Há 17 anos, golfinho "Tião", era destaque em nossas praias...

                      Há 17 anos, um golfinho, ganhava destaque nas praias de Caraguatatuba



Arquiteta Ana Dias brinca com o golfinho

 No dia 25 de outubro de 1994, um golfinho viraria atração em Caraguatatuba, após atacar dois banhistas na Praia Martin de Sá. Uma das vítimas foi o fazendeiro de Paraibuna, Walter Pereira da Silva, que sofreu fratura em uma das costelas. Segundo relato do bombeiros, na época, um grupo de banhistas havia tentado cercar o golfinho. O animal se irritou e atacou dois banhistas. 

O golfinho, a partir deste dia, viraria assunto mundial. Em dois meses, sempre presente nas praias Martin  de Sá, Prainha e Camroeiro, o golfinho atacaria outros 20 banhistas. A maioria deles, por tentar incomodá-lo. No dia 9 de dezembro, o golfinho faria uma vítima fatal: o banhista João Paulo Moreira, de 30 anos, natural de Espírito Santo do Pinhal, sofreu hemorragia interna após ser atingido pela cauda do animal na cabeça e tórax.

Acompanhei pela Folha de São Paulo a presença do golfinho na região. Eu havia feito reportagens anteriormente sobre a morte de golfinho, por pescadores. Os animais se enroscavam nas redes de pesca e para não perder a rede, eles eram mortos a paulada(remo).  Contabilizei a morte de mais de 25 golfinhos entre janeiro e julho daquele ano.

O golfinho apareceu nas praias de Caraguatatuba em agosto e caiu nas graças da população local, que o apelidou de “Tião”. Pela manhazinha ele podia ser visto na praia do Camaroeiro, talvez, na busca da sobra de peixe(mistura) que era lançado ao mar pelos pescadores do local. No início da tarde aparecia na Prainha e Martin de Sá. Ele ficou tão famosos que além das TVs, Jornais e Revistas nacionais, mereceu destaque, até mesmo, na renomada revista Times(EUA), com fotos de Adriana Coutinho.

Tião desapareceu misteriosamente

O golfinho, conhecido como nariz de girafa, da espécie Tursiops truncatus, tinha 2,60 metros de comprimento, pesava 200 quilos, era macho e da cor cinza. Sua idade variava de 15 a 18 anos. Segundo os estudiosos, o animal teria se desgarrado de seu grupo e permaneceu por alguns meses nas praias da cidade, em busca de comida.

O animal era dócil, desde que, lhe tratassem bem. Inúmeras vezes levei meu filho Lucas, na ocasião com 5 anos de idade, para nadar com o golfinho na Prainha e no Camaroeiro. Também estiveram com o animal, a arquiteta Ana Dias. Quem o tratava com carinho, recebia carinho do golfinho.

Pesquisadores do Ibama e do Cebimar orientaram na época que o golfinho só agredia quando provocado ou atacado. Acontece que os banhistas, na maioria das vezes, alcoolizados, queriam montar nele ou colocar até mesmo garrafa de cerveja em sua boca. Não dava outra, Tião utilizava sua cauda para se defender das agressões. A Prefeitura e o bombeiros fizeram estudos para remover o golfinho das praias da cidade e, até campanha na mídia, para que os banhistas o respeitassem.

Um belo dia, Tião, simplesmente, desapareceu. Comentou-se que ele teria sido morto, atingido pela hélice de um barco. Chegaram a comentar ainda, que o animal teria sido morto por pessoas, a mando de comerciantes, porque sua presença nas praias Martin de Sá e Prainha, estaria afugentando os turistas da cidade. Nunca soube que fim teve Tião, sei apenas, que nunca mais um golfinho passou tanto tempo por aqui...Que pena!!!