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Para quem começa

DSC01144Este texto centra-se, essencialmente, na progressão de quem começa e em algo que poucas vezes é mencionado: o medo e receios durante a imersão.
Penso que é boa leitura para quem agora começa e também para quem leva iniciados ao mar pois, muitas vezes, esquecemo-nos dos episódios e temores pelos quais passámos no início.

A nossa eficácia, enquanto seres adaptados à vida em terra, diminui consideravelmente quando em imersão e, em maior grau, quanto maior for a profundidade atingida.
Introduzirmo-nos na água e regressarmos à superfície implica uma série de mudanças físicas que determinam consequências psicológicas, cujo produto final poderá levar à ansiedade, à angústia e, claro está, ao medo, pois os elementos físicos do meio aquático definem-no como um meio estranho, mais frio, (com a diminuição do rendimento físico e químico que daí advém), mais denso, a habitual falta de referências, a diminuição do uso dos sentidos e capacidades físicas, (capacidades visuais, auditivas e motoras reduzidas, dissociações respiratórias e respectivos efeitos da diferença de pressão), deslocação horizontal, flutuação, entre outros.
Estes parâmetros influem directamente no nosso rendimento durante a imersão, em diversas áreas:

Intelectual: Capacidade de raciocínio afectada, pois quanto mais complexa for a tarefa a desempenhar, o esforço mental aumentará progressivamente, em proporção ao aumento da pressão.

Percepção: A capacidade perceptiva também diminui à medida que aumenta a profundidade, embora em menor grau que a intelectual. No entanto, o que sentimos e percebemos do ambiente que nos rodeia é tanto mais confuso quanto maior for a pressão.

Psicomotora: A coordenação dos movimentos ou capacidade psicomotora também é afectada, embora de forma menos acentuada que as anteriores.

Resumidamente, pensamos com maior dificuldade, percebemos e sentimos com menor clareza e os nossos movimentos tornam-se menos exactos à medida que a pressão aumenta, teoricamente devido ao aumento da pressão parcial do nitrogénio (N2), à retenção e tensão parcial do dióxido de carbono (CO2) nos tecidos e ao efeito conjunto da pressão parcial do oxigénio (O2) e do nitrogénio (N2), além do efeito dos factores psicológicos.

Qualquer imersão envolve riscos que não se podem ignorar, pois o mar constitui um meio diferente e mais “agressivo” para as nossas capacidades que a terra e, embora alguns caçadores submarinos se movam como autênticos mamíferos marinhos, esta aquicidade não nasceu com eles, foi aprendida e desenvolvida, através da experiência e contínua formação, que lhes serviu de base para um comportamento adaptado ao meio, contribuindo para o controlo do medo e consequente diminuição da ansiedade e da angústia.
Sem dúvida que pelo caminho o caçador submarino pode mesmo “desadaptar-se”, daí a necessidade de efectuar uma correcta adaptação ao meio, evitando futuras situações comprometedoras quando imerso.
É compreensível que uma má forma física ou psicológica repercutir-se-á de forma desfavorável no processo de adaptação subaquática. As doenças, um clima psicológico negativo, as contrariedades afectivas, o nervosismo e o medo, entre outros transtornos, interferem nesta adaptação.
A motivação ou interesse é o factor principal que determina a vontade que temos, tivemos ou teremos de iniciar a prática da caça submarina, assim como de lhe dar continuidade. Segundo este interesse surja orientado num sentido ou noutro, este pode condicionar a motivação de forma positiva ou negativa. Entre as motivações positivas podemos destacar a afeição e fascínio pelo mar, o desejo de auto-realização de interagir com os habitantes do meio aquático, a ideia do mar como meio de aquisição de novos conhecimentos, entre outras. No caso negativo, temos as diversas fobias em relação ao mar, sentimentos de insegurança dentro de água e a ansiedade constante perante o risco.

Aqueles que desejem iniciar-se nesta fabulosa paixão que é a caça, têm de ocupar-se tanto da sua forma física como psicólogica e intelectual. O ideal será fazer um curso de apneia e tentar arranjar um companheiro de caça mais experiente com o qual possamos aprender.

