sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Bromélias: Importância Ecológica e diversidade.

Pós-graduação do Instituto de Botânica de São Paulo


Curso de Capacitação de Monitores - Estágio de Docência
Bromélias: Importância Ecológica e diversidade.
Taxonomia e Morfologia

Introdução
A família Bromeliaceae Juss. possui 3010 espécies distribuídas em 56 gêneros (Luther 2004). Está tradicionalmente dividida nas três subfamílias Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae.
É uma família essencialmente neotropical com exceção de uma única espécie, Pitcairnia feliciana (A. Chev.) Harms & Midbr., que ocorre no oeste do continente africano (Smith & Downs 1974).
As espécies de Bromeliaceae ocorrem em latitudes tropicais e subtropicais das Américas entre os paralelos 37o N e 44oS nas mais variadas condições de altitude, temperatura e umidade (Wendt 1999).
A família destaca-se como um dos principais componentes da flora e da fisionomia dos ecossistemas brasileiros abrigando aproximadamente 36% das espécies catalogadas. Possui vários gêneros endêmicos, alguns deles encontrados exclusivamente na Floresta Atlântica (Martinelli, 1994).
Bromeliaceae é constituída por plantas terrestres, rupícolas e epífitas, geralmente herbáceas, variando de plantas delicadas e de pequeno porte, como Tillandsia recurvata (L.) L., com alguns centímetros de comprimento, até plantas de grande porte, como Puya raimondii Harms, encontrada nos Andes, que chega a atingir mais de 10 metros de altura (Smith & Downs 1974; Reitz 1983).
Os representantes da família apresentam em geral inflorescência vistosa e folhas distribuídas em roseta, usualmente com bainha alargada na base, propiciando a formação de um reservatório de água e nutrientes (Reitz 1983), cujo papel eco fisiológico é de grande importância, tanto na nutrição das bromélias, como em constituir
um micro ambiente onde habitam animais diversos, desde formigas, sapos, aracnídeos, serpentes, dentre outros.
A família apresenta grande variabilidade de formas, sendo em geral plantas bem características e ornamentais. Segundo Rizzini (1997) e Benzing (2000) os diferentes habitats e, especialmente, a natureza do substrato influenciam no aspecto da planta, que pode variar amplamente em tamanho e coloração das folhas, assim como na morfologia das flores.
A importância econômica da família Bromeliaceae é referida como plantas ornamentais, sendo atualmente muito cultivadas e utilizadas em decorações de interior e projetos paisagísticos. Em função da grande procura pelas bromélias de valor ornamental, o extrativismo de seus ambientes naturais tem se intensificado nos últimos anos, colocando algumas espécies com maior grau de ameaça.
A importância econômica das bromélias é destacada pelo delicioso fruto do abacaxi, Ananas comosus (L.) Merril, muito apreciado na alimentação, como produtora de bebidas, doces e sobremesas.
Outra espécie de grande valor econômico é o “caroá-verdadeiro”, Neoglaziovia variegata (Arr. Cam.) Mez, utilizada como produtora de fibras. Na medicina natural, como digestiva, depurativa e com outras funções, tem-se o uso da enzima “bromelina”, presente em algumas espécies do gênero Bromelia.
O tratamento taxonômico mais abrangente para a família foi realizado por Smith & Downs (1974, 1977, 1979), que apresentaram a monografia das três subfamílias em três volumes como parte da monografia de Bromeliaceae para a Flora Neotropica. Nesta obra foram referidas cerca de 2.000 espécies, número bastante ampliado em função dos trabalhos posteriores e das novas espécies descritas, atingindo no momento mais de 3.000 espécies para a família.
Outros trabalhos podem ser citados como o de Reitz (1983) que realizou o estudo das bromeliáceas do Estado de Santa Catarina, com a apresentação de 100 espécies incluídas em 15 gêneros. Atualmente, os estudos florísticos que envolvem a família como revisões genéricas, vem ampliando consideravelmente na última década o conhecimento desta importante família neotropical.
A família Bromeliaceae no Estado de São Paulo
No Estado de São Paulo a família está representada por ca. 140 espécies distribuídas em 19 gêneros, em fase de conclusão, e fará parte do volume 5 da obra “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo”, coordenada pela Dra. Maria das Graças L. Wanderley, pesquisadora do Instituto de Botânica.
