sexta-feira, 26 de março de 2010

Estudo revela que os T-Rex também povoaram Hemisfério Sul

25/03/10 - 17h22 - Atualizado em 25/03/10 - 17h22 (g1.globo.com/Noticias/Ciencia/)
 

Ossos de um pequeno antepassado do animal foram achados na Austrália. Até agora, fósseis do tiranossauro só haviam aparecido no Norte.
 
 
Da EFE


Os enormes Tiranossauros Rex (T-Rex) também percorreram os continentes do Hemisfério Sul, confirmou um estudo realizado por cientistas ingleses e australianos divulgado hoje pela revista "Science".

A descoberta de um osso de quadril de 30 centímetros de um pequeno antepassado do animal encontrado em uma caverna de Victoria (Austrália) descarta a crença de que só existiram no Hemisfério Norte, apontaram os cientistas da Universidade de Cambridge e da Universidade de Melbourne.

Segundo Roger Benson, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge, o osso "é certamente identificável" como o de um tiranossauro porque esse tipo de dinossauro tem ossos do quadril que são únicos.

"Trata-se de uma importante descoberta, pois os fósseis dos tiranossuros só haviam sido encontrados no Hemisfério Norte. Alguns cientistas pensavam que nunca tinham chegado até o Sul", acrescentou.

Benson acrescentou que, embora exista apenas um osso "este demonstra que há 110 milhões de anos havia tiranossauros pequenos como o nosso em qualquer parte do mundo".


80 quilos

De acordo com as análises do fóssil, o osso foi de um animal que media cerca de três metros de comprimento e pesava aproximadamente 80 quilos com cabeça grande e os braços pequenos que caracterizam os T-Rex. O "pequeno" tiranossauro, identificado como NMV P186069, viveu há cerca de 110 milhões de anos.

Os grandes Tiranossauros Rex, que mediam mais de 12 metros de comprimento e pesavam cerca de quatro toneladas, viveram há aproximadamente 70 milhões de anos, no final do período Cretáceo.

De acordo com Paul Barrett, paleontólogo do Museu de História Natural de Londres, a ausência dos tiranossauros nos continentes do sul parecia ser um fato anômalo.

Barrett explicou que os fósseis de outros tipos de dinossauros considerados típicos do norte já começaram a aparecer nos continentes do sul.

"Essa descoberta demonstra que os tiranossauros puderam chegar a essas regiões nos primeiros períodos de sua história evolutiva e também sugere a possibilidade de que se descubram seus restos na África, América do Sul e Índia", acrescentou.

No entanto, os cientistas admitem que a descoberta ainda deixa uma incógnita: por que esses pequenos tiranossauros evoluíram para se transformar nos enormes T-Rex somente no Hemisfério Norte?

Cientistas identificam possível novo ancestral do homem na Sibéria

24/03/2010 - 20h29 (noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/)

Paul Reynolds
Da BBC News 
 

Cientistas alemães identificaram o que pode ser um novo ancestral do homem a partir da análise genética de ossos encontrados em uma caverna na Sibéria, segundo um estudo publicado na edição desta quarta-feira da revista científica Nature.

O fóssil, encontrado na caverna Denisova, nas montanhas Altai, em 2008, seria de um dedo da mão de um hominídeo de cerca de seis anos que viveu na Ásia Central entre 30 mil e 48 mil anos atrás.

Os cientistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária de Leipzig, na Alamanha, fizeram uma análise do DNA mitocondrial do fóssil e compararam com o código genético de humanos modernos e do homem de Neandertal.

Os resultados sugerem que o material corresponde a uma migração procedente da África desconhecida até agora e distinta das protagonizadas a partir do continente africano pelos antepassados do homem de Neandertal e dos humanos modernos.

O DNA não é o mesmo dos seres humanos ou neandertais, duas espécies que viveram na área na mesma época. Testes sugerem que o DNA do fóssil siberiano pertence a uma nova espécie, não sendo igual ao de outros hominídeos conhecidos.

O material genético encontrado no fóssil seria muito novo para ser descendente do Homo erectus, que partiu da África em direção à Ásia há cerca de 2 milhões de anos, ou muito antigo para descender do Homo heidelbergensis, que teria se originado há cerca de 650 mil anos.

"Quem quer que tenha carregado esse genoma mitocondrial para fora da África há cerca de um milhão de anos é alguma criatura nova que ainda não havia aparecido no nosso radar", disse o professor Svante Paabo, coautor do estudo, ao lado do cientista Johannes Krause.

A pesquisa contribui para um cenário mais complexo da humanidade durante o final do período Pleistoceno, quando os humanos modernos deixaram a África para colonizar o restante do mundo.

Já é conhecido que os humanos podem ter vivido simultaneamente com os Neandertais na Europa, aparentemente por mais de 10 mil anos. Mas em 2004, pesquisadores descobriram que uma espécie anã dos humanos, conhecida como “Hobbit”, viveu na ilha das Flores, na Indonésia, até 12 mil anos atrás – muito tempo depois de os humanos modernos terem colonizado a área.
Convivência

A pesquisa contribui para um cenário mais complexo do período Pleistoceno, quando os humanos modernos saíram da África para colonizar o restante do mundo.

O professor Clive Finlayson, diretor do Museu Gibraltar, já disse que havia “uma série de populações humanas espalhadas por partes da África, Eurásia e Oceania”.

“Alguns teriam sido geneticamente relacionados, se comportando como subespécies, enquanto outras populações mais extremas podem ter se comportado como espécies com nenhum ou pouco cruzamento híbrido”, disse.

Neandertais aparentemente viveram na caverna Okladnikov, nas montanhas Altai, há cerca de 40 mil anos. Uma equipe de pesquisadores liderada pelo professor Anatoli Derevianko, da Academia Russa de Ciências, também encontrou provas da presença de humanos modernos que viveram na região no mesmo período.

“Outra questão intrigante é se pode ter havido convivência e interação não apenas entre Neandertais e humanos modernos na Ásia, mas também, agora, entre essas linhagens e a recém descoberta”, afirmou o professor Chris Stringer, pesquisador de origens humanas do Museu de História Natural de Londres.

