quinta-feira, 30 de junho de 2011

Discalculia?

Dificuldade com os cálculos nem sempre é falta de inteligência do aluno. Pode ser só um transtorno de aprendizagem – e, com ensino adequado, dá para aprender
CAMILA GUIMARÃES

Desde que consegue se lembrar, a paulistana Luisa Andrade, que hoje tem 17 anos, não se entendia com os números. As aulas de matemática eram um suplício. Na 3a série, aos 9 anos, experimentou pela primeira vez a vergonha que a acompanharia até o ensino médio. Para tomar a lição dos alunos, a professora costumava pedir para que todos ficassem em pé em cima de suas carteiras e recitassem a tabuada. Só sentava quem acertava a sequência. Era uma tarefa impossível para Luisa, que sempre ficava por último, em pé, sozinha, exposta à risada dos coleguinhas.
Os anos se passaram e as situações constrangedoras foram se acumulando, tanto nas salas de aulas quanto em passeios com a turma de amigos. No cinema ou na lanchonete, Luisa nunca soube calcular o troco. Ou ver as horas. O pior momento foi no ensino médio. Durante uma aula de física, a professora pediu para que Luisa, que é loira e vestia uma blusa cor-de-rosa, resolvesse um problema na lousa. Luisa não foi capaz de escrever nada. Ficou lá parada por alguns minutos. A professora, então, disse a ela: “Pode voltar para sua carteira, Barbie”.
Luisa não é preguiçosa. Nem burra. Ela apenas sofre de discalculia, um transtorno de aprendizagem tão comum em salas de aulas quanto a dislexia (o transtorno de aprendizagem de leitura). Quem tem discalculia não possui habilidades matemáticas. Faltam noções de grandeza ou de valor dos números. Essas pessoas não conseguem fazer cálculos e nem sequer decoram a tabuada (leia abaixo o quadro com os principais sintomas). Pesquisas internacionais estimam que entre 5% e 7% da população mundial sofre desse transtorno. Os impactos afetam toda a sociedade. Segundo um estudo britânico, a discalculia gera um prejuízo anual ao país de 2,4 bilhões de libras (ou R$ 5,8 bilhões). Isso porque as pessoas com dificuldades matemáticas tendem a ganhar e gastar menos. Seriam mais propensas a ficar doentes e cometer crimes. Também demandam mais ajuda da escola.
Apesar disso, a discalculia é pouco conhecida. Parte do problema é resultado da tolerância nas escolas para as dificuldades com matemática. “Culturalmente encaramos como algo difícil mesmo”, afirma Thiago Strahler Rivero, pesquisador do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo. “Muitos pais e professores não percebem que há um problema e os alunos podem chegar até a vida adulta sem saber que sofrem deste transtorno.”
Outro obstáculo é o diagnóstico complicado. É preciso uma equipe interdisciplinar, formada por fonoaudiólogo, neuropsicólogo, psicopedagogo e neuropediatra para identificar o transtorno corretamente. No Brasil, apesar da falta de números precisos, há consenso entre especialistas que os diagnósticos de discalculia começam a aparecer com mais frequência nos consultórios clínicos.
A história do diagnóstico de Luisa é ilustrativa. Sua mãe, Mônica Weinstein, é fonoaudióloga e doutora em comunicação humana, mas, até Luisa ter 13 anos, nunca desconfiou que ela tivesse discalculia. Foi a própria Luisa quem percebeu. “Estava assistindo a um documentário na TV que falava sobre transtornos de aprendizagem e de repente ficou claro que aquele era o meu problema”, diz Luisa. “Fui correndo contar para minha mãe.”
Os alunos com discalculia conseguem aprender matemática com atenção individual e técnicas de ensino especiais. Mas poucas escolas têm professores, estrutura, planejamento ou materiais adequados. A Escola Suíço Brasileira de São Paulo fez uma adaptação do conteúdo das aulas e até de materiais. “As atividades em sala de aula e a lição de casa precisam ser diferentes”, diz Birgit Möbus, psicopedagoga da escola. “O mais importante é não isolar esse aluno e cuidar de sua autoestima.”
A mãe de Luisa, Mônica, não teve a sorte de encontrar colégios preparados para educar a filha. O último sugeriu que a menina deixasse a matemática de lado. A menina já havia desenvolvido uma severa anorexia nervosa. Hoje ela estuda com tutores, em casa, e frequenta uma vez por semana o Instituto Individualmente, uma organização não governamental criada pela própria Mônica logo depois do diagnóstico da filha.
O instituto diagnostica e trata alunos com discalculia das redes pública e privada há dois anos. Um deles é Aline Alves Barbosa, de 15 anos. Sua mãe percebeu que poderia haver algum problema de aprendizagem quando ela tinha 12 anos. Durante meses, passou por fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas. Chegou a tomar remédio para tratar um possível deficit de atenção. No instituto, ela é atendida por especialistas em discalculia, que usam softwares importados desenvolvidos para quem não tem habilidades matemáticas. Com os programas, que concretizam os números e as operações matemáticas com imagens, ela aprendeu a ler as horas e a fazer algumas operações básicas, como somar e dividir. Aline ainda odeia as aulas de matemática da escola. “Minha professora atual não quer nem saber do meu diagnóstico”, diz Aline. “Ela explica a lição uma vez só e nunca mais.” Por isso, o desafio do Instituto Individualmente também é preparar as escolas para ensinar essas crianças.
Outros países já incorporaram isso à política oficial. Desde 2000, a Inglaterra investiu US$ 2,3 milhões em pesquisa. Outro tanto para desenvolver softwares para melhorar o aprendizado. Esses programas são usados nas escolas públicas. Segundo um levantamento feito pela consultoria KPMG e uma ONG britânica, essas ações custam caro, mas dão um retorno 12 vezes maior para a sociedade. É só fazer as contas.



