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Mudo logo existo

*Por Tatiana Nicz

Maria Lucia acordou sem motivação, era mais um dia para colocar seus pensamentos em ordem e ela não conseguia pensar em mais nada a não ser em mudanças. Em tão curto espaço de tempo sua vida deu uma reviravolta gigantesca.

Dormiu um sono sem sonhos, acordou se sentindo péssima. O corpo todo dolorido, a cabeça girando, não sabia mais que dia era e o que o dia lhe traria. Tudo era distração. Mas, o mais importante: pensar no futuro, planejar, entender, isso ela tentava não fazer, adiava. Pensava apenas em como, num piscar de olhos, tudo poderia mudar… E as coisas mudam. Se não por nossa vontade, por imposição da vida. E somos obrigados a realizar, de fato, alguma mudança.

Em algum lugar, Maria Lucia leu: O homem absurdo é aquele que nunca muda. Auguste Barthélémy.

Ela sabia que nada nessa vida dura para sempre, mas por que então sentia tanto medo das mudanças?

Mudanças, muitas vezes são boas, escolhidas por nós, com preparo, dedicação, apreço e, principalmente, planejamento. Dessa vez ela não havia escolhido, pelo menos não conscientemente. Foram mudanças forçadas por circunstâncias da vida. Mudanças que no começo assustaram, deram frio na barriga, afloraram o sentimento de vulnerabilidade – toda aquela sensação que temos quando vamos de encontro ao desconhecido.

Acordou assustada. Um leque de possibilidades se abria a sua frente, ela tinha medo. Pensou que mais um novo dia se seguia sem saber o que o futuro traria. Sentia um vazio tão grande, de tudo que havia deixado para trás, da porta que se fechava a sua frente. Por que é preciso perder as coisas para dar valor?

Escolher um rumo é tarefa árdua. Ela, muitas vezes, havia estado nesse lugar. Um vazio grande lhe tomava o peito, um medo a paralisava. Era tarde, nada podia fazer. Ela sabia: somos livres para fazer nossas escolhas, mas também somos prisioneiros delas. Foi um caminho que ela traçou. Sabia que era capaz e que tudo que acontecia agora em sua vida era apenas reflexo de suas escolhas.

Um caminho tortuoso a espera pela frente. Não tem volta. Enxugou as lágrimas e lembrou tudo de bom que já viveu, lugares que visitou, pessoas que cruzaram seu caminho. Por um minuto sorriu. Sim, era hora de ter esperança, deixar o medo ir, confiar e ter fé que toda mudança, por mais tortuosa que seja, é movimento, é vida, requer coragem e muita, mas muita, dedicação. Afinal, amanhã será um novo dia e uma nova oportunidade para recomeçar. Mas hoje, só por hoje, ela não queria mais pensar.


Experiência Fotográfica com Zig Koch

*Por Tatiana Nicz

Gosto de fotografar (apesar de ser ainda leiga no assunto), mas o fato é que descobri esse “hobby” meio por acaso, entre uma andança e outra. Andanças acompanhadas, por muito tempo, de uma maquininha simples. Foi com ela que comecei a brincar com a fotografia. Descobri que o mundo é grande, interessante, lindo e que me agradava congelar momentos, lugares e pessoas para guardar de recordação.

Investi um pouco mais no hobby. Fiz um curso e comecei a praticar. Enquadramento, abertura, velocidade e voilà, algumas boas fotos, outras nem tanto, mas o que importa é o movimento. E foi o movimento que me fez conhecer esse grande fotógrafo, de quem o trabalho muito admiro:Zig Koch.

Com alguns acertos profissionais fechamos com muito apreço um roteiro para Patagônia (Argentina) para novembro próximo. Em meio aos acertos e papos sobre o roteiro, surgiu a oportunidade de eu fazer um workshop de fotografia com ele: aulas teóricas e práticas ministradas na escola Portfolio e na Reserva Volta Velha em Itapoá, respectivamente.

A experiência foi incrível. O Zig, além de grande profissional, é também uma pessoa muito bacana, solícita e paciente. Responde com bom humor a todas as perguntas; das mais básicas às mais difíceis e está sempre presente de corpo e alma em todos os momentos. É um grande conhecedor de técnicas. Fotógrafo nato, ele tem realmente dom e humildade para dividir seu conhecimento com os alunos. Pude, enfim, entender melhor como funciona a vida de um fotógrafo de natureza, os pormenores e empecilhos do dia a dia – nem tudo são flores, e nesse caso, literalmente.

Agradeço imensamente a oportunidade e aguardo ansiosa para a viagem que a Gondwana Brasil organizou com muito cuidado em conjunto com Zig Koch e a Escola Portfolio.

* Tatiana Nicz que quer fotografar a Patagonia Argentina.

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Viajando e sonhando

*Por Tatiana Nicz

Toda grande viagem é um sonho.

E sonhos de viagem ficam mais próximos quando começamos a programá-los. Tudo tem início com a escolha do destino – sempre com novas ideias, por vezes mirabolantes – que segue determinada trajetória até que o abreviamos ao desejado de acordo com a situação financeira.

E como escolher esse destino? Às vezes por indicação de um amigo, porque vimos em algum lugar, ou por tratar-se de sonho antigo e muitas vezes  simplesmente pelo desejo de mudança. Alguns destinos nos chamam.

O sonho se concretiza com a sensação de alívio no momento da compra da passagem, ou na tranqüilidade sentida ao embarcar no avião. E no aeroporto, caminhando pelos corredores, o que vem em mente é: agora é minha vez, é tempo para mim. O sentimento de chegar a um lugar novo e adentrá-lo – sentindo, tocando, contemplando – faz acelerar mais forte o coração, com certeza.

E quiçá, de tanto sonhar e imaginar, sentimos mesmo que estamos em um sonho quando viajamos. A sensação do novo invade a alma. E o diferente somado à curiosidade, instiga a mente que clama por mudança.

Toda viagem é sonho que aquece o coração, acalenta nas noites frias, faz os dias de trabalho árduo parecerem um tanto mais leves. Sonhamos com o dia em que poderemos desligar da rotina, mesmo que por alguns dias. Estaremos então, livres para o sonho. E escolhemos viver, crescer…. viajar!

