Precisamos de Engenheiros

Assistindo ao Jornal Nacional desta ultima 2ª feira, dia 7 de fevereiro, ouvi o William Bonner chamando o assunto que viria depois dos comerciais: ”Por que nosso crescimento acelerado gerou tantas vagas de trabalho, mas não conseguimos preenchê-las?”. A resposta veio objetiva logo no início do próximo segmento e em tom dramático: “ Porque falta mão de obra qualificada, principalmente na área de Exatas-tecnologia-engenharia!!!”

Na noite seguinte, desta vez durante o Jornal da Globo, os âncoras chamaram a 2ª reportagem da série “Emprego”. A matéria começa lançando várias perguntas: “Quais as profissões mais procuradas pelos empregadores? Quais as que recebem os melhores salários? De que profissionais o Brasil mais precisa?”. Alguns dos fatos interessantes apresentados foram:

  • O brasil precisa de setenta mil engenheiros por ano, mas só forma trinta mil.
  • A velha lei da oferta e demanda está turbinando os salários: das 10 profissões com maior aumento salarial de 2009 para 2010, 8 são especialidades de engenharia!!!!!
  • Especialistas estimam que este gap deve dobrar nos próximos dois anos!!
  • Quais as carreiras elencadas como as mais necessárias para o país? O resultado da pesquisa citava: Engenheiro Agrônomo, Engenheiro Civil, Engenheiro Naval, Engenheiro de Petróleo, Engenheiro de Minas, Engenheiro de Software, Analista de Sistemas, profissionais de turismo, logística e contabilidade.

Entrevistado pelo jornal, o Diretor de RH da subsidiaria brasileira da Accenture, gigante mundial de integração de sistemas/TI, afirmou que o quadro atual é inédito, sem precedentes, e que só deve piorar dada a expectativa de crescimento da economia brasileira nos próximos anos.

Me formei Engenheiro Químico em 1988. Durante minha graduação na PUC-Rio e pós na COPPE-UFRJ, assisti triste e preocupado à fuga de cabeças brilhantes para outras carreiras, principalmente para o mercado financeiro (é…não existia ainda este tal de Private Equity…). Agora falamos em apagão de infraestrutura. O Brasil precisa de ENGENHEIROS para construí-la!

Se você gosta de engenharia/tecnologia, esta é a sua hora!!!!

Nota: para quem quiser assistir à matéria do Jornal da Globo na sua íntegra, acredito ser possível entrar no website da Globo e buscar edições passadas de seus telejornais. Recomendo fortemente! Muitos outros fatos foram mencionados, mas como péssimo taquígrafo, apesar de sair anotando que nem louco nas costas de uma Vogue – o que não me rendeu muitos pontos com a esposa(J) – não consegui pegar tudo…

Caique

11 Respostas para “Precisamos de Engenheiros

  1. Olá lendo este artigo me recordo de ter assis tido no dia 14/02 Segunda-feira, também no jornal nacional que o páis necessita de trabalhos técnicos e operários e de muitos engenheiros, principalmente no sul do país, e é pra lá que eu vou tentar ir e cursar engenharia.Valeu pois atá então eu não sabia que curso escolher, embora os meus planos vooem bem longe do país vou me formar aqui :).

  2. Olá lendo este artigo me recordo de ter assis tido no dia 14/02 Segunda-feira, também no jornal nacional que o páis necessita de trabalhos técnicos e operários e de muitos engenheiros, principalmente no sul do país, e é pra lá que eu vou tentar ir e cursar engenharia.Valeu pois atá então eu não sabia que curso escolher, embora os meus planos vooem bem longe do país vou me formar aqui :).

