23 de jan. de 2011

JOGO RÁPIDO: “Enrolados” + “O Efeito da Fúria”

critica (nunk excl)jogo rapido enrolados 01

Enrolados (Tangled, EUA, 2010)

Uma produção da Walt Disney Pictures…

Dirigido por Nathan Greno, Byron Howard…

Escrito por Dan Fogelman…

Estrelando Mandy Moore, Zachary Levi, Donna Murphy, Ron Perlman…

100 minutos

Muita coisa mudou no reino do Mickey Mouse desde que John Lasseter foi de homem-forte da Pixar para comandante criativo de todo o departamento de animação da Disney. Princesas negras aclamadas pela crítica (A Princesa e o Sapo) e uma animação digital com a marca do estúdio, mas sem a mão da produtora de Toy Story, que genuinamente empolgou o público (Bolt) são duas das improváveis conquistas do século XXI que a Disney pretende levar adiante ao abrir o leque do seu próprio público nesse Enrolados. A audiência aprovou essa mistura saborosa de traços criativos e processo narrativo que remetem diretamente a empresa que Lasseter um dia comandou com as tradições mais intrincadas do universo Disney. Sim, Enrolados é eventualmente previsível, tem as cantorias que são marca do estúdio e, no final das contas, é protagonizado por uma princesa. Mas também é um balde de água fresca e entretenimento de primeira.

Como o título original do projeto denunciava, estamos aqui diante da história de Rapunzel (na voz de Mandy Moore), a princesa de longos cabelos loiros presa na imensa torre sem saída por uma mulher que diz ser sua mãe (Donna Murphy). A novidade aqui está na troca do príncipe encantado dos Irmãos Grimm (e, por muito tempo, dos ideais Disney) pelo ladrão Flynn Rider (Zachary Levi), que encontra a torre da princesa fugindo da guarda real. Rapunzel acaba fazendo um acordo com o larápio: em troca do objeto valioso que ele carregava, e que tinha acabado de roubar da Realeza, ele a levaria para ver as lanternas flutuantes que eram acesas todos os anos, no seu aniversário, para a princesa perdida do reino. Nada de “surpresas” aqui: o roteiro de Dan Fogelman entrega o óbvio desde o começo e, sejamos sinceros, não é tão criativo no desenrolar da trama. Mas as piadas são boas, há um ou dois momentos de pura mágica Disney, e Enrolados é um filme que faz por merecer o preço do seu ingresso. Quantas vezes se pôde dizer isso nos últimos tempos?

Nota: 7,0

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O Efeito da Fúria (Winged Creatures, EUA, 2008)

Uma produção da Peace Arch Entertainmen Group…

Dirigido por Rowan Woods…

Escrito por Roy Freirich…

Estrelando Kate Beckinsale, Forest Whitaker, Guy Pearce, Dakota Fanning, Jeanne Tripplehorn, Embeth Davidtz, Josh Hutcherson, Jackie Earle Haley, Jennifer Hudson…

100 minutos

“É preciso perder o nosso rumo para encontrá-lo novamente”. Com uma frase de efeito dessas, um elenco inflamado de estrelas talentosas e o diretor responsável pelo pesado Sob o Efeito da Água, não dá para esperar pouco de O Efeito da Fúria. Mas talvez seja necessário baixar um pouco a guarda antes de se colocar a mercê do novo filme de Rowan Woods. O diretor é contemplativo, talentoso, firme ao guiar seu elenco e cheio de recursos, mas trabalha com o roteiro de um novato, que aposta na fórmula já surrada do filme-coral que tenta estabelecer conexões entre pessoas que dividem alguma experiência traumática. Não que o trabalho de Roy Freirich seja ruim, mas é mais do que notável que, sem a mão firme de Woods por trás das câmeras e o elenco espetacular que este soube reunir, O Efeito da Fúria não seria metade do filme que é. E, ainda assim, não dá para dizer que seja uma obra exemplar.

É possível aos mais sensíveis se conectar com a trama sobre uma série de pessoas que tem suas vidas bagunçadas após presenciar uma cena de violência grauita em uma lanchonete de Los Angeles. Há a garçonete (Kate Beckinsale) e mãe solteira que se apaixona pelo médico (Guy Pearce) com complexo de Deus. Há o homem com câncer (Forest Whitaker) que acredita estar em uma maré de sorte após levar um tiro de raspão. E, claro, há Anne Hagen (Dakota Fanning), que presencia o assassinato do pai e sai do hospital com um apego a fé católica que nunca havia se manifestado nela, enquanto Jimmy Jaspersen (Josh Hutcherson), seu melhor amigo, entra em estado de choque. É uma série de estudos interessantes sobre casos isolados de pessoas que precisam lidar com acontecimentos marcantes de uma forma ruim. E ver Dakota Fanning atuar é observar uma grande atriz em cena. Mas você não vai lembrar de tudo isso por muito tempo depois dos créditos subirem. O Efeito da Fúria é válido, sem dúvida, mas não é inesquecível.

Nota: 7,5

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“No mundo cotidiano, nós acreditamos nos lugares onde as coisas pertencem. Tudo tem seu lugar, e acreditar nisso nos faz inocentes. E através dos dias, debaixo do mesmo céu, nos temos esperança, sonhamos, e rimos. Nós encontramos e perdemos nosso rumo. Finais são começos, e momentos são como peças que se encaixam mais uma vez”

(Dakota Fanning em “O Efeito da Fúria”)

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