Dentre os levantamentos florísticos realizados no Estado, destacam-se a “Flora Fanerogâmica da Ilha do Cardoso”, onde foram encontradas 42 espécies distribuídas em 13 gêneros, publicada em 1992, e a “Flora Fanerogâmica da Reserva do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI)”, com a ocorrência de nove gêneros e 30 espécies, publicada em 2000. Abaixo segue relação das espécies da flora do PEFI.
Aechmea bromeliifolia (Rudge) Baker
Tillandsia stricta Soland.
Aechmea coelestis Wawra
Tillandsia tenuifolia L.
Aechmea disticantha Lem.
Tillandsia usneoides (L.) L.
Aechmea nudicaulis (L.) Griseb.
Vriesea bituminosa Wawra
Ananas bracteatus (Lindl.) Schult.f.
Vriesea carinata Wawra
Billbergia amoena (Lodd.) Lindl.
Vriesea drepanocarpa (Baker) Mez
Billbergia distackia (Vell.) Mez
Vriesea ensiformis (Vell.) Beer
Bromelia antiacantha Bertol.
Vriesea erythrodactylon (E. Morr.) Mez
Nidularium innocentii Lem.
Vriesea friburguensis Mez
Quesnelia humilis Mez
Vriesea gigantea Gaud.
Dyckia tuberosa (Vell.) Beer
Vriesea heterostachys (Baker) L.B. Sm.
Tillandsia dura Baker
Vriesea incurvata Gaud.
Tillandsia gemeniflora Brong.
Vriesea paraibica Wawra
Tillandsia linearis Vell.
Vriesea schwakeana Mez
Tillandsia recurvata L.
Vriesea simplex (Vell.) Beer
*As espécies em negrito não foram mais encontradas na região há mais de 50 anos, sendo possivelmente extintas para estas localidades.
Morfologia
Hábito
As espécies de Bromeliaceae apresentam em geral hábito herbáceo, entretanto, pode ocorrer raramente o hábito lenhoso em espécies andinas pertencentes ao gênero Puya. As espécies deste gênero como Puya raimondii, podem ultrapassar 10m de altura. Entretanto, prevalecem na família plantas de pequeno a médio porte. Em Tillandsia usneoides ocorre a formação de plantas pendentes, como uma longa cortina, muito peculiar nas formações florestais, onde a mesma vive como epífita.
Os representantes da família podem ser terrestres, epífitas ou rupícolas, com caules geralmente contraídos (Fig. 1). Presença de rizomas horizontais ou estolões é característica de alguns gêneros e espécies. Existe presença de longos estolões formando touceiras com projeções de suas rosetas, dando um aspecto bem característico (Fig. 2).
Fig. 1.: A. Caule. W. Raízes Fig. 2.: A. Estolões, R. Rizomas
Raízes
As raízes em Bromeliaceae (Fig. 1) podem ter função apenas de fixação nas espécies atmosféricas, ocorrendo em representantes de Tillandsia. Nestas espécies a absorção de água e nutrientes é efetuada através de escamas absorventes (Fig. 3), num mecanismo de osmose. Portanto, as escamas em Bromeliaceae exercem importante papel eco-fisiológico.
Folhas
As folhas se dispõem espiraladamente e de forma imbricada formando uma roseta, que varia amplamente quanto a morfologia, algumas vezes tubulares (Fig. 2) até amplamente abertas. Pela forma da roseta e disposição imbricada das bainhas é freqüente a formação de um “vaso” ou “tanque”, recipiente que permite o acúmulo de água e nutrientes, permitindo a instalação de uma flora e fauna neste micro-habitat. Pode ocorrer também representantes com folhas dísticas, comum no gênero Tillandsia (Fig. 3), nestes casos sem formação de roseta e tanque.
As folhas podem apresentar margens lisas a espinescentes, características importantes no reconhecimento das subfamílias e gêneros. Na superfície foliar a presença de indumento formado pelos tricomas absorventes (Fig.4). Em algumas espécies este indumento é muito conspícuo e de cor argêntea, especialmente em espécies de Tillandsia e Dyckia.
As escamas foliares (Fig. 4) são compostas de duas unidades o pedículo e o escudo, desempenhando importante função na absorção de água e nutrientes e na proteção contra a dessecação em ambientes com restrição hídrica. A coloração argêntea aumenta a reflectância da luz solar na superfície foliar minimizando a transpiração.
Fig. 3: Tillandsia sp. Fig. 4: Escamas de Tillandsia sp.
Inflorescências
A inflorescência em Bromeliaceae é em geral muito vistosa pelo colorido das flores e das brácteas. São terminais ou laterais, simples (Fig. 3) ou composta , dispostas em panícula, racemo ou capítulo, mais raramente as flores são isoladas (Tillandsia usneoides).