“A distinção entre os padrões do DNA mitocondrial sugere, até agora, que houve pouco ou nenhum cruzamento entre espécies, mas serão necessárias mais dados de outras partes do genoma dos fósseis para que se chegue a conclusões definitivas”, afirmou.

Segundo ele, o estudo é “um desenvolvimento instigante”.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Smithsonian inaugura ala sobre evolução humana que custou US$ 21 mi

17 de março de 2010 | 16h 00 (estadao.com.br/noticias)

Ala tem 285 fósseis e artefatos, incluindo o único esqueleto Neandertal dos Estados Unidos

 
WASHINGTON - O Museu de História Natural Smithsonian, localizado em Washington, nos EUA, inaugurou nesta quarta-feira, 17, uma ala permanente que exibe a evolução humana no período de 6 milhões de anos.

Com um custo aproximado de US$ 21 milhões, o Ala da Origem Humana terá 285 fósseis e artefatos, incluindo o único esqueleto Neandertal dos Estados Unidos. O curador responsável pela nova ala, Rick Potts, diz que a exposição exibe as principais etapas do desenvolvimento do ser humano.

Grande parte do fundo utilizado na construção da nova ala do museu foi doado pelo bilionário David H. Koch, vice-presidente executivo da companhia de energia elétrica Koch Industries Inc.

O Museu de História Natural Smithsonian atrai 7,4 milhões de visitantes por ano, o que o faz o mais visitado nos Estados Unidos.
 
 

Futura Evolução Humana: Eugenia no século XXI

por John Glad

A versão resumida do original deste livro em inglês pode ser baixada gratuitamente de
http://whatwemaybe.org

