Resumo do Livro
Por Daiane Matos
O livro como romance é um livro encantador
que relata o romance do leitor com o livro, desde a infância até a fase adulta.
Passeia desde a fase de prazer pela leitura até a aversão total aos livros, que
acontece em alguns casos. Mas Daniel Pennac traz uma concepção diferente a
respeito deste ultimo fato, ele não atribui a culpa nem ao leitor, muito menos
ao livro pala falta de gosto pela leitura, mas às cobranças que são impostas
aos adolescentes, pela obrigatoriedade de ler.
No início do livro Pennac fala da fase da
infância, onde as crianças se apaixonam pelos livros, do gosto de ouvir a
leitura de um livro e da fantasia que o desperta a imaginar e adentrar em um
mundo novo, cheios de fadas, rainhas, reis duendes, por alguns instantes. O
autor chama a atenção dos pais para a importância do exercício da leitura para
as crianças, e relata de forma poética cenas propícias onde estes instantes
podem acontecer, sem cobranças, sem perguntas às crianças, ler gratuitamente, puramente
um ato de doação. Sobre isso o autor afirma; “que pedagogos éramos quando não
tínhamos a preocupação da pedagogia!” (1993, p.21). Os professores, segundo
Daniel Pennac, se preocupam com os resultados, com o que houve de aprendizagem
e quando pressionam a criança a mostrar os tais resultados, destrói o brilho que
a leitura causa quando é feita de forma gratuita.
Em seguida ele relata a entrada das crianças
na escola e conta com pesar a aversão que a escola causa nos alunos para com o
livro. “ A vitalidade não esteve jamais inscrita no programa das escolas. A
função é que está lá. A vida está em outro lugar. Ler é algo que se aprende na
escola. Gostar de ler...” (1993, p.79).
Quando as escolas cobram relatórios, escolhem os livros para serem lidos, não respeitam o tempo do aluno, fazem provas de sondagem etc. provocam um distanciamento entre o leitor e o livro. Depois todos culpam a televisão por roubar a atenção dos alunos. Impossível a TV não ganhar adeptos. Além de ela dar tudo “esmiuçadinho” para os telespectadores (por que não é preciso imaginar ao assisti-la, ela faz isso por nós), ela não cobra nada, “oferece de graça”, todos os programas fantásticos e muito bem produzidos, assistimos e nos calamos e se contarmos para alguém o que vimos, é por que fizemos por querer, ninguém nos obrigou, não precisamos ser aprovados ou reprovados quando a assistimos. Dessa forma o livro perde feio, mas não por que não possa competir com a televisão, pelo contrário, ele é mais misterioso e fantástico, mas pelo fato de sua leitura se apresentar de forma obrigatória a nós, muitas vezes é deixado de lado.
Quando as escolas cobram relatórios, escolhem os livros para serem lidos, não respeitam o tempo do aluno, fazem provas de sondagem etc. provocam um distanciamento entre o leitor e o livro. Depois todos culpam a televisão por roubar a atenção dos alunos. Impossível a TV não ganhar adeptos. Além de ela dar tudo “esmiuçadinho” para os telespectadores (por que não é preciso imaginar ao assisti-la, ela faz isso por nós), ela não cobra nada, “oferece de graça”, todos os programas fantásticos e muito bem produzidos, assistimos e nos calamos e se contarmos para alguém o que vimos, é por que fizemos por querer, ninguém nos obrigou, não precisamos ser aprovados ou reprovados quando a assistimos. Dessa forma o livro perde feio, mas não por que não possa competir com a televisão, pelo contrário, ele é mais misterioso e fantástico, mas pelo fato de sua leitura se apresentar de forma obrigatória a nós, muitas vezes é deixado de lado.
Mas nem tudo esta perdido, Pennac diz que é
possível uma reconciliação do leitor com o livro e para provar essencialmente
isso foi que escreveu Como um romance.
Ele afirma que a escola pode recuperar
este amor pelos livros, mas que para isso é preciso entender que “o verbo ler
não suporta o imperativo”. Não funciona obrigar o aluno a ler um livro, ele
fará qualquer outra coisa menos ler, restará a este aluno “traficar” fichas de
leituras com outros colegas; e mesmo que ele leia pelo dever de ler, não fará
com satisfação, não recordará com alegria, será para ele um triste sacrifício.
Assim como não funciona inculcar no aluno que é “preciso ler”, dando desculpas
como: “é preciso ler para se dar bem nos
estudos”, “é preciso ler para
desenvolver o senso crítico” etc. Crianças e adolescentes não se preocupam
com o futuro, sinceramente, eles são imediatistas, fazem as coisas por que são
divertidas, por que gostam, sem pensar nas consequências futuras. Então o que
fazer para promover o gosto pela leitura?