Dificuldade além dos números
Pessoas com discalculia sofrem nas aulas de matemática e também não desenvolvem noções de tempo e espaço. 
Eis os sintomas mais comuns 
  • Não aprendem a ler as horas
  • Não sabem a sequência dos meses do ano ou noções de ontem, hoje e amanhã 
  • Em jogos, não gravam regras e não conseguem montar estratégias
  • Têm dificuldade para calcular troco 
  • Não guardam fórmulas matemáticas e têm muita dificuldade de entender os enunciados de exercícios 
     
     
  • Falta de noção de magnitude: a criança não sabe, por exemplo, se o número 12 é mais próximo, em grandeza, do 10 do que do 20. Nem que 200 é menor que 2.000.
  • São incapazes de fazer cálculos mentais
  • Os mais novos confundem números graficamente parecidos, como 6 e 9 ou 14 e 41 
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI240671-15228,00.htm

Redefinindo o TDAH - Funções Executivas

O TDAH foi descrito tipicamente como uma tríade que inclui hiperatividade, déficit de atenção e impulsividade.  Esses três fatores, no entanto, não descrevem a totalidade dos problemas que essas pessoas experimentam. Russel Barkley (Barkley, R.A 2000 - Taking Charge of ADHD: The complete, authoritative guide for parentes. New York, Guilford Press) explica como, no TDAH, existe uma incapacidade de inibição do comportamento atual para que o passo futuro seja alcançado, devido a uma disfunção executiva.
Desta forma, a IMPULSIVIDADE acontece quando não há inibição de um estímulo interno. A DISTRAÇÃO ocorre quando não há inibição de um estímulo externo. A HIPERATIVIDADE ocorre quando, não havendo inibição, estes estímulos serão checados. Essa disfunção executiva faz parte do "pacote" do TDAH e explica uma série de outros comportamentos dessas crianças. A partir do momento em que entendemos esses mecanismos, percebemos o quanto existe além da tríade "hiperatividade, impulsividade e déficit de atenção".
 E o que são funções executivas?
 Imagine a manhã de um domingo. Você vai fazer um churrasco e receber os amigos. Isso exigiu que você planejasse, organizasse sua agenda, fosse flexível, ajustando as diferentes tarefas ao seu tempo livre, usasse sua memória de trabalho e consultasse nela as lições que você aprendeu ao preparar reuniões anteriores. Você também teria que ter noção de tempo, para determinar a que horas precisaria começar a cozinhar. Precisaria iniciar o trabalho no tempo determinado, e mesmo que estivesse fazendo alguma coisa muito agradável naquele momento, digamos lendo jornal, você mudaria o seu foco da atividade (de ler para cozinhar), inibindo o prazer da leitura, e, usando o seu autocontrole, começaria a trabalhar. Todas essas funções (inibição, iniciação, memória de trabalho, oraganização, noção de tempo, flexibilidade, entre outras), são chamadas FUNÇÕES EXECUTIVAS, se processam em grande parte, nos lobos frontais e pré-frontais.
É muito importante reconhecer que existe uma gama enorme de comportamentos que são afetados pela disfunção executiva e que muitas vezes dificultam a vida  junto à familia, amigos, escola e outras atividades sociais. Vamos ver como essa disfunção pode se manifestar na escola e o que pode ser feito para ajudar a desenvolver essas funções executivas que são deficientes. É verdade que muito do que é sugerido aqui se aplica a todas as crianças em termos de estrutura, persistência, supervisão, lembretes. Mas crianças com TDAH precisam de MAIS estrutura, MAIS persistência, MAIS supervisão, MAIS lembretes. Cada criança tem seu conjunto de características, nem um TDAH é igual a outro.  Cabe a nós identificarmos os déficits presentes e traçarmos um plano. O plano nos dá a segurança de não sermos pegos de surpresa, de nos sentirmos no controle. Então, mão à obra.


