sábado, 17 de novembro de 2012

17 DE NOVEMBRO - DIA MUNDIAL DA PREMATURIDADE

Acredito ser este dia muito importante para as mamães prematuras como eu, mas é também para todos os cidadãos deste nosso país que se mostra irresponsável e corrupto em inúmeros aspectos, infelizmente no segmento saúde somos campeões (na ineficiência, inoperância, negligência e etc).

A prematuridade mereceu a determinação de um dia no calendário "marcado" em todo o mundo, sinônimo de assunto de relevância a ser considerado por todos, em todos os âmbitos. Eu, sendo bastante sincera, não sou daquelas pessoas que levanta bandeiras ou defende causas através dos canais que uso para me comunicar na web, mas a prematuridade é um assunto presente em minha vida e apesar de atingir (em termos) uma parcela pequena de crianças no Brasil é sim um assunto preocupante.

A Helena é um caso raro de prematuro extremo gemelar (ainda mais grave) de extremo baixo peso (600gr) que desenvolveu patologias, infecções e tem sequelas referentes ao estágio de vida no qual deveria ainda estar no útero materno. Mesmo assim é considerada pelos especialistas que a acompanham com um ótimo desenvolvimento e por isso agradeço a Deus todos os dias! Mas a Helena provavelmente sobreviveu porque Deus quis e porque depois que perdemos o Jorge nos tornamos os famosos pais "chatos" da UTI. Ficávamos depois do horário, chegávamos mais cedo, pedíamos relatórios diários, visitávamos frequentemente os coordenadores da UTI e do hospital e também a ouvidoria e além de tudo solicitamos um médico externo para acompanhar a Helena e ler os relatórios aos quais não tínhamos acesso...se esta postura foi a melhor, não sei, mas foi a única que conseguimos adotar depois de assistirmos a horrores dentro da UTI.

Situações que acreditávamos só existir em filmes foram presenciadas por nós, do tipo:
- médica grávida de 8 meses (34 semanas) fazendo um plantão de 36 horas sem descanso e cuidando ao mesmo tempo de 12 crianças em estado crítico (duas delas meus filhos);
- período de férias escolares (julho) quando Helena e Jorge nasceram e substituição de médicos por quaisquer outros especialistas. Vimos um bebê de 26 semanas e 800 gr morrer de hemorragia severa enquanto um cardiologista pediátrico especialista em ecocardiogramas era o responsável pela ala crítica da UTI. Ele teve que acionar o coordenador porque não sabia o que fazer...quando o coordenador chegou o bebê já havia falecido, claro;
- meu filho (Jorge) esperar 24 horas por uma punção pulmonar, que o levou ao "choque" e à morte, depois de receber via acesso intravenoso 60 ml de alimentação parenteral nos pulmões - o acesso perfurou o pulmão e simplesmente a alimentação que deveria nutri-lo o matou afogado...

Ai, ai não vou me estender mais apesar desta data merecer, este post é para comemorar e também lamentar pelo tipo de tratamento que os prematuros recebem no Brasil...

Mas enfim viva a Helena, guerreira que sobreviveu a todas as adversidades e vem enchendo nossas vidas de alegria!!!! TE AMAMOS E VALORIZAMOS CADA SORRISO, CADA PALAVRA, CADA PASSO...


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