Sim, viagem é sonho.  E você, por onde anda sonhando?

*Tatiana Nicz que anda sonhando com o Nepal e a Patagonia 🙂

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Um tour gastronômico pelo mundo.

*Por Tatiana Nicz

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. João Guimarães Rosa.

Sábio Guimarães Rosa! Acredito que ele devia também incluir nessa frase: engorda e emagrece… não acham? Bom, pelo menos no meu caso sim. Certo, e você pode estar pensando: os textos deste blog não devem falar sobre viagens? Sim, então hoje gostaria de – bem humoradamente – expor um pequeno impasse pessoal que, como tudo na minha vida, está relacionado a andanças mundo a fora.

Dizem que algumas viagens fazem emagrecer. Para mim, a maioria engorda. Não adianta. Gosto demais de apreciar diferentes texturas, sabores, aromas. Foi assim quando morei em Londres. Decidi experimentar tudo o que via de diferente, e eu gostava – gosto – de tudo, ou quase tudo. Restaurantes indianos, tailandeses, um bagel fresquinho no Oi bagels, fish& chips em qualquer esquina – acredite: quanto pior o lugar, melhor o sabor -, chás aromáticos de Convent Garden, cafés de diferentes sabores do Costa Coffee, uma pint de cider em qualquer pub (meus preferidos: O´neils Chinatown ou e The Slug&Lettuce), uma boa english pie na Victoria Station, algo pelas ruas de Camden Town, e o melhor; visitar todos os “markets” tais como Portobello Market.

Depois de Londres emendei uma temporada em Israel. Lá, a culinária mescla comida mediterrânea com comida árabe. Hommus (pasta de grão de bico) de todos os tipos com pita e o famoso homus phul – pasta de grão de bico com ovo e feijão. Os mercados israelenses são parecidos com os árabes.  Ambos misturam cheiros, cores e temperos de todos os tipos. Lindo de ver, melhor ainda de experimentar. Adorava as azeitonas de vários tamanhos, muito azeite de oliva na comida – dos melhores e mais virgens. E bons vinhos para acompanhar. Destas viagens, trouxe alguns – ou muitos – quilos a mais e o retorno ao Brasil me levou a outra maratona. Desta vez, nada de viagens, muito menos de comidas diferentes, apenas consultórios médicos. Emagreci.

Alguns anos depois, voltei para a Europa para um mestrado – sonho antigo. Muita leitura, poucos exercícios e, novamente, quilos acumulados. Devo admitir que não achei a comida das melhores e para piorar, o costume por lá é almoçar um sanduíche ou sopa e deixar a refeição principal para a noite. Culpo os stroopwafels ou speculaas, com café. Delícia! Explorar os “markten” (feiras), na Holanda, era um hobby. Encontrava de tudo: frutas e verduras frescas e muitas esquisitices como peixe cru com cebola – um tipo de rollmops holandês. Uma coisa boa na Holanda são os laticínios, os pães e os “gebakjes” (folhados e salgados). Um bom vinho acompanha e os vinhos por lá, como em Londres, são bons e baratos.

Quando voltei para o Brasil, emagreci novamente. E eu, que lutei a vida inteira contra a balança, achei que tinha finalmente me livrado do mal da gula. Repito: achei. Porém, claro, mais algumas viagens marcadas e o que parecia simplesmente férias inofensivas me fez reviver o “drama” mais uma vez. Nos Estados Unidos engordei de novo. Amava visitar os supermercados e testava tudo. Rendi-me aos prazeres da Starbucks, principalmente em Seattle, onde ela é local – assim me livrava do peso na consciência de estar contribuindo para o modelo “big corporation”. Muffins, brownies, cookies, sorvete ben&jerry´s… fast food da mais pura e péssima categoria. Peanutbutter – ah, manteiga de amendoim!

Depois dos Estados Unidos, fui ao México. A comida é uma festa não só no nome, mas também no sabor. Tacos, nachos, enchilladas, tortillas, etc. Para acompanhar, margaritas de tamarindo, uma delícia!

Sim, foram todos quilos acumulados com muito prazer, literalmente degustando cada momento. Além dos quilos, acumulei também muita bagagem, e não me arrependo. Por tudo isso me identifiquei muito com Elisabeth Gilbert no livro “Comer, rezar, amar”. Quem leu sabe do que estou falando. A busca pelo prazer é fundamental e alimenta não só o corpo, mas também a alma. Agora, o árduo trabalho: mãos à obra para perder tudo novamente, pois esse ano tem mais viagens e bagagens, porém, a partir de agora, espero saber dosar gula e curiosidade gastronômica e assim, não trazer tantos quilos das minhas variadas andanças. Afinal, nunca é tarde para mudar e, como disse Guimarães Rosa, o que a vida quer da gente é coragem!

*Tatiana Nicz no momento, de dieta.

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Férias em família

           *Por Tatiana Nicz

           Diante da página em branco a minha frente penso no que gostaria de escrever. Algo inspirador, algo que me inspire. Tento trazer uma lembrança boa, alguma recordação recente. Resolvo então começar pelo essencial, pelo mais simples.

            Pego minhas ultimas recordações de viagens e penso no significado de uma palavrinha pequena, mas que significa muita coisa: família. Foi com ela que passei os últimos momentos de 2011 e a entrada de 2012. Também foi em família que desfrutei esse último final de semana, em Florianópolis.

            É certo que todos tem aquela fase na vida em que querem ficar perto dos amigos, do namorado, viajar, curtir. E nessa fase, não queremos saber de ficar com a família, queremos mais é aproveitar nossos amigos e nossas próprias conquistas. Mas com o passar dos anos vem o resgate da vontade de estar em família. Vontade de estar com aqueles que nos aceitam como somos, nos amam acima de tudo e só querem o nosso bem. Pode soar como clichê mas é pura verdade.

            Viajar em família pode ser uma aventura… é resgate, amadurecimento, entendimento. Apesar das brigas e desavenças, presentes em todas as relações muito próximas, nossa família faz de nós pessoas melhores. Viajar em família proporciona um retorno às origens, resgata a importante sensação de pertencer, fortalece a alma. Fortalece ainda mais uma aliança que é eterna. E mesmo que esse laço se dissolva no espaço físico e no tempo, mesmo que cada um siga sua vida em lugares diferentes – como é o caso da minha família – quando estamos juntos é sempre forte, grandioso. É um encontro que reafirma de onde viemos e para onde vamos e que nos dá a certeza de que estamos no caminho certo e, o mais importante, com as pessoas certas.

