sábado, 13 de junho de 2009

ANTONIO OU FERNANDO: QUEM É O SANTO?

Quando estive em Lisboa visitei o Bairro de Alfama. O nome vem do árabe: Al-hamma. Significa banhos ou fontes. O guia turístico me disse que ali nascera um Cristão ilustre, e perguntou a quem eu gostaria de chamar de santo: Fernando ou Antonio?


s Alfama é um bairro de peixeiros. Dos mais pobres que visitei na capital portuguesa. E afinal, qual Cristão ilustre poderia ter nascido ali? Apreciador das boas histórias, quis saber.
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Fui logo informado que o Santo Antonio festejado em Lisboa, era o mesmo de Coimbra e Pádua. Até aí, tudo é possível. Mas onde podia se encaixar o Fernando? Na verdade, Santo Antonio era Fernando, antes da opção pela vida religiosa.
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A história de Santo Antônio, o mais popular da Igreja Católica, é repleta de curiosidades e supostos milagres. Nascido a 15 de agosto de 1195, em Lisboa, Portugal, recebeu do Pai – (Martinho de Bulhões, que lutara ao lado de Dom Afonso Henriques pela conquista de Lisboa aos Mouros); o nome de Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo. Seus pais eram nobres. Ainda jovem, entrou para a Ordem dos Cônegos Regulares, em Coimbra, Portugal, onde estudou Teologia e Filosofia, ordenando-se padre agostiniano, em 1219.
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Apreciava a vida dos mártires e desejava viver o cristianismo como tal. Ficou impressionado com a morte brutal de cinco frades franciscanos, martirizados no Marrocos, em 1220. Por causa disso entrou para a Ordem Franciscana, onde passou a ser chamado Frei Antônio. No mesmo ano, decidiu ir para Marrocos, para completar a obra de evangelização dos pagãos começada pelos cinco mártires. Mas o que o tornou diferente dos irmãos na fé foi a eloquência com que anunciava o Evangelho.
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lingua de Sto. Antônio - preservada no altar de sua Igreja - Pádua - Itália Santo Antônio foi o maior pregador de seu tempo. Já velho, recusou o título de cardeal oferecido pelo Papa Gregório IX. Preferiu continuar anunciando Cristo aos pobres. Numa tarde de sexta-feira, 13 de junho de 1231, morreu vítima de hidropisia, acúmulo de água nos tecidos do corpo. Conta-se que no dia de sua morte, Antonio apareceu ao abade Tomás de Vercelli para avisar que havia morrido em Pádua. Em seguida, teria sarado um ferimento no pescoço do abade
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. detalhe da cidade de Pádua - Itália Menos de um mês após sua morte, os fiéis de Pádua, na Itália, enviaram o pedido de canonização do santo ao Papa Gregório IX, que logo mandou o clero examinar os milagres feitos por Santo Antônio. A investigação durou seis meses e os sacerdotes confirmaram 47 milagres, como a ressurreição de uma criança, a cura de um cego e a aparição do menino Jesus ao santo. No dia 30 de maio de 1232, menos de um ano após sua morte, foi canonizado, tornando-se o santo que mais rápido chegou aos altares.
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detalhe do interior da igreja de Sto. Antônio de Pádua - Pádua - Itália A fama de casamenteiro decorre de muitas lendas. Dentre elas, a de que existia um tirano, chamado Erzelino, que baixara um decreto, segundo o qual as pessoas deveriam levar idêntico dote para o casamento. Assim, rico casaria com rico, pobre com pobre. Casava-se mais com a carteira do que com o coração. A população da cidade revoltou-se contra a iniquidade do decreto e Santo Antonio saiu em praça pública para enfrentar o tirano, que não resistiu e acabou revogando a determinação.
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...........igreja de Santo Antônio de Pádua - Pádua - Itália Os que consideram Fernando de Bulhões Y Taveira de Azevedo um santo, reconhecem que Antônio, como preferia ser chamado, sabe fazer bem mais do que arranjar casamento. Ele também é invocado como restituidor de coisas perdidas. Conta-se que em vida um livro dele foi roubado e reapareceu milagrosamente. Outra história é de um devoto que deixou cair um anel caríssimo dentro de um poço. Pediu ajuda a Santo Antônio e, momentos depois, uma estaca caiu dentro do poço, trazendo junto o anel, quando foi retirada.
s No Brasil Colônia Santo Antonio foi tão invocado pelos militares que acabou nomeado sargento mor “post mortem”. Na resistência aos invasores franceses, Santo Antonio foi invocado pelo menos duas vezes nas batalhas sangrentas que se travaram no Largo da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, à época um charco em que havia inclusive jacarés. Pela vitória foi prometido, e, até hoje se cumpre, manter uma luz votiva acesa no nicho dado ao Santo no convento ali erigido. Dom Pedro Primeiro promoveu Santo Antonio a General do Exército brasileiro, “post mortem”, e, de acordo com a enciclopédia Barsa, o nome dele foi mantido por muito tempo no Almanaque do Exército.

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