2011 – O BORDA D’ÁGUA DIZ QUE É UM ANO FEIO

Da crise, cá dentro, que tem a ver essencialmente com o que cá dentro se fez e não se fez (não só recentemente, mas décadas sobre décadas) tudo isso potenciado, acelerado… pelo que veio de fora… da crise dizem-nos que… o ano em que entrámos há uns dias vai ser terrível.

Mais terrível, está bom de ver, para os que pouco ou nada tinham e têm, para os que se endividaram e agora não sabem para onde se virar, já ou a caminho de serem desapossados dos bens, como quem vê ruir castelos de areia…

Mais terrível para os que se vêem impotentes, as empresas a falirem, ou a fingir que o fazem, e eles na rua, sem trabalho, sem dinheiro, entregues ao desemprego, o futuro… um enorme ponto de interrogação.

Mais terrível para… milhares, milhares e milhares, o País à beira da entrada do FMI, e os políticos (que tristeza!…) naquela luta de.. os culpados são vocês, mais a crise de fora, mais a Merkl, ou os chineses, mais o petróleo que sobe, o juro que sobe, as agências de rating que… enfim, a mediocridade das desculpas do costume, esquecendo o cerne desta atávica incapacidade de Portugal – dos Portugueses! – de se pensarem a si mesmos como gente capaz de agarrar em si mesma, enfrentar as dificuldades e lutar para vencê-las, pouco a pouco, para um dia deixar de andar na penúria, deixar de andar na pedinchice, ou na lamúria, ou na amargura… sem norte.  

A esperança é a última coisa a morrer. Assim seja! Porém, só de esperança não se vive. É preciso algo, de muito importante, que sustente o direito à esperança. Projecto para este País. Um sentido, objectivos, planos e programas, mobilização consciente dos cidadãos. E acções. Ah, e um estado de direito. E a justiça a funcionar. A sério. E a educação e formação das pessoas no centro do desenvolvimento das competências sociais e profissionais. E critérios de mérito e não as cunhas, os compadrios, os amiguismos e a eterna e maléfica capilaridade política a valerem sobre todos os valores e critérios honestos e idóneos.

Diz o Borda D’Água que 2011 entrou sob o signo de Saturno, um planeta de movimento lento que leva cerca de 30 anos para completar a sua órbita. Sou, desde criança, um leitor interessado do Borda d’Água, e não pude deixar de ligar o Juízo do Ano, que aparece na última página do alamanaque, àquilo que se passa no nosso País.

É claro que o almanaque é o que é. Não pode ver-se no que diz uma verdade ou premonição para o País. E não faz sentido acreditar que os astros (neste caso o planeta Saturno) possam ser “responsáveis” por aquilo que é da responsabilidade do ser humano.

Mas quando o Borda d’Água diz que Saturno traz destruição, fome, carestia, inquietação, miséria, angústia e tristeza… somos conduzidos a aceitar que isso se aplica, tal e qual, a Portugal.

Com ou sem as previsões do Borda d’Água, a questão que se põe é a de saber se a gravíssima situação que vivemos vai continuar a abater-se sobre nós durante alguns anos ou se vai acompanhar, durante 30 anos, a trajectória de Saturno. A resposta, obviamente, cabe aos Portugueses. A mim, a si… a todos. Todos Nós!…

Manuel

This entry was published on 10/01/2011 at 22:15. It’s filed under 2011, Borda d'Água and tagged . Bookmark the permalink. Follow any comments here with the RSS feed for this post.

6 thoughts on “2011 – O BORDA D’ÁGUA DIZ QUE É UM ANO FEIO

  1. Reinaldo Ribeiro on said:

    Meu amigo
    Estou plenamente de acordo com o retrato objectivo que fazes da vida deste nosso “vale de lágrimas”. É um tiro certeiro «na mouche». Mas há algo que me desagradou no teu artigo: é o vaticínio do Borda d’Água que, olhando para Saturno, afirma que vamos ter um ano difícil. Este é o ponto fulcral da questão. Os nossos (in)dignos (des)governantes se leram o Borda d’Água arranjaram outro bode expiatório para arcar com os seus próprios erros, agora é Saturno!
    Não bastava a crise internacional, os «mercados», a Merckel, etc. , tinha de vir também esse astro (que ainda tem anéis, contrariamente ao povo português, que só tem alguns dedos…) para que, com as suas revoluções previstas para os próximos trinta anos, viesse prejudicar seriamente a imagem deste país tão bem governado.
    Não gostei do Borda d’Água de 2011. Está “feito” com eles…

    Abraços

  2. Manuela Marques on said:

    Se isto não fosse tão dramático, até me ria muito mais com o comentário anterior. Nebulosas pardacentas pairam em todo o planeta. Isso faz-me sentir ainda mais esfusiante sempre que aparece um raio de sol ! Ainda agora, vejo nas notícias a situação alarmamte do médio oriente. Multidões descontroladas a viver misérias, conduzidos pelos extremistas islâmicos que à sexta-feira incendeiam paixões .
    Povos que esperam ser manipulados …UM BARRIL DE PÓLVORA.
    Avaliando como eles olham o mundo…espera-se uma convulsão gigantesca que vai afectar todo o ocidente !
    Suspeito que o bordad’água foi até acanhadinho nas previsões…

  3. Meu amigo, obrigado pela visita e pelo comentário. Como depreenderás, a referência ao Borda d’Água é… um suporte para falar de. Porém, não deixa de ser curioso que, tal como se antevêem 30 anos de uma situação muito difícil, o Borda venha dizer que a trajectória de Saturno, que dura exactamente 30 anos, seja um período… do pior.
    Ou seja, devem os portugueses preparar-se para a resposta que é preciso dar, muito antes do fim desses tais 30 anos. O que equivale a dizer que têm muito que lutar contra todos os poderes que, como até aqui, nos mergulharam em tão insustentável situação. Portanto, assumirmo-nos como cidadãos, com direitos e deveres, para o que é necessário dizer basta! à política sem-vergonha, aos compadrios, à falência da justiça, à degradação contínua do sistema de educação-formação, à falência do sistema de saúde… enfim, a tanta miséria em que este país se transformou. Sem isso… não vamos lá. Ainda pior se continuarmos a pensar em salvadores, como parece ser o que deram as últimas presidenciais. Também porque não havia alternativa séria, não houve quem quisesse ou soubesse congregar os sentimentos de crítica e rejeição de toda esta situação. Brincou-se à política. Mais uma vez. Infelizmente

    Manuel

  4. O BORDA D’ÁGUA: é uma boa ferramenta de trabalho para que gosta de trabalhar, por exemplo, a terra, cultivando-a. Temos nessas folhas algumas orientaçoes muito uteis. Sobres as marés e luas, tambem se pode recolher informações, principalmente para os pescadores, etc…, se quizermos procurar defeitos vamos encontra-los em tudo que é sitio. Um abraço, Vitor

    • Caro Vítor, agradeço a visita e o comentário. De facto, o BORDA é um valioso instrumento de trabalho, como diz. Os meus avós já viam na FOLHINHA, como então lhe chamavam, exactamente um auxilair para as suas culturas, e não só. Veja-se, no que diz respeito a 2011, que o Borda d’Água logo disse que o ano iria ser muito ventoso e húmido. O que tem acontecido. Ora… nem mais. O Borda é que sabe…

  5. Anabela on said:

    boa tarde,

    gostaria de saber o que o borda d´agua prevê para outono/inverno 2011, já que o verão foi um pouco ventoso e chovo uso.

    obrigada

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