*Tatiana Nicz que agradece imensamente pela família que tem!

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Pro ano nascer feliz!

*Por Tatiana Nicz

É tempo de resoluções

A chegada de mais um ano traz um despertar

Desperta o coração para o novo

 

Dedico este texto a todos os desassossegados do mundo

Aqueles que buscam e não se cansam

Que amam e não se esgotam

Que acima de tudo, acreditam que todo dia é dia de recomeçar

Que aprendem com os erros

Mas continuam errando e arriscando

Pois, o medo não os paralisa

Aqueles que acreditam na força dos cavalos…pocotó, sabe?

Que nas touradas, sempre, sempre, torcem para o touro.

 

Dedico este texto aos que adoram dar risadas

Já perdoaram e foram perdoados

E aos que ainda não conseguiram

Mas que não se cansam de tentar

 

A todos que já se perderam

E demoraram pra se encontrar

Colecionaram amores mal acabados

fizeram loucuras por amor

Percorreram caminhos tortos

Deram o coração a quem não merecia

Machucaram quem não devia

Mas continuam acreditando no amor

 

Pessoas que acreditam que o que não evolui está morto

E que velhos amores devem fazer parte do passado

Desejam que tenham sabedoria para seguir adiante

Aqueles que gostariam de plantar algo de bom no coração daqueles que cruzaram seus caminhos

 

Aos crentes que acreditam no poder da fé e da mente e no livre-arbítrio

Que temos as respostas para nossos anseios dentro de nós mesmos

Que sabem que uma atitude vale mais que mil palavras

E buscam coerência entre seus valores e atitudes

E que sabem que a felicidade é muito mais parecida com a paz do que com a euforia.

 

Dedico este texto, enfim, aos insanos que lutam, correm e vivem

– ano após ano –

com fé, vontade, sonhos e coragem

E, principalmente, aos que teimam em acreditar, piamente, que tudo sempre vai dar certo.

E aos que desejam que 2012 nasça um ano feliz para todos!

*Tatiana Nicz que deseja a todos um super 2012!


Viva México!

*Por Tatiana Nicz

Recentemente estive no México participando da 8.a edição do Adventure Travel World Summit – Encontro Mundial de Turismo de Aventura. Foram momentos de muita inspiração, oportunidades para aumentar minha rede de contatos e absorver as novas tendências do turismo de aventura no mundo – uma avalanche de informações que estou até agora tentando absorver e que gostaria de compartilhar com vocês.

O evento é organizado pela Adventure Travel Trade Association (Associação de Empresas de Turismo de Aventura) e, por ser itinerante, acontece anualmente em um lugar diferente e, diga-se de passagem, lugares escolhidos a dedo com características especiais. Nesse ano o evento foi realizado em San Cristobal de las Casas, uma cidade colonial no coração do estado de Chiapas, um dos estados mais pobres do México e também um dos mais verdes.

Os povos indígenas, hoje, ocupam 10% do território mundial e vivem em 80% da biodiversidade mundial. Estão perdendo suas culturas e tradições, são marginalizados e perdem seus territórios ancestrais. Infelizmente, em Chiapas não é diferente. Chiapas tem características culturais incomparáveis, povos indígenas descendentes dos Maias, falam mais de 10 dialetos, com regiões anarquistas dentro de um país “democrático”, palco da revolução Zapatista de 1994.

Para não ficar muito técnica, eu gostaria de mudar um pouco o foco desse artigo e apenas fazer uma reflexão: o turismo de aventura é  feito em lugares como Chiapas, mas também é feito em lugares como Lucerna na Suíça, onde ocorrerá o evento no próximo ano. Mas, principalmente, é feito de pessoas. Eventos como esse nunca teriam o êxito que têm não fossem as pessoas, o turismo em si não teria o êxito que tem não fosse a interação, a troca cultural, o “networking”. E foi este o presente que eu trouxe na bagagem; muita informação, e mais que isso, a alegria de viver do mexicano – um grande aprendizado, dos estrangeiros em terra mexicana – que aprenderam a viver o momento como os mexicanos, e os sorrisos, a linguagem universal do coração, ah os sorrisos…

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*Tatiana Nicz que ainda e sempre acredita no poder dos sorrisos 🙂


Curtindo a vida ao ar livre – para sedentários!

*Por Tatiana Nicz

Não sou uma pessoa viciada em atividade física, tampouco pratico atividades ao ar livre com freqüência. Mas, ao meu modo, sou amante da vida ao ar livre e, antes de qualquer coisa, sou uma grande entusiasta!

Vivemos numa época em que tudo é catalogado. Há as tribos, os estilos e modas. Confesso que sempre tive uma invejinha dessas pessoas que sabem o que querem, levantam a bandeira e “vestem a camisa” (literalmente). Eu nunca fui assim, sempre caminhei entre estilos. Não sigo moda alguma. Vaguei por entre mundos, morei perto e morei longe, fui ativa e fui sedentária, fui vegetariana e fui “carnívora”. Posso dizer que faço o que tenho vontade, de acordo com meu momento, estado de espírito ou fase de vida.

E sendo assim, nunca fui dona de um único estilo, muito menos bem definido: montanhista, ciclista, escaladora, caminhante. Talvez um pouco de cada, em momentos diferentes. Mas apesar de tudo (e do sedentarismo), aprendi desde muito cedo a detectar o que faz meu coração bater mais forte. Vento na cara, suor, roupa suja de barro, cansaço do fim do dia, frutas secas, muita água e aquela sensação de missão cumprida. Isso tudo mexe comigo, faz um bem enorme.

Porém, na maioria das vezes em que embarquei em aventuras na natureza, por não ter preparo físico, achava que não iria conseguir. E em todas as vezes, o entusiasmo falou mais alto e não me permitiu desistir. Foi com este estado de espírito que caminhei 70 km na Chapada Diamantina, subi íngremes 1500 metros do Marumbi, desci 17 km do Caminho de Itupava, entre outras montanhas e empreitadas.

