Aí passou a ser um sacrifício danado , porque eu tinha que treinar de terça á sexta-feira , á tarde e á noite . Então , meu pai pagava um dinheiro para minha tia , que ia comigo até o Parque São Jorge , de ônibus e metrô" . explica Lucas . Na época , o clube só dava uma ajuda de custo de R$ 150,00 por mês , mas tal dinheiro não era suficiente sequer para pagar os passes de ônibus . "Investi pesado nesse menino " reconhece o pai . "Gastava no mínimo  R$500,00 por mês de combustível , comida e o dinheiro que dava para a tia dele "  emenda Jorge . Levando em conta que Lucas levou 12 anos até ser promovido ao time principal do Tricolor e fazendo contas rápidas , chega-se a um valor próximo de R$72 mil .





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