Introdução
“Estou com vocês, homens e mulheres de uma geração
ou todas as demais gerações a contar deste momento”.
WaltWhitman, “Crossing Brooklyn Ferry”
A Grande Guerra e a Depressão subsequente minaram a mentalidade do Império e os privilégios de classe, deixando um vácuo preenchido por um clima intelectual que proclamava a igualdade de todos os seres humanos, não simplesmente como princípio ético, mas como fato biológico. A sociedade ocidental do século XX passou a ser dominada por uma ideologia nova e unificada. Freudianismo, Marxismo, Behaviorismo de B.H. Skinner, história cultural de Franz Boaz e antropologia de Margaret Mead enfatizavam a maravilhosa "plasticidade" e mesmo a "capacidade de programação" do Homo sapiens. Repetidamente era explicado que a mente humana pouco difere em suas qualidades inatas, e que apenas a educação e a cultura explicam as diferenças entre nós. O software é tudo; o hardware é idêntico e, portanto, insignificante. O caminho para a utopia repousa apenas sobre o aprendizado melhorado.
No último terço do século XX, mesmo enquanto os cientistas promoviam ativamente a teoria da evolução, eles evitavam, em grande margem, o tópico da evolução da humanidade atual e futura. É notável que essa premissa tácita da estase tenha coincidido com a revolução em nossa compreensão da genética como processo em andamento. Agora essa censura foi levantada e mesmo os adversários mais implacáveis das variações significativas na genética humana admitemque o antigo diálogo darwinista foi retomado.
Os temas em questão mostram-se tão repletos de consequências emtodos os níveis que, mesmo pequeno como é o grupo de pessoas preocupadas com a futura composição genética da humanidade, uma única fagulha ideológica nessa área tem o poder de detonar uma conflagração total e absoluta, de forma que a hostilidade com frequência elimina a discussão racional. Mas, não importa quanto a sociedade fica incomodada com esses temas, eles de fato estão diante de nós, exigindo pelo menos reconhecimento, senão solução. Neste livro, eu procuro apresentar os fundamentos científicos e éticos do intervencionismo genético.
Por mais que nós humanos nos orgulhemos de nossas realizações, pouco nos aproximamos da resolução das grandes questões da existência do que quando morávamos em cavernas. O prolongamento do tempo infinitamente para trás ou para a frente é tão inimaginável quanto é o tempo ter início ou fim. Psicologicamente, porém, precisamos de um mapa - um conceito de existência e de nosso lugar no universo – e, deste modo, nos ocupamos emelaborar mitos para preencher o vácuo que achamos tão intolerável. Para ser duradoura, uma visão do mundo precisa primeiro nos explicar o universo e, depois, aliviar nossos medos e satisfazer nossos desejos. A lógica não é um prerrequisito. O mito pode até se contradizer - sem contar que pode estar emdesacordo como mundo real.
Independentemente de quando ou onde vivemos, inevitavelmente percebemo-nos como o Império do Centro ou o Médio Império e, sorrimos condescendentemente aos mitos elaborados por outras culturas, ou guerreamos com eles para submetê-los a nossa (unicamente correta) visão de mundo. E se somos melhores na arte das armas, geralmente somos capazes de persuadir aqueles que dominamos fisicamente da superioridade de nossos mitos sobre os deles.
Até meados do século XIX, o mundo ocidental aceitou a interpretação literal do Livro de Gênesis, mas, em seguida, a teoria da evolução apresentou explicação radicalmente diferente sobre as origens do homem. Tentando reconciliar religião e ciência, a sociedade forjou uma nova mitologia que, sem surpresas, é cheia de contradições. Eis algumas delas:
a) Enquanto outras espécies de animais e plantas podem sofrer mudanças significativas em algumas gerações, nós afirmamos que milhares de gerações, sob condições radicalmente diferentes de seleção e de relacionamentos seletivos, têm deixado apenas mudanças genéticas muito superficiais em nossa espécie.
b) Os intelectuais (embora não o homem comum) estavam firmemente convencidos de que somos produto da evolução, mas estavam igualmente arraigados na estranha suposição de que os seres humanos são a única espécie que não é mais afetada por esse processo.
c) Mesmo que a sociedade premie capacidades ou sagacidades em praticamente qualquer forma de atividade, tornou-se moderno afirmar que esses fatores não desempenham nenhum papel na formação das classes sociais, tidas inteiramente como resultado de sorte e privilégio. De fato, os estudiosos que dominam o mercado editorial e a academia negaram a própria existência da variação inata do QI nas populações humanas.
d) Apareceu um imenso setor de testes acadêmicos, mas seus achados foram amplamente declarados como sendo somente aproximados, mas carentes de qualquer tipo de validação.
e) Com a transição para famílias menores, os cientistas têm observado que geração após geração dos intelectualmente favorecidos estão deixando de se substituírem – exatamente como era temido pelos primeiros eugenistas – no entanto, a sociedade aceitou o fenômeno como natural.
f) Estamos nos tornando cada vez mais bem-sucedidos na implementação de um processo chamado de “medicina” para a eliminação da seleção natural, mas continuamos alegremente indiferentes à ameaça existencial que esses sucessos de curto prazo representam para as futuras gerações.
g) Trabalhando com afinco na decifração do mapa do genoma humano, continuamos a aplicar critérios morais para comportamentos, que logo se tornariam explicáveis cientificamente.
h) Como em todas as outras espécies animais, enquanto nossa conduta social esteve necessariamente centralizada em rituais de acasalamento, nossa percepção desse processo permaneceu dominada por uma miríade de tabus camufladores e fetiches.
i) Criamos uma sociedade de castas genéticas que coopta talentos nascidos nas classes menos favorecidas, exploramos e manipulamos com eficiência essas castas, enquanto, ao mesmo tempo, proclamamos a igualdade de oportunidades como nosso slogan.
j) A igualdade de oportunidades foi proclamada como a grande meta da sociedade, mas uma das causas principais do desequilíbrio das oportunidades – a diferença da dotação genética entre as pessoas - estava fora de cogitação como alvo da engenharia social.
k) Libertando-nos (muito temporariamente) das amarras da seleção natural e das limitações dos recursos naturais, nós nos recusamos a reconhecer que nos tornamos a espécie que perfeitamente se encaixa na definição de doença, causando estragos a nós mesmos e a nossas espécies irmãs numa agressão maciça ao hospedeiro que parasitamos – o planeta. Mas, quem quer se ver nesse papel?
l) Criamos uma economia insustentável, dependente da exaustão dos recursos, no entanto, proclamamos níveis ainda maiores de consumo como a meta da sociedade.
m) Defendemos a liberdade de expressão, ao mesmo tempo em que denunciamos impiedosamente qualquer opinião na área da genética humana considerada ofensiva por qualquer segmento significativo da sociedade.
Dessa forma, a revolução na tecnologia foi acompanhada, não pela eliminação do mito, mas pela criação de novos mitos equivalentes à negação da biologia. O dar e receber do processo político foi determinado necessariamente pelo poder relativo dos participantes, de modo que as gerações futuras não foram levadas em consideração na tomada de decisões.
Apesar da opinião popular e dos preconceitos, é impossível fugir dos fatos da ciência. Enquanto você lê esta frase, a humanidade terá evoluído geneticamente. Há espécies como a do peixe celacanto que – incrivelmente – sobrevivem há mais de 400 milhões de anos, mas eles são a exceção rara. O Homo sapiens é um elo recente na cadeia evolutiva, e as condições que norteiam a seleção desta população passaram por transformações revolucionárias ao longo do século passado.
Finalmente, temos que decidir o grau de satisfação que sentimos enquanto espécie. Este é o grande divisor de águas, separando aqueles a favor da intervenção genética dos que se opõem a ela. Independentemente de nossas atitudes pessoais, não há como negar que enquanto a loteria genética produziu de fato muitos vencedores, há muitos menos afortunados.
O movimento eugênico, que pode ser entendido como ecologia humana, há muito considera-se como um lobby para as futuras gerações, argumentando que, embora seja verdade que não deveríamos ser presunçosos em nossa capacidade de prever o futuro, podemos definir o que queremos – bebês inteligentes e saudáveis que crescerão para se tornar adultos emocionalmente equilibrados e amplamente altruístas.
Ora, quando a maioria das pessoas vive muito além de sua idade reprodutiva, não são aqueles que sobreviveramao terrível processo da seleção natural que habitarão o planeta no futuro, mas aqueles que têm a  maior prole. Agora temos seleção pela fertilidade emvez de pela mortalidade – uma mudança revolucionária.
No plano teórico, hoje – finalmente – concordamos que igualdade de oportunidades é um objetivo desejável. Ao mesmo tempo, porém, nos encontramos presos a um etos social que insiste que não apenas deveríamos gozar de direitos iguais, mas também que somos praticamente idênticos, diferindo apenas na criação.
Compassiva e alegremente, cada um de nós é um indivíduo único, e essa singularidade se estende aos grupos étnicos e nacionais que constituímos. Não somos máquinas idênticas com softwares diferentes. Sem exceção, todos os grupos étnicos produziram tanto vencedores como perdedores na loteria genética. Os intervencionistas argumentamque é nossa obrigação moral fazer o máximo para transmitir aos nossos filhos – não a mesma herança – mas a melhor, a única herança possível para cada um deles. Os anti-intervencionistas mostram que, ao quebrar o bastão precioso passado de geração a geração, podemos facilmente produzir um desastre irreparável. Porém, não tomar decisão tambémé uma decisão.
Muitas de nossas decisões cotidianas estão repletas de consequências genéticas. Quem está tendo bebês, e quantos? Tudo que influencia a fertilidade é um fator na nova seleção. Isso pode incluir um passeio à farmácia mais próxima para comprar dispositivos contraceptivos, a ida a uma clínica de aborto ou a decisão de reduzir ou mesmo renunciar à procriação em prol de avanços na carreira e na formação. Ao negar creches gratuitas e apoio financeiro infantil para todos, exceto as populações carentes, o governo incentiva alguns grupos e desestimula outros a procriar e esta política já se tornou tambémumfator grave na seleção genética.
Os eugenistas argumentam que devemos reconhecer nosso lugar no mundo físico – como criaturas biológicas. Para sobreviver como espécie com maior significado filosófico do que os outros animais, eles acreditam que, na área da reprodução, temos que subordinar nossos interesses àqueles das gerações futuras e começar a controlar nossas populações de acordo com princípios incontestáveis aplicados às outras espécies. Em resumo, eles apoiam substituir a seleção natural pela seleção científica. Nas palavras de Sir Francis Galton, o “pai” da eugenia e da estatística: O que a natureza faz cega, lenta e impiedosamente, o homem pode fazer prudente, rápida e cuidadosamente. Como está em seu poder, torna-se seu deve trabalhar nessa direção.
Este é um livro sobre o sentido da vida, da inteligência e do nosso lugar no universo. Baseia-se em uma filosofia racional de vida e de amor por nossas crianças, na consciência dos fardos e responsabilidades da paternidade. É expresso em um espírito de amizade igualitária, para homens e mulheres preocupados e de  boa vontade – os proponentes e os oponentes do movimento eugênico. Esperançosamente, muitos deles compartilharão os mesmos valores, esperanças e medos. Se nada mais, deveríamos concordar com o direito de discordar.
Repleto de história, valores e emoções, o movimento eugênico vê a si próprio fundamentado na ciência, mas não está limitado a ela. Aqui, tentarei ligar algumas áreas do conhecimento numa abordagem sincrética. Peço a compreensão do leitor na apresentação dessas áreas, que podem parecer discrepantes, porém, qualquer visão de mundo séria e de amplo espectro é necessariamente eclética.
A humanidade penetrou nos primeiros estágios da revolução no conhecimento geral dos mecanismos genéticos, novas biotecnologias e na explicação científica de áreas da saúde humana e comportamentos previamente analisados sob o prisma moral. O espírito do iluminismo não pode ser devolvido à lâmpada da ignorância. A perspectiva de, em poucos anos, ter nas mãos o esboço humano completo é impressionante, e devemos assumir que as futuras descobertas no campo da genética nos darão capacidades que nem  podemos imaginar agora. A seleção de embriões para se obter os genes desejáveis, a engenharia genética na linha germinativa e a clonagem de crianças geneticamente idênticas a partir de células cultivadas se tornarão possíveis nos próximos dez a quinze anos. As discordâncias entre o que é atribuído à natureza e o que é à educação parecerão estranhas, e teremos que nos perguntar como espécie o que fazer depois, como  alcançar, se não a utopia, pelo menos algo mais perto disso do o que temos agora ou, no mínimo, como sobreviver.
Adeptos da eugenia veem sua causa como parte da luta pelos direitos humanos – os direitos daqueles que virão depois de nós. Como Martin Luther King, eles argumentam, podemos bem imaginar se jamais alcançaremos a Terra Prometida. Talvez não haja um objetivo final, apenas a busca, porém, devemos a nossos filhos iniciar a jornada, fazer o melhor para assegurar que eles nasçam melhores pessoas do que somos, e que eles herdemmais nossas boas qualidades e menos nossas imperfeições.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Aprender a cozinhar nos tornou homens, diz antropólogo em livro que contesta Darwin

