E o jornalista? Trabalha onde?

No Brasil, o jornalismo é um campo profissional complicado. A polêmica da exigência do diploma arrasta anos de conflito entre os que acreditam que a formação acadêmica é indispensável e os que defendem uma formação totalmente prática. Prática esta, parcialmente impedida durante a graduação, pois o jornalismo é a única área proibida por lei a oferecer estágios. Além disso, existe a questão do piso salarial, diferente entre os estados brasileiros e acusado de nem sempre refletir a realidade regional. Coordenadores de diversas universidades de Santa Catarina e o presidente do sindicato da categoria explicam seus pontos de vista sobre a formação, oportunidades e a remuneração destes profissionais.

Quem forma opina

Para o consenso geral, jornalista, muitas vezes é apenas quem está na televisão ou trabalha em um jornal impresso. Mas os avanços tecnológicos e o aprimoramento dos veículos de comunicação, aliados ao conceito de notícia produto, ampliaram a área de atuação jornalística. Santa Catarina possui atualmente, segundo o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC), 12 graduações em jornalismo distribuídas por todo estado. Quais são as oportunidades que o novo profissional pode esperar?

A vocação empresarial catarinense ajudou na escolha da área empregatícias favorita dos coordenadores dos cursos de Jornalismo. “A maior perspectiva de crescimento, sem dúvida, é no setor de assessoria de comunicação (assessoria de imprensa e outras competências na área). Aqui em Joinville, há uma profissionalização crescente e fartos espaços de mercado a serem ocupados”, afirma o professor Samuel Lima, coordenador do Curso de Jornalismo do Bom Jesus (Ielusc).

“Como para qualquer profissão, o mercado de trabalho para jornalistas é muito disputado, e os mais qualificados conquistam seu espaço. Hoje, há mais espaço para assessoria de imprensa especializada e web jornalismo”, concorda o representante da Estácio de Sá em Florianópolis, Paulo Scarduelli.

Também de Florianópolis, a coordenadora do curso de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Maria José Baldessar, destaca que a concentração dos meios de comunicação em uma só empresa, a RBS, prejudica o mercado, induzindo a redução de salários e o número de postos de trabalho em todo o estado. “Por outro lado, as novas tecnologias, em especial a Internet, têm possibilitado a abertura de uma nova frente e permitido a abertura de novos postos”, comenta.

O professor Ricardo Pavan, responsável pelo curso na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), de São Miguel do Oeste não acredita no potencial deste campo profissional em Santa Catarina. Segundo Pavan, em sua região o mercado é bastante restrito, mesmo havendo carência de profissionais. Para ele, a situação no Estado é ainda mais complicada, principalmente para os novos jornalistas.

Já a representante da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (UnoChapecó), Jeanine Guedes, garante que no Oeste o mercado é promissor, graças ao ritmo de crescimento dos veículos da região, tanto em quantidade como qualidade.  “Temos um mercado empresarial que cada vez mais utiliza a assessoria de imprensa como diferencial para o seu negócio. Há também muitos municípios pequenos onde existe campo para atuação de jornalistas”.

A coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Janete Jane Cardozo, lembra que, nas últimas décadas, criaram-se novas empresas de comunicação e periódicos. “Até a década de 1980, as rádios não contratavam jornalistas, limitando-se a recortar matérias dos jornais e reproduzi-la. Atualmente, as emissoras de rádio começam a despertar para a importância e a necessidade de manter jornalistas em seus quadros, assim como as empresas e instituições que implantam ou ampliam suas assessorias de comunicação”.

Mas o consenso geral é um só: pra bom jornalista trabalho não falta. O que está faltando é melhores salários para os jornalistas catarinenses. E essa briga vem se alastrando há anos, sendo que o nosso vizinho, o Paraná, tem um piso salarial de R$ 1.746,85. Enquanto Santa Catarina possui piso único de R$ 1.010,00. O Rio Grande de Sul tem o piso dividido entre a capital e as cidades do interior.

Marina Andrade

Reportagem realizada para a disciplina de Jornalismo de Revista: maio de 2007

1 Comentário »

  1. Samia Almeida said

    Oi
    Estou fazendo um trabalho pro meu curso sobre profissões
    e escolhi o jornalismo preciso de algumas informações.
    A definição de um jornalista,onde pode trabalhar, sobre o curso que eu devo fazer, mercado de trabalho areas de atuação e informacoes sobre como será a projeção de futuro.
    Muito obrigado.

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