          

  3. Olá, boa noite!
    Sou estudante de Engenharia Química do 4 ano e posso afirmar que a falta de mão de obra irá, infelizmente, continuar no futuro. Não somente pelo fato de anualmente se formarem menos engenheiros do que o necessário, mas por fatores que vão desde questões culturais até o financeiro.
    Tenho que admitir que não acompanhei essa reportagem e que por isso não posso opinar com propriedade, mas tenho conhecimento que dentro da área de engenharia existem diversas áreas. A engenharia nao se resume apenas aos projeto de infra-estrutura, mas também desde o maquinário até o processo industrial de uma fábrica, ou em pesquisas de inovação, qualidade entre outros. E, apesar da valorização financeira desses profissionais dentro de algumas dessas subdivisões da engenharia, outras (fábrica) continuam sendo desvalorizadas e o profissional “mal” pago. Poderia ser isso uma questão cultural ?
    Coloco “mal” pago em aspas pelo fato de que, apesar do salário ser acima da média de outros profissionais, o mercado financeiro e comercial tem patamares salariais maiores do que essas áreas de engenharia e tem buscado os engenheiros para atuarem em suas respectivas empresas. A “fuga” de cérebros é em parte explicada por esse fator, de que se paga mais na área comercial, financeira do que na área de engenharia em si.
    Além disso tudo, existem outras questoes como a segurança do trabalho, oportunidades de crescimento rápido, etc que nos atraem para áreas fora da engenharia.
    Resumidamente minha opinião é que o engenheiro, apesar de estar em falta, ainda é “desvalorizado” para atuar em sua área no Brasil.

    • Lucas, esta queixa de “mal pagamento” a engenheiros é antiga. Ouço desde que me formei em 1988. Remuneração acompanha o risco da função. Uma função que tem maior risco (e, portanto, maior potencial upside) é melhor remunerada. Se você é um mergulhador de águas rasas para um pesqueiro receberá certamente remuneração menor que um mergulhador de águas profundas de uma empresa de petróleo. Indústrias que tem maior risco intrínseco (como mercado de capitais), pagarão sempre melhor que outras de menor risco (indústria, por exemplo). O mesmo se aplica à posições hierárquicas em uma empresa.
      Os amigos meus que reclamavam queriam o melhor dos mundos: risco baixo e alta remuneração. Assim é fácil (:))!! Quem não quer?

      Caique

      • Caique, eu discordo quando voce diz que a remuneração acompanha o risco da função. Todos sabem que o engenheiro que trabalha em chão de fábrica tem um piso salarial muito menor do que o engenheiro que se aventura no mercado financeiro e comercial. No mercado financeiro e comercial há o risco do mercado de capitais como você mesmo citou, mas para quem já visitou uma fábrica é incontestável que o risco de trabalhar na fábrica é muito maior. Pelo menos em minha opinião. Você trabalhar em fábrica o obriga a utilizar equipamentos de segurança, pelo fato de no processo indutrial serem utilizados máquinas gigantes que podem te matar, químicos altamente tóxicos à sua saúde, barulho infernal que com o tempo te deixa surdo, entre outras coisas. Para mim o risco à minha vida é muito maior do que o risco de um mercado altamente especulativo onde tem-se a possibilidade de trabalhar dentro de um ar-condicionado.

        Lucas

  4. Olá. Sou estudante de engenharia química do décimo semestre, e por alguns aspectos concordo com o comentário do Lucas. O profissional da engenharia é bastante desvalorizado por algumas empresas, sendo que são “poucas” as que valorizam como deveria ser.
    Mas acho que esta evasão se dá mais devido a serem cursos que exigem bastante de seus alunos, e muitos vão para areas financeiras ou comercial, por sua maior simplicidade, além de como já citou o Lucas, são areas que pagam relativamente bem.

    Mas de qualquer maneira, digo que não me arrependo do curso que escolhi, pois além de uma carreira promissora financeiramente, o cinhecimento adiquirido é maravilhoso, tudo encantador!

  5. Eu sou formada em Ciencia da Computação na UFCG tida como uma das melhores universidades do país. Terminei o curso no final de 2009 e até hoje só encontrei as portas fechadas. Não consigo entender! Se há tanta falta de mão de obra na área porque eu estou ainda desempregada? Você faz milhões de entrevistas e todos exigem experiência. Ter inglês fluente até agora não adiantou de nada. É muito frustante e injusto! Já cheguei a fazer entrevistas onde o entrevistador disse o seguinte: “Terminou o curso já tem que estar preparado pra fazer tudo e rápido!”. Falta oportunidade para o primeiro emprego.

    • meninasapeca, (na falta de um nome próprio(:))
      Tem alguma coisaa de errado neste quadro….É claro que você terá maiores chances se tiver disposição de buscar centros maiores com maior concentração de grnades empresas so setor de informática. Aí no Nordeste, existe o CESAR, em Pernambuco. você já entrou em contato? outra dica é o site da Brasscom, associação brasileira das empresas de SW. As empresas membro representam cerca de 80% do PIB de SW do país! dê uma olhada e escreva de volta!

