A solidão do trabalho, a incerteza do futuro, o desgaste físico, a competitividade do mercado. Estes fatores estão entre os mais citados pelos Cirurgiões-Dentistas para justificar o estresse provocado pela profissão.
Atualmente, o profissional dos grandes centros urbanos enfrenta o desafio do "novo paciente", que ao invés de passivo como antes, quer saber de tudo e questiona o CD. Há também profissionais que lidam muito mal com a nova lógica do mercado, vendo-a como uma ameaça à sua dignidade profissional.


Esses fatores fazem que o estresse faça parte da vida dos Cirurgiões-Dentistas modernos, que em sua grande maioria não considera a importância do problema ou não sabem como fazer para controlá-lo.
Há muita confusão a respeito do estresse, que pode ser melhor definido como "um conjunto de respostas específicas ou generalizadas do organismo diante de estímulos externos ou internos, concretos ou imaginários, que são percebidos como ameaças ou desafios. Essas pressões exigem que o corpo coloque em ação mecanismos adaptativos, para preservar a integridade e o equilíbrio."
Estes mecanismos ativam o organismo, tornando-o tenso. A produção e o consumo de energia crescem. A sensação de desconforto e uma tensão contínua tornam-se companheiras habituais. No estresse agudo, há um aumento da pressão arterial, da velocidade da respiração, da freqüência cardíaca e do nível de glicose e adrenalina no sangue. As ondas elétricas cerebrais ficam mais rápidas e irregulares, os músculos mais tensos, as manifestações emocionais mais aguçadas, caracterizando a reação de lutar ou fugir.
Quando a tensão é canalizada para o desprazer, sofrimento, doença e outras perspectivas negativistas, acontece o estresse negativo, também conhecido como distress. É este o tipo de estresse que pode desencadear ou agravar dores de cabeça ou musculares, azia, insônia, ansiedade, palpitação, e doenças como diabetes, hipertensão, infarto, tendinite, depressão e úlcera péptica, dentre muitos outros sintomas e doenças relacionados ao estresse.
Dessa forma, o controle do estresse é fundamental para uma vida saudável e produtiva. Esse controle visa a evitar os efeitos nocivos do distress e utilizar a energia extra produzida pelo "eustress" para vencer desafios e superar dificuldades.
Segundo Rodrigo Pires do Rio, da Senso Consultoria em Saúde, "O Cirurgião-Dentista deve superar conceitos preestabelecidos e desenvolver atitudes e comportamentos mais sintonizados com o mundo atual, muito mais desafiante. Deve também desenvolver estratégias para otimizar seu tempo e treinar a capacidade de relaxamento, por meio de técnicas apropriadas".
No caso dos Cirurgiões-Dentistas, há algumas formas específicas de enfrentar e combater o problema, aplicando-se, por exemplo, os conceitos da ergonomia ao seu trabalho diário, entre outras atitudes, como:
• Tentar manter uma postura de vida construtiva, mesmo diante das adversidades;
• Administrar bem o seu tempo;
• Cultivar o afeto das pessoas à sua volta;
• Relaxar durante alguns momentos do dia, independente de problemas, circunstâncias ou preocupações;
• Dedicar-se a atividades relaxantes (exercício físico, jardinagem, leitura, música, dança, etc.);
• Fazer atividades terapêuticas voltadas prioritariamente para o relaxamento, como massagens;
• Manter uma alimentação balanceada;
• Fazer atividades físicas regulares e bem orientadas;
• Ter um ritmo e qualidade de sono regulares;
• Evitar hábitos negativos, como tabagismo, uso excessivo de bebidas alcoólicas, automedicação, drogas psicotrópicas, etc.