Pensar é a faculdade que diferencia o ser humano dos outros animais. No entanto, para o fazer necessitamos de informação. Esta, por sua vez, provém das mais diferentes fontes.
Antigamente, o mar constituía um elemento inacessível e enigmático, ligado a crenças sobrenaturais. Hoje em dia, o conhecimento atingiu um patamar mais profundo e exaustivo, levando-nos a abordar o meio aquático de forma mais cientifica.
As representações interiores e a concepção que temos do mar está representada por uma série de imagens, algumas delas contraditórias. O lirismo e a liberdade são as representações mais atractivas do mar, a bravura e o dramatismo até à asfixia por afogamento são as mais angustiosas.
Todos estes ingredientes informativos, provenientes dos mais diversos lugares, são misturados e seleccionados e, conforme o peso que cada um tem nas nossas decisões, assim se desenvolve a vontade que a pessoa terá de praticar caça submarina.
Para que um caçador submarino solidifique e desenvolva um bom auto controlo que garanta a sua própria segurança durante a imersão deve-se habituar a movimentar debaixo de água num estado de calma, pois esta “calma” retira progressivamente o medo para o plano inconsciente. No entanto, este estado não implica a total desaparição do receio, já que o medo está sempre disposto a manifestar-se, sendo a motivação positiva o motor que facilita a remoção do mesmo.
Ainda que o ser humano esteja habituado a riscos, as expectativas que os principiantes têm no seu primeiro contacto com o mar estão revestidas de receios. Esta angústia e ansiedade na adaptação ao meio aquático é normal, geral e universal. Acontece a todos nós e em qualquer parte do mundo. Pressupõe uma reacção enganosa das nossas próprias emoções que condiciona a pessoa a nível físico e psíquico. Ficamos paralisados por ideias negativas que, por vezes, podem chegar a impor-se e dominar-nos. Felizmente também reagimos de forma defensiva e, sem darmos conta, associamos esta angústia desagradável a objectos que podemos ver e tocar numa tentativa por parte do sujeito de entender e explicar os seus receios, mediante um processo a que chamamos de racionalização. Esta não nos explica porque vivemos determinadas situações de angústia. No entanto, identifica um objecto ou situação como a causa, o que faz com que as situações extremas se tornem mais toleráveis. Exemplos práticos desta racionalização da angústia são o medo que temos de morrer afogados, dificuldades em compensar, falta de ar, entre outros.
Para aqueles que seguem em frente com o seu processo de aprendizagem, o estado de angústia tende pouco a pouco a desaparecer, ficando apenas um certo nível de tensão. As próprias racionalizações do sujeito face às suas emoções e a motivação que o leva a submergir determinarão, a partir desta fase, a continuidade da sua prática de caça submarina.
Durante as primeiras imersões, o medo e a angústia pressupõem reacções a nível corporal, (com fenómenos físicos diversos), psicológico, (como reacções de alarme e impossibilidade de concentração) e intelectual, (com interpretações erróneas das emoções reais). No entanto, dizer que o iniciado apenas experimenta o medo porque a água é um meio estranho não chega, pois a intranquilidade de enfrentar o desconhecido está sempre presente. No final, e mediante situações de tentativa e erro, todos diluimos a nossa angústia, tornando-a em algo cada vez mais suportável, acabando por realizar apneias sem problemas de maior.

Em suma, a adaptação e o rendimento do ser humano quando imerso são directamente influenciados pelo à-vontade e experiência que este tem em relação aos factores inibidores desse mesmo rendimento, as restrições mecânicas, as condições ambientais , a diminuição sensorial, a dificuldade para localizar a proveniência dos sons, a desorientação, assim como a distorção na percepção de distâncias e cores contribuem para o incremento da angústia, resultando no medo que das situações de risco que possam ocorrer.
Este é normal e todos passamos por ele.

Com prudência, bom senso e bons companheiros de caça, penso que poderão ultrapassar de uma forma saudável qualquer susto ou episódio menos favorável que possa ocorrer dentro de água e, acima de tudo, desfrutar dela em segurança e com prazer.

Um abraço e boas caçadas.
Paulo Machado (GaiaSub)

LÉXICO DO CAÇADOR SUBMARINO
Antes de os utilizarmos, convém explicar alguns termos para melhor compreendermos o tema sobre o qual falamos.

