Posts Tagged ‘Oficinas literárias’

Curso com Ruffato em Porto Alegre, neste sábado

Junho 24, 2009

Fabrício Carpinejar divulgou para os leitores de seu blog e o Novas Letras divulga para os nossos:

O irmão e flamenguista Luiz Ruffato, um dos grandes nomes da narrativa contemporânea, premiado com Jabuti, Biblioteca Nacional e Associação Paulista dos Críticos de Arte, está conduzindo Curso de Escrita Criativa, neste sábado (27/6) na Clínica Verri (Rua Tobias da Silva, 267/506, Moinhos de Vento), em Porto Alegre.

Seis horas de prosa gostosa e labuta de texto com autor da série de romances “O Inferno Provisório”. Das 9h às 12he das 14h às 17h.

Cada um dos participantes deve levar um conto de no máximo 6 mil caracteres para ser discutido na oficina.

Inscrições em atendimento@clinicaverri.com.br Informações pelo telefone: (51) 3022.4444

Vale a pena conferir o blog do Carpinejar, não só para ler seus belíssimos textos, mas também para ver a foto hilária do Ruffato.

Oficinas literárias ensinam a criar?

Junho 12, 2009

As primeiras notícias sobre oficinas literárias datam da década de 30. Oficialmente, em 1936, Wilbur Schramm deu a aula inaugural da disciplina que se espalharia pelo mundo como Escrita Criativa. Scramm era professor da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, e seu Program in Creative Writing continua até hoje. Por lá já passaram os brasileiros Affonso Romano de Sant’Anna, Charles Kiefer e João Gilberto Noll.  A proliferação ds laboratórios de texto gera discussões quanto à eficiência do ensino. Para uns, massificação da literatura, para outros tão válido quanto aprender a tocar um instrumento.

No Brasil, a primeira oficina foi de Cyro dos Anjos, em 1962, na Universidade de Brasília. As cadeiras de criação literária são comuns nas universidades americanas. Entre as mais famosas, estão a da University Eastern Washington, da University of Cincinnati, da Universidade de Syracuse, da Rutgers University e da Universidade do Arizona. Na França, as aulas para escritores iniciaram na década de 60 com Elisabeth Bing. As universidades francesas também aderiram ao laboratório de texto. Um dos mais conhecidos é o da Universidade de Grenoble III. A Sorbonne também tem seu atelier d’écriture. A Factoría de Alquimia Literaria, de Sevilha, é a oficina, ou tallere, mais lembrada na Espanha. A América Latina tem bons exemplos no México, Cuba, Equador, Uruguai e no cybertaller da argentina Laura Calvo.

O curso de Iowa ostenta dezesseis ex-alunos que venceram o prêmio Pulitzer, entre eles Michel Chabon, a romancista Joyce Carol Oates e o finalista Raymond Carver. No exterior, a escrita criativa é fortemente ligada a instituições de ensino. Os cursos fora delas são praticamente inexistentes. No Brasil, muitas oficinas literárias são institucionalizadas fora das universidades, como empreendimento, ainda que surjam dentro delas. O curso Cíntia Moscovich é um exemplo. A escritora gaúcha foi teve aulas de escrita criativa com Luiz Antônio de Assis Brasil e atualmente ministra suas próprias.

Recentemente, a revista americana The New Yorker publicou um artigo no qual contesta a validade das oficinas. “Programas de escrita criativa são baseados na teoria de que estudantes que nunca publicaram um poema podem ensinar outros estudantes que nunca publicaram um poema como escrever um poema publicável”, escreve Louis Menand autor do artigo. Abaixo do Equador, os cursos também recebem críticas. Sérgio Rodrigues, escritor e blogueiro do site Todo Prosa, afirma que as oficinas não podem formar escritores, porque o dom é natural, no entanto elas podem aprimorar a escrita. Nesse ponto, Luiz Antônio de Assis Brasil está de acordo com Rodrigues (assista o vídeo Entrevista com Luiz Antônio de Assis Brasil). Para ele, “o texto de quem faz oficina fica mais limpo”.  Hanif Kureishi, autor e professor inglês afirmou ao jornal The Guardian (leia a tradução aqui) que “as oficinas literárias são os novos hospitais psiquiátricos”.

Críticas à parte, a presença de um professor tende tanto a melhorar quanto a uniformizar o conhecimento. As oficinas servem como base técnica, o conteúdo depende do nível de interesse de cada aluno. Luiz Antônio de Assis Brasil comenta que os argumentos sobre a padronização do texto não são válidos, e cita como exemplo as escolas de arte, que não são criticadas por formar artistas iguais.

Assita às entrevistas com escritores sobre oficinas literárias