DIFICULDADE NA EXECUÇÃO DAS TAREFAS - sim, as ideias são muitas, e, com muita motivação, a criança com TDAH começa a colocar a ideia em prática, para, bem no começo, verificar que, entre a ideia abstrata e a vida real, concreta, existe uma distância enorme a ser percorrida. Você sabe, antes de se fazer um bolo, a gente tem que ter a receita, ou ao menos a noção de quais ingredientes serão usados. Temos que rever, mentalmente o na prática, se temos em estoque tais ingredientes. Talvez tenhamos que comprar algum. Ai, finalmente, podemos colocar a mão na massa. Mas não se esqueça que existe uma ordem certa para se colocar cada ingrediente. Muitos passos, não é? Exige pesquisa ou conhecimento anterior. Precisa ler a receita, ou o manual. Quem gosta? Precisa planejamento e antecipação.
E na escola? Com tantas idéias na cabeça seria natural que essas crianças fizessem ótimas redações,  não? Mas como fazer as idéias se organizarem numa sequencia lógica e interessante para o leitor? Como fazer o aluno escrever, já que ele detesta? E quem vai ler aquela letra?
O QUE PODE SER FEITO:
- ensine o planejamento passo a passo. Depois, pratique, pratique e pratique. Com o tempo, o aluno incorpora esse hábito.
- organize as informações necessárias (num trabalho escrito, faça a criança escrever num rascunho 3 itens: descrever o problema, contar como as pessoas tentaram reolvê-lo e qual foi o resultado).
- Dividir o planejamento em pequenos passos.
- escrever e numerar os passos em uma lista, de forma que fique mais fácil para criança checá-los.
-permita que o aluno use computador para trabalhos que exigiriam escrever um texto longo.
- ofereça diferentes opções para que um trabalho seja apresentado ou resolvido (escrito à mão, escrito no computador, power point, apresentação oral), assim o aluno pode usar seu estilo preferido de resposta.


ADRIANA L. C. R. DUTRA 

Sucesso

“Dedicação é a capacidade de se entregar à realização de um objetivo. Não conheço ninguém que tenha progredido na carreira sem trabalhar pelo menos doze horas por dia nos primeiros anos. Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho sem sacrificar sábados e domingos pelo menos uma centena de vezes. Da mesma forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá de se dedicar a isso, superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, deixar de lado o orgulho e comodismo. Se quiser um casamento gratificante, terá de investir tempo, energia e sentimentos nesse objetivo.


O sucesso é construído à noite! Durante o dia você faz o que todos fazem. Mas, para conseguir um resultado diferente da maioria, você tem de ser especial. Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados. Não se compare à maioria, pois, infelizmente, ela não é modelo de sucesso. Se você quiser atingir uma meta especial, terá de estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas. Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão. Terá de trabalhar, enquanto os outros tomam sol à beira da piscina. A realização de um sonho depende da dedicação.

Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica. Mas toda mágica é ilusão . E ilusão não tira ninguém do lugar onde está. Ilusão é combustível de perdedores.”

