ANTROPOLOGIA TOMISTA (I)

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1. Origem: O vocábulo antropologia no contexto filosófico foi utilizado pela primeira vez no século XVIII. Emanuel Kant [1724-1804] o utiliza em sua Anthropologie in pragmatischer Hinsicht abgefasst de 1798. Posteriormente, o termo seria tomado para designar a Antropologia Filosófica, ou seja, a análise da natureza do homem, suas faculdades e operações. Difere da Antropologia Cultural nisto que esta última ciência se refere ao estudo das relações sociais humanas em seus respectivos contextos culturais. Cabe aqui frisar ainda a diferença entre Psicologia, Psicologia Filosófica e Antropologia. A Psicologia pura refere-se ao estudo ou à ciência da psiqué, especialmente sua estrutura operativa, seus mecanismos de ação e recepção, suas funções, seus distúrbios e estados. A Psicologia Filosófica refere-se ao estudo da natureza da alma humana, sua estrutura ontológica [ser], potencialidades e operações, portanto, um estudo metafísico da psiqué [alma]. A Antropologia refere-se ao estudo filosófico da natureza humana, ou seja, não só da alma mas, sobretudo, da alma racional e o modo como se une e se relaciona com o corpo. A palavra antropologia que é composta de dois vocábulos: anthropos+logia= antropologia, serve adequadamente para significar o estudo do homem, sua natureza. A partir da modernidade passaria a designar a filosofia do homem. Na neo-escolástica do século XIX-XX designou o estudo do composto humano: o corpo, a alma e o modo como se compõem, se unem, se relacionam. Aqui tomamos Antropologia Tomista para designar o estudo do composto humano: a alma, sua origem, natureza, operação; o corpo, sua origem, natureza e operação e a relação entre ambos.

2. A Antropologia Tomista:

(a) Fontes Tomistas: quatro são as fontes para a antropologia tomista - a Sagrada Escritura, Aristóteles, Santo Agostinho e Santo Alberto. O Gênesis é a fonte da antropologia teológica ou adâmica, que trata da origem e natureza do primeiro homem, Adão. Tratamos deste tema em Teologia Tomista, na parte Antropologia Teológica. O De anima de Aristóteles é a fonte filosófica, juntamente com o tratado De homine de Santo Alberto, de onde o Aquinate extraiu o fundamental de sua antropologia filosófica. As doutrinas antropológicas de Santo Agostinho, no que se referem à natureza espiritual da alma, são fundamentais para a estruturação dos argumentos tomistas. Muitas outras fontes são utilizadas pelo Aquinate, mas são estas quatro as mais citadas.

(b) Método Tomista: O Aquinate analisa as doutrinas de suas fontes e as expõe comentando, criticando, sempre partindo das idéias mais simples às mais complexas, pautando os seus argumentos sobre os princípios invioláveis da razão. Compara as doutrinas entre si, procurando demonstrar e afirmar o que há de verdadeiro, na medida em que nega o que há de falso e corrige o que seja passível de correção. (c) Intenção Tomista: Tomás de Aquino é verdadeiro filósofo e pôs toda sua filosofia a serviço da teologia. Toda sua antropologia filosófica foi posta a serviço da compreensão da natureza humana de Cristo e, a partir disso, afirmar a nobreza e a dignidade do homem.

(d) Definição de homem: O homem é uma substância composta de alma e corpo, duas essências incompletas se consideradas em si mesmas, mas perfeitas e completas se unidas, sendo separável somente por acidente: pela morte, o cessar da vida no corpo. O nome específico para o ser do homem é o de pessoa, que designa a substância individual de natureza racional [STh.I,q29,a1,c]. A antropologia tomista é essencialmente personalista.

(e) Divisão: Analisemos, pois, as partes do que aqui denominamos Antropologia Tomista. A primeira parte é a Psicologia que estuda a definição, origem e natureza da alma. A segunda parte é a Somatologia que considera a definição, origem e natureza do corpo. A terceira parte é a Embriologia que analisa quando e como se unem substancialmente corpo e alma. A quarta parte é a Tanatologia que pesquisa quando e como se separam substancialmente corpo e alma.


Fonte: Aquinate.net

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