Agachon – Espera ao Peixe.
Água Aberta – Condições de água limpa.
Água Livre – Zona de meia água (entre o fundo e a superfície).
Água com suspensão – Água turva por resíduos de algas, areia levantada e outros detritos .
Água como Vidro – Condições excepcionais de água limpa (mais de 15 metros).
Agueiro – Zona de remoinho, geralmente atrás de uma rocha que o mar envolve com a ondulação.
Apagar-se – Referente a um caçador vítima de uma síncope, mais ou menos grave
Apagador – Cérebro do peixe
Apagar o peixe – Tiro mortal. Pode considerar-se, por vezes, uma imobilização ao nível da espinha como um tiro a apagar.
Apneia – Interrupção voluntária e temporária do ciclo respiratório.
Argola – Porta peixes com forma redonda, constituído por uma haste circular com fecho no topo.
Baixas – Pedras ou cabeços de pedra elevadas em relação ao fundo que podem ou não aflorar à superfície.
Baby – Arma de 50 ou 60 cm.
Boca Grande – Serve para designar tubarões.
Bolha – Caçador submarino pouco experiente.
Bola de Peixe – Mesmo que nuvem de peixe.
Borrachas – Elásticos para arma.
Borracheiro – Nome vulgarmente dado às embarcações pneumáticas.
Compensação – Acto de equilibrar as pressões ao nível dos ouvidos .
Caçar na alga – Caçar no meio das laminárias.
Caça no buraco – Consiste em procurar peixe dentro das tocas e refúgios.
Caça na descida – Caça-se o peixe caindo sobre ele.
Caça à espera – Acto de aguardar no fundo a aproximação do peixe.
Caça na Espuma – Procurar peixe na zona da rebentação, junto à costa ou peões.
Caça à índio – Técnica que tem como fim a aproximação ao peixe, evoluindo pelo fundo e utilizando os relevos para dissimular.
Cabeçudos – Robalos de porte, também conhecidos por focinhudos.
Caça no azul – Caçar em alto mar ou mar aberto, em que a profundidade não é referência para ser alcançada pelo caçador. Por vezes pode ser ponto de passagem ou concentração de peixes de grande porte, estando o fundo a 70 ou mais metros, como pode entrar-se na água no meio de um cardume de isca com o fundo a 1000 metros ou mais.
Caçar a norte – Caçar a norte dos cabos.
Castanho – Nome também dado ao Mero.
Cota de Equilíbrio – Linha imaginária compreendida entre o fundo e a superfície. Zona de peso neutro.
Coulée – Caça na descida
Rabinho de rolha – O mesmo que bolha.
Dupla – Dois caçadores que caçam em equipa para a mesma pontuação.
Entrada de peixe – Refere-se a uma arribação de peixe ou a uma maior concentração destes numa determinada zona.
Enfião (Fieira) – Espigão de aço inoxidável para prender o peixe capturado.
Enchio – Mar com ondulação que sobe as pedras mas que deixa caçar. Geralmente aplica-se a uma zona de pedra mais alta em que o mar não quebra mas provoca agitação, pelo seu efeito de enchimento local.
Entocar – Peixe que se abriga dentro de um buraco.
Entulho – Amontoado de pedras que abrem cavidades onde o peixe se pode refugiar.
Fiar água – Peixe que nada contra a corrente, anulando a sua velocidade e mantendo a sua posição em relação ao fundo.
Filão de pedra – Refere-se a uma crista de pedra que entra pelo mar, ou que se prolonga debaixo de água.
Foco – Lanterna.
Foujo – Abertura na rocha onde existe ligação da zona subaquática com a aérea. O mar entra por baixo, provocando um sopro forte ou borrifo de água.
Força de Fundo – Condições em que o mar, apesar de não apresentar ondulação forte, no fundo existe sempre uma força de arrasto. Estas condições dão-se geralmente com ondulação de oeste mas pode ter sempre a mesma implicação com outras direcções de mar.
Frincha – Racha na pedra que pode abrigar peixe
Furna – Gruta ou caverna debaixo de água ou que apanhe os dois meios.
H – Enrolador do cabo da bóia
Hiperventilação – Ciclo mais ou menos prolongado dos movimentos inspiratórios/expiratórios, profundos, rápidos e forçados (técnica desaconselhada).
Isca – Nome dado a cardumes de pequenos peixes que, no caso da caça submarina, são indicadores de possíveis predadores e, consequentemente, boas presas.
Júnior – Armas de 75 cm.
Kitar – Acto de modificar ou preparar o equipamento com truques caseiros.
Laminária – Alga castanha de grandes dimensões.
Lastro – O cinto de chumbos, ou pesos isolados.
Lajeado – Fundo com pedras em forma de laje.
Leitura de fundo – Saber interpretar os indícios que o fundo nos dá.
Levadia – Designa uma ondulação geralmente sem vento que sobe bastante pelas rochas e deixa um grande fosso no seu refluxo. Também pode ser o nome das marés vivas.