Roberto Shinyashiki

sábado, 25 de junho de 2011

Adolescência - parte 2 - Como lidar com a privacidade dos filhos

Os pais e os amigos têm papéis diferentes na vida das pessoas, mas não é difícil ouvir alguém dizer que é muito amigo dos filhos e que entre eles não existe segredo. A relação de amizade implica em coleguismo, parceria e aceitação. Enquanto amigos correm risco juntos, o papel dos pais é de corrigir, educar, cuidar, estipular regras e orientar.
Para a psicóloga Paula Gomide, autora do livro "Pais presentes pais ausentes: regras e limites", é preciso entender que ser um pai afetuoso e presente não significa conhecer a intimidade dos filhos. Ela comenta que o relacionamento dos pais com os filhos deve ser pautado pela confiança, sem aquela supervisão estressante que parece uma fiscalização ininterrupta.
Estreitar os laços de amizade pode ser uma tentativa de manter a proximidade entre a família, mas os pais precisam respeitar a privacidade dos filhos. "Os filhos devem ter privacidade e ser respeitados naquele momento em que não estão dispostos a falar sobre seu problema (assim como os adultos). Obrigar o filho a falar é invasivo e não surte efeito, apenas o deixa irritado e hostil", ressalta a psicóloga.
Gomide acrescenta que um bom relacionamento entre pais e filhos permite que o filho procure os pais quando está em dificuldades, sabendo que terá suporte e afeto para resolver o problema.
Filhos precisam de privacidade desde crianças, é assim que eles aprendem a ter sua própria intimidade e respeitar a dos outros. O exercício do respeito à privacidade em hábitos como bater na porta antes de entrar, perguntar se pode mexer ou não em algo (bolsa, carteira, celular, etc) deve ser parte integrante e essencial da formação de "boas" atitudes dos filhos.
Na opinião da psicóloga Vera Otero, um bom relacionamento entre pais e filhos, sejam estes adolescentes ou não, não significa que eles sejam amigos. Para ela, pais e filhos podem e devem ser companheiros, parceiros para muitas situações, atividades e em muitos contextos, mas sempre devem ser pais e filhos.
Vera explica que a proximidade entre os membros da família deve ser construída de outra forma. Os pais têm de se interessar pela vida dos filhos e precisam ensinar o filho a se interessar pela vida deles. No entanto, ela alerta que os jovens não estão preparados para ouvir e entender os problemas dos pais.
"Os pais são adultos e têm atribuições, problemas pessoais e profissionais e dificuldades que o jovem poderá não estar preparado para saber e compreender, portanto não podem ser divididas com os filhos. Não se pode confundir uma atitude criteriosa de partilhar (altamente desejável) determinadas vivências, opiniões e posicionamentos, com mostrar e escancarar tudo para os filhos", comenta Vera.
A vontade de entrar na intimidade dos filhos, atitudes como se relacionar com os amigos deles nas redes sociais e "xeretar" sobre as paqueras pode revelar as mais diferentes realidades de pessoa para pessoa.
"Dentre as possíveis situações, podemos enumerar cuidado com os filhos, necessidade de saber o que anda acontecendo na vida deles, vontade de 'tornar-se' novamente adolescente, preencher vazios da própria vida dos pais e curiosidade com 'diferentes graus de patologia', por exemplo", explica Vera.
Conversar sempre com filhos é um meio adequado para saber se a privacidade deles está sendo invadida. Os pais devem aprender a nomear e a classificar corretamente seus próprios comportamentos, mesmo nas situações em que é necessário investigar mais a fundo as atividades dos filhos.
"A conversa franca e respeitosa é sempre o melhor caminho. Os pais precisam expor para os filhos qual é a real preocupação que eles estão tendo em relação a um determinado comportamento dele, ou alguma situação que imaginam que ele esteja vivenciando", completa Vera. 

Adolescência

Estar presente na vida do seu filho desde cedo é o primeiro passo para poder ajudá-lo a enfrentar problemas, de acordo com Betina Serson, psicóloga com pós-graduação em Psicopedagogia pela PUC-SP. "Se o filho não se abre com os pais é porque o relacionamento pode estar com problemas", diz.

Para a especialista, é importante saber quem são os amigos do seu filho e manter um canal de comunicação aberto com ele, principalmente na adolescência. "Traga os amigos do seu filho para dentro da sua casa. E, claro, uma boa convivência garante confiança e uma relação mais calma em casa e fora dela.”

Se a relação, porém, já não é das mais estreitas, Betina aconselha a tentar uma aproximação. "A melhor maneira de amenizar isso é ir com calma e fazer atividades relaxantes, que ambos gostem. Em atividades ao ar livre ou descontraídas, as pessoas mais fechadas têm a tendência de conversar e se abrir mais. Abaixo, veja sugestões da especialista para se aproximar das crianças e jovens.
 

Sinais que merecem atenção

Perceba se seu filho é solitário. Se os amigos não o procuram ou ele não sai com frequência, algo pode estar errado. Não é natural viver isolado. Converse, com cuidado, sobre isso;
A falta de interesse de ir à escola, notas baixas e isolamento pode ser sinal de que o seu filho seja vítima de bullying. Esteja alerta! Excesso de preocupação com a aparência também é um sinal;
A perseguição de um professor, por exemplo, pode ser notada pelas reclamações do filho. Ouça-o com atenção. Não duvide das queixas antes de averiguar se elas têm fundamento;
O comportamento do seu filho vai mudar conforme os amigos. Principalmente na adolescência. Conheça a turma e esteja por perto, respeitando a privacidade;
Os filhos precisam se sentir confortáveis para se abrir com os pais, mas os pais têm de ter em mente que eles são os adultos da relação e que há uma hierarquia;
Crie atividades gostosas para gerar aproximação, confiança e cumplicidade. Mostre que vocês podem se divertir juntos, ter papos prazerosos. Não fale com os filhos apenas para cobrar e dar broncas.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Neurônios e Neurotransmissores