A inflorescência pode ser séssil ou mais comumente ser sustentada por um eixo de origem caulinar, o escapo, parcial ou totalmente recoberto por bráctea, que são em geral vistosas, brilhantes e coloridas. Estas brácteas, juntamente com as flores coloridas, exercem papel importante na atração de polinizadores, destacando-se na família a ornitofilia.
Flores
As flores são trímeras, com perianto diferenciado em cálice e corola; hermafroditas ou muito raramente funcionalmente pistiladas ou estaminadas; actinomorfas a zigomorfas. Possuem sépalas livres ou concrescidas na base, simétricas a fortemente assimétricas; pétalas livres ou parcialmente soldadas, algumas vezes providas de um par de apêndices membranáceos na face interna (Fig. 9); estames seis, dispostos em duas séries, filetes livres ou concrescidos, algumas vezes adnatos à corola formando um tubo; ovário súpero (Fig. 5), semi-ínfero ou ínfero, trilocular, placentação axial (Fig.5); estilete simples, estigmas três.
Fig. 4: Flor trímera de Vriesea sp. Fig. 5: Corte longitudinal
Fruto e Sementes
O fruto pode ser seco, cápsula septicida ou mais raramente loculicida, ou ser carnoso, baga. As sementes podem apresentar apêndices que podem ser plumosos (Fig. 6) ou aliformes, ou serem desprovidas de apêndices. Na subfamília Pitcairnioideae ocorrem sementes aladas. Em Tillandsioideae as sementes são plumosas e nas Bromelioideae as sementes não possuem apêndices.
Polinização e Dispersão
A grande maioria das espécies é polinizada por beija flores, pela atração das brácteas vistosas e coloridas e pela presença de néctar abundante. Os morcegos também são importantes agentes polinizadores, pela presença de odor forte em muitas flores de antese noturna. Além da ornitofilia e quiropterofilia são referidos outros tipos de polinização por borboletas, abelhas e besouros.
A dispersão está diretamente relacionada aos diferentes tipos de frutos presentes na família. A dispersão das sementes aladas ou plumosas presentes no fruto cápsula é auxiliada pelo vento, e no caso das bagas suculentas, cujas sementes não possuem apêndices, a dispersão é feita auxiliada por animais.
Fig. 6: Sementes com apêndices plumosos
Propagação
A propagação pode ser feita assexuada ou sexuadamente. Na reprodução assexuada, ou vegetativa, formam-se brotos a partir da planta mãe, que podem sair da base da planta por estolhos (Fig. 2) ou rizomas, ou do interior da própria roseta. A formação de estolhos é característica para algumas espécies.
A reprodução sexuada, ou por sementes é freqüente em representantes da subfamília Tillandsioideae, onde as sementes podem germinar na própria planta mãe ou serem dispersas a longa distância.
Grãos de pólen
O padrão dos grãos de pólen enquadra-se em três tipos polínicos de acordo com padrão de abertura e a escultura da exina (Ehler & Schill 1973). A subfamília Bromelioideae possui grãos de pólen irregularmente monocolpados, monocolpados típicos e porados. Nas subfamílias Pitcairnoideae e Tillandsioideae predominam grãos de pólen monocolpados.
Dyckia encholirioides (Pitcairnioideae) Neoregelia johannis (Bromelioideae)
Estudos da Taxonomia na Família Bromeliaceae
A família Bromeliaceae é tradicionalmente dividida nas subfamílias Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae. Recentemente com base em dados moleculares existe uma proposta de subdividir a subfamília Pitcairnioideae em outras subfamílias, entretanto será apresentado abaixo a caracterização das três subfamílias acima citadas.
Chave para as subfamílias
1. Margens foliares serrilhadas ou espinescentes; ovário ínfero ou semi-ínfero; fruto baga; sementes sem apêndices........................................................... Bromelioideae.
1’. Margens inteiras a espinescentes; ovário súpero ou raramente semi-ínfero; fruto cápsula; sementes com apêndices.
2. Plantas geralmente epífitas; folhas com margens inteiras; sementes com apêndices plumosos. .................................................................................... Tillandsioideae.