      Caique

  6. Me formei em Engenharia Química em 2008, e desde então, tenho trabalhado como supervisor de produção. Me formei em uma faculdade estadual de excelente qualidade, fiz intercambio para adquirir fluencia na lingua inglesa, se trabalhar em equipe e tenho foco em resultados……bla bla bla…..
    Desde que me formei, tenho me candidatado a pelo menos 10 vagas por mes, e na maioria delas, nem um e mail de agradeciemento pela candidatura eu recebi. Sempre ouço essa conversa que o mercado esta aquecido, mas vejo que esta aquecido para super especialistas, para quem tem 5 anos de experiencia em engenharia. Como teremos engenheiros com experiencia de não os contratarmos como engenheiro ao sairem da faculdade? Quantos engenheiro se aventuram em no chão de fábrica, em salas de aula, em escritórios de administração por não terem EXPERIENCIA na função.
    Mercado aquecido é aquele que absorve e capacita os candidatos, o resto é conversa de RH.

  7. Acredito que haja um problema estrutural. Explico. No setor privado, seja do ramo que for, o que se vê, via de regra, para aqueles que ingressam nas grandes organizações constuma ser o seguinte: “ou vc cresce, ou vc está fora”.

    Em um primeiro momento, a proposta parece tentadora. Afinal, nada melhor do que a meritocracia. Se houve investimento em estudo, preparo, capacitação e tenho vontade de crescer, não há dúvida,” é nessa que eu vou!”.

    Contudo, a proposta acima muitas das vezes esconde uma armadilha: o sujeito dedica-se de corpo e alma ao trabalho, sacrifica noites de sono, família, saúde, qualidade de vida, enfim, não mede sacrifícios para abraçar a chance e, merecidamente, cresce na organização! Muitas vezes, de forma até acelerada! Com um pouco de sorte, em 10 anos ele poderá ir de Trainee a, quem sabe, Diretor de uma grande empresa! Viva! Mas, é aí que a canoa ameaça virar… nesse momento, o profissional já estará com seus 35 – 40 anos, experiente, muito provavelmente, sem aquele pique de outrora e… pesando na folha salarial. O que vi acontecer, e não foram poucas as vezes, foi que nessa hora a empresa, visando a maximização do lucro, troca esse sujeito por uma opção mais barata e que não chegue a comprometer o desempenho da organização.

    Resultado, temos uma pessoa altamente capacitada, com seus 35-40 anos, batendo à porta do mercado em busca de uma posição. No cenário atual, ele possivelmente encontrará novas oportunidades, mas, muito provavelmente, terá de aceitar uma remuneração inferior à que percebia anteriormente e terá de se esforçar bem mais.

    Há duas décadas esse profissional teria era dificuldade em encontrar um novo posicionamento no mercado e talvez tivesse até que mudar de profissão. Muitas das vezes já com família para sustentar.

    Acredito que a falta de profissionais, notadamente engenheiros, se deva, em boa medida, pelo ciclo descrito acima. O curso de engenharia oferece uma boa formação e capacita esses profissionais a atuarem em outras áreas, como mercado financeiro, comércio e também para o setor público.

    As melhores carreiras no setor público oferecem salários invejáveis, jornadas de trabalho regulares, estabilidade, enfim, constituem-se em boa alternativa à vida (estressante) do setor privado. Os concursos são difíceis é verdade, mas advinhe quem está mais capacitado para lograr êxito nos exames? São eles mais uma vez, os engenheiros.

    Acredito que o hiato atual entre oferta e demanda por bons profissonais tenha sua origem lá atrás, quando os engenheiros anteviram o problema e partiram em busca de caminhos melhor pavimentados. Acredito ainda que a situação deva perdurar por um bom tempo. Se nada for feito, os melhores irão continuar migrando para opções mais interessantes do ponto de vista custo/benefício, enfim, que ofereçam melhor qualidade de vida.

    É a minha opinião.