Toda atividade cerebral se dá através da atividade dos neurônios. O neurônio é a célula que compõe o Sistema Nervoso, portanto, é também chamada de Célula Nervosa e a atividade neuronal representa a comunicação entre os neurônios.
A Célula Nervosa é composta de um corpo celular e de finos prolongamentos denominados dendritos, mais curtos e juntos ao corpo celular e axônios, bem mais compridos.
Neuronio 1
Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como receptores de estímulos, funcionando como "antenas" para o neurônio. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos. 
Todos os axônios tterminam em ramificações chamadas botões terminais. O terminal do axônio é o local onde seu neurônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células (músculares, etc) para transmitir o impulso nervoso.
Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em determinadas áreas do Sistema Nervoso Central (SNC) e nos gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral. Os axônios são bastante longos e em feixes formam os nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP). 
A forma de comunicação entre os neurônios se faz por mediadores químicos e por estímulos elétricos. Os mediadores químicos são denominados neurotransmissores. Os neurotransmissores são sintetizados pelos próprios neurônios e armazenados dentro de vesículas. Essas vesículas concentram-se no terminal axônico e quando os impulsos nervosos chegam a esses terminais os neurotransmissores são liberados. A membrana do terminal que libera os neurotransmissores denomina-se membrana pré-sináptica e a que capta esses neurotransmissores no outro neurônio chama-se membrana póssinaptica.
A região onde um neurônio entra em contacto com outro para a passagem do impulso nervoso chama-se sinapse. O contato físico entre os neurônios através da sinapse não existe realmente, pois as estruturas estão próximas mas não se toca (espaço virtual) chamado de fenda sináptica. Os axônios costumam ter muitas ramificações e cada uma delas forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares. Estas ramificações são chamadas coletivamente deárvore terminal.
 Neurônio - Sinapse
O axônio está envolvido por uma bainha de mielina que é composta de um tipo de gordura, juntamente com uma proteína básica chamada mielina, a qual atua como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso.
Neuronio - Sinapse2
Entre os neurônios há um espaço em torno de 100-500A chamado fenda sináptica. A interação dos neurotransmissores com a membrana pós-sinaptica é realizada por meio de receptores protéicos altamente específicos.

Neurotransmissores
Nas sinapses, a transmissão do impulso nervoso de um neurônio para outro se dá às custas de substâncias chamadas neurotransmissores. 

Os neurotransmissores são sintetizados pelos próprios neurônios e armazenados dentro de vesículas.

Essas vesículas se concentram no terminal do axônio e quando os impulsos nervosos elétricos chegam a esses terminais os neurotransmissores são liberados, como se fossem cuspidos na fenda sináptica.

Assim é que a membrana pré-sináptica libera os neurotransmissores para a para a fenda sináptica e, uma vez aí liberados, os neurotransmissores se difundem até a membrana pós-sináptica e ligam-se, reversivelmente, aos neuroreceptores, os quais promovem eventos elétricos.
A comunicação elétrica entre neurônios dispensa mediadores químicos e se dá através da passagem direta de íons por meio das junções abertas (gap junctions). Os canais iônicos ficam acoplados e formas unidades funcionais denominadas conexinas. A transmissão da informação é muito rápida através da eletricidade, porém ela não é tão versátil quanto a neurotransmissão por neurotransmissores. Depois da maturidade do Sistema Nervoso Central preominam as neurotransmissões químicas.
Esses conhecimentos foram fundamentais para a pesquisa de produtos capazes de agir em transtornos psiquiátricos. Os antidepressivos, por exemplo, agem principalmente junto aos neurotransmissores serotonina, noradrenalina e dopamina.

  
Ballone GJ - Neurônios e Neurotransmissores - in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.med.br , 2008
   

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Disgrafia e Psicomotricidade

Rodrigues & Franco no seu artigo “Dificuldades de aprendizagem no processo de construção da leitura e da escrita. Sugestões para sala de aula” apresentam algumas sugestões possíveis de serem realizadas em sala de aula, que enfocam as áreas da psicomotricidade, cognição e expressão livre.

1 - PSICOMOTRICIDADE



1. Esquema corporal: percepção do próprio corpo, conceitos das partes do corpo como um todo, reprodução de movimentos complexos e diferenciados.
Actividades: diferentes tipos de desenhos em diferentes tipos de papéis, uso de bonecos variados (pano, papelão), fotos, imagens de pessoas, jogos que envolvam o tema “corpo”, actividades individuais e colectivas que envolvam movimentos corpóreos entre outros.


2. Lateralidade: predominância de um lado do corpo em relação ao outro.
Actividades: massa para modelar, recorte de linhas/figuras/ formas, acto de desenhar, colorir, pintar, jogos que envolvam mão e/ou pé dominante (chutar, pular, correr), jogos e músicas envolvendo lados dominantes etc.


3. Estruturação espacial: noção do “EU” dentro do espaço. Essa noção é fundamental para o aluno pois ao ter noção de si mesma como um “EU” igual aos outros e diferente dos outros, o aluno perceberá, por exemplo, que letras são diferentes de números.
Actividades: actividades que envolvam noção de em cima/em baixo, maior/menor, dentro/fora, longe/perto etc.