2’. Plantas geralmente terrestres; folhas com margens espinescentes, serrilhadas ou raramente lisas; sementes aladas ou com outros tipos de apêndices. .....................
....................................................................................................... Pitcairnoideae.
Bromelioideae
Esta subfamília possui cerca de 30 gêneros e ca. de 425 espécies. Caracteriza-se pelo fruto baga, ovário ínfero e sementes sem apêndices. Bromelia (36) ocorre na América do Sul com folhas fortemente espinescentes e sépalas adnatas às pétalas. Nidularium (43) possui folhas formadoras em geral de “tanque” e inflorescência nidular. É exclusivamente brasileiro. Aechmea (135) apresenta apêndices petalíneos. Ananas (3) tem uma coroa de brácteas no ápice do fruto. Outros gêneros da subfamília: Billbergia, Orthophytum e Quesnelia.
Tillandsioideae
Possui plantas essencialmente epífitas; folhas com margem inteira; ovário súpero ou raramente semi-ínfero (Glomeroptcairnia); sementes com tufos de apêndices
plumosos nas extremidades. Possuem nove gêneros e ca. de 675 espécies. Tillandsia é o maior gênero (400), em seguida Vriesea (220). Alguns subgêneros foram elevados a gênero como Racinaea de Pseudo-catopsis e Alcantarea de Vriesea.
Pitcairnoideae
Caracteriza-se pelas flores hipóginas (ovário súpero), fruto cápsula com sementes geralmente providas de alas ou outros apêndices. A subfamília inclui plantas terrestres, geralmente folhas com espinhos nas margens. Possuem cerca de 13 gêneros com 420 espécies. O maior gênero é Pitcairnia (185), um gênero Andino com representantes no Brasil. Apresentam flores levemente zigomorfas e cápsula septicida. Muitas espécies ocorrem sobre rochas e poucas são epífitas. Algumas espécies são grandes e com base lenhosa e inflorescência muito ramificada, outras são pequenas e possuem folhas sem espinhos. Puya (90) e Dyckia (75) e vários outros gêneros têm cápsula septicida ou loculicida e flores actinomorfas.
Bibliografia consultada:
BENZING, D.H. 2000. Bromeliaceae: profile of na adaptative radiation. Cambridge University Press. New York. 690p.
EHLER, N & SCHILL, R. 1973. Die Pollenmorphologie der Bromeliaceae. Pollen et Spores 15(1): 13-45.
LUTHER, 2004. An alphabetical list of Bromeliad binomials. , 9th ed. The Bromeliad Society International, Sarasota. 109p.
MARTINELLI, G. 1994. Reproductive Biology of Bromeliaceae in the Atlantic Rain Forest of Southeastern Brazil. Dissertação de Doutorado. University of St. Andrews, St. Andrews, 197p.
REITZ, R. 1983. Bromeliáceas e a malária – bromélia endêmica. Fl. Ilustr. Catarinense, Parte. Fasc. Brom.: 518p.
RIZZINI, C.T. 1997. Tratado de Fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. Rio de Janeiro. 2ª ed. Âmbito Cultural Edições Ltda. 747p.
SMITH, L.B. 1934. Geografical evidences on the lines of evolution in the Bromeliaceae. Botanischer Jahrbericht 66: 446-468.
SMITH, L.B. & DOWNS, R.J. 1974. Pitcairnoideae. (Bromeliaceae). Fl. Neotrop. Monagr. 14 (1): 1-658. The New York Botanical Garden, New York.
________________________. 1977. Tillandsioideae. Fl. Neotrop. Monagr. 14 (2): 663-1492. The New York Botanical Garden, New York.
________________________. 1979. Bromelioideae. (Bromeliaceae). Fl. Neotrop. Monagr. 14 (3): 1493-2142. The New York Botanical Garden, New York.
WANDERLEY, M. G. L.; SHEPHERD, G. & GIULLIETTI, A. 2001. In Wanderley et al. eds. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, vol.1 – Poaceae (Introdução) p. XVII-XXI.
WANDERLEY, M. G. L. & MOLLO, L. 1992. Bromeliaceae. In M. M. F. Melo; F. Barros; M. G. L. Wanderley; M. Kiruzawa; M. Kiruzawa; S. L. Jung- Mendaçolli & S. A. C. Chiea (eds.). Flora Fanerogâmica da Ilha do Carodoso (São Paulo, Brasil). Instituto de Botânica (3): 90-140.
WANDERLEY, M. G. L. & MOREIRA, B. A. 2000. Flora Fanerogâmica do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (São Paulo, Brasil): 178-Bromeliaceae. Hoehnea 27(3): 259-278, 7 fig.
WENDT, T. 1999. Hibridização e isolamento reprodutivo em Pitcairnia (Bromeliaceae). Dissertação de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 141p.
Ilustração:
RAUH, W. 1990. The Bromeliad Lexicon. University of Heidelberg, Germany. 2 ed. Ed.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Recuperação de Matas Ciliares