Por isso, afirmo: preparo físico é importante, mas não é tudo. O que conta mesmo é a motivação, a vontade de ir ver, arriscar, sujar as mãos, suar a camisa. Eu digo e assino embaixo: o turismo de aventura não é para tribos, não é feito para profissionais. Curtir a vida ao ar livre é uma opção democrática que serve para todos, ativos ou sedentários, profissionais ou iniciantes, e serve também para nós, a turma dos sem tribo.

*Tatiana Nicz – que vai pedalar 137 km de bike nesse feriado e espera sobreviver 🙂


Verde que te quero ver –te

*Por Tatiana Nicz

Se pudesse descrever os estados de Oregon e Washignton – ao norte da Costa-Oeste americana – em uma só palavra seria: verde. E por esse motivo incluí em meu roteiro de viagem Portland e Seattle, as capitais dos dois estados respectivamente.  A intenção era conhecer algo diferente, ir além da tão “batida” Califórnia. E assim, apesar do tempo curto, resolvi acrescentar um pouco de verde em meu caminhar.

Uma das últimas áreas americanas a ser colonizada, a região sofreu pouca alteração pelas mãos dos homens e é chamada de West Coast Greenery  -a CostaOeste verde. O conceito de sustentável aparece por lá com freqüência, seguindo a onda de São Francisco, também considerada uma cidade “eco friendly” (mesmo assim não se compara ao verde de Portland). Muitos dizem que a capital do estado de Oregon é a Curitiba americana. A diferença é que por lá as coisas são ecológicas de verdade, com princípios bem fundados na sustentabilidade e cidadãos conscientizados e comprometidos com o meio-ambiente.

Portland é cercada por florestas, parques e praças (mais de 100). Tudo o que se vê é verde. E o verde não está só nas cores das florestas; todos os prédios do governo possuem selo verde de sustentabilidade, ou seja, sistema de captação de água, placa solar, reciclagem de lixos etc. As grandes redes, como Starbucks e shoppings, existem, mas se perdem em meio a tantas boutiques de rua, cafezinhos, mercados com variadas opções de alimentos orgânicos e produtos naturais. Enfim, a cidade é literalmente verde. Impressionante e encantadora.

Pontos fortes: vale a pena pegar o trem Coast Starlight (que percorre toda a costaoeste) de São Francisco até Portland. São 19 horas que, apesar de longas, se perdem no aconchego do trem e principalmente, no visual de tirar o fôlego. O tour por uma parte do Columbia River Gorge; dirigimos por uma estrada cênica deslumbrante com mais de 70 cachoeiras distribuídas ao longo do caminho. Multnomah Falls, com quase 200 metrosde altura, é a mais impressionante de todas. E para fechar o tour: degustação de vinhos. Unforgetable!

Mais pontos fortes? Comer pelos diversos Food Carts espalhados pela cidade (as famosas barraquinhas de comida de Portland). Powells City of Books – uma das maiores livrarias do mundo -; vale no mínimo uma hora para explorá-la. O delicioso café da famosa Stumptown Coffee. Voodoo Donuts; donuts em vários formatos diferentes com nomes extravagantes, o mais famoso é o de vudu com geléia de morango no “coração”. E, claro, não poderia deixar de mencionar a Evergreen Escapes que me proporcionou tours tão maravilhosos. Um agradecimento especial ao Dan Moore, grande amigo e um dos proprietários da empresa. E foram tantas linhas para Portland que Seattle acabou ficou para o próximo post 🙂

 links interessantes:

Food Carts Portland

Powell´s City of Books

Stumptown Coffee 

Voodoo Doughnut

Evergreen Escapes 

*Por Tatiana Nicz que continua encantada com a quantidade de verde de Portland.


Encontros “a jato”

Por Tatiana Nicz*

Dia de post novo no ar! Pensando e repensando em um tema interessante para escrever resolvi falar um pouco dos encontros que a vida proporciona, ou melhor, a tecnologia proporciona.

Lendo uma revista no avião me deparei com uma história bacana de uma moça que teve síndrome do pânico e curou-se praticando yoga. Mas o que mais me chamou atenção foi que ao relatar a experiência em seu blog ela recebeu um comentário de uma pessoa que morava em outra cidade. Os dois começaram a se falar pela internet e se encontraram. Resumindo: hoje estão casados e felizes.

A matéria seguinte dizia que no primeiro bimestre de 2011, pela primeira vez na história do país, o número de passageiros em aeroportos bateu o de passageiros em rodoviárias. Os números impressionam.

Se antigamente existiam cartas escritas à mão que demoravam a ser entregues e viagens longas e cansativas, hoje, na versão moderna, temos e-mail, facebook, msn e encontros a jato, literalmente. Fato: o avanço da tecnologia revolucionou a maneira de nos relacionarmos. Mas e se não existissem aviões? Já imaginou ficar à mercê da internet, parado no tempo e espaço, sonhando com um encontro que talvez nunca fosse acontecer?

Pois se a internet aproxima as pessoas e propicia muitas histórias como aquela citada no início deste post, para concretizá-las é preciso vencer barreiras de tempo e espaço. Para isso, nada mais apropriado que aeronaves modernas que voam alto e carregam nossos sonhos com elas. E para embarcar em sonhos, temos os aeroportos, palco de encontros emocionados, lágrimas, abraços e sorrisos. Em meio ao corre-corre, vale à pena parar um momento e observar. Encontros e reencontros; coisa gostosa de viver e bonita de olhar!

*Tatiana Nicz que ainda se emociona em aeroportos!


Os prazeres e desprazeres de um agente de viagens

Por Tatiana Nicz*

Trabalhar com paixão, com o que gostamos, é um grande trunfo. Infelizmente, hoje, muitas pessoas não fazem o que gostam. Para mim, isso sempre soou como coisa de louco já que trabalhamos em média, oito horas por dia, cinco vezes por semana, 20 dias por mês e 240 dias por ano, ufa! Sendo assim, deveríamos escolher com cuidado nossa profissão e buscar um trabalho gratificante, algo que nos empolgue e alimente.

No meu caso, não me atrevo a dizer que estou feliz com meu trabalho 24 horas do dia – tenho consciência de que todos os ofícios têm seus prós e contras. Mas posso, com certeza, afirmar que escolhi fazer algo que me instiga, engrandece e, mais importante, faz outras pessoas felizes.

