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Agora sim, uma Arena mais real

Projeto da Arena gremista apresentado em março de 2007. Foto: globoesporte.com

Nada como uma boa reunião do Conselho Deliberativo para esclarecer fatos acerca da nova Arena do Grêmio. Espero que a partir de agora, a imprensa gaúcha comece a trabalhar em cima de fatos concretos, e não especulações bizarras.

O preço da nova Arena estava estimado em 440 milhões de reais e deu um salto impressionante para 900 milhões na última sexta-feira. Agora, com os dois projetos apresentados, de construção na Azenha no Humaitá, as cifras diminuíram bastante. 277 milhões para a empresa holandesa, 290 milhões para a Odebrecht.

Começou a aparecer também onde que essas duas empresas vão tirar o lucro. Antes, as informações risíveis de alguns veículos diziam o seguinte:

– O Grêmio não vai investir nada;
– O Grêmio vai ganhar toda a receita do estádio;
– A empresa vai aproveitar o “entorno” do estádio, como lojinhas, centros comerciais e afins.

É evidente que nenhuma empresa séria entraria num negócio desses. Investir 900 milhões e ganhar dinheiro com hotéis, lojinhas ou construções do gênero só poderia dar certo com um esquema massivo de lavagem de dinheiro. A realidade, porém, tomou conta das notícias atuais. A Zero Hora, empresa jornalística que recentemente fez uma “reportagem especial” dizendo que seria melhor de “namorar” no Humaitá com a nova Arena do Grêmio, escreve o seguinte: “Durante 20 anos, a empresa vencedora terá participação em receitas geradas pela arena, como bilheterias, eventos, aluguéis e comercialização do nome”.

A empresa holandesa prevê shopping e centro de convenções no Humaitá, pela modesta quantia de 35% em tudo que o Grêmio faturar com isso. A Odebrecht quer ter a maior parte do faturamento, 57%. Faz sentido, uma vez que é negócio para a empresa holandesa conseguir esse faturamento sem as restrições aplicadas ao investimento estrangeiro no Brasil. Ainda mais, um possível aporte de dinheiro público tendo em vista a Copa de 2014 parece ser bastante atraente para a empresa holandesa.

Quando começamos a saber de onde vai sair o lucro das empresas privadas, tudo começa a fazer sentido. Antes, graças a interesses questionáveis e/ou obscuros, tínhamos muito oba-oba e nenhum fato concreto. Exatamente da mesma forma que aconteceu a parceria com a ISL. Neste sentido, a vitória da oposição no Conselho Deliberativo foi muito importante para o Grêmio, pois permitiu aos conselheiros – e posteriormente à torcida, através da imprensa – conhecer direito os projetos antes de se aventurar em oceanos de dólares vindos sabe-se-lá-de-onde.

A Fifa pode mudar de idéia

projeto do Beira-Rio pode ficar para trás na escolha da Copa 2014. Foto: Hype Studio

Provavelmente nos próximos meses (anos?) veremos uma grande mobilização política para a mudança na sede da Copa de 2014, do Beira-Rio para a nova Arena. Tal mobilização provavelmente terá o apoio decisivo de alguns meios de comunicação, que fizeram sem pestanejar a sua opção pelo projeto tricolor. Um dos momentos mais contundentes aconteceu quando foram divulgados dois pré-projetos de remodelação de estádios em Porto Alegre. No dia 6 de março, apresentada uma maquete da Arena no Olímpico, a Zero Hora apresentou o desenho como capa do jornal. No dia 15 de maio, um dia após apresentada a maquete do novo Beira-Rio, nenhuma notícia foi dada pelo mesmo jornal.

Alguns fatos, porém, não podem ser negados.

Primeiro: o projeto gremista está mais adiantado e completo no atual momento. Temos informações estruturais, sobre onde os investimentos acontecerão, e uma discussão no Conselho Deliberativo do clube. O projeto do novo Beira-Rio ainda não apresenta detalhes estruturais e possíveis novos investimentos não foram levados ao conhecimento do Conselho.

Segundo: como o Inter pretende investir do próprio bolso no estádio, isso pode aparecer como gol contra dependendo das intenções da CBF. Muito provavelmente, a intenção da Confederação Brasileira é fazer estádios vultuosos para impressionar a Fifa e possibilitar uma movimentação alta de recursos (perdoem o eufemismo). Além do mais, reformando o estádio com investimentos seus, o Inter dificilmente terá capacidade de promover reformas drásticas na estrutura do estádio – aumentar o espaço entre as cadeiras da social, por exemplo – o que tornará o estádio muito bom para os padrões sul-americanos, mas inferior ao padrão europeu. Isso será decisivo para a Fifa mudar de idéia.

O Inter precisa demonstrar com rapidez onde quer investir, de onde virá a grana e apresentar um cronograma do que pretende fazer, se não quiser ficar para trás nessa briga. Muito provavelmente, nos próximos meses (anos?) teremos uma discussão importante na política da dupla GreNal: o que vale mais a pena, fazer um estádio para a Fifa ou fazer um estádio para o clube?

Desde que os fatos sejam esclarecidos devidamente, é uma discussão bem interessante.

por Luís Felipe dos Santos – luisfelipe@gmail.com

Comentários»

1. Bruno Ferreira - 15 janeiro, 2008

Gostaria de fazer-lhe uma pergunta o que são esses 35% e esses 57% que as empresas que pretendem construir a Arena do Grêmio, querem?
Isso é a forma que eles vão receber pela obra?
Ou seja será um pagamento pós obra pronta?
Envie a resposta para meu e-mail!!

2. Hélio Sassen Paz - 12 fevereiro, 2008

Poderiam, por favor, enviar para mim as fontes dessas informações e a data do post? Pretendo juntar essa informação à que deverá ser divulgada logo após a reunião do CD que irá definir com clareza essa situação lá no APITO DO BLACKÃO.

Brigadão pela força! 😉

[]’s,
Hélio

3. 4ª edição « - 20 junho, 2009

[…]  E nesta outra coluna, a apresentação da nova Arena do Grêmio é comentada. Agora sim, um estádio que não faz parte dos contos da carochinha. […]

4. O dia em que o Beira-Rio foi para escanteio. | impedimento.org - 27 fevereiro, 2012

[…] não teria chance, mas um estádio velho reformado sim. Esse cenário desenhou-se em 2007, quando o projeto Arena já existia e parecia ser a mais óbvia […]


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