Reflorestamento - Mata Ciliar



Recuperação de Matas Ciliares

Foto: Ibama




O processo de ocupação do Brasil caracterizou-se pela falta de planejamento e conseqüente destruição dos recursos naturais, particularmente das florestas. Ao longo da história do País, a cobertura florestal nativa, representada pelos diferentes biomas, foi sendo fragmentada, cedendo espaço para as culturas agrícolas, as pastagens e as cidades.

A noção de recursos naturais inesgotáveis, dadas as dimensões continentais do País, estimulou e ainda estimula a expansão da fronteira agrícola sem a preocupação com o aumento ou, pelo menos, com uma manutenção da produtividade das áreas já cultivadas. Assim, o processo de fragmentação florestal é intenso nas regiões economicamente mais desenvolvidas, ou seja, o Sudeste e o Sul, e avança rapidamente para o Centro-Oeste e Norte, ficando a vegetação arbórea nativa representada, principalmente, por florestas secundárias, em variado estado de degradação, salvo algumas reservas de florestas bem conservadas. Este processo de eliminação das florestas resultou num conjunto de problemas ambientais, como a extinção de várias espécies da fauna e da flora, as mudanças climáticas locais, a erosão dos solos e o assoreamento dos cursos d'água.

Neste panorama, as matas ciliares não escaparam da destruição; pelo contrário, foram alvo de todo o tipo de degradação. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens de rios, eliminando-se todo tipo de vegetação ciliar; e muitas acabam pagando um preço alto por isto, através de inundações constantes.

Além do processo de urbanização, as matas ciliares sofrem pressão antrópica por uma série de fatores: são as áreas diretamente mais afetadas na construção de hidrelétricas; nas regiões com topografia acidentada, são as áreas preferenciais para a abertura de estradas, para a implantação de culturas agrícolas e de pastagens; para os pecuaristas, representam obstáculos de acesso do gado ao curso d'água etc.

Este processo de degradação das formações ciliares, além de desrespeitar a legislação, que torna obrigatória a preservação das mesmas, resulta em vários problemas ambientais. As matas ciliares funcionam como filtros, retendo defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d'água, afetando diretamente a quantidade e a qualidade da água e conseqüentemente a fauna aquática e a população humana. São importantes também como corredores ecológicos, ligando fragmentos florestais e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o fluxo gênico entre as populações de espécies animais e vegetais. Em regiões com topografia acidentada, exercem a proteção do solo contra os processos erosivos.

Apesar da reconhecida importância ecológica, ainda mais evidente nesta virada de século e de milênio, em que a água vem sendo considerada o recurso natural mais importante para a humanidade, as florestas ciliares continuam sendo eliminadas cedendo lugar para a especulação imobiliária, para a agricultura e a pecuária e, na maioria dos casos, sendo transformadas apenas em áreas degradadas, sem qualquer tipo de produção.