  8. Venho aqui discordar desse texto. Pra mim isso tudo é papo de gestor de RH que só conhece o lado da empresa, mas não procura saber como está a situação pelo lado dos candidatos. Essa visão unilateral de como está o mercado não condiz com a realidade. Aqui vai o meu depoimento:

    Sou formado pelo CEFET no curso técnico de mecânica e curso atualmente o 3º ano de Eng. de Controle e Automação em uma federal. Tudo que eu encontro desde que terminei meu estágio do curso técnico são portas fechadas. Parece que simplesmente não sou valorizado pelas empresas, e mesmo com toda formação que tenho, sempre é insuficiente para as empresas nos processos seletivos que eu participo, tanto para estágio em engenharia e para trainee.

    As vagas de estágio que aparecem geralmente são ridículas: ou são para ralar em ‘chão de fábrica’, onde você vai trabalhar meramente como um ‘peão’ e sua formação não vai te diferenciar em nada dos seus colegas de fábrica, que mal possuem o ensino médio; ou as famosos estágios ‘Office’, onde você fica num escritório sentado na frente de um PC fazendo ctrl+c ctrl+v de documento técnico, imprimindo planta de elétrica no autocad e procurando algum datasheet quando teu chefe pede. Ambas oferecem oportunidade de crescimento profissional e acadêmico quase nulas… Tu não aprende nada que vai agregar na sua formação e suas chances de contratação sem estar formado são nulas (e mesmo estando formado, a efetivação vai te colocar numa atividade pouco diferente daquela que você desempenhava como estagiário, ou seja, seus 5 anos não vão te servir pra nada). O salário também nunca é aquela coisa que valha a pena, sempre abaixo da ‘média’ do mercado e nunca acima de, por exemplo, 1,5 salários mínimos… Não dá!

    As vagas de trainee, que às vezes aparecem, são pra desempenhar atividades em grandes empresas, e que realmente serão compatíveis com a sua formação e que vão te agregar muito, além de oferecem salários atraentes e grandes chances de se desenvolver carreira. O que acontece é que muitas das vezes são oferecidas poucas vagas pra muita gente que se candidata a elas. A concorrência é absurda, muitas vezes acima de centenas de candidatos por vaga, o que quase sempre vai fazer com que você não passe nem da segunda fase do processo seletivo, mesmo falando inglês, tendo experiência anterior e dominando informática, como eu. A falta do tal do ‘QI’ também prejudica muitos dos candidatos. Enfim, é quase impossível passar num processo desse por mérito próprio.

    Eu não reclamo, porque atualmente eu trabalho como técnico mesmo, formação que felizmente eu tenho e que dá pra ganhar um pouco mais trabalhando em uma atividade mais condizente comigo. Mas o fato de eu estar cursando engenharia não faz nenhuma diferença onde eu estou trabalhando, e vários colegas meus que não tiveram a oportunidade de se formar num curso técnico antes da engenharia estão infelizes com o curso e parados na situação que eu descrevi nos dois parágrafos acima.

    Aí eu paro e penso: realmente vale a pena gastar + de 5 anos da sua vida num curso extremamente estressante que vai acabar com sua vida social, exaurir seu toda sua capacidade mental e física para fazer as coisas, atrasar sua vida (sim, porque pra se formar em engenharia sem repetir pelo menos 3 matérias o cara tem que ser jedi) pra chegar no mercado e não ser valorizado de acordo?

    Eu olho para atrás e vejo dois colegas do tempo de CEFET que saíram da área e forma fazer economia no IBMEC… Ambos já estão formados, já iniciaram pós-graduação e um já é trader de um banco internacional, viaja pra fora com frequência e já ganha mais de 100k por ano + bônus. O outro trabalha em uma corretora de ações, tá em SP operando na bolsa (opera inclusive para mim) e já tá no caminho pra estar com o bolso cheio da grana e no topo da carreira daqui a no máximo 10 anos. Um tem 23 e o outro 24 anos, ambos trabalham DEMAIS, mas trabalham com o que gostam e com o que aprenderam na faculdade. Eu não vou abandonar a engenharia nunca, simplesmente porque eu AMO esse curso, mas será mesmo que todo engenheiro vai pensar com o coração, como eu estou fazendo, ou com o bolso, como meus dois colegas fizeram no passado? Acho que esse é o ponto da discussão…

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