sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um desafio a vencer: aprender a nadar


Este depoimento tem como objetivo incentivar pessoas a superar os seus medos e jamais desistir ante os obstáculos que se interpõem.
Sempre vi o esporte como um indutor das boas práticas, quer na educação quer no crescimento pessoal.
Lembro-me de ter iniciado e praticado algumas modalidades de esportes, desde a adolescência, dentre elas: atletismo, futebol, hipismo e montanhismo.
Entretanto, há cinco anos quando descobri a natação, constatei que eu havia colocado os esportes aquáticos em segundo plano e deixado de desfrutar de todos os seus benefícios.
Talvez pela falta de oportunidades, medos, anseios e timidez, o “não saber nadar” criou-me obstáculos nas atividades esportivas e pessoais até a idade adulta.
Ao chegar na faixa dos cinqüenta anos de idade, assistindo um programa esportivo, na televisão, deparei-me com um assunto que instantaneamente despertou-me à atenção: a iniciação de pessoas adultas, com dificuldades e medos, na natação.
Foi o insight que faltava. A partir daquela reportagem, passei a ler tudo o que estava disponível sobre o assunto e de imediato, matriculei-me em uma academia, cujo foco era a natação para iniciantes, como eu.
Já na primeira aula, senti que as dificuldades seriam bem maiores do que eu esperava.
Vencer constrangimentos ao compartilhar a piscina com crianças, usando a primeira toca de natação: a dos aprendizes, é lógico, era um enorme obstáculo.
As turmas eram diferenciadas pelas cores das tocas nos diversos graus de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.
A minha era de cor laranja, como todos os iniciantes. Com um detalhe, eu era o único adulto a usá-la.
As aulas iam desenvolvendo-se, eu já conseguia pegar as argolas no fundo da piscina e até dar as primeiras braçadas sozinho, ainda cheio de receios e medos sempre que tinha de adentrar mais fundo na piscina.
Um dado dia, a tarefa era transpor a piscina, na sua maior dimensão, 25 metros. Quase não conciliei o sono, na noite anterior, imaginando se eu não conseguisse que vexame seria perante todos.
Entretanto, na hora H, consegui. Senti-me um vencedor.
Resolvi prosseguir, apesar das dificuldades em acompanhar o ritmo das crianças no progresso em trocar as cores das tocas.
Assimilavam o aprendizado com rapidez e achavam tudo fácil. Divertiam-se, achavam lazer e lúdico em tudo o que ali se passava. Para mim, tudo era mais difícil. A minha progressão era lenta.
Encontrei nos professores sempre incentivo e apoio.
Havia novos desafios a encarar. As ferramentas estavam sendo disponibilizadas, uma de cada vez.
Um domingo de sol, eu na beira da piscina de um clube (piscina olímpica, 50 m), passei boa parte do tempo avaliando se eu conseguiria atravessá-la, nadando.
Confesso que as horas iam passavam e a minha insegurança ia aumentando.
Num momento de decisão, entrei na água e nadei até a outra borda. Cheguei no meu limite, esbaforido, cansado, mas vencedor. Era a segunda vez que eu me sentia um herói, um corajoso.
Os desafios não pararam aí.
Passei a residir em Florianópolis, o mar passou a ser o meu cartão de visitas e a sua presença passou a ser diária em meu despertar.
Por intermédio de um site, descobri que havia provas de natação em águas abertas.
De imediato, interessei-me pelo assunto.
Era um novo objetivo delineado. As dificuldades não seriam novidades para mim, entretanto havia um novo desafio: vencer o medo do mar.
As primeiras tentativas em nadar no mar, acompanhado de uma especialista nessa área, foram ricas em ensinamentos e encorajamento. Mas os medos e a ansiedade eram bem maiores do que eu esperava.
Um novo e enorme desafio colocava-se ante minha vontade em nadar, agora no mar.
Foi um ano inteiro de tentativas frustradas em contornar a primeira bóia (sinalizador que orienta e baliza o percurso nas provas de travessia e também é utilizado para limitar e/ou separar áreas de banho das embarcações, nas praias).
Quando utilizada para limitar essas áreas de banhistas e navegadores, a bóia, normalmente, fica a 200 metros da areia da praia.
Para mim, significava nadar 200 metros mar adentro para alcançar a primeira bóia retornar mais 200m até a praia.
Como todos os óbices até aqui encontrados, este também foi superado.
A sensação de transpor a primeira, a segunda e a terceira bóias, foi uma emoção indescritível.
Nessa fase da transição da piscina para o mar, a participação e incentivo da direção e professores da Academia Limit, foi um marco propulsor e definitivo para que eu assumisse que desejava prosseguir em meu crescimento pessoal e esportivo.
Eu achava que já tinha ultrapassado os meus limites na natação, mas faltava participar de uma prova de travessia, em águas abertas.
No dia 22 de novembro de 2009, em Bombinhas, participei da prova chamada de “quebra gelo”, direcionada para os iniciantes na distancia de 800 metros.
A ansiedade e o medo em decepcionar as pessoas que iriam torcer pelo meu sucesso e compartilhar comigo da travessia eram enormes.
A Academia Limit estava lá. Barraca montada, estrutura logística para os seus atletas e no meu caso, um apoio aproximado psicológico e de incentivo.
A própria direção da Academia estava presente.
O mar estava calmo como uma piscina.
O grande momento chegara.
Ao dar as primeiras braçadas e constatar a presença de quem me treinara e acreditara na minha capacidade de superação, bem ali ao lado, compartilhando cada movimento, era uma das sensações sublimes, doces, prazerosas e intransferíveis, experimentadas naquele instante.
Um pequeno incidente, a queda da lente do óculos, no início da prova, permitindo a entrada de água nos olhos, me assustou.
De imediato, a Estéfanie, nossa atleta melhor ranqueada, retirou os seus próprios óculos de natação e me ofereceu para que eu pudesse prosseguir em meu objetivo.
A minha treinadora e mais três atletas da Academia Limit, todos com ótimos níveis de desempenho, estavam ali, também nadando comigo, em apoio.
A vontade em vencer e a concentração dominavam a minha mente e o desejo maior era transpor a bóia demarcatória da chegada.
Enfim, ao atingir a chegada, pensei comigo: Chegamos! Vencemos as nossas dificuldades, os medos e anseios.


O sabor da vitória é doce como o mel!


Paulo Henrique Chiesorin
Um nadador

Um comentário:

  1. É isso aí Paulo, parabéns pela conquista. Manda ver nas próximas travessias.

    abç
    Piter

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