É necessário que as autoridades responsáveis pela conservação ambiental adotem uma postura rígida no sentido de preservarem as florestas ciliares que ainda restam, e que os produtores rurais e a população em geral seja conscientizada sobre a importância da conservação desta vegetação. Além das técnicas de recuperação propostas neste trabalho, é fundamental a intensificação de ações na área da educação ambiental, visando conscientizar tanto as crianças quanto os adultos sobre os benefícios da conservação das áreas ciliares.

A definição de modelos de recuperação de matas ciliares, cada vez mais aprimorados, e de outras áreas degradadas que possibilitam, em muitos casos, a restauração realativamente rápida da cobertura florestal e a proteção dos recursos edáficos e hídricos, não implica que novas áreas possam ser degradadas, já que poderiam ser recuperadas. Pelo contrário, o ideal é que todo tipo de atividade antrópica seja bem planejada, e que principalmente a vegetação ciliar seja poupada de qualquer forma de degradação.

As matas ciliares exercem importante papel na proteção dos cursos d'água contra o assoreamento e a contaminação com defensivos agrícolas, além de, em muitos casos, se constituírem nos únicos remanescentes florestais das propriedades rurais sendo, portanto, essenciais para a conservação da fauna. Estas peculiaridades conferem às matas ciliares um grande aparato de leis, decretos e resoluções visando sua preservação.

O novo Código Florestal (Lei n.° 4.777/65) desde 1965 inclui as matas ciliares na categoria de áreas de preservação permanente. Assim toda a vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de resevatórios deve ser preservada.

De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada está relacionada com a largura do curso d'água. A tabela apresenta as dimensões das faixas de mata ciliar em relação à largura dos rios, lagos, etc.



Situação Largura Mínima da Faixa
Rios com menos de 10 m de largura 30 m em cada margem
Rios com 10 a 50 m de largura 50 m em cada margem
Rios com 50 a 200 m de largura 100 m em cada margem
Rios com 200 a 600 m de largura 200 m em cada margem
Rios com largura superior a 600 m 500 m em cada margem
Nascentes Raio de 50 m
Lagos ou resevatórios em áreas urbanas 30 m ao redor do espelho d'água
Lagos ou reservatórios em zona rural, com área menor que 20 ha 50 m ao redor do espelho d'água
Lagos ou reservatórios em zona rural, com área igual ou superior a 20 ha 100 m ao redor do espelho d'água
Represas de hidrelétricas 100 m ao redor do espelho d'água

Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de recuperação natural após distúrbios, ou seja, perde sua resiliência. Dependendo da intensidade do distúrbio, fatores essenciais para a manutenção da resiliência como, banco de plântulas e de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuva de sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de regeneração natural ou tornando-o extremamente lento.

Uma floresta ciliar está sujeita a distúrbios naturais como queda de árvores, deslizamentos de terra, raios etc., que resultam em clareiras, ou seja, aberturas no dossel, que são cicatrizadas através da colonização por espécies pioneiras seguidas de espécies secundárias.

Distúrbios provocados por atividades humanas têm, na maioria das vezes, maior intensidade do que os naturais, comprometendo a sucessão secundária na área afetada. As principais causas de degradação das matas ciliares são o desmatamento para extensão da área cultivada nas propriedades rurais, para expansão de áreas urbanas e para obtenção de madeira, os incêndios, a extração de areia nos rios, os empreendimentos turísticos mal planejados etc.

Em muitas áreas ciliares, o processo de degradação é antigo, tendo iniciado com o desmatamento para transformação da área em campo de cultivo ou em pastagem. Com o passar do tempo e, dependendo da intensidade de uso, a degradação pode ser agravada através da redução da fertilidade do solo pela exportação de nutrientes pelas culturas e, ou, pela prática da queima de restos vegetais e de pastagens, da compactação e da erosão do solo pelo pisoteio do gado e pelo trânsito de máquinas agrícolas.