17/03/2010 - 21h59 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/)

da Livraria da Folha
 
 
Considerado um dos dez melhores livros de 2009 por especialistas do "New York Times" e "Economist", "Pegando Fogo" (Jorge Zahar) propõe uma tese retumbante e desafiadora: a de que os homens só passaram a se diferenciar dos antepassados primatas quando começaram a cozinhar.

Para defender esse ponto de vista, o antropólogo biológico norte-americano Richard Wrangham obtém informações retiradas de assuntos diversos, como a teoria da evolução, a divisão de tarefas entre os sexos, a culinária e até mesmos temas como dietas e emagrecimento. Para o autor, ao contrário do que disse Darwin, passamos a cozinhar antes de nos tornar homens.

Essa "hipótese do cozimento" afirma que um antepassado imediato do homo sapiens, o homo erectus, dominou o fogo e o cozimento há cerca de 1,8 milhão de anos, permitindo que tivéssemos acesso tanto a nutrientes quanto a hábitos que nos mudariam para sempre.

Para ilustrar o tema, histórias de sobreviventes na selva e no mar, do cotidiano alimentar de esquimós e índios brasileiros, além da experiência do próprio autor, que entrou no território selvagem dos chimpanzés para viver com eles e, sobretudo, comer exatamente o que eles comem.
 

Biólogas "ressuscitam" a teoria de Lamarck

29/01/2010 - 07h11 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/)

da Folha Online
 
 
 
O francês Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) seria a última pessoa que alguém poderia pensar em chamar para salvar a teoria da evolução de Charles Darwin. Afinal, Lamarck acabou entrando para a história como o autor da teoria evolutiva errada, e "lamarckismo" virou sinônimo de engano para os biólogos. Isso porque sua teoria pregava a herança de caracteres adquiridos, quando Darwin mostraria que a evolução ocorre por meio da seleção natural de variações aleatórias. 

Em "Evolução em Quatro Dimensões", Eva Jablonka e Marion J. Lamb resgatam as ideias do maltratado naturalista francês. Segundo as autoras, o darwinismo hoje precisa de uma reforma, de uma nova síntese -- e tal síntese passa pela incorporação do lamarckismo na teoria evolutiva. Descobertas da biologia molecular nos últimos cinquenta anos mostram que a evolução vai além da seleção de variações casuais nos genes. 

As autoras identificam quatro "dimensões" na evolução --quatro sistemas de herança que desempenham um papel na evolução: a genética, a epigenética (ou transmissão de características celulares, alheia ao DNA), a comportamental e a simbólica (transmissão por meio da linguagem e de outras formas de comunicação simbólica). Em todos esses sistemas ocorre alguma herança de caracteres adquiridos, novamente uma heresia lamarckista que Jablonka e Lamb incorporam ao repertório do darwinismo, não para derrubá-lo, mas para mostrar que há muito mais variação disponível para a seleção natural do que sonha a biologia.
 

Pesquisadores descobrem nova espécie feroz de dinossauro

19/03/10 - 12h12 - Atualizado em 19/03/10 - 12h23
 
Animal é parente do famoso velociráptor e do tiranossauro rex.
Fóssil foi encontrado no interior da China.
 
Do G1, em São Paulo


 
Uma nova espécie de dinossauro parente do famoso – e violento – velociráptor foi descoberta no interior da China por dois estudantes de doutorado. Muito bem conservado, o esqueleto mostra que o animal tinha cerca de 2,5 metros e pesava 25 quilos. O réptil foi batizado de Linheraptor exquisitus.