Os prazeres?

Trabalhar com o lazer das pessoas. Ajudar a planejar e realizar sonhos. Programar atividades e viagens para toda a família, amigos ou para quem quer simplesmente dar um tempo na rotina e ficar consigo mesmo. É gratificante ver alguém voltar feliz de uma viagem ou atividade. É empolgante mostrar meu país, contar curiosidades e detalhes, ajudar as pessoas a brincar com esse tempo tão precioso e necessário – o momento de lazer. Trabalhar com aqueles que se propõem acima de tudo, a ir, ver com os próprios olhos e tirar suas conclusões de cada lugar que escolhem conhecer.

Desprazeres?

Como viajar faz parte da minha profissão, conheço muitos lugares e por isso, muitas pessoas acreditam que trabalhar com turismo é maravilhoso o tempo todo. Pois posso afirmar que muitos dos lugares que conheci foram por opção pessoal e não a trabalho. E a verdade é que um agente de viagens passa boa parte daqueles longos 240 dias em frente a um computador, dentro de um escritório, olhando, pensando, planejando viagens alheias. E esse é o grande paradoxo da profissão. Escrevo aqui, acerca de momentos felizes; viagens planejadas, tempos de ócio e atividades bacanas, mas vivo também, o mesmo “drama” – rotina – da maioria dos leitores.

O importante então é realmente fazermos o que gostamos e mais ainda, planejarmos momentos de lazer com muito carinho. Não deixarmos nunca de ir, não importa o destino, perto ou distante.  Viagens sempre engrandecem, não só aqueles que trabalham com turismo, mas principalmente, os que vão. Tenho prazer em ver os outros planejarem suas viagens e faço como se fosse a minha própria. Pesquiso, sano dúvidas e auxilio sempre com alegria. Sei que se trata de um momento especial, uma decisão importante. É gratificante trabalhar com aqueles que escolhem ir!

Fica aqui a dica: procure um agente de viagens que exerça sua profissão com gratidão, que aprenda seus gostos, saiba o que você quer, tenha paciência para sanar suas dúvidas e te instigue a conhecer o lugar com o seu coração, a sua maneira. E boa viagem!

*Por Tatiana Nicz, que ainda quer ver muita gente indo com a Gondwana Brasil!


Por que viajamos?

Por Tatiana Nicz*

Outro dia, lendo um artigo interessantíssimo, deparei–me com a pergunta: afinal, por que viajamos? Depois, passei um bom tempo refletindo sobre o tema e me deparei com uma ótima frase de Aldous Huxley, algo como: “viajar é descobrir que todo mundo está errado sobre outros países”. Não pude deixar de pensar no itinerário que agora estudo para logo mais viajar de férias: a costa oeste norte-americana.

Explico melhor a escolha da viagem: há algum tempo decidi que ao viajar para o exterior, gostaria de explorar melhor os países com realidades parecidas com a do Brasil. Algo me instiga na bagunça do dia a dia que encontro em países que compartilham da mesma complexidade brasileira de viver “em desenvolvimento”. O caos me faz sentir viva enquanto viajo. Além disso, tais países possuem uma beleza natural de tirar o fôlego e riqueza cultural incomparável.

Quando meu irmão se mudou para os Estados Unidos, eu sabia que não teria escolha: um dia teria de visitá-lo e conhecer melhor sua rotina por lá. Por alguns anos consegui procrastinar esse momento, tentando me manter firme ao propósito acima citado. A decisão do destino norte-americano veio enquanto pensava no porquê de viajar.

Afinal, por que eu viajo? Antes de qualquer coisa, viajo para abrir a mente, para brincar com o tic-tac do relógio e quebrar as barreiras de tempo e espaço. Viajo para aprimorar o autoconhecimento, reinventar-me, pisar em terras novas e me inspirar em estilos de vida e culturas. Conhecer, sentir, viver, explorar, respirar novos ares, enfim, milhões de motivos. Mas o principal motivo, certamente, é a possibilidade de quebrar todo e qualquer “pré-conceito” que eu possa ter sobre o destino escolhido.

Com tudo isso em mente, tomei minha decisão. Afinal, não importa para onde vamos, o importante é ir e ver. Conferir. Viajar para quebrar todo e qualquer rótulo e julgamento que temos sobre os lugares visitados. Assim, resolvi quebrar a resistência a países desenvolvidos.  Bolei um itinerário inovador e aprendi que fazer uma viagem diferente a um destino convencional pode ser enriquecedor. Descobrir cada pedaço que nos interessa em um destino pode ser gratificante. E podemos sim, encontrar a natureza em todos os pedacinhos desse planeta e fazer uma viagem “verde” para qualquer destino do mundo, para tanto, basta abrir mente e a alma.

Farei o que Huxley já sabia há muitas décadas, vou descobrir outro país nos Estados Unidos. Algo diferente do que me contaram e do que vejo na televisão e em filmes. Percorrerei a costa oeste à minha maneira. Vou sentir cheiros e sabores a meu modo. Creio que afinal, viajamos para descobrir quem somos nos lugares que visitamos e esta percepção se mistura com toda nossa bagagem individual. Este é o grande poder transformador da viagem. Sentimentos e aprendizados não são transmitidos por downloads, histórias ou recordações. São pessoais e intransferíveis. E ironicamente, esta é também a primeira coisa que escutamos quando reservamos a passagem que nos leva até lá.

*Por Tatiana Nicz que vai ao ritmo de: “California dreamin´”…


Por quem os sinos dobram?

Por Tatiana Nicz*

Quatrocentos anos atrás, um conhecido rapaz inglês, John Donne, ditou seu parecer sobre estar sozinho: ele acreditava que nunca estávamos sós. Obviamente, da maneira como ele falou soou muito mais extravagante: “Toda humanidade tem um único autor e é um só   volume… Nenhum homem é uma ilha, completo em si mesmo…”. Donne foi um dos maiores poetas ingleses, seu texto “meditações” foi eternizado na obra de Hemingway de mesmo título desse artigo. A força dramática das suas palavras é quase um soco na existência humana, para muitos pode parecer um pouco melancólico, porém   acredito que era um visionário quando se tratava do futuro da   humanidade: de fato não somos uma ilha, porém muitas vezes nos comportamos como tal.

