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A VIAGEM DE MARIO DE ANDRADE NA AMAZÔNIA E A ‘ARQUEOLOgIA’ DA IDEIA DE PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO :: Amir geiger

Antes da constituição de um aparato governamental (forte e centralizador) de definição e preservação de um patrimônio histórico e artístico, nos anos 1930, deu-se, em espírito mais lúdico e disperso, a descoberta modernista de que a realidade brasileira seria algo culturalmente original e positivo, que demandava não só o intelecto mas a integração da sensibilidade. O objeto da pesquisa é procurar, nas obras modernistas e, especialmente nas de tendência primitivista, narrativas de uma descoberta do Brasil, ou melhor, de uma brasilidade só apreensível como descoberta, isto é, como viagem e aventura. A hipótese básica é que na realização „artística‟ ou „literária‟ e nas viagens havia um olhar fortemente etnográfico (sem vinculação disciplinar estrita à antropologia) e que esse olhar foi, ele mesmo, um patrimônio imaterial: modo de conhecimento capaz de articular misturas e diferenças (históricas, sociais, étnicas etc.). Nessa perspectiva, “pedra e cal” têm tanto de material quanto de simbólico quanto, também, de mágico: não só tesouro a conservar, mas parte daquele retrato de Brasil que os intelectuais valorizavam, e capazes de propiciar uma experiência identitária cujo ponto focal não era tanto o Estado-nação mas sim uma condição moderna radical, hoje desacreditada, mas cuja intuição (contra a instituição) parece atravessar manifestações como o tropicalismo e o cinema novo e o cinema marginal, certas repaginações do regionalismo, e mesmo certas produções ligadas à explosão de etnicidades em regime globalizado. Com relação ao momento atual, trata-se de examinar as transformações, retomadas e abandonos da noção de autenticidade, que parece ela mesma constituir uma espécie de aura dos saberes e práticas patrimoniais.

ORALIDADE, LITERATURA E ETNOSABERES :: José Ribamar Bessa Freire

O objetivo da pesquisa é discutir memória, patrimônio e registro oral em sociedades ágrafas no contato com sociedades letradas. Para isso, analisa o papel histórico desempenhado pelas línguas e mais especificamente pelas narrativas através das quais circulam etnosaberes, conhecimentos tradicionais e taxonomias, que fazem parte do patrimônio intangível. A abordagem se situa no campo da narratologia, que se propõe a construir uma teoria dos textos narrativos, e no campo da história social da linguagem, que busca analisar a história externa das línguas, seus usos e suas funções. Pretende focalizar documentos de natureza histórica para observar as estratégias desenvolvidas nas sociedades ágrafas no desafio de manter seus discursos narrativos circulando em novos suportes.

MAIS DO QUE POSSO CONTAR: COLEÇÕES, IMAGENS E NARRATIVAS :: Leila Beatriz Ribeiro

Discutir o conceito de coleções articulado à ideia de imagens e narrativas no âmbito do simbólico e imaginário, apontando para a construção de uma trajetória de constituição patrimonial que abarque objetos visíveis e invisíveis. A percepção dessas configurações, expressas a partir de objetos materiais e invisíveis, referencia diversas formas narrativas e o entendimento do movimento significativo que elas enunciam no seu processo de organização e concretização. Os objetos envolvidos pelos quadros sociais da memória assinalam a existência de uma relação entre a nossa memória individual e a social. Essa relação pode ser analisada a partir de lembranças que construímos – prenhes de significação – das narrativas que elas enunciam e dos mecanismos que ordenam, induzem ou podem alterá-la. No bojo dos conceitos de visível (objetos expostos ao olhar terreno) e invisível (objetos expostos ao olhar divino), articulados por Pomian, temos a possibilidade de enxergar no espaço do imaginário a realização de uma coleção sistematizada, ainda que não pertença à ordem do visível ou instituído.

MEMÓRIA, PATRIMÔNIO E TURISMO: NARRATIVAS E TRAJETÓRIAS NO CONTEXTO DA POLÍTICA NACIONAL DE TURISMO :: MARIA AMÁLIA SILVA ALVES DE OLIVEIRA

A proposta deste projeto pesquisa é o de analisar o contexto histórico e cultural que tornou possível pensar a prática do turismo como forma de valorização e preservação do patrimônio cultural do país, pois a partir dos estudos realizados por ocasião da elaboração da tese de doutorado, percebi que tem ocorrido o estabelecimento de lugares para serem exibidos através da atividade turística, lugares esses que em outro contexto histórico e cultural seriam percebidos como lugares de memória. Tal constatação sugere uma reflexão acerca da possibilidade de atividade turística ser concebida em termos de política pública integrante dos processos de construção de identidades e imagens que se deseja estabelecer para o estado do Rio de Janeiro e consequentemente o país.

A PATRIMONIALIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS: A DINÂMICA DAS "CULTURAS" E OS PROCESSOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO :: REGINA ABREU