Os pesquisadores, da Universidade College London e da Universidade George Washingtonm acreditam que o bicho era rápido e ágil, e se alimentava de pequenos dinossauros de chifre como os triceratops.


O Linheraptor foi classificado no grupo theropoda, que inclui carnívoros como o tiranossauro rex, e que evoluiu para os pássaros de hoje. A descoberta foi publicada na revista científica “Zootaxa”.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Fósseis revelam dinossauros aquáticos

10/03/2009 (www2.uol.com.br/sciam/noticias/)

Os hábitos semiaquáticos dos espinossauros os ajudaram a coexistir com os tiranossauros

por Matt Kaplan

 
Alguns pesquisadores encontraram evidências de dinossauros que passavam muito tempo na água. Essa descoberta, feita ao se analisarem isótopos de oxigênio encontrados nos fósseis de um espinossauro que se alimentava de peixes, demonstra como o dinossauro deve ter coexistido com outros grandes predadores, como os tiranossauros.
Os resultados, publicados na revista Geology, por Romain Amiot, da Universidade de Lyon na França, e uma equipe de colegas, demonstram que os dinossauros não estavam, na verdade, restritos à terra como se pensava anteriormente.

Animais aquáticos, como os plesiossauros e os ictiossauros, que, embora pareçam com dinossauros, não fazem parte da linhagem dos dinos.
Baryonyx walkeri, da família dos espinossauros, possui um crânio longo e parecido com o de um crocodilo, cheio dos característicos dentes em formato de cone. Quando ele foi encontrado, as teorias eram que, com esses dentes perfurantes, em vez dos dentes serrados normalmente encontrados em carnívoros aparentados, como o Tyrannosaurus rex, e um focinho grande, esse dinossauro se alimentasse de peixes.

Evidências de um comportamento piscívoro vieram com a descoberta de escamas de peixe parcialmente digeridas no estômago fossilizado dentro de um esqueleto de Baryonyx escavado na Inglaterra em 1983. Mas os conteúdos estomacais também continham restos de dinossauros, e outras evidências posteriores demonstram que os pterossauros também eram parte da dieta dos espinossauros, tornando a questão mais complicada. A ausência de barbatanas, membranas entre os dedos das patas ou caudas propulsoras perceptíveis também não sugeriam um modo de vida aquático.

Isso levou Amiot e seus colegas a procurarem isótopos de oxigênio presos dentro do esmalte dos dentes do espinossauro e compará-los com os isótopos de oxigênio encontrados nos dentes dos crocodilos e outros dinossauros e em fragmentos de cascos de tartarugas do mesmo período.
Animais que passam muito tempo em um ambiente seco perdem água na respiração e na evaporação pela pele. Pelo fato de o oxigênio-16 ser mais leve do que outro isótopo – o oxigênio-18 –, ele é liberado de forma mais frequente com o vapor d\\'água. Em consequência, o oxigênio-18 se torna mais concentrado nos tecidos e no momento da formação do esmalte dos dentes.

Estando submersos grande parte do tempo, animais aquáticos perdem menos água do que os terrestres, e, portanto, o oxigênio-18 possui uma concentração relativamente menor nos seus tecidos. Animais aquáticos também bebem e urinam mais rapidamente que os animais terrestres; essa lavagem constante com água doce mantém as concentrações de oxigênio-18 baixas.

Os pesquisadores raciocinaram que, se os espinossauros fossem aquáticos, a concentração de oxigênio-18 nos seus tecidos iria ser bastante parecida com a de animais aquáticos como os crocodilos e as tartarugas, e seria bem menor que os valores dos isótopos de outros animais.

Para ver se esse era o caso, a equipe coletou dados de isótopos de 133 espécimes do Cretáceo – mistura de espinossauros, outros dinossauros, crocodilos e tartarugas – em quatro continentes diferentes. Eles relataram que os espinossauros apresentaram valores de oxigênio-18 1,3% menores que os encontrados em dinossauros terrestres – uma diferença estatisticamente significativa. Ao contrário, os valores de oxigênio-18 em crocodilos e espinossaurídeos não diferiram de forma significativa. A equipe argumentou que isso indica que os espinossauros viviam em ambientes aquáticos.

“Essa é uma ilustração intrigante de como as análises cuidadosas do isótopo podem ser utilizadas para diferenciar os ambientes nos quais os dinossauros e outros organismos viviam”, afirma o paleontologista Michael Benton, da University of Bristol, no Reino Unido.
Uma objeção em potencial contra as novas descobertas é que uma dieta composta, principalmente, de animais aquáticos como peixes, levaria à ingestão de comida inerentemente pobre em oxigênio-18 e faria com que os tecidos do espinossauro adquirissem valores de oxigênio-18 baixos.
No entanto, Amiot argumenta que “mesmo se os espinossauros comessem somente peixes e fossem animais terrestres, eles evaporariam a água desses peixes ingeridos pela pele e pela respiração e terminariam com uma assinatura isotópica terrestre”.

“O método que eles estão usando é sutil e controverso, mas, com o resultado repetido em numerosos espécimes de espinossauros de tantas localidades diferentes, ele pode muito bem estar certo”, afirma Benton.
No entanto, para alguns, é o visual não aquático do esqueleto do dinossauro que é difícil de ignorar. “Eu não duvido dos dados de isótopos, mas se eles viviam na água, eu fico perplexo pelos espinossauros não terem membros modificados para propulsão aquática, ou caudas flexíveis e propulsoras observadas tipicamente em animais aquáticos”, questiona Paul Barret, um paleontologista do Natural History Museum em Londres.