4. Orientação temporal: noção de que existe um tempo objectivo, fundamental para a organização do pensamento.
Actividades: noção de manhã/tarde/noite, figuras de sequência lógico-temporal para o aluno montar, envelhecimento (linha do tempo), música (ritmo: lento/moderado/acelerado), estações do ano, estimular o aluno a avaliar o tempo que usa para desenhar/escrever seu nome etc.


5. Postura e equilíbrio: Capacidade do aluno em conquistar e manter atitudes corporais habituais. Capacidade fundamental para construção das habilidades de atenção/concentração, pois um aluno que não tem postura e equilíbrio adequados, seu cérebro naturalmente “desvia” a atenção para corrigir os desequilíbrios provocados.
Actividades: equilibrar-se com um dos pés, movimentar-se com os pés no chão, andar com as pontas dos pés, andar em cima de linhas rectas e onduladas, andar em uma prancha (ex: banco) entre outros.


6. Praxia Fina (e/ou psicomotricidade fina e/ou coordenação dinâmica manual): Estágio do desenvolvimento humano que agrega as noções acima e o exercício das mesmas.
Actividades: actividades que envolvam as mãos, traçado de linhas, jogar e receber bola, tactear de formas (desenhos, peças, esculturas, objectos) em diferentes tipos de materiais (arroz, areia), realizar pinturas, preencher sobre traçados de linhas (rectas, curvas, denteadas) entre outros.

2 - COGNIÇÃO



1. Percepção: ato de conhecer o objecto e suas relações para poder atribuir-lhe os seus diferentes significados. Fundamental para a construção da capacidade simbólica (representações).
Actividades: discriminação de cores, formas, tamanhos e quantidade, análise/síntese, estímulos visuais, auditivos (reprodução de diferentes sons), gustativos e olfactivos.


2. Memória: capacidade de registar e de recordar estímulos. O aluno somente desenvolverá essa capacidade se houver identificado e compreendido o que o professor propôs como actividade. A memória é construída através da memória visual, auditiva e visuomotora (coordenação olho-mão). A memória visuomotora é fundamental para a caligrafia e escrita.
a) Memória visual: capacidade de reter e de recordar com precisão, experiências visuais anteriores.
b) Memória auditiva: capacidade de reter e de recordar informações captadas auditivamente.
c) Memória visomotora: capacidade de reproduzir com movimentos dos segmentos corporais, experiências visuais anteriores.
Actividades: jogos de memória, jogos de sequências, quebra-cabeças simples, contar e recontar pequenas histórias, dramatizar pequenas cenas e “redramatizá- las”, pequenas letras de músicas com refrões e mesmas terminações entre outros.


3. Atenção: fenómeno subjectivo que expressa o modo como a mente selecciona e fixa determinados estímulos por um tempo variável, segundo a motivação e a fadiga do aluno.
Actividades: actividades que se desencadeiam por força da motivação (motivação da acção) e desperte o interesse dos alunos. Sugerem-se jogos que não visem a competição mas a criatividade.


4. Raciocínio: capacidade de usar o pensamento para resolver problemas evidenciando o modo como o pensamento se organiza.
Actividades: quebra-cabeças, classificação de objectos, identificação de relação de igualdade/diferença/semelhança, blocos lógicos, inventar histórias e jogos, inventar hipóteses etc.


5. Conceptualização: classificação através da característica do objecto.
Actividades:gravuras, jogos entre outros (“cada coisa em seu lugar”.)


6. Linguagem: A linguagem é todo sistema de signos que serve como meio de comunicação entre os indivíduos. Está ligada a inúmeros aspectos como os neurológicos, motoras, afectivo-emocionais, culturais, históricos e de socialização entre outros.
Actividades: imitação, reprodução de história, descrição de gravuras, introdução de novas palavras para enriquecimento do vocabulário, diferentes actividades lúdicas (fantoches, dramatizações, canções, recitar e ouvir poesias, narrações...) entre outros.


7. Compreensão da leitura: entender o que se lê em decorrência da capacidade em descodificar textos (formar representações mentais).
Actividades: pequenos textos, executar leitura e interpretação, formar hábito de leitura diferenciada, fazer com que o aluno leia o que escreveu, fazer com que o aluno entenda o que leu, entre outros.

3 - EXPRESSÃO LIVRE



As atividades auto-expressivas são geradoras, por excelência, de prazer e de satisfação, resultantes do potencial do sujeito. É esse prazer que permite ao indivíduo relacionar-se satisfatoriamente consigo mesmo, com os objectos e com o mundo ao seu redor.
Atividades pedagógicas: diferentes formas de comunicação através de diferentes formas de expressão: actividades de expressão plástica, de expressão musical, expressão cénica, expressão verbal, expressão não verbal, expressão corporal etc.