O conhecimento dos aspectos hidrológicos da área é de suma importância na elaboração de um projeto de recuperação de mata ciliar. A menor unidade de estudo a ser adotada é a microbacia hidrográfica, definida como aquela cuja área é tão pequena que a sensibilidade a chuvas de alta intensidade e às diferenças de uso do solo não seja suprimida pelas características da rede de drenagem. Em nível de microbacia hidrográfica é possível identificar a extensão das áreas que são inundadas periodicamente pelo regime de cheias dos rios e a duração do período de inundação.

Estas informações são extremamente importantes na seleção das espécies a serem plantadas, já que muitas espécies não se adaptam a condições de solo encharcado, ao passo que outras só sobrevivem nestas condições.

Fonte resumida: Recuperação de matas ciliares. Sebastião Venâncio Martins. Editora Aprenda Fácil. Viçosa - MG, 2001.


Técnicas de Recuperação de Mata Ciliar
Indicadores de Recuperação

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Cantinho aconchegante pra uma boa leitura.

Este jardim apresentou três desafios ao paisagista Roberto Riscala. “O muro da casa é perto demais do deque que liga o espaço externo à sala de estar, árvores da calçada fazem sombra em boa parte da área e algumas espécies no terreno não podiam ser removidas por determinação da prefeitura”, enumera. Para driblar esses empecilhos, o paisagista combinou plantas de meia-sombra que suavizam a presença do muro alto (tumbérgia arbustiva, azaleia, camélia, cica e estrelítzia, por exemplo) e formam um conjunto com aquelas que tinham de ser mantidas.Este jardim apresentou três desafios ao paisagista Roberto Riscala. “O muro da casa é perto demais do deque que liga o espaço externo à sala de estar, árvores da calçada fazem sombra em boa parte da área e algumas espécies no terreno não podiam ser removidas por determinação da prefeitura”, enumera. Para driblar esses empecilhos, o paisagista combinou plantas de meia-sombra que suavizam a presença do muro alto (tumbérgia arbustiva, azaleia, camélia, cica e estrelítzia, por exemplo) e formam um conjunto com aquelas que tinham de ser mantidas.



A verbena branca <i>(Verbena hybrida)</i> dá um toque campestre ao jardim. Precisa de regas diárias e tolera dias frios. Projeto de Roberto Riscala.A verbena branca (Verbena hybrida) dá um toque campestre ao jardim. Precisa de regas diárias e tolera dias frios. Projeto de Roberto Riscala.


A alpínia <i>(Alpinia purpurata)</i> prefere áreas ensolaradas, apesar de florescer em boa parte do ano mesmo à meia-sombra. Projeto de Roberto Riscala.A alpínia (Alpinia purpurata) prefere áreas ensolaradas, apesar de florescer em boa parte do ano mesmo à meia-sombra. Projeto de Roberto Riscala.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010




 
                                          
 

História do Paisagismo

História do Paisagismo
O paisagista é um profissional cada vez mais valorizado, diferentemente de alguns anos atrás, que era visto como jardineiro. Ele é responsável pelo estudo e planejamento dos espaços, pelo desenho do projeto (a mão livre ou no computador) e pelo gerenciamento da implantação e manutenção.
HISTÓRICO
 
Projeto de jardim - Egito 
 A origem da profissão de paisagista remonta as culturas antigas, da Pérsia e Egito à Grécia e Roma no tratamento de seus jardins. Durante a Idade Média o interesse pelo espaço exterior diminuiu, porém, com o Renascimento, foi revivido com esplendidos resultados na Itália e deu origem às vilas ornamentadas, jardins, e grandes praças exteriores.  
JARDIM CLÁSSICO FRANCÊS. 
Posteriormente este movimento chegou à França, originando o estilo clássico francês, com a construção de grandes jardins de palácios como o de Versailles, no século XVII, projetados por André Le Notre, onde a simetria e poda das plantas era bastante rígida.