Segundo Pennac a escola precisa entender que
“dar a ler” é diferente de preferir. Os alunos desenvolvem o gosto pela
leitura, lendo o que preferem, então não adianta, segundo ele, ditar livros e
títulos para que os alunos leiam; eles precisam fazer de forma espontânea. O
autor afirma ainda que outro passo para promover a reconciliação do aluno com o
livro é deixando de lado as cobranças - perguntas posteriores à leitura para
sondar o aluno e comprovar a aprendizagem. Ele traz à tona um termo chamado
“gratuidade” que é quando o aluno tece comentários sobre o livro que leu sem
que ninguém lhe peça. Em seu livro Pennac afirma que o leitor tem o direito de
calar-se após a leitura de um livro e só falar do
livro se assim o escolher, e geralmente o faz sem precisar que lhe imponham
esta função.
Além destas dicas que o autor deu na primeira
parte do livro, ele ainda reforça a idéia de que leitor não tem dever, mas direitos (na segunda parte do livro), e todos eles devem ser
respeitados se o professor deseja achar o amor perdido aos livros escondido
dentro de cada aluno. Para que o aluno tome gosto pelos livros e leia de forma
satisfatória, é preciso entender antes de tudo que este tem o direito de não ler, mas se ainda assim
o fizer, ótimo, entram em ação os outros nove direitos fundamentais do leitor: O
direito de pular páginas; o direito
de não terminar um livro; o direito de reler; o direito de ler qualquer coisa;
o direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível); o direito de ler em
qualquer lugar; o direito de ler uma frase aqui, outra ali; o direito de ler em
voz alta e finalmente o direito de calar.
Ao ler este livro nos encontramos em vários
momentos citados nele. Quantas vezes não
utilizamos destes direitos, sem nos darmos conta de que eram direitos, e nunca
contamos a ninguém? Por que afinal de contas ler é uma quase que uma cerimonia
cívica. Mas já fizemos tudo isso, pulamos paginas, lemos em qualquer lugar, no
salão, no banheiro, no quarto, num fim de semana chato quando saímos para
passear, mas não saiu como queríamos e nos refugiamos num livro. Relemos algum
outro que nos emocionou, ou que foi bom demais. Escolhemos vários livros, os que
gostamos, os que não gostamos e nunca terminamos, enfim... Mas que depois que
nos tornamos adultos, ou professores, insistimos em fazer descer goela a baixo
das crianças e adolescentes certos livros com a desculpa de que “é preciso ler”.
Precisamos compreender, nós pedagogos e professores,
que ler é algo particular e cada leitura é única. Quando todos os direitos dos
leitores forem assistidos, eles alçarão voo nas leituras, transitarão de uma leitura
mais simples até uma mais complexa sem precisar exigir deles, por que a leitura
também é uma evolução. O autor termina o livro com uma frase que destaca a sua
experiência particular com o ato da leitura e nos ensina muito, então finalizamos
este texto com a citação dele em seu livro Como um romance:
Os raros adultos que me deram a ler se retraíram diante
da grandeza dos livros e me pouparam de perguntas sobre o que eu tinha
entendido deles. A esses, claro, eu costumava falar das minhas leituras. Vivos,
mortos, ofereço a eles essas páginas. (PENNAC, 1993, p.167)
Como um romance é um livro encantador e desafiador para nós pedagogos, depois desta leitura, com certeza, veremos os livros e a leitura com um olhar diferente.
Referência Bibliográfica:
PENNAC,
Daniel. Tradução de WERNECK, Leny. Como um romance. Rocco: Rio de
Janeiro, 1993.
Boa noite!!! Muito interessante esse resumo que vc traz!!! De fato a leitura é algo mágico que liberta, mas que também pode acorrentar idéias e pensamentos!!! Concordo quando vc diz que a aversão pela leitura se dá pela falta de motivação de quem ensina e também pela obrigariedade da mesma. Devemos ter muito cuidado e estar atento para despertar de forma lúdica o interesse pela leitura, como também trabalhar temas que tratem da realidade de cada grupo ou aluno!!!!!!!
ResponderExcluirMuito bem colocado Janmara. O livro nos traz uma concepção de LIBERDADE na leitura. Esta concepção é nova e ao mesmo tempo não é, por que apesar de sabermos que precisamos deixar os alunos livres para se expressarem e desenvolver a sua autonômia, insistimos em usar a leitura como um instrumento opressor, cobrando livros enormes, desinteressantes e muitas vezes distante da realidade dos alunos. E como se não bastasse, os avaliamos de forma despótica, lhes damos uma ficha de anotações para que falem dos livros "tim tim por tim tim", ao nosso bel prazer, quando na verdade o prazer deve ser dos alunos. Com estas atitudes negativas, segundo Pennac, matamos o interesse dos alunos pela leitura, ela passa a ser obrigatória e indesejada. Precisamos estar atentos para isso!
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