Há alguns anos, enquanto aguardava meu vôo vagando por um aeroporto qualquer, li um artigo interessante, que muito me marcou. Começava assim: “Hoje, mais de 25 milhões de pessoas perambulam de um lado para o outro do planeta”. Bem, eu pensei a mesma coisa que você caro leitor, logo citariam os mágicos números do turismo e os milagres econômicos dessa atividade, mas não, mero engano. O fato é que essas tantas milhões de pessoas perambulam em busca de refúgio em outros países em conseqüência de guerras, conflitos internos, perseguições políticas e fome, entre outros flagelos. E, com o recente fato ocorrido no Rio de Janeiro, que muito me lembrou uma guerra civil, além de todas as guerras que escutamos falar quando ligamos o noticiário, quase sempre divulgadas por uma mídia sensacionalista que se utiliza da dor e sofrimento alheio para sua auto-promoção, foi inevitável não parar e refletir, e recordar o tal artigo que li havia tempo.

A dura realidade das estatísticas mostra que, cada vez que se instala um conflito armado, mesmo que local, o resultado é devastador; as consequencias são globais e o turismo sofre impacto imediato. As pessoas deixam de visitar lugares onde ocorrem conflitos, os refugiados acabam marginalizados e excluídos da sociedade e o turismo se torna uma atividade “ex-clusiva”, pois muitos destinos são descartados e pessoas são privadas de vivenciar a rica troca cultural proporcionada por aqueles que vêm e vão. E são justamente estas pessoas e lugares que mais necessitam de um milagre, como a “milagrosa” receita que o turismo movimenta e que tanto impulsiona melhorias econômicas e sociais em nível global.

Essas 25 milhões de pessoas que andam por ai e sonham em criar raízes em lugares mais “pacíficos”, me fazem lembrar das sábias palavras de John Donne. Afinal, se somos parte de um todo e nenhum homem é uma Ilha, por que a humanidade insiste em isolar lugares e pessoas de maneira tão cruel? Lembrei de Cuba e seu impasse com os Estados Unidos. Pensei nos países esquecidos da África que pouco ouvimos falar: Ruanda, Somália, Libéria, Sudão; ou ainda Paquistão, Coréias, Palestina entre tantos mais.

Concluo que Guerra e Paz são temas dos quais ninguém pode se dizer alheio, seja onde for. E independente do que a grande mídia destaque, sempre que qualquer um estiver declarando guerra, devemos sim nos preocupar, nos posicionar e nos fazer ouvir.

Por fim me pergunto: por quem os sinos dobram?

Acho que a resposta é mais ou menos o que nosso visionário e melancólico John Donne elucidou: “a morte de qualquer ser humano me diminui, porque eu faço parte da humanidade, sempre que morre alguém, morre parte da humanidade, morre um pouco de todo mundo. Então, não me pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por nós”. Dobram por mim e por você, e por todos os refugiados que perambulam pelo mundo sem ter a chance de escolher seus destinos e viagens, privados de ir e vir por puro e bel prazer.

*Por Tatiana Nicz que sonha que um dia os sinos por fim, cessem; e as ilhas transformem-se em grandes continentes.

Fonte: dados retirados da Revista Caros Amigos, Set/2008 em artigo escrito pelo historiador Newton Duarte Molon.


Você é o que você viaja

Por Tatiana Nicz*

Para a ciência há três tipos de memória: a ultra-rápida, que dura mais que alguns segundos, a de curto prazo, que nos proporciona o sentido do presente e a de longo prazo, que estabelece engramas – traços duradouros. Segundo os cientistas, se não houvesse esta forma de armazenamento mental de representações do passado, não teríamos uma solução para tirar proveito da experiência.

É por meio das memórias que vivenciamos, experimentamos e aprendemos. Elas formam a base do enorme quebra-cabeças que é nossa trajetória pessoal. Tudo que vivenciamos ao longo de nossa existência nos faz aprender, crescer, mudar, evoluir. Enfim, é nossa bagagem de vida que define quem somos.

Crescemos escutando frases do tipo: “diga-me com quem andas e te direi quem és” ou “você é o que come ou o que veste”. Eu completaria dizendo: você é aquilo que você lembra, suas memórias, os engramas estabelecidos. E iria mais longe: você é aquilo que você viaja. Os lugares por onde passou, culturas que conheceu, comidas que experimentou, imãs de geladeira, cartões-postais, ruas e ruelas, museus, estradas, aeroportos, fotos, histórias – tudo que trouxe em sua bagagem.

Hoje, revirando caixas e fotos antigas na casa de meus avós, parei longamente nas fotos de viagens de meus avós e meu tio. Antigos passaportes e carimbos de todos os lugares em que estiveram. Não contive as lágrimas e me pus a refletir: nós somos mesmo o que viajamos!

Do meu tio e padrinho, sei muito pouco. Quando faleceu, eu tinha apenas cinco anos. Sei que ele era especial, querido por todos e que se foi muito jovem. Mas o que eu mais conheço dele vem dos lugares por onde andou. Entre tantas praias, gostava de ir para Ilha do Mel e Farol de Santa Marta. Fez uma desbravadora viagem pela Europa e Ásia. Passou meses na Índia e caminhou pelo Nepal.  Tinha uma mania curiosa: mandava postais para ele mesmo para, acredito, ter o prazer de viver a viagem de novo quando retornasse.

Minha avó, recentemente falecida, era uma pessoa muito lúcida, lembrava bem os fatos de sua vida e contava com alegria detalhes de cada viagem que fez. Países da Europa que visitou, as diversas vezes que esteve na Argentina, a subida – de burrinho – da ladeira em Santorini. Apaixonada por viagens, ela tinha uma coleção de imãs de geladeira. Todos da família contribuíam com a coleção, trazendo imãs de suas viagens. Virou tradição na família. Família, aliás, formada por amantes desse ato tão enriquecedor que é viajar. Somos bons e velhos viajantes do mundo.

