por Márcio Sabones

Você já percebeu que não existe uma viva alma nesse planeta que não goste de música. A pessoa pode não gostar desse estilo ou aquele, mas sem dúvidas alguma coisa ela escuta.

Nosso texto vem falar da música, essa arte tão genial que o homem descobriu muito cedo e que é impraticável admitir sua ausência em nossas vidas. Estilos são diversos, variados em cada cultura.

No Brasil, por exemplo, país do futebol, mulher bonita e samba…ops…samba? Confesso que não tenho escutado muito samba na TV, no rádio e nos locais que freqüento. Poderíamos dizer país do funk, sertanejo, axé, forró…sei lá mais o quê. Até que sou uma pessoa eclética para os ritmos, mas tenho minhas preferências musicais. Humildemente esbocei alguns dados preciosos de nossa música.

Passeando pelo tempo, na década de 50, Elvis Presley aparecia como um furacão nos Estados Unidos – o Rio de Janeiro assistia o nascimento da Bossa Nova e a conquista da nossa primeira Copa do Mundo na Suécia (58). Seresteiros como Nelson Gonçalves, Vicente Celestino e demais românticos conquistavam corações nesse país com melodiosas canções e os nordestinos Luis Gonzaga e Jackson do pandeiro mostravam a verdade do sertão em suas letras.

Nos anos 60’, os meninos de Liverpool, “The Beatles”, surgiam no cenário fonográfico como a grande sensação do momento. Paul, Ringo, Lennon e George eram a marca perfeita para vender e ganhar dinheiro. Em 1964, o Brasil abria a primeira página de um novo Estado (Ditadura Militar)… Muito se proibiu por aqui e muito apareceu e desapareceu.

Coincidência ou não, a maior rede de televisão do país foi inaugurada por Roberto Marinho em 1965, e até hoje, a Globo é indicada por alguns críticos como defensora do regime militar e aliada aos mandos do governo atual. Têm aqueles que reclamam da emissora por ter um padrão menos crítico.

O cenário musical de nosso país apresentava três linhas:

 Intelectual (Bossa Nova) – ouvida pela classe A, com canções que não comprometiam o regime. Músicas como Garota de Ipanema e Wave de Tom Jobim exaltavam o amor e a beleza da mulher carioca num cenário de plena maravilha. (O mundo maravilhoso e sonhador)

Popular (Jovem Guarda) – ouvida por todas as classes e sem comprometer o poder militar. Roberto e Erasmo Carlos, Vanuza, Wanderléia, os Vips e outros artistas promoviam programas televisivos que alienavam os jovens do país. O medo do regime era a reação da juventude, e a Jovem Guarda tinha a missão de desviar suas atenções para a Festa de Arromba, o Cadilac e outras músicas. O estilo Beatles foi usado com os Fevers, Golden Boys e etc.

Protesto: (Contra Cultura/Tropicália) – ouvida pelas classes estudantis e esquerdistas do país. Caetano, Gil, Chico Buarque, Geraldo Vandré e outros simbolizavam em sua música ácida o sentimento de resistência a Ditadura. Com a canção “Pra não dizer que falei das flores”, o cantor e compositor, Geraldo Vandré, desapareceu de cena (comenta-se ser queima de arquivo). A peça teatral “Roda viva” de Chico Buarque foi interrompida no Rio, com a entrada dos soldados do Exército no teatro e a prisão de todos os artistas. Muitos foram aqueles que deixaram o país para defender suas vidas.

Pra falar de música nesse país é necessário fazer esse comparativo da década de 60. Na seqüência, no final dessa mesma década e início dos anos 70’ – o mundo assistia a guerra do Vietnã; e todos pediam paz mundial. Com o fim da banda “The Beatles”, o cantor John Lennon tornou-se hippie (uma nova opção de vida que tem seu ápice na década de 70 após Woodstock-69). Com canções de paz e muitas mensagens, o Brasil não ficava para traz, pois apresentou um grande número de hippies também. Um novo grupo musical surge no início da década: “Secos e Molhados”. Na frente, a performance de Ney Matogrosso e sua turma num visual tanto quanto diferente. Cantavam “Rosa de Hiroshima, Fala, Sangue Latino” e demais canções de um único long player.

Por outro lado, abriam-se as portas para o brega. Odair José, Amado Batista, Reginaldo Rossi e outros. O pensamento é: quando se fala de amor e traição, ninguém pensa na política e situação financeira que começava a se agravar com a tal dívida externa (socorro!!!). Nos EUA, a discoteca (Bee Gees, Kool and the Gang…) agitavam pra valer, como demostrado no filme Night Fever’s que revelou John Travolta no cinema. A Suécia apresentava ABBA no envolvente Dancing Queen e os meninos do Village People quebravam preconceitos em São Francisco (Califórnia).

O Regime começava a perder as forças, e o Brasil credibilidade devida suas contas atrasadas – iniciava o movimento das diretas e o retorno dos filhos dessa terra, que por anos ficaram longe. Surge um novo movimento musical nas Minas Gerais, o “Clube da Esquina” (Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes…) e o nordeste apresentava Alceu Valença, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Fagner, Geraldo Azevedo entre outros grandes talentos. As rádios FM’s chegam no final da década, novidade e oportunidade de mostrar trabalhos, pois trata de um viés voltado a musicalidade, diferente das AM’s com um viés narrativo. Conhecemos o som do Pink Floyd, Iron Maiden, Scorpions, James Brown e muitos internacionais.