Amiot não consegue responder essa pergunta ainda, mas ele está disposto a começar a investigar o momento no qual os espinossauros começaram as suas vidas aquáticas, e espera que uma compreensão de quais forças os levaram para a água possa explicar de forma mais acertada os mistérios que ainda Os hábitos semiaquáticos dos espinossauros os ajudaram a coexistir com os tiranossauros permanecem sobre o grupo.
 

terça-feira, 9 de março de 2010

Estudo conclui que era do gelo tinha baixa concentração de CO2

08/03/2010 - 12h51 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u703817.shtml)

da New Scientist
 
 
Como uma grande era do gelo aconteceu quando os níveis de dióxido de carbono eram altas?
Esta é uma questão que os céticos do aquecimento global frequentemente fazem. Mas algumas vezes a resposta correta é a mais simples: acontece que os níveis de CO2 não eram assim tão altos, afinal de contas.
A era do gelo do período geológico Ordoviciano, da era Paleozóica (cerca de entre 488 a 443 milhões de anos atrás) aconteceu há 444 milhões de anos, e registros sugeriam que os níveis de CO2 eram relativamente altos nessa época.
Mas quando Seth Young, da Universidade de Indiana, em Bloomington, realizou uma detalhada análise dos níveis de carbono-13 nas pedras formadas naquele tempo, o quadro que apareceu ficou muito diferente.
O cientista descobriu que as concentrações de dióxido de carbono (CO2) eram na verdade relativamente baixas quando a era do gelo começou.
Lee Kump, da Universidade do Estado da Pensilvânia, em University Park, disse que estudos anteriores perderam a precisão porque calcularam níveis a invervalos de 10 em 10 milhões de anos, e a era do gelo durou apenas meio milhão de anos.
O pesquisador diz que uma forte atividade vulcânica depositou novas pedras de silicato na época, que tragaram CO2 do ar enquanto erodiam.
Conforme o gelo se espalhava, no entanto, o gelo gradualmente cobria as pedras, fazendo com que a erosão ficasse mais lenta e assim permitisse que o CO2 se recuperasse na atmosfera mais uma vez. Isto teria acabado por esquentar a atmosfera o suficiente para fazer terminar a era do gelo, diz Kump.
 

Biólogo vê origem do autismo em célula

07/03/2010 - 11h16 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u703458.shtml)

RAFAEL GARCIA
enviado especial da Folha de S.Paulo a San Diego
 
 
Um experimento com cultura de células está mostrando como alterações genéticas em neurônios podem levar alguém a adquirir autismo.
Um grupo da UCSD (Universidade da Califórnia em San Diego) extraiu tecido da pele de crianças portadoras desse transtorno e conseguiu convertê-lo em neurônios, para simular o desenvolvimento embrionário do cérebro. Ao compará-las com outras feitas a partir de crianças normais, os biólogos viram que algo estava errado.
Como o autismo é uma doença que se nota tarde no desenvolvimento de um bebê, em geral a partir de um ano, poucos cientistas esperariam ver problemas em neurônios de estágios iniciais. Mas o biólogo brasileiro Alysson Muotri acaba de testemunhar isso na UCSD, onde, aos 36 anos, dirige um laboratório de ponta em sua área de pesquisa.
"Começamos a perceber que o tamanho do neurônio perto do núcleo é menor, e também que a ramificação de terminais que existe em neurônios normais não existe no caso dos autistas", disse o cientista à Folha. "É uma coisa morfológica."
Como nem sempre o autismo tem uma relação clara com histórico familiar, os cientistas têm tido dificuldade para achar genes determinando propensão forte à doença. Muitos casos são "esporádicos" e não está claro ainda quais trechos do DNA são realmente importantes na geração da moléstia.
Mesmo não dispondo dessa informação, porém, o grupo de Muotri conseguiu demonstrar o forte lado genético da doença.

Células reprogramadas
Em seu laboratório, Muotri trabalha com as chamadas iPS -as células-tronco de pluripotência induzida-, uma invenção recente na biologia experimental. Diante da dificuldades técnicas e éticas de trabalhar com células de embriões humanos, cientistas criaram uma maneira artificial de reverter células adultas ao estágio embrionário.
É isso que Muotri faz com material extraído da pele de pessoas ou cobaias antes de transformá-lo em neurônios.
O paulistano trabalhou inicialmente com células derivadas de crianças com síndrome de Rett. A doença tem vários sintomas, sendo o autismo um deles. Esse transtorno foi escolhido porque tem uma causa genética já conhecida, uma mutação no gene MECP2. Depois, estendeu a pesquisa a outras síndromes de caráter autista e, por fim, usou células de crianças com autismo "esporádico", sem origem genética clara.
Todas pareciam ter o mesmo problema morfológico. "Isso significa que o autismo começa a se desenvolver já no embrião", diz Muotri, que à vezes encontra dificuldades em convencer outros cientistas de sua descoberta. "Já me perguntaram: "Como você pode afirmar que uma doença é genética se você não conhece o gene?"."

Genes saltadores
Uma mutação que afete o sistema nervoso, porém, não necessariamente afeta o aparelho reprodutor de um indivíduo, diz Muotri, por isso a doença pode ter origem no DNA sem ser estritamente hereditária. E o cérebro, nos humanos, está particularmente sujeito à ação dos chamados transpósons --genes que "saltam" de uma célula a outra, criando diversidade genética entre neurônios.
Como a ação dos transpósons é influenciada pelo ambiente, há um indício a mais de que ela pode ter relação com o autismo, também ligado a fatores ambientais e de desenvolvimento.
Como esse campo de pesquisa, além de levantar controvérsia, é ultraconcorrido, Muotri diz que tem procurado replicar seus experimentos o máximo que pode para dar credibilidade aos resultados. Por isso, nenhum estudo sobre as células iPS com DNA de crianças autistas foi publicado ainda em um periódico científico auditado.
Agora, além de produzir células em cultura para observação, o laboratório do cientista está produzindo "circuitos neurais". Emendando células em série, Muotri e seus colegas tentam verificar como neurônios derivados de crianças autistas se comportam quando estão interligados em rede.
 

