Não foi culpa do homem – dizia um desses programas da tarde, da tevê brasileira. Desta vez, e em partes – digo eu. De fato, o rearranjo das placas tectônicas na região do Japão não é culpa do homem. Mas os desdobramentos apresentados pela falta de energia elétrica responsável por interromper o resfriamento dos quatro reatores da usina nuclear de Fukushima, é.

Não bastasse uma série de tsunamis que arrastaram impiedosamente tudo o que encontravam diante de si, as usinas nucleares do nordeste do território japonês, concebidas para suportar até mesmo colisões com aviões, não suportaram a combinação catastrófica de tsunamis e abalos sísmicos (previstos).

Como sabemos, o território japonês localiza-se na junção de quatro placas tectônicas, e, em função disso, possui uma das melhores tecnologias de prevenção e previsão de acidentes causados por terremotos. Mas outro fator geográfico potencializou a devastação natural ocorrida em Sendai – o mar do entorno. O Japão é cercado pelo mar, e a acomodação de das placas tectônicas ocorreu a pouco mais de 100 km da costa japonesa, o que provocou, além do abalo sísmico, uma onda gigante que lhe foi proveniente.

Os problemas com a usina nuclear de Fukushima geraram debates acalorados em toda a Europa. A França – que possui mais de 70% de sua energia proveniente de usinas nucleares – assistiu esses dias a manifestações diversas cobrando clareza de informação quanto à situação de suas usinas em atividade. A Alemanha – com cerca de 26% de sua energia gerada por usinas nucleares – tomou a medida de desativar aquelas em atividade desde os anos 80.

O Brasil possui Angra 1 e Angra 2. Tudo está bem por enquanto… Não estamos sujeitos a abalos sísmicos, estamos em uma região confortável, bem em cima de uma das placas tectônicas. Dentro dos reatores há fissão de átomos de urânio. Dentro dos países, cada vez mais demanda por energia elétrica. Essas questões se desdobram sobre uma tensão incontornável. Só nos resta esperar para que a situação no Japão melhore. Só nos resta não esquecer também que o Brasil ainda tem sofrido com enchentes e desmoronamentos, famílias desalojadas, etc.

 

Renan Belmonte.