Ludwig van Beethoven (1770-1827) Parar a música

Sonata nš 14 em dó sustenido menor para piano op.27 nš 2, "Ao Luar"

- Adagio sostenuto
- Allegretto
- Presto agitato

A “Sonate pour piano quasi una fantaria en ut dièse mineur, alla Damigella comtessa Giulietta Guicciardi” trazia estes dizeres quando publicada em 1802 – ela foi composta um ano antes. A expressão “quasi una fantasia” é autêntica, e a Giulietta foi um dos grandes amores não correspondidos de Beethoven.

“ Sonata ao Luar” – o título que a tornou uma das obras mais populares e conhecidas do repertório pianístico nos últimos duzentos anos – foi o nome que lhe deu o poeta Ludwig Rallstab, que conhecia Beethoven e teve vários de seus poemas musicados por Franz Schubert. Muito se falou e escreveu sobre a sonata cujo Adagio sostenuto já foi arranjado de todas as maneiras. O compositor francês Hector Berlioz, por exemplo, com sua retórica derramada, escreveu que “o Adagio é um daqueles poemas que a linguagem humana não tem como qualificar”. Holz, contemporâneo de Beethoven, jurou ter ouvido do compositor que o Adagio foi improvisado ao lado do cadáver de um amigo; Liszt apelidou o Allegretto de “uma flor entre dois abismos”. O que se tem de concreto, entretanto, é este “quasi una fantasia”, expressão com a qual Beethoven quis designar o de todo modo admirável e genial primeiro movimento. “Fantasia” aparece igualmente como sinônimo de improviso – e este é o perfume geral da sonata, incluindo o allegretto e o presto agitato.

O sucesso popular da sonata acabou incomodando Beethoven, que considerava que ela tomava o lugar, junto ao público, de outras mais importantes (“Escrevi outras melhores”, disse ele a seu aluno Czerny). Tudo isso nada tira do brilho admirável e o impacto sonoro que ela provoca, a cada nova audição.

 

João Marcos Coelho.

Esta obra foi interpretada por Jean Louis Steuerman em São Paulo (19, 20 e 21 de Maio), Porto Alegre (22 de Maio) e será interpretada no Rio de Janeiro (07 de Outubro).