E até hoje, quando visito meu avô, uma de minhas diversões preferidas é resguardar uns minutos para olhar os imãs e imaginar todos aqueles mundos tão distantes e diferentes. A antiga geladeira branca abriga imãs do mundo todo; lugares exóticos, comuns e inusitados. Imãs de todas as cores, tamanhos, formatos e sabores trazem um pouco da história de cada lugar. São tantos que mal cabem na velha geladeira. Volta e meia minha avó os remanejava, colocava novos, guardava antigos, depois voltava a colocá-los numa dança contínua e infinita de mundos distantes. Era sua diversão trocá-los de lugar, descobrir a harmonia perfeita entre eles. A minha, até hoje, admirá-los.

Viagens fazem parte das poucas memórias que conseguimos carregar conosco para sempre. Vencem a barreira do tempo, da lucidez e da idade. Vencem também as barreiras da vida, pois são memórias que nos fazem ser lembrados pelos que ficam e pelos que ainda estão por vir. São os links mais fortes com nosso passado e o que nos mantém vivos mesmo quando partimos para nossa mais longa e misteriosa viagem. As viagens são os nossos mais valiosos trunfos de momentos bem vividos. As melhores fotos que tiramos de nossa vida, aquelas que guardamos eternamente e que constituem nosso mais valioso presente para o mundo: a nossa memória.

*Tatiana Nicz que sonha em um dia seguir as memórias do seu padrinho pela Asia.

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Negócios com muita inspiração!

Por Tatiana Nicz*

O mês de setembro é agitado no escritório da Gondwana. Todo ano, nessa época, participamos  do encontro de negócios Abeta Summit. A correria se dá em parte na organização pré-evento,  em parte porque antes do evento, participamos pelo segundo ano consecutivo da operação e organização do FAM TOUR (viagem de familiarização) – oferecido para operadores internacionais por diversas operadoras de receptivo internacional em todas as regiões do país. Mas não estou aqui para escrever sobre a importância deste encontro  para a Gondwana enquanto operadora. O que pretendo é contar um pouco mais sobre a importância e a influência de tal encontro – tanto no âmbito pessoal como no profissional.

O Abeta Summit é um evento idealizado e organizado pela Abeta – Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura que mobiliza o trade com o objetivo de proporcionar, além de oportunidades de negócios,  aprendizado em novas tendências do mercado e trocas de experiência.

E é sobre essas trocas que quero falar um pouquinho mais. Além dos palestrantes que trazem insights e contam suas experiências, aprendemos também com o trabalho de cada participante e associado Abeta. Acho que, principalmente, aprendemos a enxergar macro enquanto agimos local.  Sentimos que fazemos parte de uma rede de pessoas – seres humanos – que optaram por trilhar um caminho diferente. Não nos contentamos com pouco.  Transformamos em trabalho, um estilo de vida. Amamos o que fazemos. Somos aqueles que respiram natureza e prezam pelo respeito e ética para com as comunidades envolvidas.

Estamos preocupados em fazer a diferença.  Acreditamos  que fazer turismo é mais do que viajar e conhecer lugares diferentes. Fazer turismo é aprender, mudar, trocar, evoluir.

Quando estamos em nossos escritórios – no corre-corre do dia-a-dia – em muitos momentos nos sentimos sozinhos. Mas reunidos em eventos como este percebemos que somos parte de uma grande rede de apaixonados pelo que fazem. E isso é muito inspirador! Eventos assim  recarregam nossa energia. Além de aprender e reciclar descobrimos que não estamos sozinhos e que, apesar de ter muita coisa ruim acontecendo no mundo, tem também muita coisa boa.  Tem muita gente boa que luta e acredita em um futuro melhor.

É isso.  Agora,  de volta ao escritório,  diante do computador e com a caixa de e-mails lotada, nos sentimos  reenergizadas. Sabemos que apesar de tudo, não estamos sozinhos, nem eu e nem você que também acredita que o mundo tem jeito. Deixo uma frase de uma das palestrantes, Tania Zapata, grande guerreira da rede do bem, que do alto de seus 75 anos não desiste de lutar.

“Quanto menos você leva, mais o espera!”

*Tatiana Nicz que ainda tem fé no turismo e nas pessoas!

Saiba mais como foi o evento: http://www.abetasummit.com.br/


Brasil: um gigante adormecido

Por Tatiana Nicz*

Recentemente estive de férias pela América do Sul, para mim, uma experiência inédita. Sempre tive muita curiosidade por conhecer outros países em nosso continente, mas faltavam oportunidades.

Eu já viajei para lugares distantes, mas conhecia muito pouco o nosso continente. Dessa vez, motivada pelo tipo de viagem e também pela curiosidade de conhecer o atrativo que é a grande alavanca para o turismo receptivo na América do Sul, finalmente consegui tempo e recursos necessários para realizar esse sonho e conhecer a famosa cidadela de Machu Picchu no Peru. Aproveitei para emendar também alguns lugares da Bolívia, Chile e Argentina e durante 25 dias percorri por terra um trajeto de mais de três mil quilômetros sem contar vôos, barcos e afins.

Nessa viagem conheci pessoas de diversas nacionalidades com destinos, trajetos, idades e motivações distintas, todas com o intuito de conhecer Machu Picchu e aproveitar a viagem (literalmente) para conhecer outros lugares na America do Sul. E é impressionante como essas pessoas viajam: algumas vão do Caribe a Patagônia, outras incluem o México, algumas viajam o mundo todo e outras, como eu, fazem viagens mais “curtas”, de um mês.

Por muito tempo distante e esquecida, em meio a conflitos governamentais, ditaduras militares, etc. Não me impressiona que a America do Sul tenha entrado para a lista dos continentes mais visitados e procurados pelos amantes das viagens.

Hoje, é um dos destinos mais procurados no mundo e relativamente barato, onde quase todos os países falam um só idioma, o castellano; que por sua vez é familiar a muita gente. Trata-se de um continente com poucos conflitos governamentais, pouca incidência de catástrofes climáticas, culturas diversas, paisagens de tirar o fôlego, entre tantas outras qualidades.

E é por essas e muitas outras que a America do Sul vem ganhando espaço e atraindo o interesse de milhares de amantes das viagens que não são apenas turistas, mas pessoas que viajam para conhecer, vivenciar, crescer e mudar. E as estatísticas não me deixam mentir, segundo a Organização Mundial do Turismo 2009 não foi um bom ano para a atividade em geral, porém as Américas foram os únicos continentes que mantiveram taxas de crescimento considerável no turismo receptivo. Você, leitor, deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o título deste post?