O projeto propõe refletir sobre o panorama multifacetado do campo do patrimônio e os dilemas nem sempre evidentes dos processos de patrimonialização no contemporâneo, com ênfase no campo do Patrimônio Cultural Intangível ou Imaterial. Entende-se por "processos" nestes casos as ações que envolvem organismos internacionais, representantes de Estados nacionais e grupos sociais diversos no sentido de constituir acervos diferenciais sob a alcunha de "patrimônios" e seus diferentes qualificativos: natural; cultural; material; genético; intangível;nacional; da Humanidade; entre outros. O principal objetivo consiste em analisar diferentes consequências, tanto para as instituições quanto para os grupos sociais envolvidos, decorrentes da implementação de políticas públicas que estimulam a "patrimonialização" num sentido amplo, mas privilegiando estudos de caso de ações de preservação e salvaguarda de manifestações culturais diversas. O projeto se justifica diante do fortaleci-mento de uma ordem mundial, protagonizada por agências multilaterais, como a UNESCO, voltada para o chamado Patrimônio Cultural Intangível, onde é acionada uma rede de atores do Estado e da sociedade civil em diversos países. Serão incluídos estudos comparativos de âmbito nacional e internacional, incluindo países como Brasil, Portugal e França. Pretende-se criar as bases para uma sistematização e análise dos efeitos das políticas do Patrimônio Cultural Intangível, tomando como ponto de partida o reconhecimento da importância da valorização da cultura e suas manifestações tanto no âmbito político quanto econômico. No âmbito político, observaremos os desdobramentos dos processos de patrimonialização para ações de "empoderamento" e debates sobre identidade, direitos culturais e diversidade cultural. No âmbito econômico, observaremos a relação das "manifestações culturais" tornadas Patrimônio com áreas como o turismo, em especial o turismo cultural e o desenvolvimento, em especial o desenvolvimento sustentável. A metodologia de pesquisa inclui ferramentas do campo da Antropologia Social ou Cultural, bem como do campo de pesquisas interdisciplinares sobre o tema da "cultura" em suas diferentes formas. A observação participante, a descrição etnográfica (com o uso da tecnologia audiovisual) e a análise de discursos produzidos pela pesquisa qualitativa serão os principais instrumentos do trabalho de campo em projetos que incluem processos de patrimonialização de expressões culturais - música, dan-ça, literatura, artes, grafismos, modos de fazer, conhecimento tradicional associado ao pa-trimônio genético e/ou patrimônio ambiental, entre outros -. Este Projeto dialoga e articula-se com Programas de Doutorado Internacionais, entre os quais incluem-se o Programa de Doutorado "Antropologia: Políticas e Imagens da Cultura" coordenado por uma rede de antropólogos portugueses da FCSH-NOVA (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), do CRIA (Centro de Pesquisa em Antropologia), do ISCTE-IUL (Instituto Universitário de Lisboa), do INET/FCSH/NOVA (Instituto de Etnomusico-logia) e de IELT/FCSH/NOVA (Instituto de Estudos de Literatura Tradicional); o Programa de Doutorado "Patrimônios de Influência Portuguesa" e o Programa de Doutorado "Cida-des e Culturas Urbanas" do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.


PERCURSOS DE MEMÓRIAS NO RIO DE JANEIRO: REVELANDO PATRIMÔNIOS, MUSEUS E NARRATIVAS :: Regina Abreu

O Estado do Rio de Janeiro guarda enorme potencial de memórias. A região como um todo evoca passagens importantes não apenas da memória regional, mas também da memória nacional. Particularmente, os museus e os patrimônios constituem referências ou suportes materiais de uma gama diversificada de memórias. Estes "lugares de memória", muitas vezes pouco conhecidos, expressam histórias riquíssimas permitindo outros olhares para a história regional e nacional. Entretanto, como todos os suportes materiais de memórias, é preciso que narradores privilegiados nos forneçam os elos perdidos nos conectando com outros espaços-tempos e valorizando as memórias nativas locais e regionais. A ênfase aqui relaciona-se às múltiplas possibilidades de leituras e interpretações que diferentes suportes emblemáticos ensejam fazendo eclodir a polifonia das memórias do Estado. Desse modo, não se trata apenas de documentar as referências materiais que ancoram as memórias no Estado, mas procurar por meio de narrativas privilegiadas traçar "percursos da memória". O importante aqui é focalizar a íntima relação dos suportes de memória com narrativas locais conferindo sentido e atualizando a memória social. Museus e patrimônios só existem enquanto lugares de pleno significado social. A pesquisa se beneficia da utilização de recursos de audiovisual, metodologia já experimentada em projeto anterior (“Memória, Cultura, Transformação Social e Desenvolvimento: Panorama Museal do Estado do Rio de Janeiro”- contemplado no Edital Faperj Pensa Rio 2007). Como aporte teórico-metodológico utiliza- mos a “etnografia audiovisual dos percursos” por meio da realização de filmes durante a pesquisa. Assim, pretende-se refletir sobre a memória e a história do Rio de Janeiro multiplicando os roteiros de visitação a regiões do Estado do Rio de Janeiro a partir de suas refe-rências. Este projeto articula-se com a construção do portal, do livro e da série de filmes digitais para a televisão intitulada “Revelando os museus do Rio” congregando um grupo de pesquisa com doutorandos, mestrandos, bolsistas de Iniciação Científica da Escola de Museologia da UNIRIO.

 

Vestigios da informação-memória: sobre o efêmero, resíduos e reciclagem digitais :: Vera Dodebei

Estuda-se o fenômeno da informação-memória na web, com ênfase nos efeitos ecológicos da circulação de narrativas que são produtos da dinâmica de trocas no meio ambiente. Os excessos de memória e seus vestígios também serão estudados em bancos de dados digitais. Arqueologia e Reciclagem como método e ação, respectivamente, podem propiciar a descoberta e transformação dos vestígios memoriais e a visualização de indícios de ‘persistência aurática’ ou de reciclagem de memórias.


OBJETOS, HISTÓRIAS DE VIDA, CONEXÕES: POR UMA ECOLOGIA DOS RESTOS MEMORIAIS DIGITAIS:: VERA DODEBEI

A história de vida dos objetos com suas conexões em rede e seus fluxos de produção do conhecimento, parece se deslocar do espaço memorial - contexto de discussões realizadas na virada do século XX para o século XXI - a um campo mais inclusivo, plural e conectado - portanto mais complexo  - que, sem deixar de lado a memória, busca responder a questionamentos filosóficos, antropológicos, tecnológicos, ambientais, informacionais, entre outros, sobre a vida social das coisas.