sábado, 10 de janeiro de 2009

Acertos e Erros na Educação dos Filhos

São dignos de admiração os sábios que criaram a “Escola de Pais do Brasil”, uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, que tem como finalidade específica contribuir para ajudar pais, futuros pais e educadores a se prepararem melhor para a tarefa de educar crianças e jovens, capacitando-os para que se desempenhem na vida com dignidade e com ânimo aberto. Na verdade, para todas as funções de relevância que as pessoas exercem nas instituições que formam a nossa sociedade, há a exigência de cursos de capacitação, de uma preparação específica para o exercício dessa função. É de se estranhar que para a instituição “Família”, uma das mais importantes, por se constituir na base de toda sociedade, não haja obrigatoriedade de curso algum que oriente, que ensine a ser pai, ser mãe. Pode-se afirmar, sem margens de erro, que uma sociedade retrata os valores praticados nas famílias que a compõem. E esse é um motivo suficientemente provocador para que haja uma preocupação maior em se ajudar na formação dos futuros pais e mães - primeiros educadores das nossas crianças.
Parece que existe uma cultura enraizada no imaginário da sociedade, de que as pessoas já nascem vocacionadas para serem pais, mães, devendo saber a receita perfeita sobre o que, como e quando fazer. Quando um filho erra, a primeira coisa que vem à tona são questionamentos sobre a educação que receberam, como se os pais tivessem a obrigação de acertar sempre; como se fossem, também, os únicos responsáveis pelos desvios dos filhos.
Quero manifestar, igualmente, minha admiração à Instituição “Amor Exigente”, que vem desempenhando um brilhante papel de apoio às famílias em busca da elevação do espírito e da educação das emoções, aspectos fundamentais nesse processo de educar e de se educar para a vida. Dentre os princípios que norteiam a caminhada das pessoas que integram esse grupo, quero destacar o 2º, que propõe a reflexão: “ Pais Também São Gente.” Como educadora e, sobretudo como mãe, também defendo essa tese propagada pelo “Amor Exigente”. Sim, somos humanos e como tais, precisamos ter consciência do nosso infinito potencial, da nossa força interior, mas também, reconhecer, sem culpas, que somos seres limitados, que não sabemos tudo, que não podemos tudo e que ninguém tem o direito de brincar de Deus e ficar apontando o dedo para criticar, julgar e condenar os erros alheios.
Cury ( 2003, p.83), com toda sua experiência como cientista e psiquiatra, ensina-nos uma grande lição sobre o erro ao afirmar que todas as pessoas erram. A diferença, no entanto, reside no fato de que a maioria usa os erros para se destruir e uma minoria, para se construir. Esses são os sábios! Não somos, nem nunca seremos perfeitos como pais, exatamente porque somos “gente”. Ninguém tem a receita certa para educar um filho. E numa família onde todos foram educados, não do mesmo jeito, pois sabemos que não é recomendável, mas com os mesmos princípios e valores que fundamentam nossas crenças sobre o bem, há aqueles que seguem, confiantes, pela vida e são bem sucedidos. Poderá haver, no entanto, aquele que se desvia da rota e tem de enfrentar as conseqüências. E por isso, sofre e faz os outros, que o amam, sofrer também. E aí? Os culpados são os pais? É óbvio que uma série de circunstâncias e fatores interferem no crescimento dos filhos, em função das amizades que vão escolhendo por livre vontade e pelas vivências que vão experimentando na companhia dessas amizades. O modo particular como cada filho irá construir-se como pessoa, a escolha e decisão de seguir os exemplos e ensinamentos dos pais ou não, será decisivo na construção de seu caráter. Essa particularidade vai depender, sempre, da vontade e da força interior de cada um. Os pais podem orientar, ensinar, incentivar, mas no final das contas, as escolhas e decisões são dos filhos.
Para os pais que sofrem porque se exigem demais e sentem-se culpados pelos “ possíveis” erros que tenham cometido na educação dos filhos, vale lembrar da afirmação do psiquiatra Augusto Cury, quando diz que o importante não é ser perfeito, nunca errar, mas construir ricas experiências a partir dos erros que se comete e ir fortalecendo nossa capacidade de resistir, de persistir e de insistir em busca do “ Ser Mais”. Isso é construir força interior. E para fazer o fechamento dessa reflexão, trago presente uma frase citada por esse psiquiatra e cientista, que durante 17 anos investigou o funcionamento da mente humana e as relações com as emoções e criou uma teoria: a Teoria Multifocal. Diz ele que “ Quando o mundo nos abandona, a solidão é até tolerável. Mas quando nós mesmos nos abandonamos, a solidão é quase insuportável”. Cury ( 2003, p.131)
Queridos Pais e Mães, nunca percam a esperança; nunca se abandonem diante das lutas da vida. Cultivem a fé em Deus e na capacidade própria de resistir, de superar e de se superar e mostrem, por atitudes, a grandeza de ser humano que vocês são. Essa será, indiscutivelmente, a melhor herança que vocês poderão deixar para os seus filhos. Mesmo que hoje eles não valorizem, estará, para sempre, registrado em suas mentes, o seu exemplo como um Pai, uma Mãe que não é o símbolo da perfeição, mas que é gente, que tem sentimentos, que acerta e, às vezes erra, sempre com a melhor das intenções, em busca do melhor para seus filhos. Enfim, um ser humano que tem sonhos e não desiste de ser feliz e de fazer de tudo para ajudar seus filhos a serem felizes também!
* Marisa Crivelaro da Silva é Mestre em Educação, pós graduada em psicopedagogia e docência do ensino superior, MBA em Gestão Educacional. Professora do curso de Pedagogia da PUCRS/Campus de Uruguaiana, Vice-Diretora e Coordenadora Pedagógica do Colégio Marista Sant´Ana/ Uruguaiana -RS
** Texto produzido para uma palestra ao Grupo do Amor Exigente - Uruguaiana/RS
Disponível em :
http://www.sinepe-rs.org.br/portal/index.php?psession=114&displaylang=pt_br&f_id_artigo=52&f_action=view

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