Explico: o que mais me impressionou não foi o fato da America do Sul ter conquistado esse posto – diga-se de passagem, merecidamente – o fato é que dentre tantas pessoas que conheci, menos da metade incluiu em seus planos conhecer o Brasil. Isso me intrigou muito.  Até consigo entender um pouco porque isso acontece: a imagem do Brasil no exterior ainda é muito associada a praias, mulatas e futebol.  Para mudar tal imagem o Ministério do Turismo junto a Embratur têm realizado  árduos trabalhos de comercialização e marketing em feiras e eventos especializados e nós que trabalhamos com isso e acompanhamos essa luta sabemos que não é uma tarefa fácil.

Tudo isso me fez refletir sobre minhas escolhas de viagens e de quanto eu conheço o Brasil. Sim porque não adianta criticar os outros sem antes olhar para dentro. Me fez pensar como o Brasil, o quinto maior país do mundo ainda perde espaço para países como Peru e o vizinho “hermano” Argentina. O Brasil é um gigante que dorme, e nem mesmos os brasileiros conhecem seu próprio país, eu mesma conheço pouco do Brasil, gostaria de conhecer muito mais.

É difícil conhecer o Brasil, mas necessário. Temos que conhecer nossa casa para poder comparar, indicar, criticar, mudar e melhorar. E mal sabem esses turistas o tanto que perdem em não conhecer o Brasil. Há, aqui, uma beleza incomparável, paisagens para todos os gostos e um carisma que é só nosso.

Portanto, fica a dica: dedique um tempinho de suas férias para conhecer um lugar novo, aqui mesmo em nosso país.  Não precisa ir muito longe, pode ser perto da sua casa, essa é uma vantagem que possuímos sem igual, cada pedacinho do Brasil guarda lugares de paisagens inigualáveis, culturas diversas, pessoas sorridentes e carismáticas. Comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade, mas faça e não pare nunca.  Viajar renova a alma e alimenta o coração!

*Por Tatiana Nicz que sonha em conhecer a Amazônia.


Falando em Holanda…

Por Tatiana Nicz*

Que na Holanda todos usam a bicicleta como principal meio de transporte, não é novidade. Que existem mais bicicletas que habitantes, provavelmente também não. Na verdade, em várias cidades da Europa a bicicleta é um meio de transporte comum. Ela é barata, simples e eficiente, traduz bastante o estilo de vida da classe média européia. Lembre-se, estamos falando da Europa e não dos Estados Unidos. Portanto, falemos sim de estilo prático e econômico, talvez não tão barato, mas na Europa as pessoas em geral vivem com menos, não têm o carro do ano e não colecionam sapatos, pois tudo custa e não é barato.

Mas voltando às bicicletas e, claro, à Holanda. Quando vim morar aqui eu já sabia de tudo o que a maioria das pessoas sabe: bicicletas, tulipas, moinhos e sapatos de madeira. Mas nunca tinha experenciado tudo isso no meu dia-a-dia. Como vim para estudar, vivia como estudante, portanto a vida é econômica e o principal transporte é a bicicleta.

No início eu pensava, mas como fazer tudo de bicicleta? Uma coisa era o que estava acostumada no Brasil: capacete, roupa esporte e pedalada como maneira de me exercitar. Outra coisa seria: fazer compras no supermercado, cinema, baladas, eventos sociais, sair todos os dias de manhã cedo para as aulas, enfrentar dias frios (que não foram poucos), chuvas (também não o foram) e tudo isso… pedalando?

Bom, não preciso dizer que foi toda uma readaptação. Acho que não somente física, mas uma questão de quebrar preconceitos, aqueles que trazemos em nossa bagagem cultural sem nem perceber. Mas, como nos acostumamos rapidamente com tudo, passei também a apreciar as maravilhas de pedalar e, mais que isso, de ter condições favoráveis para isso. Aqui são aplicadas às bicicletas as mesmas regras que para veículos automotores: semáforos especiais, pistas, obrigatoriedade de utilização de faróis na frente e traseiro, buzina e muitos estacionamentos. E o tratamento é também igualitário, todos respeitam e todos utilizam. E assim, comecei a apreciar as maravilhas desse meio de transporte, uma simples engenhoca e voilà! Praticidade que faz bem para o corpo, mente e, claro, bolso. E de quebra, colabora com o meio ambiente.

Eu sei que a realidade brasileira é outra, não pretendo conduzir nosso leitor a um pensamento crítico de como é difícil aplicar essas mesmas regras no Brasil. Também sei que existem pessoas se organizando para implementar algumas  mudanças de atitudes e respeitar melhor nossos ciclistas por aí.

A minha intenção é apenas reportar um pouco dessa experiência maravilhosa que é pedalar no mundo, aprender a olhar a vida de outro prisma. Pois tudo o que se vê por aqui são bicicletas, de todas as cores, tipos, idades e tamanhos. Algumas super exóticas, bicicletas especiais para mulheres e suas saias, para fazer mudança, para carregar crianças, compras, etc. Aqui, todo mundo pedala, crianças pequenas, adultos e pessoas da melhor idade, mulheres elegantíssimas em seu salto alto, pessoas ricas e mais simples, todos são iguais quando estão em sua bicicleta.

Portanto, caro leitor, se o que temos no Brasil é uma pedalada diferente ou “arriscada” de certa maneira, não importa: coloque equipamentos de segurança, escolha um lugar seguro, vista sua roupa esporte, alongue seu corpo, vá em grupo ou sozinho e saia por aí a olhar o mundo pedalando. E se o inverno é uma desculpa para te deixar fora dessa, talvez isso te sirva como incentivo: o inverno Europeu com certeza é mais frio, cinza e sem graça que o nosso e nem por isso as pessoas deixam de fazer suas atividades rotineiras, elas continuam vivendo. Pois continue você também, utilize esse fator como um ponto a seu favor. Escolha um dia ensolarado e pense no retorno à casa, que além do descanso, te permita saborear uma sopa quentinha ou um bom vinho. E mais, saiba que pedalar esquenta. Não só o corpo, mas também o coração!

*Tatiana Nicz que morre de vergonha pois desde que voltou da Holanda não encostou em sua bicicleta.