quinta-feira, 18 de abril de 2013

Recompensas - Puzzle da Motivação


Antoine de Saint-Exupéry, autor do imortal O Principezinho, assegura numa das suas frases célebres que, se quisermos construir um barco, não devemos começar por cortar a madeira e distribuir o trabalho, devemos primeiro ser capazes de evocar nos homens o sonho do mar livre e aberto. Na verdade, o gestores/ profissionais de Recursos Humanos (RH) terão de pensar como um grande líder: a capacidade de se atingir os objetivos depende da forma que se escolhe para ver o mundo.  A visão destes profissionais tem que ser inspiradora. Todos os colaboradores querem fazer parte de algo maior. As pessoas não desejam ir para o emprego apenas para executar uma tarefa. A criação e a manutenção de uma relação de trabalho por um período alargado pressupõe a existência de um mínimo de convergência entre o que são os interesses da empresa e os do colaborador, em relação ao seu conteúdo.
Portanto, é ao conjunto de contrapartidas, materiais e imateriais que se chama, genericamente, sistema de recompensas. E chamam-se sistemas, porque eles devem encadear-se uns nos outros de forma coerente, reforçando-se mutuamente, e devem obviamente estar alinhados com os objetivos de negócio da empresa. Os termos “recompensas” e “compensação” são normalmente utilizados de forma semelhante, mas a maioria dos autores reconhecidos pelo trabalho desenvolvido na área defendem que existem diferenças, isto é, podemos considerar que as recompensas são de dois tipos: extrínsecas (monetárias) e intrínsecas (não-monetárias). Assim, apenas as monetárias devem ser denominadas de “compensação”. As recompensas não-monetárias incluem aspetos como trabalho desafiante, reconhecimento social, prestígio da função ou ações empresariais de responsabilidade social não abarcadas nas categorias de benefícios (i.e., não são facilmente avaliados em termos monetários). As recompensas monetárias (i.e., compensação) incluem as recompensas de natureza extrínseca relacionadas com o trabalho, englobando o salário e todos os bens suscetíveis de avaliação em termos monetários (e.g., incentivos e benefícios). 
O analista de carreiras Dan Pink examinou o puzzle da motivação, através de estudos de caso que validam a importância dos fatores intrínsecos no desempenho das pessoas nas empresas. Aludindo ao facto que os cientistas sociais sabem mas que a maioria dos gestores, na sua opinião, não sabem: as recompensas extrínsecas (monetárias) não são sempre tão eficazes como pensamos. Escute as suas histórias e descubra talvez os próximos passos.

 
         Em suma, a compensação dever ser um elemento da vida organizacional alinhado com a estratégia, em vez de ser alvo de conceções simplistas, ou baseadas no seguimento acrítico das melhores práticas de outras organizações. O melhor sistema de recompensas é aquele que melhor suporta a estratégia da organização, passando por uma adequada articulação entre a estratégia, sistema de motivação e a compensação. Não se limitando a uma aplicação mecânica de determinadas quantidades de dinheiro a níveis pré-estabelecidos de desempenho. Por fim, não encontro melhor forma de terminar a análise deste temática do que citando Peter Senge, criador de A Quinta Disciplina e inimigo confesso dos recursos humanos das empresas, pois afirmava que, começando no nome, tudo está mal, uma vez que os humanos não são recursos: “Dividir um elefante ao meio não faz dois elefantes pequenos, nem vice-versa.”