Grupo diz detectar antimatéria mais pesada presente no início do Universo

08/03/2010 - 08h53 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u703717.shtml)

RICARDO MIOTO
da Folha de S. Paulo


Um grande grupo internacional de cientistas diz ter recriado uma partícula que esteve presente na origem do Universo. É o núcleo de antimatéria mais pesado já visto.
A teoria do Big Bang postula que, no surgimento do Universo, existiam quantidades iguais de matéria e antimatéria (matéria composta de partículas com cargas elétricas trocadas).
Mas, de alguma forma, a matéria acabou predominando e formando quase tudo o que existe. Ainda bem: como matéria e antimatéria se aniquilam mutuamente, essa assimetria inicial foi fundamental para que o cosmo existisse. Hoje, os cientistas procuram as antipartículas, "derrotadas", para entender como isso aconteceu.
A estratégia é acelerar núcleos de átomos até velocidades próximas à da luz e colocá-los para se chocar. Essas colisões liberam grandes quantidades de energia e "quebram" os átomos em várias subpartículas.
Se a trombada for forte o suficiente, algumas dessas partículas serão de antimatéria. A má notícia é que elas duram frações mínimas de segundo, logo se desintegrando.
Ainda assim, é melhor do que nada, e os cientistas estão conseguindo, pouco a pouco, pedaços inéditos de antimatéria. É o caso da pesquisa apresentada na última edição da revista "Science", em que se produziu um antinúcleo de hidrogênio superpesado, composto de um antiquark chamado "estranho", visto pela primeira vez.
Os quarks são os elementos básicos dos nêutrons e dos prótons do núcleo dos átomos. O antiquark é um dos pedaços mais básicos de antimatéria. Até hoje, foram poucos os experimentos que conseguiram energia o suficiente para produzir átomos inteiros de antimatéria, já que antiprótons e antinêutrons se aniquilam antes de formarem um núcleo.



Brasileiros
O grupo responsável pelo experimento envolve 584 cientistas em 12 países, incluindo brasileiros da USP e Unicamp.
"O jeito como fazemos experimentos em física nuclear e das partículas mudou dramaticamente. Hoje, são sempre centenas de colaboradores", diz Hans Georg Ritter, físico do Lawrence Berkeley National Laboratory, nos EUA.
Para produzir seu anti-hidrogênio com o quark "estranho", os cientistas fizeram núcleos de átomos de ouro se chocarem no Colisor de Íons Pesados (RHIC), em Long Island (EUA). O aparelho, do tamanho de uma casa, obtém energias comparáveis à do Big Bang, dissolvendo os núcleos.
"As colisões produzem muitos tipos de partículas e núcleos, e o tipo de antimatéria que procuramos é muito raro", diz Ritter.
Segundo ele, de 100 milhões de colisões, apenas 70 foram úteis para encontrar os antiquarks "estranhos". Um trabalho minucioso de análise computacional é necessário para detectar as colisões certas.

Grupo comprova que colisão causou extinção de dinossauros

05/03/2010 - 15h36 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u702840.shtml)

da Reuters, em Londres
da Folha Online
 
 
A colisão de um asteroide gigante contra a Terra é a única explicação plausível para a extinção dos dinossauros, disse uma equipe de cientistas na quinta-feira (4), esperando encerrar uma discussão que há décadas divide os especialistas.
Um grupo de 41 pesquisadores de todo o mundo reviu 20 anos de pesquisas para tentar confirmar a causa da chamada extinção do Cretáceo-Terciário, que criou um "ambiente infernal" há cerca de 65 milhões de anos, e extinguiu mais de metade de todas as espécies da época.
Além do asteroide, outra possibilidade cogitada era a atividade vulcânica na atual Índia, onde uma série de supererupções durou 1,5 milhão de anos.
O novo estudo, publicado na revista "Science", mostrou que a culpa pelo fim dos dinossauros é de um asteroide de 15 quilômetros de diâmetro que caiu em Chicxulub (México). "Isso desencadeou enormes incêndios, terremotos medindo mais de 10 na escala Richter e deslizamentos continentais, que criaram tsunamis", disse Joanna Morgan, do Imperial College londrino, coautora do estudo.
A colisão teria liberado uma energia 1 bilhão de vezes mais poderosa que a bomba atômica de Hiroshima.
Segundo Morgan, "o último prego no caixão dos dinossauros" ocorreu quando o material da explosão voou para a atmosfera, envolvendo o planeta na escuridão e causando um inverno global ao qual muitas espécies não conseguiram se adaptar.
Os cientistas analisaram o trabalho de paleontólogos, geoquímicos, climatologistas e geofísicos. Com base nos registros geológicos, eles descobriram que na época da grande extinção houve uma rápida destruição dos ecossistemas marinhos e terrestres, e que o asteroide "é a única explicação possível para isso".
Peter Schulte, também autor do estudo, da universidade alemã de Erlangen, disse que os registros fósseis mostram claramente uma extinção em massa há cerca de 65,5 milhões de anos --época conhecida como fronteira K-Pg.
Apesar das evidências de vulcanismo ativo na Índia, os ecossistemas marítimos e terrestres só mostraram mudanças limitadas nos 500 mil anos prévios à fronteira K-Pg, sugerindo que a extinção não ocorreu antes e não foi motivada pelas erupções.
Gareth Collins, outro coautor do Imperial College, disse que a colisão do asteroide criou um "dia inferno" que marcou o fim do reinado de 160 milhões de anos dos dinossauros --mas também acabou sendo um grande dia para os mamíferos.
"A extinção KT foi um momento-chave na história da Terra, o que acabou abrindo caminho para que os humanos se tornassem a espécie dominante na Terra", escreveu ele no estudo.
Ontem, examinando os restos do asteroide que caiu no México, um grupo brasileiro rechaçou que uma lasca de asteroide da família Baptistina seria a responsável pelo extermínio dos dinossauros, conforme indicava um trabalho internacional em 2007.
 