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Cientistas identificam gene vinculado à paralisia cerebral

Washington, 15 jun (EFE).- Uma equipe de pesquisadores que traçou a sequência genética de dois irmãos gêmeos afetados pela paralisia cerebral identificou o gene causador do transtorno nas crianças, informou nesta quarta-feira a revisa "Science Translational Medicine".
Quando Noah e Alexis Beery tinham dois anos de idade foram diagnosticados com paralisia cerebral e seus pais descobriram a razão para os problemas sofridos pelo menino e pela menina desde o nascimento.
A busca por uma resposta contou com a determinação da mãe e a tecnologia avançada na identificação de sequência genética do Centro Baylor de Sequenciamento do Genoma Humano, além dos esforços de outros médicos e pesquisadores em várias partes do país.
Os especialistas do Colégio Baylor de Medicina, em Houston, e outros da Universidade de Michigan e de San Diego explicam como a sequência do genoma completo das crianças, junto com a do irmão mais velho e a de seus pais, permitiu encontrar o gene causador da paralisia cerebral. A descoberta permitiu oferecer aos irmãos um tratamento efetivo que ameniza os sintomas da doença.
A paralisia cerebral, um transtorno permanente e não progressivo que afeta à psicomotricidade do paciente e limita a atividade da pessoa, é atribuída a problemas no desenvolvimento cerebral do feto. A doença não tem cura conhecida.
A incidência do transtorno em países desenvolvidos é de aproximadamente 2 a 2,5 em cada mil nascimentos e não diminuiu nas últimas seis décadas apesar dos avanços médicos como a monitoração dos sinais vitais dos fetos.
O Centro Baylor foi pioneiro no traçado completo da sequência genética de indivíduos desde que o prêmio Nobel James Watson apresentou seu mapa genético total em 2007.
"Quando o Centro Baylor traçou a sequência de todo o genoma de Watson, demonstrou o que podia fazer", disse James Lupski, subdiretor de genética molecular e humana do instituto.
Lupski foi um dos médicos consultados no caso dos irmãos Beery no Hospital de Crianças do Texas e dá todo o crédito à mãe, Retta, por sua persistência no cuidado das crianças e sua "determinação absoluta em encontrar uma resposta", acrescenta.
Quando os gêmeos tinham 4 anos de idade e todos os tratamentos frequentes apresentavam resultados efêmeros, Retta falou sobre a sequência genética com seu marido, Joe, chefe de informação de uma empresa que aplica novos métodos e fabrica equipamentos de pesquisa para sequenciamento genético.
Com a colaboração do Centro Baylor, iniciaram a busca pelo gene mutado que causava os problemas dos gêmeos e conseguiram determinar que as crianças herdaram duas cópias mutadas - uma da mãe e uma do pai - do gene SPR.
A mutação do SPR transtornou a senda celular responsável não só pela produção de dopamina, mas também de outros dois neurotransmissores: a serotonina e a noradrenalina, indicou o artigo.
Os dois neurotransmissores operam na sinapse, ponto de contato no qual um neurônio passa sinais elétricos e químicos para outro. Para suprir a deficiência de dopamina e serotonina, os médicos recomendaram uma dose pequena de um suplemento chamado 5-HTP a seus outros remédios.
"Um mês depois do início do novo tratamento, a respiração de Alexis melhorou notavelmente", comentou Reeta, acrescentando que a menina voltou a correr.
Noah também se beneficiou e sua mãe afirmou que o menino consegue escrever melhor e está mais concentrado na escola.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Atividades em excesso prejudicam crianças

A vida corrida dos dias de hoje não deixa somente os adultos estressados. Atinge também as crianças. Para que os filhos não fiquem sozinhos em casa nos períodos longe da escola, os pais colocam os pequenos em várias atividades extras escolares.

Aprendizado de idiomas, balé, futebol, natação, judô, música, teatro e reforço escolar são algumas atividades que fazem parte do currículo das crianças além do período escolar.

Além de não deixarem os filhos na ociosidade, os pais pensam na formação do filho para um futuro melhor. Quanto mais atividades, mais chances de se dar bem na vida. Será que é assim ou a criança precisa de um tempo para brincar?

O ser humano atual acumula inúmeras funções principalmente a partir dos 18 anos, isso não significa que a criança já precisa testar uma vida corrida. Ela não é uma super-máquina. Que mal tem a criança, vez ou outra, se divertir assistindo Sessão da Tarde comendo uma bolachinha em companhia do irmão ou dos avós.

A brincadeira é a maneira como a criança vivencia seu cotidiano. Os pequenos precisam desse tempo de brincadeira para aprender a enfrentar desafios lidando com as conquistas e derrotas, discutir regras e limites para uma determinada brincadeira, facilitando a socialização, os vínculos e desenvolvendo a inteligência.

As atividades extras são importantes, sem dúvida, mas não devem ser colocadas como obrigações. As crianças precisam ter afinidades e gostarem das atividades que estão fazendo. A carga horária dessas atividades pode aumentar de acordo com a idade das crianças.