 
 O JARDIM INGLÊS
No século XVIII, paisagistas ingleses, como Lancelot "Capability" Brown, apresentam o conceito de jardim com formas mais orgânicas e naturais, consolidando o estilo de jardim inglês, que era naturalista.
OS GRANDES PARQUES URBANOS - CENTRAL PARKNa América do Norte, um dos primeiros paisagistas de destaque foi Frederick Law Olmsted, que construiu o Central Park em Nova York com Calvert Vaux no final da década de 1850.  
  BURLE MARX
No Brasil, o paisagista de maior destaque foi Roberto Burle Marx, que nasceu em SP em 1909, mudou-se para o RJ ainda menino e aos 19 anos foi estudar na Alemanha, onde iniciou contato com a escola alemã Bauhaus. De volta ao Brasil, estudou Artes Plásticas e iniciou seus trabalhos de paisagismo com os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, tornando-se mundialmente conhecido.

 ATÉ DÉCADA DE 80 - Poucos paisagistas no Brasil
A
té a década de 80, o paisagista era pouco valorizado no Brasil, tendo atuação apenas em grandes espaços e obras públicas. Em prédios e residências predominava o profissional jardineiro, sem muito conhecimento estético e técnico, pois as crianças brincavam nas ruas e não havia necessidade de grandes áreas de lazer dentro dos prédios. Mas mudanças sociais ocorreram e acabaram beneficiando o paisagismo.
Quem está na faixa dos 40 anos sente bem estas mudanças. Na década de 70, os muros eram baixos e as crianças brincavam na rua, não havia tantos carros e tanta violência, além disso a maioria das mães era dona de casa.
 
 A PARTIR DA DÉCADA DE 80 - GRANDES PRÉDIOS E CONDOMÍNIOS
A
 partir daí, muita coisa mudou, os muros ganharam altura e as mães foram à luta no mercado de trabalho, e as crianças passaram a ficar confinadas dentro das casas e prédios, iniciando-se então um movimento de valorização das áreas de lazer de prédios e residências, que continua crescente até hoje. É desta época também o surgimento dos grandes condomínios residenciais.
CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS E GRANDES EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS COM GRANDES ÁREAS DE LAZER, VALORIZARAM O PAISAGISTA.
Com a necessidade de projetar áreas de lazer cada vez maiores e mais bonitas, houve uma procura muito grande por profissionais mais qualificados que o jardineiro, valorizando a profissão de paisagista. Atualmente as atividades de jardineiro e paisagista já não se confundem mais, cada um é responsável por determinadas etapas do paisagismo, que são: projeto, implantação e manutenção. O paisagista é responsável principalmente pela elaboração do projeto e pelo planejamento e gerenciamento da implantação e manutenção. Já o jardineiro é responsável direto pela implantação e manutenção, coordenando o trabalho de outros auxiliares no preparo de solo, plantio, poda, controle de pragas e doenças, corte de grama.  

Assento Criativo


Aprenda a montar uma fonte


Aprenda a montar uma fonte

Segundo o feng shui, ter uma fonte em casa é garantia de prosperidade. Aprenda, então, a montar a sua.

Especialistas recomendam dispor a fonte próxima à parede da porta principal. Outra localização indicada é no canto esquerdo de quem entra na sala. Além de favorecer a energia da casa, uma fonte é muito útil nos dias de calor, pois a evaporação do líquido cria minúsculas partículas no ar que deixam o ambiente mais fresco e neutralizam poluentes, como a fumaça do cigarro. Com tantas qualidades, vale à pena ter uma fonte por perto. No entanto, é preciso tomar alguns cuidados. Depois de instalada, ela jamais deve ficar vazia. "Isso estanca a energia", detalha Mariângela Pagano, consultora de Feng Shui. Atente ainda para o eventual desconforto que o barulho possa provocar em algum dos moradores. Nesse caso, vale diminuir o fluxo da água, trocar o motor (por um modelo silencioso) ou colocar pedras para amortecer a queda da água. Se nada surtir efeito, Mariângela aconselha deixá-la no jardim ou na varanda. Se você preferir comprar sua fonte pronta, dê uma olhadinha em nossas sugestões. Agora, se você gosta de colocar a mão na massa, confira o passo-a-passo e crie sua fonte personalizada.

Materiais

Cuia

Motor

Plantas

quinta-feira, 4 de novembro de 2010








Jardim de São Sebastião Rua da Praia.






                                                                        AVÊ DO PARAÍSO.
                                                                          Planta Ornamental.

                                                                CAMINHO TROPICAL.
                                            Com tons de verdes leves e texturas diferentes.