No foco, Ivan Lins, Caetano, Gil, Chico Buarque e jornalistas como Henfil – tornaram-se símbolos em discursos nas praças públicas e manifestos – contra a ditadura. Os militares não esboçavam mais aquela censura e os anos 80 começam como uma nova fase para a cultura brasileira. Em Brasília, três bandas: Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude – canções que mexiam com o povo (Que país é esse?/ Música Urbana / Até quando esperar?). Em São Paulo: Titãs (Bichos escrotos) e Ira (Dias de Luta), Rio: Barão Vermelho e Cazuza: (Burguesia, Ideologia) e RPM (Revoluções por Minuto), em Porto Alegre: Engenheiros do Hawai (Exército de um homem só).

Michael Jackson arrasava nos EUA em 1983 com o álbum Thriller, além de Madonna, Cindy Lauper, Queen, A-HA, Dire Straits e muito mais. Todo mundo corria nas lojas para comprar o seu vinil e o k7, o Rock Nacional entra em cena e domina as rádios FM’s. O “Rei” Roberto Carlos começa uma fase romântica em sua carreira.

Em 1989, Fernando Collor é o primeiro presidente eleito pelo voto direto após a Ditadura. A tendência musical é o sertanejo (Chitãozinho & Xororó, João Mineiro e Marciano, Leandro e Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano). Várias bandas do rock nacional desaparecem (Ex: Capital Inicial, Ira, Ultraje a rigor…). Outro ritmo que domina as rádios e festas é o axé baiano (Daniela Mercury, Chiclete com Banana, Banda Mel, Netinho e troop). O canal de TV MTV chega ao país, com programas musicais que exibem clipes e tendências da música internacional e nacional. Os anos 90’ apresentaram a verdadeira “mistureba” musical, valia tudo, até as marmotas de Falcão (Ai, minha mãe!) e a Florentina do Tiririca que descolaram por várias vezes o primeiro lugar nas emissoras de rádio do país.

Ia esquecendo, o surgimento dos CD’s modificou todo o mercado fonográfico. Torna-se mais prático e barato gravar um disco e de outro lado caem as vendas, a pirataria entra em ação.

A tecnologia em alta, os estilos musicais vão se modificando até o surgimento dos Dances, Trances, Rap e etc. As discotecas ficam lotadas com os fãs de Double You, Shakira, Backstreet Boys, DJ Bobo e etc. Anos 90’, rolou de tudo… no pop rock surge o Skank, Cidade Negra, Jota Quest, Rappa, Pato Fú e Los Hermanos. De outro lado, Claudinho & Buchecha e o Furacão 2000 davam um ponta pé “glamuroso” para o crescimento e aceitação do funk no país (Nossaaaa). Na capital paulista, o rap dos racionais MC’s movimentaram as comunidades e o pagode de Exaltasamba, Negritude Jr, Art Popular entre outros batuques românticos traziam uma nova sensação para a musicalidade tupiniquim.

Nessa mesma década tivemos o início da “bundalização da música”; Ex: Grupo É o tchan! Carla Perez e Scheila Carvalho formavam o fetiche sexual mais apreciado pelos homens; com short’s curtinhos e um corpão pra deixar até presidente da República babando, as gatas esfregavam o “popozão” nas telinhas da TV e era só alegria, duvido se alguém notava na letra musical…(risosss).

Atualmente, falar de música exige um conceito e conhecimento geral, são diversos os estilos. Ouso em perguntar ao amigo leitor em qual fase musical vivemos? Imagine que até flashbacks rolam em grandes festas, como exemplo, a Ploc – que baseia nos sons infantis dos anos 80 (Xuxa, Paquitas, Trem da alegria e etc). Bandas regravando sucessos antigos em versões acústicas (MTV e Sony Music). No ramo do samba…ah! você se lembra quando eu disse Brasil – país do samba?; então… honrando as tradições do ritmo: Zeca Pagodinho e deixa a vida me levar. Um dos poucos assistidos na mídia.

Na TV e rádio degustamos o furacão baiano Ivete Sangalo no axé, que levanta a poeira com a galera. O Rio apresenta as suaves Vanessa da Matta, ai, ai, ai, ai, ai, ai… e Maria Gadú. No Pará, conhecemos o som desafinado da Banda Calypso, um ritmo frenético e muito apreciado pela moçada, como os nordestinos do Calcinha Preta e Bonde do forró,acreditem se quizer, chegaram a ganhar prêmios.

 As festas mais cobiçadas pela moçada hoje são os bailes funk e raves. A última ser citada tem um cardápio longo, com duração que passa de 12 horas. Trata de um toque de som eletrônico no último volume e pouquíssima melodia. Os israelenses dominam o mercado com os melhores DJ’s. O que não é bacana nesses eventos é o uso irresponsável de drogas (ecstasy – lsd). Acompanhando os jornais, presenciamos vários problemas nessas manifestações (overdoses, incômodo com vizinhos, brigas e etc). Falando em festa, e o carnaval? Atenção para as músicas mais tocadas: os funk’s – Créu, vai Lacraia, Eguinha Pocotó, Bonde do Tigrão…nussss…antes tínhamos os sambas-de-enredo do Rio, que segundo os mais entendidos:…” não fazem mais sambas como antigamente”. Agora a moda não é namorar pelado e sim ouvir meteoros de paixão do Luan Santana e toda a turma do sertanejo universitário. Aliás, de onde tiraram esse nome?…rsrsrs….

Ser músico hoje é o sonho de várias pessoas, existem programas na TV que caçam esses talentos como: FAMA, Ídolos, Garagem do Faustão, Raul Gil e etc. Mas a concorrência é grande, porque em meio a vários estilos é até difícil saber o que o povo quer.

Daí pergunta a você querido(a) leitor(a): – Imaginem daqui 10 anos, o que vai rolar? Só vivendo e ter bons ouvidos pra saber…Ai! Ai!