Quanto mais velha maior essa carga horária poderá ser. Sem esquecer que, como os adultos, cada criança tem seu pique. Duas crianças da mesma idade podem agüentar ritmos bem diferentes de atividades.

Brincar e estudar - Crianças de até dois anos precisam brincar muito. A partir daí, algumas rotinas devem ser impostas. Mas é a partir dos seis anos que as tarefas escolares aumentam. É preciso ter hora para a lição de casa, para a atividade extra e para brincar.

O excesso de atividade pode ser observado quando a criança começa a reclamar das atividades que está executando. A agenda lotada do pequeno muitas vezes reflete atitude agressiva, irritação, desatenção, pesadelos, ansiedade, choro excessivo, impaciência e dificuldade de relacionamento interpessoal.

Problema de gente grande - Uma criança estressada pode apresentar sintomas físicos como enxaqueca, dor de barriga sem causa aparente, diarréia, náusea, enurese (faz xixi na cama à noite), ranger de dentes, falta de apetite entre outros.

Caso esses sintomas apareçam nas crianças é melhor procurar o pediatra ou até mesmo uma ajuda psicológica para que se estabeleça uma melhor forma de aproveitar o tempo dos pequenos sem que isso interfira na sua saúde.

Os pais também não devem esquecer de que muitas brincadeiras de hoje são diferentes de antigamente, entre as quais o computador e videogame, mas as crianças ainda precisam de espaço e da presença dos pais para se desenvolverem e tornarem adultos seguros e de bem com a vida.

Dicas

Preocupe-se em organizar uma rotina em que seu filho esteja preparado para enfrentar.

Passar por algum fator estressante, como mudança de escola ou nascimento do irmão, é bom e faz as crianças aprenderem a enfrentar desafios, mas como rotina pode causar muitos problemas.

Adequar atividades para a idade é importante. Algumas atividades físicas têm idade mínima para começar. Converse com um especialista.

Bruno Rodrigues

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Autismo resultaria de pequenas mutações genéticas

WASHINGTON, EUA — Centenas de pequenas variações genéticas raras, das quais muitas são espontâneas, desempenhariam um papel-chave nos casos de autismo, de acordo com estudos publicados na revista científica Neuron.

Os pesquisadores confirmaram assim a hipótese de que muitas destas mutações não seriam hereditárias, mas se manifestariam apenas nos indivíduos afetados.

Eles estudaram os casos de mil famílias, nas quais uma das crianças sofria de autismo e a outra não.

Um dos estudos revelou que nestas famílias, a criança autista tinha um risco quatro vezes maior de sofrer estas mutações genéticas espontâneas em relação a seu irmão ou sua irmã.

As pesquisas também indicam que essas variações genéticas afetavam sobre tudo as sinapses, regiões de comunicação entre os neurônios.

“A diversidade das variações genéticas implica que um tratamento contra uma forma de autismo pode não fazer efeito na maioria dos casos”, explica o Dr Michael Wigler, do Cold Spring Harbor Laboratory (New York), principal autor dessas pesquisas.

Os trabalhos mostram pela primeira vez que existem de 250 a 300 regiões no genoma humano nas quais variações genéticas podem provocar uma forma ou outra de autismo, que afeta 1% das crianças nos Estados Unidos.

Esta pesquisa também deve contribuir para um melhor entendimento da razão pela qual o autismo atinge quatro vezes mais crianças de sexo masculino (em relação ao feminino), a partir dos três anos de idade.

“Quando os genes cujas mutações são ligadas ao autismo forem identificados, poderemos analisar com mais clareza os problemas específicos que afetam cada uma destas crianças ao invés de tentar encontrar um só tratamento para todos os casos”, explica o Dr Matthew State da Universidade de Yale (Connecticut), autor de outro estudo publicado na revista Neuron.

Já o Dr Dennis Vitkup, da Universidade de Columbia em Nova York, que dirigiu outra pesquisa, explica que os resultados “apoiam a hipótese pela qual a perturbação das sinapses seria provavelmente a principal causa do autismo”.

Um dos estudos identificou uma região do genoma chamada 7q11.23, que poderia estar ligada a transtornos observados através de dois comportamentos sociais opostos.

Mutações que produzem cópias de genes nesta parte do genoma provocam um autismo caraterizado pela dificuldade de comunicação, enquanto a supressão destes mesmos genes estaria ligada à síndrome de Williams, um atraso mental que se manifesta por comportamento excessivamente social.

“Esta região do genona pode ser a Pedra de Roseta do estudo do desenvolvimento do cérebro, já que desempenha um papel chave na socialização”, avalia Gerald Fischbach, diretor científico da fundação Simons, que financiou os três estudos.
 De Jean-Louis SANTINI (AFP) – 8 de Jun de 2011