Experiência do Big Bang poderá revelar a matéria escura

08/03/2010 - 17h20 (http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/)

Por Robert Evans
Em Genebra
 
 
 
 
A matéria escura, que os cientistas acreditam que forme até 25 por cento do universo, mas cuja existência nunca foi provada, poderá ser detectada pelo acelerador de partículas gigante da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern), disse nesta segunda-feira o diretor-geral do centro de pesquisas.
Rolf-Dieter Heuer afirmou em uma entrevista coletiva que alguma evidência da matéria poderá surgir até mesmo no curto prazo a partir do acelerador de partículas destinado a recriar as condições do Big Bang, o nascimento do universo ocorrido há cerca de 13,7 bilhões de anos.
"Não sabemos o que é a matéria escura", disse Heuer, diretor do Cern que fica na fronteira entre Suíça e França, nas proximidades de Genebra.
"Nosso Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) poderá ser a primeira máquina a nos dar um insight sobre o universo escuro", disse ele. "Estamos abrindo a porta para a Nova Física, para um período de descobertas."
Astrônomos e físicos afirmam que apenas 5 por cento do universo é conhecido atualmente e que o remanescente invisível consiste de matéria escura e de energia escura, que formam cerca de 25 por cento e 70 por cento, respectivamente.
"Se formos capazes de detectar e compreender a matéria escura, nosso conhecimento vai se expandir para abarcar 30 por cento do universo, um enorme passo adiante", afirmou Heuer.
O LHC, a maior experiência científica do mundo centralizada num túnel subterrâneo oval de 27 quilômetros, está atualmente em atividade para, até o final do mês, colidir partículas com a maior energia já alcançada.

Grupo acha fóssil de superpredador gaúcho com 220 milhões de anos

09/03/2010 - 13H28 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u702241.shtml)

REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S. Paulo




Em meio aos membros diminutos e tímidos da linhagem que desembocaria nos mamíferos, havia um gaúcho feroz. Do tamanho de um lobo e com igual apetite por carne, o animal de uns 220 milhões de anos pouco devia aos primeiros dinossauros predadores, com os quais provavelmente conviveu.
O nome da espécie, que acaba de ser apresentada formalmente à comunidade científica por um trio de pesquisadores da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), não deixa margem para dúvidas: Trucidocynodon riograndensis.
"É um supercarnívoro", define a paleontóloga Marina Bento Soares, coautora do estudo sobre a fera na revista científica "Zootaxa", junto com Cesar Leandro Schultz e o aluno de doutorado Téo Veiga de Oliveira.
Por causa da preservação extraordinária do espécime ("o esqueleto está quase completo, até o osso ainda é branquinho", conta Soares), o trio achou que valia a pena uma descrição minuciosa, que ocupa um artigo de 71 páginas -raridade nas normalmente sucintas publicações científicas.
Os mamíferos de hoje foram precedidos por uma grande variedade de criaturas chamadas cinodontes, cujo esqueleto mescla elementos típicos de répteis e outros mais característicos dos mamíferos, ou "mamaliformes".
Segundo Soares, esse mosaico de características também aparece no Trucidocynodon, que não está na linhagem da qual os mamíferos são descendentes diretos.
Apesar disso, a postura geral do animal lembra bastante os elementos típicos de um mamífero caçador. Em vez da postura "esparramada" de animais como lagartos, cujos membros arqueados fazem o corpo se arrastar pelo chão, o predador gaúcho mantinha suas patas em posição ereta.
Ligeiro
Também há indícios de que, ao menos com os membros da frente, ele caminhasse apoiado nos dedos, e não na planta das patas. "Por isso, ele poderia ter hábitos mais cursoriais, ou seja, de corredor", afirma Soares.
É tentador associar o ar de lobo do esqueleto com a imagem de uma espécie que caçava em bando, mas a pesquisadora lembra que não há indícios desse tipo de comportamento entre cinodontes.
Por outro lado, é provável que o bicho já fosse coberto de pelos e tivesse sangue quente, porque essas características favorecem o estilo de vida ativo indicado pelos membros mais móveis desse e de outros representantes do grupo.
O tamanho e os caninos afiados fazem do bicho uma exceção entre os cinodontes gaúchos. "Foi uma surpresa, de fato", afirma a paleontóloga.
Quase todos os parentes do animal têm dimensões mais próximas das de ratos ou camundongos, sendo provavelmente comedores de insetos. O único contemporâneo de tamanho comparável é um herbívoro.
O curioso, porém, é que, conforme os milhões de anos se sucedem, "há uma tendência de miniaturização dos cinodontes", explica Soares.
Por algum motivo, são as formas pequenas ou muito pequenas que sobrevivem e acabam dando origem aos mamíferos, enquanto bichos maiores, como o Trucidocynodon, desaparecem.
"Ocorrem vários pulsos de extinção ao longo do Triássico [período geológico no qual a espécie viveu], mas o porquê do fim dos cinodontes maiores ainda não está claro", diz ela.
 

segunda-feira, 8 de março de 2010

Antepassado mais antigo dos dinossauros foi descoberto na Tanzânia

04/03/2010 (http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=40274&op=all#cont)

 

Asilisaurus viveu há 240 milhões de anos

 

Um grupo de paleontólogos americanos descobriu fósseis de um animal muito semelhante aos dinossauros que, porém, viveu dez milhões de anos antes dos dinossauros mais antigos conhecidos até ao momento, anuncia um estudo publicado hoje na revista Nature.

Esta nova espécie descoberta no sul da Tanzânia foi apelidada de “Asilisaurus kongwe” e, de acordo com os investigadores, está para os dinossauros como o homem está para os chimpanzés, pois, embora pertença a um grupo de animais com características comuns aos dinossauros, difere em alguns aspectos-chave.

Os especímenes encontrados têm 240 milhões de anos e os fósseis de dinossauro mais antigos até hoje descobertos têm 230 milhões de anos. Os investigadores acreditam assim que, embora tenham antepassados comuns, estas duas linhagens divergiram há pelo menos 240 milhões de anos e que, dada a proximidade entre estas duas espécies, os dinossauros começaram a habitar a Terra mais cedo do que se pensava até então.

Sterling Nesbitt, investigador da Universidade do Texas e coordenador desta investigação, acredita também que a forma como estes animais se alimentavam evoluiu várias vezes em menos de dez milhões de anos, um período relativamente curto, quando se fala em dinossauros. Embora fossem carnívoros, tornaram-se omnívoros quando passaram a incluir na sua dieta plantas, o que lhes permitiu viver em ambientes variados.

O asilisaurus era um quadrúpede que media entre 50 centímetros e um metro de altura e tinha entre um e três metros de comprimento, pesando entre 10 e 30 quilos.Os fósseis encontrados pertenciam a 14 indivíduos e permitiram a reconstrução do esqueleto quase completo deste animal, exceptuando algumas partes do crânio e das patas.