segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A história do pagode carioca: o começo, a evolução e atualmente

      O pagode é um dos estilos musicais mais populares do Brasil. Derivado do samba e originado no Rio de Janeiro, tornou-se importante para a música brasileira e consagrou diversos artistas até hoje. Originalmente, pagode era uma festa feita nas senzalas com os escravos, mas posteriormente acabou se tornando um sinônimo para festas regadas a bebidas, samba, cantoria e alegria. Mas o que realmente transformou o sentido e a essência desse gênero musical foi a malandragem carioca, pois era em bares e fundo de quintais, principalmente no Centro e em Ramos, que sambistas, anônimos ou não, se reuniam para cantar sobre as alegrias e tristezas das pessoas.

     


      O Rio de Janeiro foi fundamental para a difusão do pagode como ritmo musical independente e, apesar dele ter adeptos e simpatizantes de todas as outras partes do país, os cariocas é que realmente deram o diferencial e o suporte para seu crescimento. São Paulo e Bahia, principalmente, são os dois estados brasileiros que estão logo abaixo do Rio nesse quesito, pois revelaram grupos famosos, mas não tem o mesmo apelo que os cariocas, que são singulares nesse aspecto.
      Foi do Rio que surgiram artistas consagrados e surgiu o ‘grupo-criador’ do pagode: Fundo de Quintal. Foram eles, liderados pelo grande sambista Almir Guineto, que modificaram a estrutura original do samba e deram-lhe uma cara própria. Junto com o Fundo de Quintal surgiram outros grandes nomes no fim da década de 70, como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão (que chegou a fazer parte do Fundo de Quintal), Beth Carvalho, Leci Brandão, entre outros menos conhecidos.






     


      A partir da década de 90, o pagode sofreu modificações e se difere do pagode de tempos atrás. Sua principal mudança está na incorporação de instrumentos que originalmente não fazem parte do gênero, como teclado e outros instrumentos eletrônicos, além da composição das letras não ser mais tão romântica e de raiz quanto era, tendo ganhado um tom mais comercial. Vários artistas/grupos cariocas de grande sucesso e renome atualmente surgiram nessa década de 90, tais como Revelação, Molejo, Pique Novo, Swing & Simpatia, entre outros. Muitos desses fizeram estrondoso sucesso à época e continua fazendo até hoje, e modificaram consideravelmente o jeito de se fazer pagode. Por exemplo, o Grupo Molejo tem em suas músicas, melodias extremamente contagiantes e com estilo diferente dos pagodes e sambas de raiz de décadas atrás, enquanto o Pique Novo tem em suas músicas melodias mais lentas que o normal e ganham o tom de romantismo exacerbado, e o Grupo Revelação faz uma mescla desses dois estilos, o romântico e o alegre.


    



      Depois dessa geração, o pagode mantém o tom que vinha tendo, e surge mais grupos/artistas cariocas que fariam sucesso, como Diogo Nogueira, Gustavo Lins, Sorriso Maroto, Samba pra gente, entre muitos outros. Todos esses mantiveram o ‘novo’ jeito de fazer pagode, ou seja, o jeito do pagode da geração de 90.
      Para César Lopes, representante e assessor do Fundo de Quintal, a renovação é fundamental:
      - É importante essa renovação , né? É bom ver que no pagode os grupos vêm seguindo a mesma linha de outras gerações. É importante isso. Valoriza o pagode e o respeito com os antigos.
      Hoje em dia se tornou comum vermos um número altíssimo de grupos de pagode por aí afora. Grupos de amigos adoradores de pagode são a principal fonte dessa nova safra de pagodeiros. A maioria, senão todos, segue inspirada pelos seus grandes ídolos da música. E o respeito nessa área é grande com aqueles que já fizeram muito pelo bom samba e pelo bom pagode. E a continuação desse trabalho maravilhoso é fundamental para a sobrevivência e expansão ainda maior do pagode. Tanto que hoje em dia, grande parte dos grupos de pagode e pagodeiros solo tem enorme identificação com todos os tipos de público, desde do infantil até a terceira idade. Isso se deve muito aos primeiros artistas dessa nobre arte, principalmente claro ao Fundo de Quintal, que até hoje leva , por exemplo, centenas de jovens em seus shows, que cantam tanto os sucessos antigos quanto os recentes. E logicamente isso não é privilégio do Fundo de Quintal. Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Alcione são outros artistas do pagode da antiga que tem fãs de todas as idades.
      Da nova safra, também é muito comum vermos esse tipo de diversidade. Grupos famosos, como Molejo, Revelação, Sorriso Maroto, entre outros, também são queridos por todos os públicos. E isso pode ser a principal constatação de que o pagode tornou-se símbolo do Rio de Janeiro. E se expande cada vez mais para o resto do Brasil e quem sabe até, do mundo.



      Tomara. Para o bem de todos e felicidade daqueles que tanto se esforçaram, claro, com todo o prazer, para que isso se tornasse uma realidade.


Trabalho de GQ1 - Jornalismo Digital
Saulo Emmanuel Costa de Mello

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