Lupara – Ponta explosiva para o arpão.
Luxo – Arma de 100cm.
Mar cair – O mar amansar, ou amainar, o estado do mar acalmar.
Mar chão – É um mar que não mexe, sem ondulação e podendo ter apenas uma leve brisa ou aragem que lhe dá um ar vivo.
Mar com fola – O mesmo que enchio.
Mar com toque – Estado do mar que está entre o bom e o mau para caçar. O toque refere-se à ondulação
Mar com teias – Mar que apresenta linhas de espuma á superfície.
Mar de azeite ou óleo – O mesmo que mar chão mas que pela ausência total de vento, dá a aparência de ter uma superfície de óleo.
Mar de patas – O mesmo que mar chão, tem o aspecto de ter escamas á superfície.
Mar de roda – Ondulação com grau suficiente para embater na parte exposta de um cabo, dobrando-o e, por conseguinte, estragando a zona supostamente abrigada.
Mar subir ou crescer – Mar a piorar.
Malagueiro – Mar de vaga moderada, começando a formar ondas maiores ou mar grosso já instalado com cristas brancas em todas as direcções.
Malhoca – Mar de vento que provoca uma leve ondulação desordenada e curta, cujas cristas apresentam espuma e começam a rebentar.
Matacões – Pedras de grandes dimensões.
Medidas dos elásticos – O comprimento é sempre medido entre as roscas. Os diâmetros variam nas seguintes medidas: 13mm, 16mm, 17mm, 18mm, 20mm e 22mm.
Monofilamento para arma – Fio de nylon monofilar que pode ter várias cores e variar nas espessuras desde 1,4mm até 1,8mm como é mais habitual. Pode chegar aos 2mm e mais, mas na caça específica de peixes de grande porte.
Megaton – Nome que caiu em uso para designar os elásticos de 20mm. É um termo empregue mesmo quando se fala de elásticos de outras marcas.
(Ao) Monte – Caracteriza uma situação de abundância.
Morcego – Nome dado a um caçador nocturno.
Nuvem de Peixe – Cardume muito numeroso.
Parcel – O mesmo que baixa (termo muito utilizado no Brasil).
Peso Adicional – Peso ou chumbo auxiliar para lastrar o caçador submarino em conformidade com as profundidades em que actua, seja para caçar na espuma ou para caçar fundo, as cotas de equilíbrio fazem-se variar com o(s) peso(s) adicional(is).
Petroleiro – Tainha grande.
Pelágicos – Nome habitual para os peixes de meia-água, são os que vivem no seio das massas de água
Pêndulo – Técnica de caça à espera, suspenso por um cabo ligado a uma bóia ou corpo flutuante, utiliza-se em fundos não acessíveis, fazendo com que o peixe seja atraído pela presença do caçador Pica-Peixe – nome dado ao caçador submarino.
Pica-tainhas – Designação para principiante.
Poalho – Designação para a suspensão de detritos dentro de um buraco, emprega-se o termo quando o peixe se debate na toca e levanta poalho.
Poita para bóia – Peso ou outro acessório ligado ao cabo da bóia, com o fim de fixar esta ao fundo.
Pontos quentes – Locais ou zonas de grande interesse para caçar. Pode ser referente a baixas ou pedras onde, geralmente, abunda o peixe. Estes pontos fixam peixe quer por motivos de alimentação, quer pela própria morfologia do fundo. São quentes, pela emoção das capturas que proporcionam.
Ponta australiana – Pentadente em forma de vassoura.
Ponta taitiana – Ponta simples com uma barbela, sem rosca.
Pé de galo ou tetráplo – Estruturas em betão com forma de quatro pontas que constituem os molhes ou pontões quebra mar.
Prancha de caça – Prancha kitada, especialmente para ser utilizada na caça submarina.
Ragueur – Arma destinada para o buraco.
Rapas – Caçadores de tudo o que tem na vida. Rapa-fundos.
Sair da pedra – Caçada iniciada pelas rochas ou praia, sem auxílio de barco.
Sargo de dentes amarelos – Sargo de bom porte.
Solapa – O mesmo que laje.
Sputnick – Lastro adicional de chumbo, geralmente entre 2 e 4 Kg de peso, utilizado para mergulhos fundos, fazendo variar a cota de equilíbrio.
Sentido de mar – Pode querer dizer que se tem conhecimento no que diz respeito às alterações do estado do mar, ou é referente à capacidade de saber onde procurar peixe nas diversas condições do mar, marés, hora do dia, época do ano, tipo de costa, etc..
Standard – Arma de 90cm.
Super Luxo – Arma de 110cm.
Trail line – Cabo que liga o arpão directamente a uma bóia.
Viagem à Nossa Srª da Asneira – Idas à caça submarina em que se depara com o mar mau, sem condições para caçar, ou caçadas sem resultados.

Armando Maçanita , in Mundo Submerso